sábado, 11 de fevereiro de 2012

TEOLOGIA REFORMADA

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Introdução 

A Teologia Reformada recebe seu nome da Reforma Protestante do século XVI, com suas ênfases teológicas distintas, mas é teologia solidamente baseada na própria Bíblia. Os crentes na tradição
reformada têm alta consideração às contribuições específicas como as de Martinho Lutero, Úlrico Zwinglio, Guillherme Farel, Jonh Knox e, particularmente, de João Calvino, mas eles também encontram suas fortes distinções nos gigantes da fé  que os antecederam, tais como Anselmo e Agostinho e principalmente nas cartas de Paulo e nos ensinamentos do Senhor Jesus Cristo.

Os Cristãos Reformados sustentam as doutrinas características de todos os cristãos, incluindo a Trindade,
a verdadeira divindade  e humanidade de Jesus Cristo, a necessidade do sacrifício de Jesus pelo  pecado,a Igreja como instituição divinamente estabelecida, ainspiração da Bíblia, a exigência para que os cristãos tenham uma vida reta, e a ressurreição do corpo. Eles sustentam outras doutrinas em comum com cristãos evangélicos, tais como justificação somente pela fé, a necessidade do novo nascimento, o retorno pessoal e visível de Jesus Cristo e a Grande Comissão.   

O que, então, é distinto a respeito da Teologia Reformada?

1. A Doutrina das Escrituras 

O compromisso da reforma para com a Escritura enfatiza a inspiração, autoridade e suficiência da Bíblia.
Uma vez que a Bíblia é a Palavra de Deus e, portanto, tem a autorida de do próprio Deus, os reformadores
afirmam que essa  autoridade é superior àquela de todos os  governos e de todas as hierarquias da Igreja. Essa convicção deu  aos crentes reformados a coragem para enfrentar a tirania e fez da teologia reformada uma força revolucionária na sociedade.

A suficiência das Escrituras significa que ela não necessita ser
suplementada por uma revelação nova ou especial. A Bíblia é o guia completamente suficiente para aquilo que nós devemos crer e para como nós devemos viver comocristãos.

Os Reformadores, em particular, JoãoCalvino, enfatizaram o modo  como a Palavra escrita, objetiva e o ministério interior, sobrenatural do Espírito Santo trabalham juntos, e o Espírito Santo iluminando a
Palavra para  o povo de Deus. A Palavra sem a iluminação  do  Espírito Santo mantém-se como um livro fechado. A suposta condução do Espírito sem a Palavra leva a erros excessos. Os Reformadores também insistiam sobre o direito de os crentes estudarem as Escrituras por si mesmos. Ainda que não negando o valor de mestres capacitados, eles compreenderam que a clareza das Escrituras em assuntos essenciais para a salvação torna a Bíblia propriedade de todo crente. Com esse direito de acesso, sempre vem a responsabilidade sobre a interpretação cuidadosa e precisa.  

                          Sola Scriptura (Somente as Escrituras) 

1. Princípios da Reforma: sola gratia, sola fides, solus Christus, sacerdócio universal dos fiéis, sola Scriptura.

2. Sola Scriptura: somente a Escritura é a suprema autoridade em matéria de vida e doutrina; só ela é o árbitro de todas as controvérsias (= a supremacia das Escrituras). Ela é a norma normanda ("norma determinante") e não a norma normata ("norma determinada") para todas as decisões de fé e vida.

3. A autoridade da Escritura é superior à da Igreja e da tradição. Contra a afirmação católica: "a igreja ensina" ou "a tradição ensina", os reformadores afirmavam: "a Escritura ensina."

4. A experiência pessoal dos reformadores com as Escrituras e com o Cristo revelado nas Escrituras.
Lutero: "Quando eu estava com 20 anos de idade, eu ainda não havia visto uma Bíblia. Eu achava que não existiam evangelhos ou epístolas exceto as que estavam escritas nas liturgias dominicais. Finalmente, encontrei uma Bíblia na biblioteca e leveia comigo para o mosteiro. Eu comecei a ler, reler e ler tudo
novamente, para grande surpresa do Dr. Staupitz."

5.  Para  os  reformadores,  a  Bíblia  não  era  um  livro  de 

doutrinas  e  proposições  a  serem  aceitas
intelectualmente ou mediante a autoridade daigreja, mas uma revelação direta, viva e pessoal de Deus, acessível a qualquer pessoa.

6. Daí a preocupação de colocar as Escrituras  nas línguas vernaculares. Lutero e sua tradução no castelo de Wartburgo. Calvino e sua introdução ao Novo Testamento francês de seu primo Robert Olivétan
(1535).


7. A autoridade das Escrituras é intrínseca: a Igreja
não confere autoridade às Escrituras, mas apenas a
reconhece. Essa autoridade decorre da origem divina das Escrituras. 

8.  Existem  evidências  internas  e  externas  da  inspiração  e  divina  autoridade  das  Escrituras, mas  estes atributos  não  são  passíveis  de  "prova."  A  única  evidência  que  importa  é  o  "testemunho  interno  do Espírito" no  coração do 
leitor. 
Ênfase de Calvino:  "A menos que haja  essa  certeza  [pelo  testemunho do Espírito],  que  é  maior  e  mais  forte  que  qualquer  juízo  humano,  será  fútil  defender  a  autoridade  da
Escritura  através  de  argumentos,  ou  apoiá-la  com  o  consenso  da  Igreja,  ou  fortalecê-lo  com  outros auxílios. 
A menos que seja 
posto este fundamento, ela sempre permanecerá incerta" (8.1.71). 

9. A Igreja não se coloca acima da Escritura pelo fato de ter definido

o seu cânon (Novo Testamento). A Igreja apenas reconheceu
que já  era aceito há muito  tempo pelos cristãos.
Paralelo: a observância do domingo  e  sua  oficialização  por  Constantino.  A  afirmação  de  que  a  igreja  estabeleceu  o  cânon  é verdadeira; mas o evangelho estabeleceu
a igreja, e a autoridade da Escritura não está no cânon, mas no
evangelho. 

10. Não  foi a  igreja que
formou a Escritura, mas vice-versa.
A Igreja está edificada "sobre o  fundamento dos  apóstolos  e  profetas"  (Ef  2:20),  ou  seja,  o  evangelho,  que  está  contido  nas  Escrituras  e  é  a  sua essência. 
Lutero:  a  igreja,  longe  de  ter  prioridade  sobre  a  Escritura,  é  na  realidade  uma  criação da Escritura, nascida do ventre da
Escritura. 
11. Por isso, Cristo é o centro e a chave das Escrituras (ênfase 
especial dos reformadores). A Escritura se
interpreta  a  si mesma  ("analogia  da  Escritura"),  sempre  à  luz  do  princípio  cristológico.  A mensagem
central da Bíblia, o evangelho, é a única chave para a 

interpretação bíblica. 

12. Essa ênfase cristocêntrica,  levou Lutero a estabelecer distinções entre os  livros da Bíblia. Nem todos
revelam a Cristo  com  igual  clareza. Os  evangelhos  e Paulo o  fazem de maneira profunda.  Já a  carta de
Tiago tem uma limitada ênfase cristológica ("epístola de palha"). 

13. A interpretação alegórica e os múltiplos sentidos atribuídos à 

Escritura, obscurecem a sua mensagem.
Os reformadores deram ênfase ao sentido comum, histórico-gramatical. 

14. Os "entusiastas" estavam errados ao apelarem para revelações 

diretas  fora das Escrituras. O Espírito
Santo é o autor último das Escrituras, o inspirador dos profetas e 

apóstolos. Ele não pode contradizer-se. 

15. Por outro lado, o "princípio do livre exame" não significa 

interpretar as Escrituras de modo subjetivo e
exclusivista. É preciso levar em conta a história e o testemunho da 

Igreja. Os reformadores não sentiram a
necessidade  de  abandonar  os  credos  do  cristianismo  antigo  e  o  testemunho  dos  Pais  da  Igreja.  Todos
estes, porém, devem ser julgados e avaliados pela Escritura. 

16. Lutero nada sabia de um conhecimento puramente objetivo, 

desinteressado ou erudito da Bíblia. "A Palavra de Deus é viva.  Isto significa que ela vivifica aqueles que nela crêem. Portanto, 
devemos correr para ela antes de perecermos e morrermos." 
A experiência é necessária para o entendimento da Palavra:
esta não deve ser simplesmente repetida ou conhecida, mas vivida e 

sentida. Na Escritura o Deus vivo e verdadeiro sempre confronta o leitor em julgamento e graça. 

17. Alguns textos relevantes: Sl 19:7711; Sl 119; Jo 5:39; Rm 15:4; 2 Tm 3:16717.

Autor: Alderi Souza de Matos
Fonte: 
http://www.monergismo.com/textos/cinco_solas/solascriptura_alderi.htm