A tua
palavra é a verdade. (Jo 17 .17)
O
Cristianismo autêntico começa com a premissa de que
existe uma
fonte de verdade fora de nós. Especificamente a
Palavra de
Deus é verdade (Sl 19.151; Jo 17.17). Ela é
objetivamente
verdade — quer dizer, ela é verdade quer fale
subjetivamente
a um dado indivíduo ou não; é verdade
independente
de como alguém se sente sobre ela; é verdade
para todos
universalmente e sem exceções; é absolutamente
verdade.
Isso, é
claro, contradiz a pressuposição básica que
governa o
pensamento da maioria das pessoas atualmente. A
filosofia
pós-moderna diz que não existe tal coisa como
verdade
absoluta ou, se houver, será impossível de ser
conhecida.
Segundo o pós-modernismo, verdade nada mais é
do que uma
criação da mente humana; as pessoas
determinam
sua própria realidade; e portanto, ninguém tem
a verdade.
Acima de tudo, o pós-modernista está convencido
de que
nenhuma religião é superior a outra. Nós não
devemos
pensar que nossas crenças são necessariamente válidas
para mais
ninguém. Nem tampouco qualquer posição
teológica
será, em tempo algum, tida como certa ou errada. O
que eu
acredito é válido para mim; e seja lá o que for que
você crê é
igualmente válido para você. E desta forma nós
podemos
aceitar a religião um do outro, mesmo se nossas
crenças
totalmente contradizem uma a outra. Esse é o credo
do
pós-modernista.
“Você pode
não se dar conta de quão profundamente
esse tipo
de pensamento penetrou na consciência
contemporânea,
mas ele já tomou conta do mundo
acadêmico
e secular Dois meses após o dia 11 de setembro
de 2001,
do dia que ocorreu o ataque terrorista ao World
Trade
Center [Centro Mundial de Comércio] e ao Pentágono, o
ex-presidente
dos Estados Unidos da América, EUA, Bill
Clinton,
proferiu um discurso na Universidade de
Georgetown,
no qual ele sugeriu que o senso "arrogante de
justiça"
dos norte-americanos era em parte responsável por
ter feito
a nação um alvo do terrorismo.
Aparentemente,
para Clinton, toda a confusão poderia
ter sido
evitada se todas as pessoas de ambos os lados
tivessem
simplesmente se dado conta de que não existe tal
coisa como
uma verdade absoluta ou universal e que,
portanto,
nenhuma ideologia merece briga.
"Ninguém
tem a verdade," disse ele aos estudantes.
"Vocês
estão numa universidade que basicamente crê que
ninguém
nunca tem a verdade toda, nunca Nós somos
incapazes
de alguma vez ter a verdade completa." Os
terroristas”,
sugeriu Clinton, estão sendo brutais e
intolerantes
apenas porque acreditam serem donos da
verdade,
enquanto que as atitudes mais tolerantes de nossa
sociedade
são enraizados na compreensão de que a verdade
absoluta é
impossível de ser conhecida. "Eles acreditam tê-la,
mas nós,
porque acreditamos que ninguém pode ser dono de
toda a
verdade, nós pensamos que todos são importantes."1
Essas
observações praticamente resumem a atitude da
sociedade
atualmente. O ceticismo foi entronizado e
consagrado,
enquanto que a fé confiante foi banida e
exorcizada.
A única coisa de que podemos estar certos é que
nós não
podemos estar certos de coisa alguma. Ter
convicções
fortes sobre qualquer coisa (outra que não seja
nossa
própria inabilidade de descobrir a verdade), é tido
como
inerentemente intolerante até mesmo perverso. Além
disso, de
acordo com o modo de pensar pós-moderno, pouco
adianta
tentar combater as falsas idéias com as verdadeiras.
Afinal de
contas, eles dizem se alegarmos que temos a
verdade,
nós nos tornamos exatamente tão maus quanto os
terroristas.
Então, em vez disso, a inteligência pós-moderna
está
fazendo o que pode para tirar de todo mundo a noção
arcaica de
que verdade absoluta e objetiva é passível de ser
conhecida
de alguma forma.
Este ponto
de vista está moldando o mundo em que
vivemos.
Multidões literalmente e de todo coração acreditam
que podem
construir sua própria realidade e definir sua
própria
verdade. A popularidade de tal filosofia é responsável
pelo
crescimento da religião e ideologia da Nova Era. Explica
também
porque as pessoas de hoje em dia são mais voltadas
para si
mesmas e mais narcisistas do que praticamente as de
qualquer
outra geração na História.
O
ex-presidente Clinton estava sugerindo que é
arrogância
alguém pensar que conhece a verdade absoluta,
mas
arrogância de fato é aquela da pessoa que pensa que
pode
inventar sua própria verdade para a ocasião.
Quando
tudo depende de sua definição de o que é —
quando os
indivíduos podem re-imaginar e re-interpretar
tudo
subjetivamente de modo que cada pessoa determina o
que é
certo a seus próprios olhos — a civilização encontra-se
em sérias
dificuldades. Essa é a direção na qual caminha
nossa
sociedade. Tendo acatado a noção de que verdade
absoluta é
impossível de ser conhecida, as pessoas se dispõe
a aceitar
quase qualquer coisa em lugar da verdade.
Mesmo na
igreja tem havido uma erosão séria de
confiança
na verdade objetiva das Escrituras. Dogmatismo
sobre
qualquer ponto da doutrina é geralmente considerado
fora de
moda; incerteza e abertura a múltiplos pontos de
vista é o
estilo próprio entre os pregadores e professores
nestes
dias. Os movimentos de massa mais populares no
meio
evangélico atual são ecumênicos em sua confiança,
insistindo
para que coloquemos de lado a doutrina por amor
à
harmonia. Tais tendências refletem uma capitulação diante
da idéia
pós-moderna de que verdade absoluta é impossível
de ser
conhecida e, portanto, ela não importa muito, afinal de
contas.
O desprezo
do pós-modernismo pela verdade objetiva
está se
infiltrando na igreja de formas sutis, também. É só
participar
de um típico encontro evangélico para estudo da
Bíblia no
lar e você verá que, com grande probabilidade, será
convidado
a compartilhar sua opinião sobre "o que este
versículo
significa para mim," como se a mensagem das
Escrituras
fosse diferente para cada indivíduo. É raro o
professor
estar preocupado com o que as Escrituras
significam
para Deus.
Se
realmente cremos que as Escrituras são a Palavra de
Deus, por
que nós hesitamos em dizer que ela tem um
significado
objetivo; é absolutamente verdade; e todas as
outras
interpretações são falsas? Os evangélicos sempre
acreditaram
que as Escrituras são claras — seu significado
essencial
é evidente de imediato. Não é um segredo ou um
mistério
para ser solucionado. A Bíblia é a revelação de Deus
para nós.
É uma revelação da verdade; não é um enigma. E
em todos
os assuntos essenciais ela fala com perfeita clareza.
Certamente
que nas Escrituras " ... há certas coisas
difíceis
de entender, que os ignorantes e instáveis deturpam
... para a
própria destruição deles" (2Pe 3.16). Existem
também
muitos assuntos de importância secundária sobre os
quais nós
não precisamos discutir muito. Em tais assuntos
indiferentes
a regra é clara: "Cada um tenha opinião bem
definida
em sua própria mente" (Rm 14.5), mas a mensagem
principal
das Escrituras e a mensagem do evangelho em
particular
é clara e sem ambigüidade. Não "provém de
particular
elucidação," e seu significado não está sujeito a
preferências
individuais. "Porque nunca jamais qualquer
profecia
foi dada por vontade humana; entretanto, homens
santos
falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito
Santo"
(2Pe 1.20,21).
Repetidas
vezes a Escritura faz esse tipo de alegação
sobre si
mesma: "Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil
para o
ensino, para a repreensão, para a correção, para a
educação
na justiça, a fim de que o homem de Deus seja
perfeito e
perfeitamente habilitado para toda boa obra"
(2Tm3.16,17).
Em outras palavras, a Escritura não apenas é
inspirada
por Deus, mas é também suficiente para nos
equipar
totalmente com toda a verdade espiritual de que
precisamos.
É mais segura do que os nossos próprios
sentidos
(2Pe 1.19, KN). Ela "permanece eternamente" (1Pe
1.25). É
garantida até cada til e i (Mt 5.18). É imutável e
"permanece
eternamente" (Is 40.8). Jesus mesmo disse,
"Passará
o céu e a terra, porém as minhas palavras não
passarão"
(Mt 24.35).
O
Cristianismo autêntico sempre sustentou que as
Escrituras
são a verdade absoluta, objetiva. É tão verdade
para uma
pessoa quanto o é para outra, independente da
opinião
seja lá de quem for sobre ela. Ela tem um significado
verdadeiro
que se aplica a todo mundo. É a Palavra de Deus
para a
humanidade e seu verdadeiro significado é
determinado
por Deus; não é alguma coisa que possa ser
formatada
para encaixar nas preferências de ouvintes
individuais.
As
Escrituras são absolutamente verdadeiras, quer
afetem
você e eu, quer não. As Escrituras seriam verdadeiras
mesmo que
não existíssemos. De nenhuma maneira a
verdade
das Escrituras é decidida pela experiência de
alguém. Se
ela nos afeta ou não subjetivamente nada tem a
ver com
seu significado de fato ou veracidade. A mensagem
das
Escrituras não é maleável. Não é singular para cada
pessoa.
Não é determinada pela experiência pessoal ou
opinião
pessoal.
Isso
significa um forte golpe para um grande segmento
dos que
professam o Cristianismo atualmente. Multidões
estão
procurando ouvir a voz de Deus em suas cabeças ou
buscando
algum tipo de epifania intuitiva na qual a verdade
lhe será
revelada subjetivamente, mas a única verdade final e
absoluta
para o cristão — a verdade que supera todas as
opiniões
particulares, sentimentos pessoais e experiências
subjetivas
é a verdade objetiva de Deus como revelada nas
Escrituras
quando corretamente interpretada.
A verdade
bíblica é objetiva. É verdadeira em si mesma.
É
verdadeira se sentimos ou deixamos de sentir que é
verdadeira.
É verdadeira se foi ou não validada pela
experiência
de alguém. É verdadeira porque Deus disse que é
verdadeira.
É verdadeira por completo e é verdadeira até o
menor til ou i. O Salmo
119. 160 diz, "As tuas palavras são
em tudo
verdade desde o princípio, e cada um dos teus justos
juízos
dura para sempre" (Sl 119.160).
Esse é
exatamente o ponto de partida e o alicerce
necessário
para uma cosmovisão cristã verdadeira. Abra mão
do
fundamento da verdade bíblica e seja qual for o sistema de
crença que
reste não vale a pena ser chamado cristão,
mesmo se
ele retiver vestígios do simbolismo e da
terminologia
cristãos.
Muitos que
se intitulam cristãos atualmente estão
precisamente
nessa situação. Eles usam linguagem e
simbolismo
cristãos, mas a fonte real da autoridade deles é
algo além
das Escrituras. Alguns simplesmente vivem pelo
que sentem
e moldam suas crenças segundo suas
preferências
pessoais. Outros alegam que Deus lhes fala
diretamente
por meio de vozes, impressões fortes, ou
sentimentos
vagos que eles interpretam como revelações
diretas do
Espírito Santo. Outros ainda pensam que as
Escrituras
são escritos improvisados que eles podem
modificar
ou interpretar da maneira que desejarem. De
qualquer
modo, a vida e crença deles são comandadas pelas
suas
preferências pessoais. As crenças deles não são
realmente
diferentes daquelas dos seguidores da Nova Era
que
acreditam que a verdade é encontrada dentro deles
mesmos.
Mas o
Cristianismo histórico é baseado na revelação
objetiva
das Escrituras. Essa é a razão pela qual nossa
primeira
palavra-chave para descrever a cosmovisão cristã é
objetividade.
Nossa
fé está firmada na convicção de que Deus
falou e a
sua Palavra é a verdade objetiva. O que ele nos deu
é absoluto
e inabalável. É a verdade pelas quais todas as
outras alegações de verdade são medidas.
(Princípios para uma cosmovisão bíblica – John MacArthur. Pg. 17)