segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

Batismo: A Circuncisão Cristã


(Gn 17:1-14; Cl 2:8-15; Mt 28:-18-20; Tt 3:5)

por

Rev. Paulo R. B. Anglada


I. INTRODUÇÃO

O batismo e a ceia do Senhor são os dois sacramentos ordenados por Jesus para serem observados na dispensação da graça. A ceia foi instituída quando da última participação de Cristo na páscoa (Mt 26:26-30) [1]. O batismo está incluído na grande comissão, mencionada em Mateus 28:18-20 e Marcos 16:15-16). Na concepção reformada, “os sacramentos são santos sinais e selos do pacto da graça, imediatamente instituídos por Deus para representar Cristo e seus benefícios, e confirmar o nosso interesse nele, bem como para fazer uma diferença visível entre os que pertencem à Igreja e o restante do mundo, e solenemente comprometê-los no serviço de Deus em Cristo, segundo a sua Palavra. [2]

1. Importância do Assunto

Há algumas questões controvertidas relacionadas ao batismo, especialmente no que diz respeito ao batismo de crianças e ao modo do batismo. Nossos irmãos batistas e pentecostais (a maioria em nosso contexto) não batizam crianças e só reconhecem o batismo por imersão. As outras denominações protestantes históricas (luterana, reformada, anglicana, presbiteriana, metodista, etc.), diferentemente, batizam crianças e reconhecem a legitimidade de ambos os métodos (imersão e aspersão), preferindo o segundo.

Isto, além da prática católica de batizar, indiscriminadamente, qualquer criança, torna necessário que forneçamos as razões das nossas práticas concernentes ao assunto. Este artigo tem como propósito apresentar um resumo da teologia reformada concernente ao batismo, especialmente no que concerne a estas questões controvertidas.

2. O Problema Básico

Do ponto de vista reformado, o erro básico daqueles que não batizam crianças e exigem a imersão consiste em perderem de vista a continuidade da revelação da obra da redenção. A progressividade da revelação da obra da redenção, planejada por Deus na eternidade, não deve eclipsar a sua continuidade.

Antes de mais nada, é preciso compreender que o Antigo e o Novo Testamento não ensinam duas religiões diferentes. A Igreja Cristã não é uma outra igreja. O Apóstolo Paulo revela claramente que a Igreja Cristã não é uma nova árvore, mas apenas um galho enxertado na mesma árvore cuja raiz é Abraão (Rm 11:13-24), o ‘‘pai de todos os crentes’’ (Rm 4:11). Abraão é o pai tanto de incircuncisos como de circuncisos, ‘‘que andam nas pisadas da fé que teve nosso pai Abraão antes de ser circuncidado’’ (Rm 4:11-12).


II. O SIGNIFICADO DO BATISMO

 

1. Não É um Atestado de Salvação

Não é necessariamente o sinal visível de que a pessoa está salva. Não se trata de um rito de admissão pública na igreja invisível, mas na igreja visível — e esta inclui salvos e não salvos:

Nem todos os de Israel são de fato israelitas; nem por serem descendência de Abraão são todos seus filhos; mas em Isaque será chamada a sua descendência. Isto é, estes filhos de Deus não são propriamente os da carne, mas devem ser considerados como descendência os filhos da promessa (Rm 9:6-8)

Há diversos exemplos de membros professos da igreja tanto no AT como no NT, os quais foram circuncidados/batizados, mas que nunca experimentaram o lavar regenerador do Espírito Santo. Auxiliares diretos do Apóstolo Paulo, como Demas, abandonaram a fé cristã por amarem o presente século (2 Tm 4:10). Referindo-se a essa classe de pessoas, o Apóstolo João explica que ‘‘Eles saíram do nosso meio (da igreja visível), porque não eram dos nossos (membros da igreja invisível); porque se tivessem sido dos nossos (da igreja invisível), teriam permanecido conosco (na igreja visível); todavia, eles se foram para que ficasse manifesto que nenhum deles é dos nossos (da igreja invisível)’’ (1 Jo 2:19).

Parece desnecessário provar o que a História da Igreja e a experiência tornam mais do que evidente.


2. Não é Meio de Salvação

O batismo não tem poder divino inerente. Em si mesmo ele não pode regenerar ninguém. Esta doutrina (da regeneração batismal) é ensinada pela Igreja Católica. Para eles, o batismo confere os mérito de Cristo e o poder do Espírito Santo, purificando da corrupção interna, garantido remissão da culpa do pecado e infusão da graça santificadora, unindo o batizado com Cristo, abrindo-lhe as portas dos céus. Na teologia Católico-romana, a eficácia do batismo não depende nem dos méritos do oficiante nem dos méritos do batizado, mas da própria ação sacramental.

Para nós, reformados, entretanto, o batismo não é eficaz em si mesmo; ele não opera uma nova vida; ele a pressupõe e a fortalece, mas não a opera nem garante. Eis o que diz a Confissão de Fé de Westminster:

Posto (ainda) que seja grande pecado desprezar ou negligenciar esta ordenança, contudo a graça e a salvação não se acham tão inseparavelmente ligadas com ela, que sem ela ninguém possa ser regenerado e salvo ou que sejam indubitavelmente regenerados todos os que são batizados.


3. Não é Essencial à Salvação

A Igreja Católica pensa assim, mas nós, protestantes, não. O batismo é obrigatório, por obediência aos preceitos de Deus. E a nossa desobediência a este preceito, naturalmente resultará em empobrecimento espiritual, como acontece com a desobediência a qualquer outro preceito do Senhor.

Entretanto esta concepção do batismo como essencial à salvação é contrária ao caráter espiritual do Evangelho, que não condiciona a salvação à formas externas (Jo 4:21-24). O ladrão arrependido na cruz é evidência incontestável disso. Jesus afirmou que naquele mesmo dia ele estaria consigo no paraíso, sem batismo algum.


4. É a Continuação da Circuncisão

Os dois sacramentos do Antigo Testamento não foram abolidos, mas substituídos.

A páscoa (o sacramento comemorativo da igreja visível) transformou-se na santa ceia, quando Jesus dela participou pela última vez (Mt 26:26-30).

A circuncisão (sacramento de admissão na igreja visível) transformou-se no batismo cristão, visto que não mais havia necessidade de derramamento de sangue, pois o Cordeiro Pascal estava preste a ser imolado. Em Colossenses 2:11-12, o batismo cristão é chamado explicitamente de ‘‘circuncisão de Cristo’’ (o mesmo que circuncisão cristã) :

Nele também fostes circuncidados, não por intermédio de mãos, mas no despojamento do corpo da carne que é a circuncisão de Cristo; tendo sido sepultados juntamente com ele no batismo, no qual igualmente fostes ressuscitados, mediante a fé no poder de Deus que o ressuscitou dentre os mortos.

O argumento do Apóstolo Paulo é evidente: nós cristãos também fomos circuncidados, não com o corte do prepúcio, mas com o batismo cristão que tem a mesma função da circuncisão judaica, podendo portanto até mesmo ser chamado de circuncisão cristã.


5. É o Selo do Pacto da Graça

Já que o batismo cristão corresponde à circuncisão judaica, o batismo é, para a Igreja visível no Novo Testamento, o que foi para a Igreja visível no Antigo Testamento: a confirmação (o sinal visível) da aliança que Deus fez com Abraão, o “pai de todos os crentes.” É exatamente este o papel da circuncisão, conforme as palavras do próprio Senhor a Abraão, quando da instituição desta ordenança em Gênesis 17:1-13:

Quando atingiu Abraão a idade de noventa e nove anos, apareceu-lhe o Senhor e disse-lhe: Eu sou o Deus todo-poderoso: anda na minha presença e sê perfeito. Farei uma aliança (um pacto) entre mim e ti, e te multiplicarei extraordinariamente... será contigo a minha aliança; serás pai de numerosas nações... estabelecerei a minha aliança (pacto) entre mim e ti e a tua descendência no curso das gerações, aliança perpétua, para ser o teu Deus, e da tua descendência. Disse mais Deus a Abraão: Guardareis a minha aliança, tu e a tua descendência no decurso das suas gerações... Circundareis a carne do vosso prepúcio; será isso por sinal de aliança entre mim e vós. O que tem oito dias será circuncidado entre vós, todo macho nas vossas gerações, tanto o escravo nascido em casa, como o comprado a qualquer estrangeiro, que não for da tua estirpe. Com efeito, será circuncidado o nascido em tua casa, e o comprado por teu dinheiro; a minha aliança estará na vossa carne e será aliança perpétua.

A circuncisão dos Israelitas e dos prosélitos do judaísmo era, portanto, um sinal externo da aliança de Deus com Abraão, segundo a qual ele (Abraão) e seus descendentes constituiriam a igreja visível de Deus na terra. O batismo cristão, assim como a circuncisão judaica, é, portanto, o sinal externo solene de admissão na igreja visível.

Isto não implica necessariamente em que todos os de Israel (da igreja visível no AT) fossem ou seriam verdadeiros israelitas (membros da igreja invisível), ou seja: que necessariamente fossem ou seriam objeto da graça salvadora. Nem implicava em que aqueles que não fossem de Israel (judeus), não pudessem vir a ser verdadeiros israelitas (membros da igreja invisível).

A circuncisão implicava, sim, em que seriam considerados povo de Deus, e seriam objeto do seu especial cuidado, da sua bênção e da sua revelação. De fato, os compatriotas de Paulo segundo a carne desfrutaram de privilégios especiais, tais como ‘‘a adoção, e também a glória, as alianças (os pactos da graça e da lei), a legislação, o culto e as promessas; deles são os patriarcas e também deles descende o Cristo, segundo a carne...’’ (Rm 9:3-4). Depois de demonstrar a culpabilidade universal (de gentios e judeus), o Apóstolo Paulo pergunta: ‘‘Qual pois a vantagem do judeus? ou qual a vantagem da circuncisão?’’ Ele mesmo responde: ‘‘Muitas, sob todos os aspectos. Principalmente porque aos judeus foram confiados os oráculos de Deus.’’ (Rm 3:1-2).

Conclusão: O batismo, assim como a circuncisão, é o rito ou forma externa determinada por Deus para simbolizar e selar a admissão de pessoas na igreja visível, como beneficiários do pacto da graça e objeto do seu cuidado especial. É verdade que o símbolo pressupõe, em geral, o gracioso lavar regenerador do Espírito Santo pela Palavra (Tt 3:5), por meio do arrependimento e da fé; mas não o opera nem garante.


III. AS CRIANÇAS NO PACTO DA GRAÇA NO ANTIGO TESTAMENTO

A questão realmente importante com relação ao batismo infantil como “a circuncisão cristã” é a seguinte: as crianças foram incluídas como beneficiárias do pacto da graça que Deus fez com Abraão? E a resposta é evidentemente positiva. Na instituição da circuncisão as crianças foram explicitamente incluídas como beneficiárias do pacto da graça, como membros da igreja visível no AT. Por isso deveriam ser circuncidadas: ‘‘O que tem oito dias será circuncidado entre vós, todo macho nas vossas gerações.’’ (Gn 17:9-12). Não haveria nenhum impedimento em instituir a circuncisão apenas para os adultos! Mas isso não ocorreu. As crianças também foram incluídas, porque era o propósito do Senhor que sua aliança fosse com Abraão e com a sua descendência.

O que precisa ser entendido é que esta aliança que Deus fez com Abraão, chamada pelos reformados de pacto da graça, é a implementação histórica de uma aliança eterna, e nunca foi ab-rogada (anulada). Esta aliança, cujo selo era a circuncisão e agora é o batismo (a circuncisão de Cristo) é anterior à lei de Moisés e portanto continua vigorando. O pacto da lei passou (um adendo), é verdade, bem como suas leis cerimoniais. Mas não a aliança da graça com Abraão, a qual foi instituída cerca de quatrocentos anos antes da lei de Moisés. A aliança com Abraão não passou, é ‘‘aliança eterna’’. As ordenanças, os símbolos dessa aliança, mudaram: primeiro só a circuncisão; depois foi acrescentado a páscoa, e depois ambas foram substituídas pelo batismo e pela ceia do Senhor. Mas a aliança é a mesma.

É isto o que o Apóstolo Paulo afirma em Gálatas 3:17. Demonstrando que a lei de Moisés não pode invalidar a aliança com Abraão, ele diz: ‘‘Uma aliança já anteriormente confirmada por Deus, a lei, que veio quatrocentos e trinta anos depois não a pode ab-rogar, de forma que venha a desfazer a promessa.’’

Logo, a aliança mencionada no Novo Testamento não é uma outra aliança, uma aliança recentemente estabelecida, que ab-rogou a aliança feita com Abraão; mas a mesma aliança renovada, por Aquele que é o Mediador da aliança: Jesus (cf. Gl 3:27,29). A palavra usada não é “nevo”, mas “kainov” como em novos céus e nova terra (não outros céus e outra terra, mas estes céus e esta terra renovados).

O fato é que a igreja é a mesma. Somos membros de um mesmo corpo. Somos a ‘‘comunidade de pacto’’. Somos os verdadeiros descendentes de Abraão. ‘‘Os da fé é que são filhos de Abraão’’(Gl 3:7). Somos (a igreja cristã) os ramos que foram enxertados; nos tornamos participantes da mesma raiz e da mesma seiva da oliveira (Rm 11:17). O meio de salvação também não mudou. Somos salvos hoje do mesmo modo como foram os crentes na época do Antigo Testamento; isto é, pela graça soberana de Deus mediante o arrependimento e a fé nas Suas promessas, entre as quais a principal era a vinda do Messias, o Redentor de Israel (Rm 4:1-17). Logo, por que razão os filhos dos membros da nova aliança deveriam ser excluídos da comunidade do pacto, da igreja visível? Por que negar-lhes o selo da pacto: o batismo?


IV. AS CRIANÇAS E O PACTO DA GRAÇA NO NOVO TESTAMENTO

O Novo Testamento exclui as crianças da condição de beneficiárias do pacto da graça? Não, em nenhum lugar do Novo Testamento os filhos dos que pertenciam a aliança — os quais tão enfática e explicitamente nela foram incluídos em Gênesis 17 — foram excluídos. Pelo contrário, há afirmações também explícitas de que continuam incluídos.

1. O próprio Senhor Jesus afirmou que eles pertencem ao seu reino: ‘‘Deixai vir a mim os pequeninos e não os embaraceis, porque dos tais é o reino dos céus’’ (Lc 18:16).

2. Pedro confirma que a promessa os inclui: ‘‘Pois para vós outros é a promessa, para vossos filhos, e para todos os que ainda estão longe’’ (At 2:39)

3. O Apóstolo Paulo reconhece a posição dos filhos como ‘‘santos’’, quando pelo menos um dos pais é crente. Escrevendo aos Coríntios, Paulo orienta os cônjuges que haviam se convertido a não se separarem pelo fato do outro cônjuge continuar descrente dizendo: ‘‘o marido incrédulo é santificado no convívio da esposa, e a esposa incrédula é santificada no convívio do marido crente. Doutra sorte, vossos filhos seriam impuros; porém, agora são santos’’ (I Co 7:14)

4. Há ainda exemplos implícitos de sua prática nas páginas do Novo Testamento:

Lídia: o Senhor abriu o seu coração para crer, e logo foi batizada, ela e toda a sua casa (At 16:14,15).

O carcereiro de Filipos: Tendo perguntado a Paulo e Silas o que deveria fazer para ser salvo, eles responderam-lhe: ‘‘Crê no Senhor Jesus, e serás salvo, tu e a tua casa. E lhe pregaram a palavra de Deus e a todos os de sua casa... A seguir foi ele batizado, e todos os seus’’ (At 16:30-33)

Estéfanas: Dentre as poucas pessoas que o apóstolo Paulo havia batizado estava a ‘‘casa de Estéfanas’’ (I Co 1:16)

5. Os Pais da Igreja, de um modo geral, reconhecem e mencionam a prática do batismo infantil. Nove, dentre doze Pais que viveram nos dois primeiros séculos, referem-se à prática do batismo infantil; ex: Justino Mártir (130), Irineu (180), Orígenes (230). Posteriormente, Agostinho afirmou que ‘‘nenhum concílio jamais ordenara o batismo infantil por ser este uma prática que vinha desde os tempos apostólicos; e que nunca ouvira ou lera de alguém na igreja que sustentasse o contrário’’. O Concílio de Cartago recebeu consulta se era lícito batizar crianças antes de oito dias. O que significa que a prática do batismo infantil após o oitavo dia de vida era comum.

6. Deve-se se observar que, se não há exemplo explícito de batismo infantil no Novo Testamento, também não há a menor referência a batismos de adultos nascidos e criados em lares cristãos!


V. OBJEÇÕES


1. Não existe mandamento para batizar crianças

E nem era necessário, pois as crianças (filhos da aliança) sempre foram reconhecidas como membros da igreja visível do Antigo Testamento. Seria de se esperar o contrário: um mandamento para não mais incluí-las na igreja do Novo Testamento. Também não existe mandamento explícito instituindo o domingo como o dia do descanso cristão, nem mandamento explícito incluindo as mulheres na Ceia do Senhor!


2. As crianças não preenchem as condições necessárias: arrependimento e fé

O mesmo argumento as excluiria do céu! “Se não vos arrependerdes, todos igualmente perecereis” (Lc 13:3). “Quem nele crê não é condenado; o que não crê já está condenado” (Jo 3:18). Mas Jesus não as excluiu, e mesmo os que fazem essa objeção não as excluem.

O argumento é válido apenas para os adultos que podem exercer a fé, mas não para as crianças. A Bíblia também diz: ‘‘Quem não trabalha não coma’’. E as crianças! Devemos deixá-las com fome, porque não podem trabalhar?!

No AT as crianças (filhos da aliança) também não poderiam se arrepender e ter fé nas promessas (condição para a salvação também no AT), mas mesmo assim eram circuncidadas e consideradas membros do povo de Deus (da igreja visível) e beneficiárias da aliança.


3. Que benefícios pede produzir na criança?

Que benefício poderia produzir na criança a circuncisão? Muitos, não apenas para a criança, como também para a igreja e para os pais, como veremos a seguir.

 

VI. IMPORTÂNCIA DO BATISMO INFANTIL


Para a Igreja


1) Edificação dos membros.
2) Responsabilidade da igreja na orientação dos pais e dos filhos.

Para os Pais

1) Conforto no sentido de que os filhos pertencem ao pacto. A não ser que rejeitem quando adultos, essa é a condição deles.
2) Responsabilidades: fazer os filhos conhecerem a sua condição de pertencentes ao pacto. Serem fiéis (dando-lhes bom testemunho). Educá-los no temor do Senhor.

Para as Crianças


1) Quando chegarem à idade da razão, saberão que pertencem à aliança e se perguntarão: O que isto significa? E serão tão beneficiadas com o batismo quanto aqueles que são batizados quando adultos.
2) Gozam de todos os privilégios da Igreja Visível: oração, conselhos, disciplina, ensino da Palavra, exemplo dos outros fiéis, e principalmente das promessas referentes ao pacto.


VII. O SIMBOLISMO E MODO DO BATISMO

 

1. A Prática Batista e Pentecostal

Os nossos irmão batistas e pentecostais (estes historicamente procedentes dos primeiros), insistem na imersão como sendo a única forma legítima do batismo.

A primeira razão que apresentam está relacionada ao simbolismo do batismo. Para eles, baseados em Romanos 6:3ss e Colossenses 3:12, o batismo é uma prescrição para imergir, como símbolo da morte, sepultamento e ressurreição de Cristo. Eis os textos:

Ou, porventura, ignorais que todos os que fomos batizados em Cristo Jesus, fomos batizados na sua morte? Fomos, pois, sepultados com ele na morte pelo batismo; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também andemos nós em novidade de vida. Porque se fomos unidos com ele na semelhança da sua morte, certamente o seremos também na semelhança da sua ressurreição (Rm 6:3-5).

Tendo sido sepultados juntamente com ele no batismo, no qual igualmente fostes ressuscitados, mediante a fé no poder de Deus que o ressuscitou dentre os mortos (Cl 2:12).

A segunda razão diz respeito à inexistência, segundo eles, de exemplos de batismos por imersão no Novo Testamento.



2. A Prática Reformada e Protestante

A prática reformada não insiste na necessidade de imersão (nem de aspersão). As razões são as seguintes:

1) O simbolismo do batismo não está na imersão, mas na purificação, no lavar purificador. Assim como a circuncisão simbolizava a remoção da impureza, o batismo com água (que é a circuncisão cristã) simboliza o lavar purificador do Espírito Santo em virtude da obra de Cristo (por meio de Cristo): “ele [Deus] nos salvou mediante o lavar regenerador do Espírito Santo, que ele derramou sobre nós ricamente, por meio de Jesus Cristo, nosso salvador” (Tt 3:5).

Este simbolismo do batismo é exemplificado no relado do apóstolo Paulo das palavras de Ananias no seu próprio batismo: “levanta-te, recebe o batismo e lava os teus pecados...” (At 22:16). Isto é, o batismo não purifica do pecado, ele simboliza a purificação do pecado.

Eis o que diz o Catecismo de Heidelberg sobre o batismo:

Cristo instituiu este lavar externo com água e por ele prometeu que me encontro tão seguramente lavado com o seu sangue e com o seu Espírito das impurezas de minha alma e de todos os meus pecados, como lavado externamente com água que é usada para remover a sujeira do meu corpo (resposta 69).

É claro que num sentido mais amplo, todas as bênçãos espirituais decorrentes da salvação estão implícitas no símbolo: a morte para o pecado, o novo nascimento, o ingresso no corpo de Cristo por meio da nossa união com ele, etc. E muitas figuras são empregadas neste sentido: morrer com Cristo, ser sepultados com Cristo, ressuscitar com Cristo, viver em Cristo, andar em Cristo, revestir-se de Cristo (Gl 3:27), ser plantados com Cristo, etc. Mas isso não significa que alguma dessas figuras seja a única simbologia indicada no batismo.

A simbologia do batismo está no lavar, na purificação pela lavagem de água, na ação purificadora do Espírito Santo, o qual nos separa do uso comum (impuro) e nos une a Cristo; e não no modo como essa lavagem é efetuada. Convém observar que, mesmo em Romanos 6, o contexto geral é a purificação do pecado:

Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado para que seja a graça mais abundante? De modo nenhum. Como viveremos ainda no pecado, nós que para ele morremos?... Sabendo, isto, que foi crucificado com ele o nosso velho homem, para que o corpo do pecado seja destruído e não sirvamos o pecado como escravos... Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, de maneira que obedeçais às suas paixões... (vs. 1-2, 6, 12).

O essencial no batismo, é explicitamente ensinado na sua instituição e nos demais textos do Novo Testamento: que seja feito com água (At 10:47) e em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo (Mt 28:19).


2)
 Do uso da palavra batizar (baptivzw) na Septuaginta. Nas quatro vezes que o verbo aparece, todas podem ser traduzidas por lavar, mas nem todas podem ser traduzidas por imergir. Exemplos: Daniel 4:33, onde lemos que o corpo de Nabucodonosor “...foi molhado do orvalho do céu...” Conferir Levítico 6:28: “e o vaso de barro em que for cozida [a carne da oferta pelo pecado] será quebrado; porém se for cozida num vaso de bronze, esfregar-se á na água.” Mesmo em 2 Reis 5:14, onde a imersão é provável, o propósito é claramente de lavagem como símbolo de purificação, conforme indicam os versos 10, 12 e 13.

3) Dos ritos de purificação no Antigo Testamento: frequentemente por meio de aspersões de sangue ou de água. Conferir números 19:9, 13 e 20. Estes ritos de purificação de utensílios, etc., são chamados de batismos no Novo Testamento:

E vendo que alguns dos discípulos dele comiam o pão com as mãos impuras, isto é, por lavar [ajnivpta] (pois os fariseus e todos os judeus, observando a tradição dos anciãos, não comem sem lavar [niywntai] cuidadosamente as mãos; quando voltam da praça não comem sem se aspergirem [baptivswntai]; e há muitas outras coisas que observam, como a lavragem [baptismonv] de copos, jarros e vasos de metal e camas), interpelaram-no os fariseus e os escribas: Por que não andam os teus discípulos de conformidade com a tradição dos anciãos, mas comem com as mãos por lavar [koinai - impuras]? (Mc 7:2-5).

Hebreus 9:10, 13, 19 e 21, fala da prática de abluções (baptismoi), de aspergir cinzas e sangue (rJantivzonsa), o povo, o tabernáculo e os utensílios sagrados com vistas à purificação religiosa.


4)
 Do uso da palavra no Novo Testamento:

a) Intercambiável com nivptw (lavar): maços 7:3-4 (já citado); Lucas 11:38; Mateus 15;2 e 20. Observação: o modo comum de lavar as mãos no oriente era pelo derramamento de água, como hoje.

b) A contenda dos discípulos de João sobre o batismo (Jo 3:22-30) é reconhecidamente uma contenda sobre purificação (v. 25).


5)
 Do caráter espiritual do culto no Novo Testamento, que não enfatiza a forma mas o espírito. A ênfase do culto no Novo Testamento não está na roupa dos oficiantes, no templo, no rito, mas na sua natureza espiritual e verdadeira. Em conformidade com isso, em nenhum lugar no Novo Testamento é especificada a forma do batismo (imersão ou aspersão). Logo, por que enfatizaríamos nós?

6) É interessante observar também que não há um só exemplo de batismo no Novo Testamento que especifique de modo explícito e inequívoco a forma de batismo (imersão ou aspersão) praticada. Na verdade, o contexto e alguns desses exemplos de batismos torna até improvável a imersão. É o caso do batismo das grandes multidões na cidade de Jerusalém, onde a água era escassa (at 2:37-41); do eunuco no deserto (); de Paulo na casa de Judas, por Ananias (nada no relato indica que saíram da casa, At 9:17-19); e do carcereiro de Filipos (At 16:30-33).

7) Os desenhos, gravuras e pinturas mais antigos (do segundo e terceiro séculos) de cenas de batismos cristãos retratam o derramamento de água sobre o batizado.

CONCLUSÃO


1) O batismo com água foi instituído como substituto da circuncisão, como sacramento de inciação na igreja visível de Cristo na nova aliança, visto não ser mais necessário o derramamento de sangue. É, portanto, “a circuncisão de Cristo” (cristã).

2) O batismo não é um atestado de salvação (nem todos os batizados são necessariamente salvos). Não é meio de salvação (não opera a salvação). Não é essencial à salvação (mas deve ser praticado em obediência à ordem de Cristo).

3) O batismo é o sinal visível e selo do pacto da graça, de ingresso na igreja visível, do nosso compromisso público solene com Cristo e com a sua obra. Por meio dele os membros da igreja são visivelmente distinguidos das demais pessoas como povo de Cristo e beneficiários da aliança.

4) O simbolismo do batismo consiste não apenas ou especificamente na imersão (ou morte e ressurreição), mas no lavar purificador regenerador operado pelo Espírito Santo no coração daquele que se arrepende dos seus pecados e crê na eficácia e suficiência da obra de Cristo; e na sua conseqüência união com Cristo e com o seu corpo. O batismo não é símbolo de uma figura, mas de uma transformação interna espiritual.

5) O modo do batismo não é relevante. Pode ser tanto por imersão como por aspersão. Sendo que a aspersão (ou ablução) é preferível, na concepção reformada, à luz das práticas (batismos, lavagens) purificadoras do Antigo Testamento e mesmo dos exemplos do Novo Testamento e do testemunho da história da igreja.

NOTAS:

[1] - Conferir também Marcos 14:22-26; Lc 22:14-20; e 1 Coríntios 11:23-26.

[2] - Confissão de Fé de Westminster 27.1.

[3] - Newman, Lectures on Justification, 257. Citado por Alexander Hodge, Outlines of Theology (Edinburgh: Banner of Truth, 1972), 625.

[4] - Capítulo XXIII, parágrafo V.

[5] - Trata-se do uso comum do genitivo (o genitivo descritivo), usado como um adjetivo. Ex: toswmath aJmartiva - o corpo do pecado/pecaminoso (Rm 6:6); ejn tw/swvm ati th sarkov - no corpo da carne/carnal (Cl 1:22). Assim também: to bavptisma jIwavnnou - o batismo de João/Joanino (Mt 21:25).

[6] - É esta a simbologia do batismo: o lavar regenerado do crente pelo Espírito Santo.

[7] - Conferir Confissão de Fé de Westminster, 27.3.

[8] - ejbavfh (no verso 30 na LXX).

fonte: http://www.monergismo.com/textos/batismo/batismo_anglada.htm

 

Batismo

por

Rev. Nelson Gonçalves de Abreu

 

Antes de prosseguirmos nossa abordagem a respeito do batismo, é necessário que entendamos o significado do nome. Calvino define batismo da seguinte forma: “Batismo é uma marca do nosso cristianismo e o sinal pelo qual somos recebidos na sociedade da igreja, para que enxertados em Cristo sejamos contados entre seus filhos”. [1]

O grande teólogo de Princeton, Charles Hodge, por sua vez, define batismo da seguinte forma: “Batismo é um sacramento no qual o lavar com água em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo significa e sela nossa união com Cristo, a participação das bênçãos do pacto da graça e a promessa de pertencermos ao Senhor”. [2]

A meu ver essas definições se completam e nos dão um entendimento mais amplo do conceito de batismo que precisamos ter tanto como sinal e selo, do nosso ingresso no reino de Deus, como também de uma vida de testemunho a Cristo que necessitamos constantemente demonstrar por termos sido alcançados, pelo amor de Deus.


O Batismo testifica a remissão dos pecados.


O texto de Mc16.16 nos deixa claro esse ensino. O batismo serve de sinal e documento de nossa purificação, ele testifica que fomos redimidos pelo poder de Deus. A ideia não é a de que o batismo salva, mas que todos os que são salvos, são confirmados pelo batismo. Calvino a respeito disso diz o seguinte: “Porque Deus quer que todos os que creem sejam batizados para a remissão de pecados”. [3]

Essa afirmação nos ajuda a entendermos que devemos receber o batismo como uma promessa de que todo o que crer e for batizado será salvo.


Testemunho Bíblico.

Vejamos o que Paulo diz em Ef5.26, e também em Tt3.5 e também o que Pedro ensina sobre isso em 1Pe3.21. Entendamos o seguinte: Paulo não quis dizer que nossa purificação e salvação acontecem com água e que a água em si mesma tenha capacidade para nos salvar.

O que Paulo está dizendo é que neste sacramento se recebe o conhecimento e a certeza do dom da salvação como claramente demonstram essas palavras. Paulo aqui em efeito une a Palavra de vida com o batismo da água, como se disse-se que por meio do Evangelho as boas novas nos são dadas, as boas novas da purificação e da santificação sendo essa boa nova selada pelo batismo.

O que Pedro faz, é demonstrar figuradamente que a água no texto referida, é uma representação do sangue de Cristo, que o efeito mesmo da purificação é o sangue de Cristo que foi derramado sobre o seu povo, sendo que o mesmo sangue, serve de juízo de Deus contra os descrentes que se insubordinaram.

Percebam que quando Pedro usa o acontecimento do dilúvio para fazer um paralelo com o sangue de Cristo vs18, ele nos deixa claro que as águas que figuravam ou prefiguravam o juízo de Deus sobre os homens, foram às mesmas águas que salvaram o seu povo escolhido.

Calvino esclarece interessantemente isso dizendo: “O batismo não nos promete mais purificação que se fez pelo derramamento do sangue de Cristo, o qual está figurado na água, pela semelhança que ele tem com ela de limpar e lavar”. [4]


O Batismo testifica a remissão dos pecados passados e futuros.

Com essa proposição o que queremos dizer é que em qualquer tempo em que sejamos batizados, somos lavados e purificados de uma vez por todas. Portanto precisamos ser confortados pelo seguinte; quantas vezes cairmos, devemos refrescar de novo a memória com o batismo, e nos assegurarmos na alma, de que nossos pecados de fato foram perdoados.

Isso não significa que devemos pecar licenciosamente, não ganhamos licença para pecar o que seria um terrível atrevimento contra o nosso Senhor Jesus Cristo. Essa doutrina nos dá segurança nos momentos de canseira e opressão por causa do peso dos pecados para levantarmos nossa cabeça e prosseguirmos com Cristo na fé cristã, mesmo nas situações de confusão. Cristo é a remissão dos pecados passados também Rm3.25.


O Batismo nos mostra a nossa mortificação e nova vida em Cristo.

É importante o texto de Rm6.4. Com essas palavras não só nos exorta a que lhe imitemos, como se dissesse que pelo batismo, somos admoestados a que seguindo o exemplo de Cristo, morramos para as concupiscência da nossa carne e a exemplo da justiça de Cristo, de sua ressurreição, vivamos em justiça e retidão na maneira de procedermos.

Argumentos parecidos com esse e com a mesma ideia de morte e vida deve ser visto em Cl2.12, Tt3.5


O Batismo atesta nossa união com Cristo.


O batismo nos dá a garantia e nos certifica de que não somente somos enxertado na morte e na vida de Cristo, mas também unidos a Ele de tal forma que nos tornamos participante de todos os seus benefícios e de todos os seus bens. Deus consagrou e santificou o batismo no corpo de Cristo Mt3.13, a fim de que nos sejamos comum com Deus através de um vínculo inquebrantável de união que Ele estabeleceu conosco por meio de Jesus. Gl3.27.

Calvino colabora conosco dizendo a partir de Gl3.27 o seguinte: “E assim vemos que o cumprimento do batismo está em Cristo, o qual por causa disto chamamos objeto do batismo. Não há pois motivo para estranharmos quando ouvimos que os apóstolos batizavam em nome Dele At8.16; 19.5, ainda que haviam sido enviados a batizar em nome do Pai do Filho e do Espírito Santo. Porque todos os dons de Deus que se oferece no batismo se encontram em Cristo somente”. [5]

Todas as bênçãos da regeneração e o cancelamento dos nossos pecados e o ingresso na família de Deus são nos dados por intermédio de Cristo.


O Batismo de João e o Batismo cristão.

Para esclarecer alguma possível dúvida que possa surgir em nós quanto algumas ambiguidades presentes nesses batismos, quero afirmar que não há nada de dessemelhante neles. Todos batizam em nome de Cristo de quem procede a remissão dos pecados. João disse que Cristo era o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo Jo1.28-29; através de seu sacrifício, Deus aceitou Sua justiça, ou melhor a propiciação de justiça sendo Cristo o autor da nossa salvação.

Não há diferenciação de significado entre o batismo de João e o de Cristo. Como disse J. Calvino: “Se alguém busca na Palavra de Deus uma diferença entre o batismo de um e o de outro, a única que encontrará é que João batizava em nome de alguém que viria, e os apóstolos, em alguém que já veio”. [6] Lc3.16; At19.4.


O Batismo não restaura a justiça e a pureza originais.


A importância disso é fundamental para uma melhor compreensão do que o batismo é, pois o batismo não mexe com a nossa natureza pecaminosa. Aquilo que herdamos de Adão nosso pai, que é o pecado original que é perda da justiça original, não pode ser restaurado por intermédio do batismo.

O pecado original, que é a corrupção e a culpa, estão instalados em nossa natureza, o que nos faz réus da ira e do juízo de Deus e que produz em nós aquilo que as Escrituras chamam de obras da carne Gl5.19. O que devemos reter deste tema, é que somos batizados para a mortificação de nossa carne; mortificação que começou em nós desde o batismo, e que temos de prosseguir cada dia; e que será perfeita somente quando passarmos ao Senhor.

Enquanto vivermos em nosso corpo mortal nossos pecados estarão conosco mas se tivermos fé na promessa que nos foi dada no batismo, nossos pecados não serão nossos donos, nem reinarão em nós.

O apóstolo Paulo falando a respeito disso em Rm6.3, exorta-nos a permanecermos fieis a Deus e que não deixemos o pecado dominar sobre nós. Sabendo porém Paulo que somos pecadores e que podemos fraquejar, o que ele diz é que estamos debaixo da graça e não da lei 6.14.

Portanto ainda que pequemos não devemos abandonar a fé em Cristo, em quem fomos batizados e ressuscitamos Ef2.5. E para que ficássemos consolados definitivamente da grandeza do Senhor e da não condenação dos que são de Cristo, ele diz e Rm8.1, que para nós não há condenação.


Rápida abordagem sobre o batismo infantil.


Sei que este assunto é um dos mais polêmicos e mal explicados assuntos que vemos constantemente surgir dentro da igreja evangélica de todos os tempo e nações, até mesmo entre os evangélicos de linha reformada, chamados de evangélicos históricos há divergências sobre isso.

Portanto aqui tentarei pela graça de Deus fazer uma abordagem simples e ao mesmo tempo teológica, para tentar dissipar algumas dúvidas que porventura surjam ou já tenham se alojado no coração de vocês.

É fácil de observar hoje dentro da igreja, muitos pais que não tem convicções a respeito do por quê deveriam batizar seu filhos, e outros por sua vez, não o fazem por uma questão de tradição familiar e não de certeza sobre o que fala a bíblia, o que torna o batismo infantil algo sem sentido e vazio para ambos posicionamentos.

O sacramento batismal, tem cada dia se tornado algo sem nexo no meio evangélico porque poucos tem sabido ensinar seu propósito, o que acarreta numa terrível discussão sem relevância tanto para os que batizam seus filhos e não sabem explicar porque batizaram, quanto os que não batizam e também não sabem explicar porque não batizaram. Longe de ser alguma coisa esgotada nesse sentido, isso é apenas um ensaio sobre o respectivo tema, com a finalidade de trazer um pouco mais de clareza e fazer o ato sacramental do batismo, se tornar relevante e inteligível para nós e para a igreja de Cristo.


A herança da circuncisão.

Não devemos fechar nossos olhos para o seguinte: Cada doutrina ensinada no NT, tem suas origens, suas raízes no AT. Se você deseja conhecer melhor a respeito da doutrina do pecado, é necessário ir até o Gn3, se quiser entender mais abrangentemente a beleza da cruz, outro referencial são os livros do Pentateuco e os profetas e da mesma maneira é necessário conhecermos um pouco sobre a circuncisão para podermos falar do batismo infantil.

Deus salvou a Abraão e em Rm4, Paulo nos explica ali, que Abraão foi salvo pela graça, mediante a fé, tanto no AT, quanto no NT, podemos ler que Abraão foi salvo por que creu e isso lhe foi imputado como justiça Gn15.6; Rm4.9.

Em Gn17.7, Deus chama esta relação de salvação de pacto eterno. Um pacto de salvação que se realiza de geração em geração. Nesse pacto eterno feito através de Deus com Abraão e nunca o contrário, Deus deu um símbolo que foi a circuncisão como marca nessa relação de pacto Gn17.11.

O símbolo então da relação de pacto entre Deus e Abraão, foi a circuncisão. Esse símbolo é um símbolo diferente, se tentarmos entender isso por esse prisma, podemos ver que esse símbolo é um tanto estranho, mas absolutamente correspondente com aquilo que Deus queria ensinar por meio dele que é o significado da limpeza que ele nos passa. Is52.1 tanto incircunciso quanto imundo são sinônimos o que nos ajuda a afirmar que Deus utilizou um símbolo externo de limpeza para poder representar uma limpeza espiritual interior no homem Dt30.6

A idéia de limpeza, purificação era tão forte, que Deus chega a usar a palavra circuncisão ao invés de salvação em alguns lugares da bíblia e de não salvação aos incircuncisos Ez44.9; 1Sm14.6. O fato de isso acontecer não significa que a circuncisão é quem salva o indivíduo. Porém ela era vista como um sinal da salvação de Deus aplicada corretamente na vida de um filho de crente Gn17.12.


O novo símbolo; O Batismo.

Assim como a circuncisão no AT, o batismo, é o símbolo que Cristo usa para demonstrar essa marca de mudança e limpeza na vida dos cristãos em o NT, Mt28.19

John Sartelle, nos dá uma ajuda muito útil para entendermos porque Deus usou a água como símbolo de limpeza: “Podemos entender facilmente por que Deus escolheu a água como símbolo. Porque é um agente universal de limpeza. Ninguém esperaria que o pó, as folhas, ou o suco de frutas significasse limpeza. Assim, Deus escolheu este agente de limpeza universal como um símbolo de pureza espiritual”. [7]

Podemos com toda a certeza dizer que as manchas do pecado foram removidas do nosso coração interiormente pelo batismo, e que o batismo com água deixa claro essa certeza. A importância do batismo é fundamental não somente no seu sentido simbólico, mas também, em seu sentido realístico. O batismo significa ter sido separado para viver uma vida santa, da mesma maneira que as pessoas e os utensílios eram ungidos com água e óleo e separados para o uso sagrado no AT, assim também a pessoa é ungida e separada para a santidade Gl3.27.


Circuncisão e Batismo: Promessas, figuras e fundamento sãos os mesmos.

A partir desse subtópico, quero poder tentar esclarecer mais dilatadamente a idéia que trata de dois símbolos que tem o mesmo significado para tanto é necessário que prestemos a atenção às diferenças e conveniências existentes entre os dois sinais e o que podemos aplicar um do outro.

Quando o Senhor ordenou a circuncisão a Abraão Ele disse que seria o Deus dele e de sua descendência declarando-se o Senhor Todo Poderoso e mostrando também a abundância de todas as suas bênçãos procedentes dele e que seriam dadas também aos seus descendentes Gn17.7-10.

Nas palavras de Deus a Abraão, se contém a promessa da vida eterna, que deveria ser confirmada pela circuncisão, que marcaria, selaria a remissão de nossos pecados também com o simbolismo de mortificação e início de uma nova caminhada com Deus.

Quando olhamos para o batismo no NT, um símbolo que como vimos anteriormente é purificador, vemos a promessa de vida eterna, que deveria ser confirmada pela obediência ao realizar o ato simbólico, que marcaria e selaria a remissão dos pecados com o simbolismo de mortificação e início de uma nova caminhada com Deus, e mais com a explicita verdade de santificação presente nos dois atos Mc16.16.

O Reformador de Genebra nos presta um esclarecimento que considero de suma importância ao que está sendo dito: “A promessa no qual temos dito consiste a virtude dos sinais, é a mesma em ambos: eles falam; da misericórdia de Deus, da remissão dos pecados e da vida eterna. A coisa significada é sempre a mesma: A nossa purificação e mortificação. O fundamento em que essas coisas se apóiam e o cumprimento dessas coisas também são os mesmos.

Por conseguinte, se segue que não há diferença alguma entre o batismo e a circuncisão em quanto mistério interior, no qual consiste toda a essência dos sacramentos... A única diferença se refere às cerimônias externas que é o menos importante nos sacramentos posto que a consideração principal depende da Palavra e da coisa significada e representada.

Podemos então concluir que tudo quanto pertence a circuncisão, pertence ao batismo exceto a cerimônia externa e visível. A esta dedução nos encaminha toda a Escritura a qual se deve medir e pesar conforme a analogia e proporção da fé Rm12.3,6”. [8]

Com isso podemos afirmar que a idéia de pacto é a idéia que permeia toda a Escritura Sagrada, sendo que Deus fez um pacto com Adão e sua família, pois Adão como representante do povo, agia em nosso lugar e também no lugar de seus familiares mais próximos. Quando Adão pecou Deus confirmou seu pacto com Noé, e depois com Abraão, sendo que com este Deus instituiu a circuncisão como sinal deste pacto feito com ele e sua família, seus filhos, o que é chamado de pacto da graça pelos reformadores, esse pacto não muda, o que muda são os simbolismos dele, mas não ele.

Isso ressalta a profundidade com que Deus trata seus filhos e os filhos de seus filhos com quem Ele estabelece relações e as ratifica com o sinal do pacto.


Crianças no Pacto da Graça no AT

Quando Deus instituiu a circuncisão como sinal do pacto da graça feito com Abraão no AT, eles foram todas circuncidadas, fato que se não fosse realizado, estaria demonstrando que elas não faziam parte do povo de Deus.

É preciso entender que esta aliança que Deus fez com Abraão, chamada de pacto da graça é a implementação histórica de uma aliança eterna que nunca é destruída e nem desfeita. Obs: A aliança com Abraão não passou é aliança eterna. Paulo Anglada diz o seguinte a respeito disso: “As ordenanças, os símbolos dessa aliança, mudaram: primeiro só a circuncisão; depois foi acrescentada a páscoa, e depois ambas foram substituídas pelo batismo e pela ceia do Senhor. Mas a aliança é a mesma”. [9]

A perspectiva de Paulo em Gl3.17,demonstra que a lei de Moisés não pode invalidar a aliança com Abraão ou seja; uma aliança já anteriormente confirmada por Deus, a lei que veio quatrocentos e trinta anos depois não a pode ab-rogar, de forma que venha desfazer a promessa. A aliança em o NT, não é uma outra aliança recentemente estabelecida que anulou a aliança feita com Abraão; mas a mesma aliança renovada por aquele que é o Mediador da aliança, que é o Senhor Jesus. Gl3.27,29. A palavra usada não é neuoa, mas kainoua, como em novos céus e nova terra, não outros céus e outra terra, mas céus e terras renovados.

O fato é que a igreja é a mesma. Somos membros de um mesmo corpo. Somos a comunidade do pacto, somos os verdadeiros filhos de Abraão, descendentes dele por fé. A salvação não mudou, a salvação é pela fé, o mesmo modo da salvação que alcançou os crentes em o AT.

As promessas também não mudaram, a crença é no Messias desde os tempos do AT, Rm4.1-17, porque então os filhos dos membros da nova aliança deveriam ser excluídos da comunidade do pacto, da igreja visível? Por que lhes negar o selo do pacto, que é o batismo?


Crianças e o pacto da graça no NT.

O NT exclui as crianças da condição de beneficiárias do pacto da graça? Não, em nenhum lugar do NT os filhos dos que pertenciam à aliança foram excluídos. Ao contrário, o que há são, afirmações explicitas de que continuam incluídos.

Vejamos o que o Senhor Jesus fala a esse respeito em Lc18.16. Pedro também tem opinião clara sobre isso, o apóstolo Paulo reconhece a posição dos filhos de crentes como Santos quando um dos pais é crente ao menos 1Co7.14.

Há alguns exemplos implícitos de sua prática em vários lugares de o NT. AT16.14,15; At16.30-33; 1Co1.16.

Os pais da igreja de um modo geral sempre aceitaram o batismo infantil como uma prática vinda desde os tempos apostólicos e pelo menos 9 dentre 12 pais da igreja, o aceitaram foram eles: Justino Mártir 130, Irineu 180, Orígenes 230 e posteriormente Agostinho.

A argumentação é muito maior e forte para quem aceita essa prática do que para aqueles que não a veem com bons olhos. Se por um lado os opositores a essa doutrina dizem não haver exemplos explícitos disso em o NT, também não há a menor referência a batismos de adultos nascidos e criados em lares cristãos.

Calvino usa o seguinte argumento: “O Senhor disse expressamente que a circuncisão que se administra às crianças lhe servirá de confirmação do pacto que temos exposto. Se pois, o pacto permanece sempre o mesmo, é de todo certo que os filhos dos cristãos não são menos participantes dele do que foram os judeus do AT. E se participam da realidade significada, por que não lhes a de ser comunicado também o sinal”. [10]

Portanto o batismo infantil é bíblico e não podemos negar ou passar desapercebidos a esse fato que é tão importante para a edificação dos membros, para o conforto de saber que nossos filhos pertencem ao pacto e traz sobre nós pais, a responsabilidade de ensinarmos os nossos filhos no caminho do Senhor.

Quero encerrar este assunto contra argumentando uma pergunta que parece ser o forte dos que não aceitam o batismo infantil. Eles dizem o seguinte: As crianças não preenchem as condições necessárias para serem batizadas que é; o arrependimento e fé.

O terrível desse argumento é que se usado dessa forma, ele não somente exclui as crianças do batismo, como também do céu. Observemos o texto de Lc13.3 e também o de Jo3.18. Mas Cristo não os excluiu e nem mesmo os que fazem essa objeção os excluem.

Sobre isso Paulo Anglada diz o seguinte: “O argumento é valido apenas para os adultos que podem exercer fé, mas não para crianças. A bíblia também diz: ‘Quem não trabalha não coma’. E as crianças? Devemos deixa-las com fome, porque não podem trabalhar”. [11]

Esse argumento é válido também ao AT, onde as crianças não podiam nem se arrepender ou exercer fé, mas não foram excluídas de receberem o sinal do pacto nelas mesmas.


O Modo do Batismo e seu Simbolismo.

Os nossos irmãos tanto os batistas quanto os pentecostais, insistem na imersão como a forma legítima do batismo, tentaremos rapidamente compreender algumas coisas que nos esclareça melhor esse posicionamento.

A argumentação deles é baseada em Rm6.3, e também em Cl2.12, no entanto esses textos não estão aqui para argumentar favoravelmente de como devemos realizar o batismo, mas que nós estamos tão indestrutivelmente unidos a Cristo, que a morte de Cristo pelo pecado dos homens, deve ser a nossa própria morte para uma vida de pecados, que o ressuscitar de Cristo para uma vida incorruptível, deve ser o marco do nosso ressuscitar para uma vida pura e santa diante de Deus.

Mesmo porque, se assim não fosse e o texto estivesse se referindo a uma forma batismal, deveríamos para que ela tivesse validade, ficar 3 dias embaixo d’água o que jamais suportaríamos, pois foi esse o tempo em que Cristo ficou sepultado.

O texto não está falando de modo como se deve batizar, e sim da simbologia do batismo, que está no lavar, na purificação pela lavagem de água, na ação purificadora do Espírito Santo, o qual nos separada da impureza e nos une a Cristo e não no modo como essa lavagem é efetuada.


Usos da palavra batizar.


Nas quatro vezes em que a palavra batizar, baptiuzis, aparece na Septuaginta em todas às vezes, o verbo pode ser traduzido por lavar, mas nem todas pode ser traduzida por imergir. EX: Dn4.33, Lv6.28, 2Rs5.14, e neste último texto onde a imersão parece ser provável, o propósito é claramente a lavagem como símbolo de purificação como os vs 10,12,13, indicam.

No AT, frequentemente os ritos de purificação eram por meio da aspersão do sangue ou da água e nunca por imersão no sangue e na água. Textos como Nm19.9, 13 e 20 nos ajudam nessa compreensão.

Observemos agora alguns textos no NT, que poderão nos ajudar a esclarecer ainda mais essa perspectiva. Mc7.2-5.

E vendo que alguns dos discípulos dele comiam o pão com as mãos impuras, isto é, por lavar (acsniuptoia) pois os fariseus e todos os judeus, observando a tradição dos anciãos, não comem sem lavar (niutsntai) cuidadosamente as mãos; quando voltam da praça não comem sem se aspergirem (baptiuszntai); e há muitas outras coisa que observam, como a lavagem (baptsmonua) de copos, jarros e vasos de metal e camas, interpelaram-no os fariseus e os escribas: Por que não andam os teus discípulos de conformidade com a tradição dos anciãos, mas comem com as mãos por lavar (koinaiãã-impuras)?

Em Hb9.10,13,19 e 21 fala de abluções (baptismoiãã) de aspergir cinzas e sangue com vistas a purificação religiosa. Há muitos outros textos que serviriam mais para fortalecer a ideia de aspersão pela bíblia toda do que como querem afirmar os batistas e os pentecostais de que seria por imersão. Ver At2.37-41, At8.26-40, At9.17-19, At16.30-33.

Charles Hodge diz o seguinte a esse respeito: “E assim, no que diz respeito ao Novo Testamento, não há um só caso em que o batismo implique necessariamente a imersão; há muitos casos nos quais este sentido é totalmente inadmissível, e muitos outros nos quais é improvável no grau máximo”. [12]


NOTAS:

1 - João Calvino, Instituición, Livro IV, cap XV, p1028.

2 - C. Hodge, Teologia Sistemática, ed Hagnos, São Paulo, 1a ed 2001.

3 - João Calvino, Instituición, Livro IV, cap XV, p1028.

4 - Ibidem, p1029.

5 - Ibidem, p1031.

6 - Ibidem, p1032.

7 - John P. Satelle, O Batismo Infantil, ed Puritanos, 1a 2000, p13.

8 - Instituición, Livro VI, capXVI pp1045e1046

9 - Paulo Anglada, O Batismo Infantil, ed puritanos, p43.

10 - Intituición, LivroVI, cap XVI, p1046.

11 - Paulo Anglada, O Batismo Infantil, p46.

12 - Charles Hodge, Teologia Sistemática, p1417.


fonte: http://www.monergismo.com/textos/batismo/batismo_nelson.htm

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segunda-feira, 25 de outubro de 2021

Lutero e começo da Reforma


 Fonte: http://monergismo.com/rc-sproul/lutero-e-a-reforma/


“Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; pois o querer o bem está em mim, mas não o realizá-lo. Pois não faço o bem que quero, mas o mal que não quero.” — Romanos 7.18-19

Protestantes ao redor do mundo celebram hoje sua distinção da Igreja Católica Romana com orgulho e regularidade. Todavia, quantos conhecem verdadeiramente a história por detrás da separação? O antigo adágio “você não pode saber para onde está indo se não souber de onde veio” pode não soar verdadeiro em toda situação, mas o estado doloroso da ortodoxia bíblica nas igrejas protestantes hoje demonstra o valor desse antigo provérbio. Os eventos que culminaram na Reforma do século dezesseis ocorreram em resposta ao tratamento e entendimento distorcido da Palavra de Deus na Igreja Católica Romana daquela época. Martinho Lutero foi o homem que desafiou o status quo errante e ascendeu a chama que queima até hoje.

I. As Raízes da Reforma

a. A frase em latim post tenebras, lux (“após trevas, luz”) resume o mote da Reforma do século 16. Essas “trevas” referem-se ao entendimento do cristianismo bíblico pela igreja, que se desenvolveu gradualmente durante a idade das trevas ao longo da era Medieval até o tempo da Reforma.

b. A teologia do sacerdotalismo dominava a igreja. O sacerdotalismo propõe que a salvação ocorre principalmente por meio das ministrações da igreja, através do sacerdórcio, e particularmente através da administração dos sacramentos.

c. Os Reformadores responderam a esse sistema da maneira mais enfática no século 16. Todavia, eles não viram sua reação como revolucionária, mas como uma obra de reforma, chamando a igreja de volta às formas e teologia original da igreja apostólica.

II. As Raízes de Martinho Lutero 

a. Lutero nasceu em 1483, na cidade de Eisleben (Alemanha), sendo seus pais antigos camponeses: Hans e Magarethe. A natureza industriosa de Hans levou a família da pobreza à riqueza, e ele desejou que seu filho, Martinho, se tornar-se um advogado proeminente e rico.

b. Desde sua juventude, Lutero demonstrou uma aptidão por aprendizado, e recebeu o grau de Mestre em Artes na Universidade de Erfurt e entrou no programa de Direito na mesma universidade. Sua educação clássica (na qual aprendeu Latim) bem como seus estudos legais o assistiriam poderosamente pelo restante de sua vida.

c. Em julho de 1505, um raio quase atingiu Lutero quando ele voltava da universidade para casa. Ele gritou: “Salve-me, Santa Ana; e eu me tornaria um monge”. Interpretando essa crise como um sinal de Deus e desejando honrar o seu voto, Lutero encontrou no monastério agostiniano local, que era muito rigoroso, para extremo desgosto do seu pai.

d. Lutero comprometeu-se completamente aos seus deveres monásticos, procurando ganhar acesso ao céu sendo um monge correto e rígido. Todavia, a despeito do exercício perpétuo de disciplinas espirituais, Lutero não podia apaziguar a culpa que experimentava constantemente. Sua mente legal aplicava os mandamentos de Deus meticulosamente a si mesmo, e ele alegava pelo perdão real e duradouro para o seu pecado sempre presente. O monastério não poderia oferecer nada para aliviar a sua consciência.

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quarta-feira, 11 de agosto de 2021

Protestantismo

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.


fonte: tehttps://pt.wikipedia.org/wiki/Protestantismo
Porta exibindo as 95 teses na Igreja do Castelo de Vitemberga. Segundo a tradição, em 1517 Martinho Lutero pregou suas teses nesta porta, dando início à Reforma Protestante


Protestantismo é uma forma de cristianismo que se originou com a Reforma Protestante do século XVI, um movimento contra o que seus seguidores consideravam erros da Igreja Católica.[1] Os protestantes rejeitam a doutrina católica romana da supremacia papal e dos sacramentos, mas discordam entre si quanto à presença real de Jesus na Eucaristia e em questões de política eclesiástica e sucessão apostólica.[2] Eles enfatizam o sacerdócio de todos os crentes; a justificação somente pela fé (sola fide) em vez de boas obras; o ensino de que a salvação vem pela graça divina ou "favor imerecido" apenas, não como algo merecido (sola gratia); e afirmar a Bíblia como sendo a única autoridade máxima (sola scriptura ou apenas a escritura), em vez de também com a tradição sagrada.[3] Os cinco solae resumem as diferenças teológicas básicas em oposição à Igreja Católica.[4]

O protestantismo começou na Alemanha em 1517, quando Martinho Lutero publicou suas Noventa e cinco teses como uma reação contra os abusos na venda de indulgências pela Igreja Católica, que pretendia oferecer a remissão da pena temporal de pecados para seus compradores.[5] O termo, entretanto, deriva da carta de protesto dos príncipes luteranos alemães em 1529 contra um édito da Dieta de Speyer condenando os ensinamentos de Martinho Lutero como heréticos.[6] Embora tenha havido rupturas anteriores e tentativas de reformar a Igreja Católica - notadamente por Pedro ValdoJohn Wycliffe e Jan Hus -, apenas Lutero conseguiu desencadear um movimento mais amplo, duradouro e moderno.[7] No século XVI, o luteranismo se espalhou da Alemanha para a DinamarcaNoruegaSuéciaFinlândiaLetôniaEstônia e Islândia.[8] As igrejas calvinistas se espalharam na Alemanha, HungriaHolandaEscóciaSuíça e França por reformadores protestantes como João CalvinoHuldrych Zwingli e John Knox.[9] A separação política da Igreja da Inglaterra do papa sob o reinado de Henrique VIII deu início ao anglicanismo, trazendo a Inglaterra e o País de Gales para este amplo movimento de reforma.[10]

Hoje, o protestantismo constitui a segunda maior forma de cristianismo (depois do catolicismo), com um total de 800 milhões até 1 bilhão de adeptos em todo o mundo ou cerca de 37% de todos os cristãos.[11][12] Os protestantes desenvolveram sua própria cultura, com grandes contribuições na educação, nas humanidades e nas ciências, na ordem política e social, na economia e nas artes e em muitos outros campos.[13] O protestantismo é diverso, estando mais dividido teológica e eclesiasticamente do que a Igreja Católica, a Igreja Ortodoxa ou a Ortodoxia Oriental.[14] Sem unidade estrutural ou autoridade humana central, protestantes desenvolveram o conceito de uma igreja invisível, em contraste com a Igreja Católica, a Igreja Ortodoxa Oriental, as Igrejas Ortodoxas Orientais, a Igreja Assíria do Oriente e a Igreja Antiga do Oriente, que todos se entendem como a única igreja original—a "única igreja verdadeira"—fundada por Jesus Cristo. Algumas denominações têm alcance e distribuição mundial, enquanto outras estão confinadas a um único país. A maioria dos protestantes são membros de um punhado de famílias denominacionais: adventistasanabatistasanglicanos/episcopaisbatistascalvinistas/reformados,[15] luteranosmetodistasmorávios/hussitaspentecostaisquakers e valdensesIgrejas não denominacionaiscarismáticasevangélicas, independentes e outras estão em ascensão e constituem uma parte significativa do protestantismo.[16][17]

Terminologia

Seis príncipes do Sacro Império Romano e governantes de quatorze Cidades Livres Imperiais emitiram um protesto (ou dissidência) contra o édito da Dieta de Speyer (1529), foram os primeiros indivíduos a serem chamados de "protestantes".[18] O édito reverteu as concessões feitas aos luteranos com a aprovação do Sacro Imperador Romano Carlos V três anos antes. O termo protestante, embora inicialmente de natureza puramente política, mais tarde adquiriu um sentido mais amplo, referindo-se a um membro de qualquer igreja ocidental que aderisse aos principais princípios protestantes. Qualquer cristão ocidental que não seja adepto da Igreja Católica ou da Igreja Ortodoxa Oriental é um protestante.[19] Um protestante é um adepto de qualquer um dos corpos cristãos que se separaram da Igreja de Roma durante a Reforma, ou de qualquer grupo descendente deles.

A palavra evangélico (em alemãoevangelisch), que se refere ao evangelho, foi amplamente usado por aqueles envolvidos no movimento religioso na Europa de língua alemã a partir de 1517.[20]

Martinho Lutero nunca gostou do termo luterano, preferindo o termo evangélico, que era derivado de euangelion, uma palavra grega que significa "boas novas", ou seja, "evangelho".[21]

Teologia

Princípios principais

Figuras-chave da Reforma Protestante: Martinho Lutero e João Calvino retratados em uma igreja púlpito. Esses reformadores enfatizaram a pregação e fizeram dela uma peça central de adoração.
A Bíblia traduzida para o vernáculo por Martinho Lutero. A autoridade suprema da escritura é um princípio fundamental do protestantismo.

Vários especialistas no assunto tentaram determinar o que torna uma denominação cristã parte do protestantismo. Um consenso comum aprovado pela maioria deles é que se uma denominação cristã deve ser considerada protestante, deve reconhecer os seguintes três princípios fundamentais do protestantismo.[22]

Sola scriptura
Ver artigo principal: Sola scriptura

A crença, enfatizada por Lutero, na Bíblia como a maior fonte de autoridade para a igreja. As primeiras igrejas da Reforma acreditavam em uma leitura crítica, embora séria, das escrituras e consideravam a Bíblia uma fonte de autoridade mais elevada do que a tradição da igreja. Os muitos abusos que ocorreram na Igreja Ocidental antes da Reforma Protestante levaram os reformadores a rejeitar muito de sua tradição, embora alguns a mantivessem. No início do século XX, uma leitura menos crítica da Bíblia se desenvolveu nos Estados Unidos, levando a uma leitura "fundamentalista" das Escrituras. Os fundamentalistas cristãos leem a Bíblia como a Palavra de Deus "inerrante e infalível", assim como as igrejas católica, ortodoxa oriental, anglicana e luterana, mas a interpretam de maneira literal, sem usar o método histórico-crítico. Metodistas e anglicanos diferem dos luteranos e reformados nesta doutrina porque ensinam prima scriptura, o que sugere que a Escritura é a fonte primária para a doutrina cristã, mas que "tradição, experiência e razão" podem nutrir a religião cristã, desde que existam em harmonia com a Bíblia.[23][24]

O “cristianismo bíblico” focado em um estudo profundo da Bíblia é característico da maioria dos protestantes em oposição ao “cristianismo da Igreja”, focado na realização de rituais e boas obras, representado pelas tradições católica e ortodoxa. No entanto, os quakers e os pentecostais enfatizam o Espírito Santo e a proximidade pessoal com Deus.[25]

Justificação
Ver artigo principal: Sola Fide

A crença de que os crentes são justificados ou perdoados pelo pecado, somente com a condição da fé em Cristo, ao invés de uma combinação de fé e boas obras. Para os protestantes, as boas obras são uma consequência necessária, e não uma causa de justificação.[26] No entanto, embora a justificação seja apenas pela fé, existe a posição de que a fé não é nuda fides.[27] João Calvino explicou que "somente a fé que justifica, mas a fé que justifica não está sozinha: assim como é o calor do sol que aquece a terra, mas no sol não está só." Os cristãos luteranos e reformados diferem dos metodistas em seu entendimento desta doutrina.[28]

Sacerdócio universal dos crentes

sacerdócio universal dos crentes implica o direito e o dever dos leigos cristãos não apenas de ler a Bíblia em língua vernácula, mas também de participar na administração e em todos os negócios públicos da Igreja. Opõe-se ao sistema hierárquico que coloca a essência e a autoridade da Igreja em um sacerdócio exclusivo e que faz dos sacerdotes ordenados os mediadores necessários entre Deus e o povo.[26] Distingue-se do conceito de sacerdócio de todos os crentes, que não concedia aos indivíduos o direito de interpretar a Bíblia fora da comunidade cristã em geral, porque o sacerdócio universal abriu a porta para tal possibilidade.[29] Há estudiosos que citam que esta doutrina tende a incluir todas as distinções na igreja sob uma única entidade espiritual.[30] Calvino se referiu ao sacerdócio universal como uma expressão da relação entre o crente e seu Deus, incluindo a liberdade de um cristão vir a Deus por meio de Cristo sem mediação humana.[31] Ele também afirmou que esse princípio reconhece Cristo como profeta, sacerdote e rei e que seu sacerdócio é compartilhado com seu povo.

Trindade

Ver artigos principais: Trindade (cristianismo) e Antitrinitarismo
Trindade é a crença de que Deus é tripartite: Deus PaiDeus Filho (Jesus) e Espírito Santo

Os protestantes que aderem ao Credo Niceno acreditam em três pessoas (Deus PaiDeus Filho e Espírito Santo) como um Deus. Alguns movimentos que emergiram na época da Reforma Protestante, mas não eram parte do protestantismo, por exemplo o unitarismo, também rejeitam a Trindade. Isso geralmente serve como uma razão para a exclusão do unitário-universalismo, do pentecostalismo unitário e de outros movimentos do protestantismo por vários observadores. O unitarismo continua marcando presença principalmente na Transilvânia, na Inglaterra e nos Estados Unidos, bem como em outros lugares.

Cinco solas

Ver artigo principal: Cinco solas

As cinco solas são cinco frases em latim que surgiram durante a Reforma Protestante e resumem as diferenças básicas dos reformadores nas crenças teológicas em oposição ao ensino da Igreja Católica da época. A palavra latina sola significa "sozinho".

O uso das frases como resumos de ensino emergiu ao longo do tempo durante a Reforma, com base no princípio luterano e reformado abrangente de sola scriptura (somente pela Escritura).[23] Essa ideia contém as quatro doutrinas principais da Bíblia: que seu ensino é preciso para a salvação (necessidade); que toda a doutrina necessária para a salvação vem somente da Bíblia (suficiência); que tudo o que é ensinado na Bíblia é correto (inerrância); e que, pelo Espírito Santo superando o pecado, os crentes podem ler e entender a verdade da própria Bíblia, embora o entendimento seja difícil, então o meio usado para guiar os crentes individuais para o verdadeiro ensino é frequentemente a discussão mútua dentro da igreja (clareza).

A necessidade e a inerrância eram ideias bem estabelecidas, recebendo poucas críticas, embora mais tarde tenham sido debatidas de fora durante o Iluminismo. A ideia mais controversa na época, porém, era a noção de que qualquer um poderia simplesmente pegar a Bíblia e aprender o suficiente para ganhar a salvação. Embora os reformadores estivessem preocupados com a eclesiologia (a doutrina de como a igreja funciona como um corpo), eles tinham uma compreensão diferente do processo em que as verdades das Escrituras eram aplicadas à vida dos crentes, em comparação com a ideia dos católicos de que certas pessoas dentro a igreja, ou ideias que eram antigas o suficiente, tinham um status especial em dar compreensão do texto.

O segundo princípio principal, sola fide (somente pela fé), afirma que a fé em Cristo é suficiente somente para a salvação e justificação eternas. Embora argumentado a partir das escrituras e, portanto, logicamente consequente ao sola scriptura, este é o princípio orientador da obra de Lutero e dos reformadores posteriores. Enquanto a sola scriptura colocou a Bíblia como a única fonte de ensino, a sola fide resume o impulso principal do ensino aos quais os reformadores queriam voltar, a saber, a conexão direta, íntima e pessoal entre Cristo e o crente, daí a contenção dos reformadores de que seu trabalho era cristocêntrico.

Os outros solas, como declarações, surgiram mais tarde, mas o pensamento que elas representam também fez parte do início da Reforma.

Os protestantes caracterizam o dogma a respeito do Papa como o representante de Cristo da Igreja na terra, o conceito de obras tornadas meritórias por Cristo e a ideia católica de um tesouro dos méritos de Cristo e seus santos como uma negação de que Cristo é o único mediador entre Deus e o homem. Os católicos, por outro lado, mantiveram o entendimento tradicional do judaísmo sobre essas questões e apelaram para o consenso universal da tradição cristã.[32]
Os protestantes perceberam que a salvação católica depende da graça de Deus e dos méritos de suas próprias obras. Os reformadores postularam que a salvação é um dom de Deus (isto é, o ato da graça gratuita de Deus), dispensado pelo Espírito Santo devido somente à obra redentora de Jesus Cristo. Consequentemente, eles argumentaram que um pecador não é aceito por Deus por causa da mudança operada no crente pela graça de Deus e que o crente é aceito sem consideração pelo mérito de suas obras, pois ninguém merece a salvação. [Matt. 7:21]
Toda a glória é devida somente a Deus, uma vez que a salvação é realizada unicamente por meio de sua vontade e ação - não apenas o dom da expiação todo-suficiente de Jesus na cruz, mas também o dom da fé nessa expiação, criada no coração do crente pelo Espírito Santo. Os reformadores acreditavam que os seres humanos - mesmo os santos canonizados pela Igreja Católica, pelos papas e pela hierarquia eclesiástica - não são dignos da glória.

Presença de Cristo na Eucaristia

Uma representação luterana da Última Ceia por Lucas Cranach, o Velho, 1547

O movimento protestante começou a divergir em vários ramos distintos em meados do século XVI. Um dos pontos centrais de divergência foi a controvérsia sobre a Eucaristia. Os primeiros protestantes rejeitaram o dogma católico da transubstanciação, que ensina que o pão e o vinho usados no rito sacrificial da missa perdem sua substância natural ao serem transformados no corpo, sangue, alma e divindade de Cristo. Eles discordaram um do outro sobre a presença de Cristo e seu corpo e sangue na sagrada comunhão.

  • Os luteranos afirmam que na Ceia do Senhor os elementos consagrados do pão e do vinho são o verdadeiro corpo e sangue de Cristo "na, com e sob a forma" de pão e vinho para todos aqueles que os comem e bebem,[33] uma doutrina que a Fórmula de Concord chama de união sacramental.[34] Deus oferece sinceramente a todos os que recebem o sacramento,[35] perdão dos pecados [36] e a salvação eterna.[37]
  • As igrejas reformadas enfatizam a presença espiritual real, ou presença sacramental, de Cristo, dizendo que o sacramento é uma graça santificadora por meio da qual o crente eleito não participa realmente de Cristo, mas apenas com o pão e o vinho ao invés dos elementos. Os calvinistas negam a afirmação luterana de que todos os comungantes, tanto crentes quanto não crentes, recebem oralmente o corpo e o sangue de Cristo nos elementos do sacramento, mas, em vez disso, afirmam que Cristo está unido ao crente por meio da fé - para a qual a ceia é uma ajuda externa e visível. Isso geralmente é conhecido como presença dinâmica.
  • Os anglicanos e os metodistas se recusam a definir a Presença, preferindo deixar um mistério.[38]
  • Os anabatistas sustentam uma simplificação popular da visão zwingliana, sem se preocupar com as complexidades teológicas conforme sugerido acima, podem ver a Ceia do Senhor meramente como um símbolo da fé compartilhada pelos participantes, uma comemoração dos fatos da crucificação e um lembrete de sua posição conjunta como o corpo de Cristo (uma visão conhecida como memorialismo).[39]

História

Pré-Reforma

Ver artigo principal: Girolamo Savonarola
Execução de Jan Hus em 1415
Frade dominicano italiano Girolamo Savonarola

No final da década de 1130, Arnaldo de Bréscia, um cânone regular italiano, tornou-se um dos primeiros teólogos a tentar reformar a Igreja Católica. Após sua morte, seus ensinamentos sobre a pobreza apostólica ganharam aceitação entre os arnoldistas e, mais tarde, mais amplamente entre os valdenses e os franciscanos espirituais, embora nenhuma palavra escrita sua tenha sobrevivido à condenação oficial. No início dos anos 1170, Pedro Valdo fundou os valdenses. Ele defendeu uma interpretação do Evangelho que levou a conflitos com a Igreja Católica. Em 1215, os valdenses foram declarados heréticos e sujeitos à perseguição. Apesar disso, o movimento continua existindo até hoje na Itália, como parte da tradição reformada mais ampla .

Na década de 1370, John Wycliffe—posteriormente apelidado de "Estrela da Manhã da Reforma"—iniciou sua atividade como reformador inglês. Ele rejeitou a autoridade papal sobre o poder secular, traduziu a Bíblia para o inglês vernáculo e pregou reformas anticlericais e centradas na Bíblia.

Começando na primeira década do século XV, Jan Hus—um padre católico, reformista e professor tcheco—influenciado pelos escritos de John Wycliffe, fundou o movimento hussita. Ele defendeu fortemente sua denominação religiosa reformista da Boêmia. Ele foi excomungado e queimado na fogueira em Constança, em 1415, por autoridades seculares por heresia impenitente e persistente. Após sua execução, uma revolta eclodiu. Os hussitas derrotaram cinco cruzadas contínuas proclamadas contra eles pelo Papa.

Mais tarde, as disputas teológicas causaram uma cisão dentro do movimento hussita. Os utraquistas afirmavam que tanto o pão quanto o vinho deveriam ser administrados ao povo durante a Eucaristia. Outra facção importante foram os taboritas, que se opuseram aos utraquistas na Batalha de Lipany durante as Guerras Hussitas . Havia dois partidos separados entre os hussitas: movimentos moderados e radicais. Outros ramoshHussitas regionais menores na Boêmia incluíam os adamitas e outros.

As Guerras Hussitas terminaram com a vitória do sacro imperador romano-germânico Sigismundo, seus aliados católicos e hussitas moderados e a derrota dos hussitas radicais. As tensões surgiram quando a Guerra dos Trinta Anos alcançou a Boêmia em 1620. O hussitismo moderado e radical foi cada vez mais perseguido pelos católicos e pelos exércitos do sacro imperador roman-germânico.

A partir de 1475, um frade dominicano italiano chamado Girolamo Savonarola passou a clamar por uma renovação cristã. Mais tarde, o próprio Martinho Lutero leu alguns dos escritos do frade e o elogiou como um mártir e precursor cujas ideias sobre fé e graça anteciparam a própria doutrina de Lutero da justificação pela fé somente.

Alguns dos seguidores de Hus fundaram a Unitas Fratrum - "Unidade dos Irmãos" - que foi renovada sob a liderança do Conde Nicolaus von Zinzendorf em HerrnhutSaxônia em 1722, após sua destruição quase total na Guerra dos Trinta Anos e na Contrarreforma.

Reforma

Ver artigo principal: Reforma Protestante
Distribuição do protestantismo e do catolicismo na Europa Central na véspera da Guerra dos Trinta Anos (1618)
Reforma Protestante em seu auge (1545-1620)

Reforma Protestante começou como uma tentativa de reformar a Igreja Católica. Em 31 de outubro de 1517, dia de HalloweenMartinho Lutero supostamente pregou suas Noventa e cinco teses (Disputa sobre o poder das indulgências) na porta da Igreja de Todos os Santos em Wittenberg, Alemanha, detalhando os abusos doutrinários e práticos da Igreja Católica, especialmente a venda de indulgências. As teses debateram e criticaram muitos aspectos da Igreja e do papado, incluindo a prática do purgatóriojulgamento particular e a autoridade papal. Lutero mais tarde escreveria obras contra a devoção católica à Virgem Maria, a intercessão e devoção aos santos, o celibato clerical obrigatório, o monaquismo, a autoridade do Papa, a lei eclesiástica, a censura e a excomunhão, o papel dos governantes seculares em questões religiosas, a relação entre o cristianismo e a lei, as boas obras e os sacramentos.[40]

Reforma foi um triunfo da alfabetização e da nova imprensa inventada por Johannes Gutenberg.[41] A tradução de Lutero da Bíblia para o alemão foi um momento decisivo na disseminação da alfabetização e também estimulou a impressão e distribuição de livros e panfletos religiosos. De 1517 em diante, panfletos religiosos inundaram grande parte da Europa.[42]

Após a excomunhão de Lutero e a condenação da Reforma pelo Papa, a obra e os escritos de João Calvino foram influentes no estabelecimento de um consenso frouxo entre vários grupos na Suíça, Escócia, Hungria, Alemanha e em outros lugares. Após a expulsão de seu bispo em 1526 e as tentativas malsucedidas do reformador de BernaWilliam Farel, Calvino foi solicitado a usar a habilidade organizacional que adquirira como estudante de direito para disciplinar a cidade de Genebra. Suas ordenanças de 1541 envolviam uma colaboração dos assuntos da Igreja com o conselho da cidade e um consistório para levar moralidade a todas as áreas da vida. Após o estabelecimento da academia de Genebra em 1559, a cidade se tornou a capital não oficial do movimento protestante, fornecendo refúgio para exilados protestantes de toda a Europa e educando-os como missionários calvinistas. A fé continuou a se espalhar após a morte de Calvino em 1563.

O protestantismo também se espalhou das terras alemãs para a França, onde os protestantes foram apelidados de huguenotes. Calvino continuou a se interessar pelos assuntos religiosos franceses de sua base em Genebra. Ele regularmente treinava pastores para liderar congregações ali. Apesar da forte perseguição, a tradição reformada fez progresso constante em grandes seções da nação, apelando para as pessoas alienadas pela obstinação e complacência do domínio católico. O protestantismo francês veio a adquirir um caráter nitidamente político, tornado ainda mais evidente pelas conversões de nobres durante a década de 1550. Isso estabeleceu as pré-condições para uma série de conflitos, conhecidos como as Guerras Religiosas, guerras civis que ganharam ímpeto com a morte repentina de Henrique II em 1559. Atrocidade e indignação se tornaram as características definidoras da época, ilustradas em sua forma mais intensa no massacre da noite de São Bartolomeu em agosto de 1572, quando o partido católico aniquilou entre 30 mil e 100 mil huguenotes em toda a França. As guerras só terminaram quando Henrique IV emitiu o Édito de Nantes, prometendo tolerância oficial à minoria protestante, mas sob condições altamente restritas. O catolicismo permaneceu a religião oficial do Estado e a sorte dos protestantes franceses declinou gradualmente ao longo do século seguinte, culminando no Édito de Fontainebleau de Luís XIV, que revogou o Édito de Nantes e tornou o catolicismo a única religião legal novamente. Em resposta ao Édito de Fontainebleau, Frederico Guilherme I, Eleitor de Brandemburgo declarou o Édito de Potsdam, dando passagem gratuita aos refugiados huguenotes. No final do século XVII, muitos huguenotes fugiram para a Inglaterra, Holanda, Prússia, Suíça e para as colônias ultramarinas inglesas e holandesas. Uma comunidade significativa na França permaneceu na região de Cevenas.

Paralelamente aos eventos na Alemanha, um movimento começou na Suíça sob a liderança de Huldrych Zwingli, um estudioso e pregador que em 1518 mudou-se para Zurique. Embora os dois movimentos concordassem em muitas questões de teologia, algumas diferenças não resolvidas os mantiveram separados. Um ressentimento de longa data entre os Estados alemães e a Confederação Suíça levou a um acalorado debate sobre o quanto Zwingli devia suas ideias ao luteranismo. O príncipe alemão Filipe de Hesse viu potencial na criação de uma aliança entre Zwínglio e Lutero. Uma reunião foi realizada em seu castelo em 1529, agora conhecido como o Colóquio de Marburg, que se tornou famoso por seu fracasso. Os dois homens não chegaram a um acordo devido à disputa sobre uma doutrina chave.

Em 1534, o rei Henrique VIII pôs fim a toda jurisdição papal na Inglaterra, depois que o Papa não anulou seu casamento com Catarina de Aragão;[43] isso abriu a porta para ideias reformacionais. Os reformadores na Igreja da Inglaterra alternavam simpatias pela tradição católica antiga e princípios mais reformados, gradualmente desenvolvendo-se em uma tradição considerada um meio-termo (via media) entre as tradições católica e protestante. A Reforma Inglesa seguiu um curso particular, seu caráter distinto veio principalmente do fato de que ela foi impulsionada inicialmente pelas necessidades políticas de Henrique VIII, que decidiu remover a Igreja da Inglaterra da autoridade de Roma. Em 1534, o Ato de Supremacia reconheceu Henrique como o Único Chefe Supremo na Terra da Igreja da Inglaterra. Entre 1535 e 1540, sob a liderança de Thomas Cromwell, a política conhecida como Dissolução dos Monastérios foi posta em prática. Após uma breve restauração católica durante o reinado de Maria I, um consenso vago desenvolvido durante o reinado de Isabel I. O Acordo Religioso Elisabetano em grande parte transformou o anglicanismo em uma tradição eclesiástica distinta. O compromisso era difícil e era capaz de oscilar entre o calvinismo extremo, por um lado, e o catolicismo, por outro. Foi relativamente bem-sucedido até a Revolução Puritana ou Guerra Civil Inglesa no século XVII.

O sucesso da Contrarreforma no continente e o crescimento de um partido puritano dedicado a novas reformas protestantes polarizaram a era elisabetana. O movimento puritano inicial foi um movimento de reforma na Igreja da Inglaterra. O desejo era que a Igreja da Inglaterra se parecesse mais com as igrejas protestantes da Europa, especialmente de Genebra. O movimento puritano posterior, frequentemente referido como não conformista, acabou levando à formação de várias denominações reformadas.

Reforma Escocesa de 1560 moldou decisivamente a Igreja da Escócia[44] e culminou eclesiasticamente no estabelecimento de uma igreja segundo as linhas reformadas e, politicamente, no triunfo da influência inglesa sobre a da França. John Knox é considerado o líder da Reforma Escocesa. O Parlamento da Reforma da Escócia de 1560 repudiou a autoridade do papa pelo Ato de Jurisdição Papal de 1560, proibiu a celebração da Missa e aprovou uma Confissão de Fé Protestante. Isso foi possível graças a uma revolução contra a hegemonia francesa sob o regime da regente Maria de Guise, que governou a Escócia em nome de sua filha ausente.

Alguns dos ativistas mais importantes da Reforma Protestante incluíram Jacobus ArminiusTheodore BezaMartin BucerAndreas von CarlstadtHeinrich BullingerBalthasar HubmaierThomas CranmerWilliam FarelThomas MüntzerLaurentius PetriOlaus PetriPhilipp MelanchthonMenno SimonsLouis de BerquinPrimož Trubar e John Smyth .

No decorrer dessa convulsão religiosa, a Guerra dos Camponeses Alemães de 1524–25 varreu os principados da Baviera, da Turíngia e da Suábia . Depois da Guerra dos Oitenta Anos nos Países Baixos e das Guerras Religiosas da França, a divisão confessional dos estados do Sacro Império Romano-Germânico acabou eclodindo na Guerra dos Trinta Anos entre 1618 e 1648. Ele devastou grande parte da Alemanha, matando entre 25% e 40% de sua população.[45] Os principais princípios da Paz de Westfália, que encerrou a Guerra dos Trinta Anos, foram:

  • Todas as partes agora reconheceriam a Paz de Augsburgo de 1555, pela qual cada príncipe teria o direito de determinar a religião de seu próprio estado, as opções sendo o catolicismo, o luteranismo e agora o calvinismo. (o princípio de cuius regio, eius religio)
  • Os cristãos que viviam em principados onde sua denominação não era a igreja estabelecida tinham garantido o direito de praticar sua fé em público durante as horas designadas e em particular à sua vontade.
  • O tratado também acabou com o poder político pan-europeu do papado. O Papa Inocêncio X declarou o tratado "nulo, inválido, inválido, iníquo, injusto, condenável, réprobo, fútil, vazio de significado e efeito por toda a eternidade" em sua bula Zelo Domus Dei. Soberanos europeus, católicos e protestantes, ignoraram seu veredicto.[46]

Pós-Reforma

Ver artigos principais: Grande Despertamento e Reavivamento da Rua Azusa
Grande Despertamento
Primeiro (c. 1730–1755)
Segundo (c. 1790–1840)
Terceiro (c. 1850–1900)
Quarto (c. 1960–1980)

Grande Despertar foi um período de renascimento religioso rápido e dramático na história religiosa anglo-americana. O Primeiro Grande Despertar foi um movimento evangélico e de revitalização que varreu a Europa protestante e a América britânica, especialmente as colônias americanas nas décadas de 1730 e 1740, deixando um impacto permanente no protestantismo americano. Resultou de uma pregação poderosa que deu aos ouvintes um senso de profunda revelação pessoal de sua necessidade de salvação por Jesus Cristo. Afastando-se do ritual, da cerimônia, do sacramentalismo e da hierarquia, tornou o cristianismo intensamente pessoal para a pessoa média, promovendo um profundo senso de convicção espiritual e redenção e encorajando a introspecção e um compromisso com um novo padrão de moralidade pessoal.[47]

Reunião campal metodista de 1839 durante o Segundo Grande Despertar nos EUA

Segundo Grande Despertar começou por volta de 1790. Ele ganhou impulso em 1800. Depois de 1820, o número de membros aumentou rapidamente entre as congregações batistas e metodistas, cujos pregadores lideraram o movimento. Já havia passado de seu pico no final da década de 1840. Foi descrito como uma reação contra o ceticismo, o deísmo e o racionalismo, embora não seja totalmente compreendido por que essas forças se tornaram suficientemente urgentes na época para provocar avivamentos.[48] Ele conseguiu milhões de novos membros em denominações evangélicas existentes e levou à formação de novas denominações.

Terceiro Grande Despertar se refere a um período histórico hipotético que foi marcado pelo ativismo religioso na história americana e se estende do final da década de 1850 ao início do século XX.[49] Afetou denominações protestantes pietistas e teve um forte elemento de ativismo social.[50] Ela ganhou força com a crença pós-milenista de que a Segunda Vinda de Cristo ocorreria depois que a humanidade reformasse toda a terra. Era filiado ao movimento evangelho social, que aplicou o cristianismo às questões sociais e ganhou força com o despertar, assim como o movimento missionário mundial. Novos agrupamentos surgiram, como os movimentos de santidadenazareno e ciência Cristã.[51]

Quarto Grande Despertar foi um despertar religioso cristão que alguns estudiosos—mais notavelmente, Robert Fogel—dizem que ocorreu nos Estados Unidos no final dos anos 1960 e início dos anos 1970, enquanto outros observam a era após a Segunda Guerra Mundial. A terminologia é controversa. Sendo assim, a ideia de um Quarto Grande Despertar em si não foi geralmente aceita.[52]

Um desenvolvimento notável no cristianismo protestante do século XX foi a ascensão do movimento pentecostal moderno. Vindo de raízes metodistas e wesleyanas, surgiu de reuniões em uma missão urbana na Rua Azusa em Los Angeles. De lá, ele se espalhou pelo mundo, levado por aqueles que ali vivenciaram o que acreditavam ser movimentos milagrosos de Deus. Essas manifestações semelhantes ao pentecostes têm estado constantemente em evidência ao longo da história, como visto nos dois Grandes Despertares. O pentecostalismo, que por sua vez deu origem ao movimento carismático dentro de denominações já estabelecidas, continua a ser uma força importante no cristianismo ocidental.

Nos Estados Unidos e em outras partes do mundo, tem havido um aumento marcante na ala evangélica das denominações protestantes e um declínio correspondente nas igrejas liberais convencionais. Na era pós-Primeira Guerra Mundial, o cristianismo liberal estava em ascensão e um número considerável de seminários ensinava também de uma perspectiva liberal. Na era pós-Segunda Guerra Mundial, a tendência começou a voltar ao campo conservador nos seminários e estruturas eclesiásticas dos Estados Unidos.

Na Europa, tem havido um movimento geral de afastamento da observância religiosa e da crença nos ensinamentos cristãos e um movimento em direção ao secularismo. O Iluminismo é o grande responsável pela disseminação do secularismo. Vários estudiosos têm defendido uma ligação entre o surgimento do secularismo e do protestantismo, atribuindo-o à ampla liberdade nos países de maioria protestante.[53] Na América do NorteAmérica do Sul e Austrália a observância religiosa cristã é muito maior do que na Europa. Os Estados Unidos permanecem particularmente religiosos em comparação com outros países desenvolvidos. A América do Sul, historicamente católica, experimentou uma grande infusão evangélica e pentecostal nos séculos XX e XXI.

Reforma Radical

Ver artigo principal: Reforma Radical
A insatisfação com o resultado de uma disputa em 1525 levou os irmãos suíços a se separarem de Huldrych Zwingli

Ao contrário dos movimentos luteranoscalvinistas e zwinglianos, a Reforma Radical, que não teve patrocínio estatal, geralmente abandonou a ideia da "igreja visível" como distinta da "igreja invisível". Foi uma extensão racional da dissidência protestante aprovada pelo Estado, que levou o valor da independência da autoridade constituída um passo adiante, argumentando o mesmo para a esfera cívica. A Reforma Radical não era a corrente principal, embora em partes da Alemanha, Suíça e Áustria, a maioria simpatizasse com a Reforma Radical, apesar da intensa perseguição que enfrentou tanto de católicos quanto de protestantes magisteriais.[54]

Os primeiros anabatistas acreditavam que sua reforma deve purificar não apenas a teologia, mas também a vida real dos cristãos, especialmente suas relações políticas e sociais.[55] Portanto, a igreja não deve ser sustentada pelo Estado, nem por dízimos e impostos, nem pelo uso da espada; o cristianismo era uma questão de convicção individual, que não podia ser imposta a ninguém, mas requeria uma decisão pessoal para isso. Líderes eclesiais protestantes como Hubmaier e Hofmann pregaram a invalidade do batismo infantil, defendendo o batismo como uma conversão posterior (batismo do crente). Esta não era uma doutrina nova para os reformadores, mas foi ensinada por grupos anteriores, como os albigenses em 1147. Embora a maioria dos reformadores radicais fosse anabatista, alguns não se identificavam com a tradição anabatista dominante. Thomas Müntzer esteve envolvido na Guerra dos Camponeses AlemãesAndreas Karlstadt discordou teologicamente de Huldrych Zwingli e Martinho Lutero, ensinando a não violência e recusando-se a batizar crianças, embora não rebatizasse crentes adultos.[56] Kaspar Schwenkfeld e Sebastian Franck foram influenciados pelo misticismo e espiritualismo alemão.

Na opinião de muitos associados à Reforma Radical, a Reforma Magisterial não foi longe o suficiente. O reformador radical, Andreas von Bodenstein Karlstadt, por exemplo, referiu-se aos teólogos luteranos em Wittenberg como os "novos papistas".[57] Visto que o termo "magister" também significa "professor", a Reforma Magisterial também é caracterizada por uma ênfase na autoridade de um professor. Isso fica evidente na proeminência de Lutero, Calvino e Zwínglio como líderes dos movimentos de reforma em suas respectivas áreas de ministério. Por causa de sua autoridade, eles eram frequentemente criticados pelos reformadores radicais como sendo muito parecidos com os papas romanos. Um lado mais político da Reforma Radical pode ser visto no pensamento e na prática de Hans Hut, embora o anabatismo seja tipicamente associado ao pacifismo.

O anabatismo em forma de sua diversificação variada, como os amishmenonitas e huteritas, surgiu da Reforma Radical. Mais tarde na história, os dunkers e a Igreja Cristã Apostólica surgiram nos círculos anabatistas.

Denominações

Ver artigo principal: Lista de denominações cristãs

Os protestantes se referem a grupos específicos de congregações ou igrejas que compartilham doutrinas fundamentais comuns e os nomes de seus grupos como denominações.[58] O termo denominação (corpo nacional) deve ser distinguido de ramo (família denominacional; tradição), comunhão (corpo internacional) e congregação (igreja).

Os protestantes rejeitam a doutrina da Igreja Católica de que é a única igreja verdadeira, com alguns ensinamentos de crença na igreja invisível, que consiste em todos os que professam fé em Jesus Cristo.[59] A Igreja Luterana tradicionalmente se vê como o "tronco principal da Árvore Cristã histórica" fundada por Cristo e os Apóstolos, sustentando que durante a Reforma, a Igreja de Roma caiu.[60][61]

Vários movimentos ecumênicos têm tentado cooperação ou reorganização das várias denominações protestantes divididas, de acordo com vários modelos de união, mas as divisões continuam a prevalecer, pois não há autoridade abrangente à qual qualquer uma das igrejas deva lealdade, que pode definir a fé com autoridade. A maioria das denominações compartilham crenças comuns nos aspectos principais da fé cristã, embora difiram em muitas doutrinas secundárias, embora o que é principal e o que é secundário seja uma questão de crença idiossincrática.

Vários países estabeleceram suas igrejas nacionais, vinculando a estrutura eclesiástica com o Estado. As jurisdições onde uma denominação protestante foi estabelecida como religião oficial incluem vários países nórdicosDinamarca (incluindo Groenlândia),[62] as Ilhas Faroe (sua igreja sendo independente desde 2007),[63] Islândia[64] e Noruega[65][66][67] estabeleceram igrejas evangélicas luteranas. Tuvalu tem a única igreja estabelecida na tradição reformada no mundo, enquanto Tonga tem a única na tradição metodista.[68] A Igreja da Inglaterra é a instituição religiosa oficialmente estabelecida na Inglaterra,[69][70][71] e também a Igreja Mãe da Comunhão Anglicana mundial.

Em 1869, a Finlândia foi o primeiro país nórdico a se separar de sua igreja evangélica luterana com a introdução da Lei da Igreja. Embora a igreja ainda mantenha um relacionamento especial com o Estado, ela não é descrita como religião oficial na Constituição finlandesa ou em outras leis aprovadas pelo parlamento finlandês.[72] Em 2000, a Suécia foi o segundo país nórdico a fazê-lo. [73]

Igrejas unidas

Ver artigo principal: Igrejas Unidas
Janela de vidro na igreja da cidade de Wiesloch ( Stadtkirche Wiesloch ) com Martinho Lutero e João Calvino comemorando a união de 1821 das igrejas luterana e reformada no Grão-Ducado de Baden

Igrejas unidas são igrejas formadas a partir da fusão ou outra forma de união de duas ou mais denominações protestantes diferentes. Historicamente, as uniões de igrejas protestantes eram impostas pelo Estado, geralmente para ter um controle mais rígido sobre a esfera religiosa de seu povo, mas também por outras razões organizacionais. À medida que o ecumenismo cristão moderno progride, as uniões entre várias tradições protestantes estão se tornando cada vez mais comuns, resultando em um número crescente de igrejas unidas. Alguns dos principais exemplos recentes são a Igreja do Norte da Índia (1970), a Igreja Protestante Unida da França (2013) e a Igreja Protestante na Holanda (2004). Como o protestantismo tradicional encolhe na Europa e na América do Norte devido ao aumento do secularismo ou em áreas onde o cristianismo é uma religião minoritária como no subcontinente indiano, as denominações anglicanareformada e luterana se fundem, muitas vezes criando grandes denominações nacionais. O fenômeno é muito menos comum entre igrejas evangélicasnão denominacionais e carismática à medida que novas surgem e muitas delas permanecem independentes umas das outras.

Talvez a igreja unida oficial mais antiga seja encontrada na Alemanha, onde a Igreja Evangélica na Alemanha é uma federação de igrejas luteranas, unidas e reformadas, uma união que data de 1817. A primeira da série de uniões foi em um sínodo em Idstein para formar a Igreja Protestante em Hesse e Nassau em agosto de 1817.[74]

Em todo o mundo, cada igreja unida compreende uma mistura diferente de denominações protestantes predecessoras. As tendências são visíveis, entretanto, já que a maioria das igrejas unidas tem herança na tradição reformada e muitas são membros da Aliança Mundial de Igrejas Reformadas.

Principais denominações

Ver artigo principal: Denominação cristã

Os protestantes podem ser diferenciados de acordo com a forma como foram influenciados por movimentos importantes desde a Reforma, hoje considerados ramos. Alguns desses movimentos têm uma linhagem comum, às vezes gerando denominações individuais diretamente. Devido à multidão de denominações anteriormente declarada, esta seção discute apenas as maiores famílias denominacionais, ou ramos, amplamente considerados como parte do protestantismo. Estes são, em ordem alfabética: adventistaanglicanobatistacalvinista (reformado)luteranometodista e pentecostal . Um ramo anabatista pequeno, mas historicamente significativo, também é discutido.

O gráfico abaixo mostra as relações mútuas e origens históricas das principais famílias denominacionais protestantes. Devido a fatores como a Contrarreforma e o princípio legal de Cuius regio, eius religio, muitas pessoas viviam como nicodemitas, onde suas afiliações religiosas professadas estavam mais ou menos em desacordo com o movimento pelo qual simpatizavam. Como resultado, os limites entre as denominações não se separam tão claramente quanto este gráfico indica.

Como o calvinismo não foi especificamente reconhecido no Sacro Império Romano-Germânico até a Paz de Westfália em 1648, muitos calvinistas viveram como criptocalvinistas. Devido às supressões relacionadas à Contrarreforma em terras católicas durante os séculos XVI a XIX, muitos protestantes viveram como criptoprotestantes. Enquanto isso, nas áreas protestantes, os católicos às vezes viviam como cripto-papistas, embora na Europa continental a emigração fosse mais viável, então isso era menos comum.

Mapa histórico dos principais ramos protestantes

Adventismo

Ver artigo principal: Adventismo
Igreja adventista em KarjasiltaFinlândia

adventismo começou no século XIX no contexto do reavivamento do Segundo Grande Despertar nos Estados Unidos. O nome se refere à crença na segunda vinda iminente (ou "segundo advento") de Jesus CristoWilliam Miller deu início ao movimento adventista na década de 1830. Seus seguidores ficaram conhecidos como milleritas.

Embora as igrejas adventistas tenham muito em comum, suas teologias diferem sobre se o estado intermediário é sono inconsciente ou consciência, se a punição final dos ímpios é a aniquilação ou tormento eterno, a natureza da imortalidade, se os ímpios são ressuscitados ou não após a milênio, e se o santuário de Daniel 8 se refere àquele no céu ou na terra.[75] O movimento encorajou o exame de toda a Bíblia, levando os adventistas do sétimo dia e alguns grupos adventistas menores a fazer o sabá. A Conferência Geral dos Adventistas do Sétimo Dia compilou as crenças básicas dessa igreja nas 28 Crenças Fundamentais (1980 e 2005), que usam referências bíblicas como justificativa.

Em 2010, o adventismo reivindicou cerca de 22 milhões de crentes espalhados em várias igrejas independentes.[76] A maior igreja dentro do movimento - a Igreja Adventista do Sétimo Dia - tem mais de 18 milhões de membros.

Anabatismo

Ver artigo principal: Anabatismo
Uma família amish em uma carroça

anabatismo tem suas origens na Reforma Radical. Eles acreditam em adiar o batismo até que o candidato confesse sua fé. Embora alguns considerem esse movimento um desdobramento do protestantismo, outros o veem como algo distinto.[77][78] Os amishhuteritas e menonitas são descendentes diretos do movimento. DunkersBruderhof e a Igreja Cristã Apostólica são considerados desenvolvimentos posteriores entre os anabatistas.

O nome anabatista, que significa "aquele que batiza novamente", foi dado a eles por seus perseguidores em referência à prática de rebatizar convertidos que já haviam sido batizados quando crianças.[79] Os anabatistas exigiam que os candidatos ao batismo pudessem fazer suas próprias confissões de fé e, portanto, rejeitaram o batismo infantil. Os primeiros membros desse movimento não aceitaram o nome de anabatista, alegando que, uma vez que o batismo infantil era antibíblico, nulo e sem efeito, o batismo dos crentes não era um "rebatismo", mas, na verdade, seu primeiro batismo real. Como resultado de suas opiniões sobre a natureza do batismo e outras questões, os anabatistas foram fortemente perseguidos durante o século XVI e no século XVII por protestantes magisteriais e católicos. Enquanto a maioria dos anabatistas aderiu a uma interpretação literal do Sermão da Montanha, que impedia fazer juramentos, participar de ações militares e participar do governo civil, alguns que praticavam o rebatismo pensavam o contrário. Eles eram, portanto, tecnicamente anabatistas, embora amishmenonitas e huteritas conservadores e alguns historiadores tendam a considerá-los fora do verdadeiro anabatismo. Os anabatistas da Reforma Radical são divididos em radicais e a chamada "segunda frente". Alguns teólogos importantes da Reforma Radical foram João de LeidenThomas MüntzerKaspar SchwenkfeldSebastian FranckMenno Simons. Os reformadores da segunda frente incluíram Hans DenckConrad GrebelBalthasar Hubmaier e Felix Manz.

Anglicanismo

Ver artigo principal: Anglicanismo

anglicanismo compreende a Igreja da Inglaterra e igrejas que estão historicamente ligadas a ela ou mantêm crenças, práticas de adoração e estruturas de igreja semelhantes.[80] A palavra anglicano tem origem na ecclesia anglicana, uma frase em latim medieval datada de pelo menos 1246 que significa a Igreja Inglesa. Não existe uma única “Igreja Anglicana” com autoridade jurídica universal, uma vez que cada igreja nacional ou regional tem plena autonomia. Como o nome sugere, a comunhão é uma associação de igrejas em plena comunhão com o Arcebispo de Canterbury. A grande maioria dos anglicanos são membros de igrejas que fazem parte da Comunhão Anglicana internacional,[81] que tem 85 milhões de adeptos.[82]

A Igreja da Inglaterra declarou sua independência da Igreja Católica na época do Acordo Religioso Elisabetano.[83] Muitos dos novos formulários anglicanos de meados do século XVI correspondiam intimamente aos da tradição reformada contemporânea. Essas reformas foram entendidas por um dos maiores responsáveis por elas, o então arcebispo de Canterbury, Thomas Cranmer, como navegando em um caminho intermediário entre duas das tradições protestantes emergentes, a saber, o luteranismo e o calvinismo.[84]

Exclusivo para o anglicanismo é o Livro de Oração Comum, a coleção de serviços que os adoradores na maioria das igrejas anglicanas usaram durante séculos. Embora tenha passado por muitas revisões e igrejas anglicanas em diferentes países tenham desenvolvido outros livros de serviço, o Livro de Oração Comum ainda é reconhecido como um dos laços que unem a Comunhão Anglicana.

Batistas

Ver artigo principal: Batistas
Primeira Igreja Batista na América. Os batistas são quase um terço dos protestantes estadunidenses.[85]

Os batistas subscrevem a doutrina de que o batismo deve ser realizado apenas por crentes professos (batismo de crentes, em oposição ao batismo infantil),e que deve ser feito por imersão completa (em oposição a afusão ou aspersão). Outros princípios das igrejas batistas incluem competência da alma (liberdade), salvação somente pela fésomente as Escrituras como regra de fé e prática e a autonomia da congregação local. Os batistas reconhecem dois cargos ministeriais, pastores e diáconos. As igrejas batistas são amplamente consideradas igrejas protestantes, embora alguns batistas neguem essa identidade.[86]

Diversos desde o início, aqueles que se identificam como batistas hoje diferem amplamente uns dos outros no que acreditam, como adoram, suas atitudes em relação a outros cristãos e sua compreensão do que é importante no discipulado cristão.[87]

Os historiadores traçam a primeira igreja rotulada como batista desde 1609 em Amsterdã, com o separatista inglês John Smyth como seu pastor.[88] De acordo com sua leitura do Novo Testamento, ele rejeitou o batismo de crianças e instituiu o batismo apenas de adultos crentes.[89] A prática batista se espalhou para a Inglaterra, onde os batistas gerais consideravam que a expiação de Cristo se estendia a todas as pessoas, enquanto os batistas particulares acreditavam que ela se estendia apenas aos eleitos. Em 1638, Roger Williams estabeleceu a primeira congregação batista nas colônias norte-americanas. Em meados do século 18, o Primeiro Grande Despertar aumentou o crescimento batista tanto na Nova Inglaterra quanto no Sul.[90] O Segundo Grande Despertar no Sul no início do século XIX aumentou o número de membros da igreja, assim como a diminuição do apoio dos pregadores à abolição e alforria da escravidão, que fazia parte dos ensinamentos do século XVIII. Missionários batistas espalharam sua igreja por todos os continentes.

Aliança Batista Mundial relata mais de 41 milhões de membros em mais de 150 mil congregações.[91] Em 2002, havia mais de 100 milhões de batistas e membros de grupos batistas em todo o mundo e mais de 33 milhões na América do Norte.[89] A maior associação batista é a Convenção Batista do Sul, com o número de membros de igrejas associadas totalizando mais de 14 milhões.[92]

Calvinismo

Ver artigo principal: Calvinismo
Igreja calvinista em CheshireEstados Unidos

calvinismo, também chamado de tradição reformada, foi desenvolvido por vários teólogos como Martin BucerHeinrich BullingerPeter Martyr Vermigli e Huldrych Zwingli, mas este ramo do cristianismo leva o nome do reformador francês João Calvino por causa de sua influência proeminente sobre ele e por causa de seu papel nos debates confessionais e eclesiásticos ao longo do século XVI.

Hoje, este termo também se refere às doutrinas e práticas das igrejas reformadas das quais Calvino foi um dos primeiros líderes. Menos comumente, pode se referir ao ensino individual do próprio Calvino. As particularidades da teologia calvinista podem ser declaradas de várias maneiras. Talvez o resumo mais conhecido esteja contido nos cinco pontos do calvinismo, embora esses pontos identifiquem a visão calvinista sobre soteriologia ao invés de resumir o sistema como um todo. Falando de maneira geral, o calvinismo enfatiza a soberania ou governo de Deus em todas as coisas - na salvação, mas também em toda a vida. Este conceito é visto claramente nas doutrinas da predestinação e depravação total.

A maior associação reformada é a Comunhão Mundial de Igrejas Reformadas com mais de 80 milhões de membros em 211 denominações membros em todo o mundo.[93][94] Existem federações reformadas mais conservadoras, como a Fraternidade Reformada Mundial e a Conferência Internacional de Igrejas Reformadas, bem como igrejas independentes.

Luteranismo

Ver artigo principal: Luteranismo

luteranismo se identifica com a teologia de Martinho Lutero—um monge e padre alemãoreformador eclesiástico e teólogo. O luteranismo defende uma doutrina de justificação "somente pela graça e por meio da fé somente com base na Escritura", a doutrina de que a escritura é a autoridade final em todas as questões de fé, rejeitando a afirmação feita pelos líderes católicos no Concílio de Trento de que a autoridade vem das Escrituras e da Tradição.[95] Além disso, os luteranos aceitam os ensinamentos dos primeiros quatro concílios ecumênicos da Igreja Cristã indivisa.[96][97]

Ao contrário da tradição reformada, os luteranos retêm muitas das práticas litúrgicas e ensinamentos sacramentais da Igreja pré-reformada, com ênfase particular na Eucaristia, ou Ceia do Senhor. A teologia luterana difere da teologia reformada na cristologia, o propósito da Lei de Deus, a graça divina, o conceito de perseverança dos santos e a predestinação.

Hoje, o luteranismo é um dos maiores ramos do protestantismo. Com aproximadamente 80 milhões de adeptos,[98] constitui a terceira confissão protestante mais comum depois das denominações historicamente pentecostais e do anglicanismo.[11] A Federação Luterana Mundial, a maior comunhão global de igrejas luteranas representa mais de 72 milhões de pessoas.[99]

Metodismo

Ver artigo principal: Metodismo

metodismo se identifica principalmente com a teologia de John Wesley—um sacerdote e evangelista anglicano. Este movimento evangélico se originou como um avivamento dentro da Igreja da Inglaterra do século XVIII e se tornou uma Igreja separada após a morte de Wesley. Por causa da vigorosa atividade missionária, o movimento se espalhou por todo o Império BritânicoEstados Unidos e além, hoje reivindicando cerca de 80 milhões de adeptos em todo o mundo.[100]

Soteriologicamente, a maioria dos metodistas são arminianos, enfatizando que Cristo realizou a salvação para cada ser humano e que os humanos devem exercer um ato de vontade de recebê-la (em oposição à doutrina calvinista tradicional do monergismo). O metodismo é tradicionalmente uma igreja inferior na liturgia, embora isso varie muito entre as congregações individuais; os próprios Wesleys valorizavam muito a liturgia e tradição anglicana. O Metodismo é conhecido por sua rica tradição musical; o irmão de John Wesley, Charles, foi fundamental em escrever muitos dos hinos da Igreja Metodista[101] e muitos outros eminentes escritores de hinos vêm da tradição Metodista.

Pentecostalismo

Ver artigo principal: Pentecostalismo
Igreja pentecostal em RavensburgAlemanha

pentecostalismo é um movimento que dá ênfase especial a uma experiência pessoal direta de Deus por meio do batismo com o Espírito Santo. O termo pentecostal é derivado de Pentecostes, o nome grego para a Festa das Colheitas Judaica. Para os cristãos, esse evento comemora a descida do Espírito Santo sobre os seguidores de Jesus Cristo, conforme descrito no segundo capítulo do Livro de Atos.

Este ramo do protestantismo se distingue pela crença no batismo com o Espírito Santo como uma experiência separada da conversão que permite ao cristão viver uma vida cheia do Espírito Santo e com poder. Essa capacitação inclui o uso de dons espirituais, como falar em línguas e a cura divina—duas outras características definidoras do pentecostalismo. Por causa de seu compromisso com a autoridade bíblica, dons espirituais e os milagres, os pentecostais tendem a ver seu movimento como um reflexo do mesmo tipo de poder espiritual e ensinamentos que foram encontrados na Era Apostólica da igreja primitiva. Por esta razão, alguns pentecostais também usam o termo Apostólico ou Evangelho Completo para descrever seu movimento.

O pentecostalismo acabou gerando centenas de novas denominações, incluindo grandes grupos como as Assembleias de Deus e a Igreja de Deus em Cristo, tanto nos Estados Unidos como em outros lugares. Existem mais de 279 milhões de pentecostais em todo o mundo e o movimento está crescendo em muitas partes do mundo, especialmente no Sul global. Desde 1960, o pentecostalismo tem ganhado cada vez mais aceitação de outras tradições cristãs e as crenças pentecostais a respeito do batismo do Espírito e dons espirituais têm sido adotadas por cristãos não pentecostais em igrejas protestantes e católicas por meio do Movimento Carismático. Juntos, o cristianismo pentecostal e carismático somam mais de 500 milhões de adeptos.[102]

Outros protestantes

Existem muitas outras denominações protestantes que não se encaixam perfeitamente nos ramos mencionados e são muito menores em número de membros. Alguns grupos de indivíduos que possuem princípios protestantes básicos se identificam simplesmente como "cristãos" ou "cristãos nascidos de novo". Eles normalmente se distanciam do confessionalismo ou credo de outras comunidades cristãs,[103] chamando-se de "não denominacionais" ou "evangélicos". Frequentemente fundados por pastores individuais, eles têm pouca afiliação com denominações históricas.[104]

Abrigo noturno do Exército de Salvação em Genebra, na Suíça

hussitismo segue os ensinamentos do reformador tcheco Jan Hus, que se tornou o representante mais conhecido da Reforma Boêmia e um dos precursores da Reforma Protestante. Um dos primeiros hinários era o livro de hinos Jistebnice, escrito à mão. Esse movimento predominantemente religioso foi impulsionado por questões sociais e fortaleceu a consciência nacional tcheca. Entre os cristãos de hoje, as tradições hussitas são representadas na Igreja da Morávia e nas igrejas hussitas da tchecoslováquia refundadas.[105]

Assembleia dos Irmãos é uma baixa igreja evangélica conservadora e um novo movimento religioso, cuja história pode ser rastreada a Dublin, na Irlanda, no final de 1820, proveniente anglicanismo.[106] Entre outras crenças, o grupo enfatiza sola scriptura. Os irmãos geralmente se veem não como uma denominação, mas como uma rede, ou mesmo como uma coleção de redes sobrepostas, de igrejas independentes que pensam da mesma forma. Embora o grupo tenha se recusado por muitos anos a tomar para si qualquer nome denominacional - uma postura que alguns deles ainda mantêm - o título Os Irmãos, é aquele com o qual muitos deles se sentem confortáveis, pois a Bíblia designa todos os crentes como irmãos .

movimento de santidade refere-se a um conjunto de crenças e práticas emergentes dentro do metodismo do século XIX e uma série de denominações evangélicas, organizações paraeclesiásticas e movimentos que enfatizaram essas crenças como uma doutrina central. Existem cerca de 12 milhões de adeptos nas igrejas do movimento de santidade.[107] A Igreja Metodista Livre, o Exército de Salvação e a Igreja Metodista Wesleyana são exemplos notáveis, enquanto outros adeptos do movimento de santidade permaneceram dentro do metodismo tradicional, por exemplo, a Igreja Metodista Unida.[108]

Os quakers são membros de uma família de movimentos religiosos conhecidos coletivamente como Sociedade Religiosa de Amigos. A doutrina unificadora central desses movimentos é o sacerdócio de todos os crentes.[109][110] Muitos quakers se consideram membros de uma denominação cristã. Eles incluem aqueles com entendimentos evangélicossantidadeliberais e tradicionais do cristianismo. Ao contrário de muitos outros grupos que surgiram dentro do cristianismo, a Sociedade Religiosa de Amigos tem tentado ativamente evitar credos e estruturas hierárquicas.[111]

unitarismo às vezes é considerado protestante devido às suas origens na Reforma e forte cooperação com outros protestantes desde o século XVI.[112] É excluído devido à sua natureza teológica não trinitária.[113] Os unitaristas podem ser considerados protestantes não-trinitários ou simplesmente não-trinitaristas. O unitarismo é popular na região da Transilvânia, na atual Romênia, na Inglaterra e Estados Unidos. Originou-se quase simultaneamente na Transilvânia e na Comunidade Polonesa-Lituana.

Movimentos interdenominacionais

Existem também movimentos cristãos que cruzam linhas denominacionais e até ramificações, e não podem ser classificados no mesmo nível das formas mencionadas anteriormente. O evangelicalismo é um exemplo proeminente. Alguns desses movimentos são ativos exclusivamente dentro do protestantismo. Os movimentos transdenominacionais às vezes são capazes de afetar partes da Igreja Católica, como faz o Movimento Carismático, que visa incorporar crenças e práticas semelhantes aos pentecostais nos vários ramos do cristianismo. As igrejas neocarismáticas são às vezes consideradas um subgrupo do Movimento Carismático. Ambos são colocados sob um rótulo comum de cristianismo carismático (os chamados Renovadores), junto com os Pentecostais. As igrejas não denominacionais e várias igrejas domésticas geralmente adotam ou são semelhantes a um desses movimentos.

As megaigrejas geralmente são influenciadas por movimentos interdenominacionais. Globalmente, essas grandes congregações são um desenvolvimento significativo no cristianismo protestante. Nos Estados Unidos, o fenômeno mais que quadruplicou nas últimas duas décadas.[114] Desde então, ele se espalhou pelo mundo.

O gráfico abaixo mostra as relações mútuas e as origens históricas dos principais movimentos interdenominacionais e outros desenvolvimentos dentro do protestantismo.

Ligações entre movimentos interdenominacionais e outros desenvolvimentos dentro do protestantismo

Evangelicalismo

Ver artigo principal: Evangelicalismo
Uma igreja evangélica protestante em HämeenlinnaFinlândia

evangelicalismo, ou protestantismo evangélico, é um movimento mundial e transdenominacional que afirma que a essência do evangelho consiste na doutrina da salvação pela graça por meio da  na expiação de Jesus Cristo.[115][116] Os evangélicos são cristãos que acreditam na centralidade da conversão ou experiência de “renascer” no recebimento da salvação, acreditam na autoridade da Bíblia como revelação de Deus para a humanidade e têm um forte compromisso com o evangelismo ou com a divulgação da mensagem cristã.

Ele ganhou grande impulso nos séculos XVIII e XIX com o surgimento do metodismo e o Grande Despertar na Grã-Bretanha e na América do Norte. As origens do evangelicalismo geralmente remontam ao movimento metodista inglês, Nicolaus Zinzendorf, à Igreja Morávia, ao pietismo luterano, ao presbiterianismo e ao puritanismo.[76] Entre os líderes e principais figuras do movimento evangélico protestante estavam John WesleyGeorge WhitefieldJonathan EdwardsBilly GrahamHarold John OckengaJohn Stott e Martyn Lloyd-Jones.

Existem cerca de 285.480.000 evangélicos, correspondendo a 13% da população cristã e 4% da população mundial total. As Américas, África e Ásia são o lar da maioria dos evangélicos. Os Estados Unidos têm a maior concentração de evangélicos.[117] O evangelicalismo está ganhando popularidade dentro e fora do mundo de língua inglesa, especialmente na América Latina e no mundo em desenvolvimento.

Movimento Carismático

Ver artigo principal: Movimento Carismático
Igreja Hillsong em Constança, Alemanha, uma igreja evangélica carismática

movimento carismático é a tendência internacional de congregações historicamente dominantes que adotam crenças e práticas semelhantes aos pentecostais. Fundamental para o movimento é o uso de dons espirituais. Entre os protestantes, o movimento começou por volta de 1960.

Nas igrejas congregacionais e presbiterianas que professam uma teologia tradicionalmente calvinista ou reformada, existem diferentes pontos de vista sobre a continuação ou cessação dos dons nos dias de hoje (charismata) do Espírito.[118][119]

Uma minoria de adventistas do sétimo dia hoje é carismática. Eles estão fortemente associados àqueles que mantêm crenças adventistas mais "progressistas". Nas primeiras décadas da igreja, fenômenos carismáticos ou extáticos eram comuns.[120][121]

Neopentecostalismo

Ver artigo principal: Neopentecostalismo

As igrejas neopentecostais são uma categoria de igrejas no movimento de renovação cristã. Os neopentecostais incluem a Terceira Onda, mas são mais amplos. Agora mais numerosos do que pentecostais (primeira onda) e carismáticos (segunda onda) combinados, devido ao notável crescimento de grupos carismáticos pós-denominacionais e independentes.[122]

Os neopentecostais acreditam e enfatizam a disponibilidade pós-bíblica dos dons do Espírito Santo, incluindo glossolalia, cura e profecia. Eles praticam a imposição de mãos e buscam o "enchimento" do Espírito Santo . No entanto, uma experiência específica de batismo com o Espírito Santo pode não ser um requisito para experimentar tais dons. Nenhuma forma, estrutura governamental ou estilo único de serviço religioso caracteriza todos os serviços e igrejas neopentecostais.

Cerca de 19 mil denominações, com aproximadamente 295 milhões de membros, são identificados como neopentecostal.[123] Princípios e práticas neopentecostais são encontrados em muitas congregações independentes, não denominacionais ou pós-denominacionais, com força de números centrada nas igrejas independentes africanas, entre o movimento de igrejas domésticas han e em igrejas latino-americanas.

Outros desenvolvimentos protestantes

Muitos outros movimentos e pensamentos a serem distinguidos dos amplamente difundidos e ramos transdenominacionais apareceram dentro do cristianismo protestante. Alguns deles também estão em evidência hoje. Outros apareceram durante os séculos que se seguiram à Reforma e desapareceram gradualmente com o tempo, como grande parte do pietismo. Alguns inspiraram os atuais transdenominacionais, como o evangelicalismo que tem seu alicerce no fundamentalismo cristão.

Arminianismo

Ver artigos principais: Arminianismo e Remonstrante
Jacobus Arminius foi um teólogo reformado holandês, cujas opiniões influenciaram partes do protestantismo. Uma pequena comunidade remonstrante permanece nos Países Baixos.

arminianismo é baseado nas idéias teológicas do teólogo reformado holandês Jacobus Arminius (1560–1609) e seus apoiadores históricos conhecidos como remonstrantes. Seus ensinamentos se mantinham nos cinco solas da Reforma, mas eram distintos dos ensinamentos particulares de Martinho LuteroHuldrych ZwínglioJoão Calvino e outros reformadores protestantes. Jacobus Arminius foi aluno de Teodoro Beza na Universidade Teológica de Genebra. O arminianismo é conhecido por alguns como uma diversificação soteriológica do calvinismo.[124] No entanto, para outros, o arminianismo é uma reclamação do consenso teológico da Igreja primitiva.[125] O arminianismo holandês foi originalmente articulado no Remonstrance (1610), uma declaração teológica assinada por 45 ministros e submetida aos Estados Gerais dos Países Baixos. Muitas denominações cristãs foram influenciadas por pontos de vista arminianos sobre a vontade do homem sendo libertado pela graça antes da regeneração, notadamente os batistas no século XVI,[126] os metodistas no século XVIII e a Igreja Adventista do Sétimo Dia no século XIX.

As crenças originais do próprio Jacobus Arminius são comumente definidas como arminianismo, mas de forma mais ampla, o termo pode abranger os ensinamentos de Hugo GrotiusJohn Wesley e outros também. O arminianismo clássico e wesleyano são as duas principais escolas de pensamento. O wWesleyano é frequentemente classificado como idêntico ao metodismo. Os dois sistemas de calvinismo e arminianismo compartilham a história e muitas doutrinas e a história da teologia cristã. No entanto, por causa de suas diferenças sobre as doutrinas da predestinação e eleição divina, muitas pessoas veem essas escolas de pensamento como opostas entre si. Em suma, a diferença pode ser vista em última análise sobre se Deus permite que Seu desejo de salvar todos seja resistido pela vontade de um indivíduo (na doutrina arminiana) ou se a graça de Deus é irresistível e limitada a apenas alguns (no calvinismo). Alguns calvinistas afirmam que a perspectiva arminiana apresenta um sistema sinérgico de salvação e, portanto, não é apenas pela graça, enquanto os arminianos rejeitam firmemente esta conclusão. Muitos consideram as diferenças teológicas como diferenças cruciais na doutrina, enquanto outros as consideram relativamente menores.[127]

Pietismo

Ver artigo principal: Pietismo
pietismo foi uma forte influência cultural na Escandinávia

pietismo foi um movimento influente dentro do luteranismo que combinou os princípios luteranos do século XVII com a ênfase reformada na piedade individual e na vivência de uma vida cristã vigorosa.[128]

Começou no final do século XVII, atingiu seu apogeu em meados do século XVIII e diminuiu durante o século XIX, sendo que quase desapareceu na América no final do século XX. Embora declinando como um grupo luterano identificável, alguns de seus princípios teológicos influenciaram o protestantismo em geral, inspirando o padre anglicano John Wesley a iniciar o movimento metodista e Alexander Mack a iniciar os dunkers entre os anabatistas.

Embora o pietismo compartilhe uma ênfase no comportamento pessoal com o movimento puritano, sendo que os dois são frequentemente confundidos, existem diferenças importantes, particularmente no conceito do papel da religião no governo.[129]

Puritanismo, dissidentes e inconformistas ingleses

Ver artigos principais: PuritanismoDissidentes ingleses e Não conformista

Os puritanos eram um grupo de protestantes ingleses dos séculos XVI e XVII, que buscavam "purificar" a Igreja da Inglaterra do que consideravam práticas católicas, sustentando que a igreja foi apenas parcialmente reformada. O puritanismo, nesse sentido, foi fundado por alguns dos clérigos que retornaram exilados sob o reinado de Maria I logo após a ascensão de Elizabeth I da Inglaterra em 1558, como um movimento ativista dentro da Igreja da Inglaterra.

Peregrinos desembarcando em Plymouth Rock em 1620

Os puritanos foram impedidos de mudar a igreja estabelecida por dentro e foram severamente restringidos na Inglaterra por leis que controlavam a prática da religião. Suas crenças, no entanto, foram transportadas pela emigração de congregações para os Países Baixos (e mais tarde para a Nova Inglaterra), e pelo clero evangélico para a Irlanda (e mais tarde para o País de Gales), e se espalharam pela sociedade leiga e partes do sistema educacional, particularmente certas faculdades da Universidade de Cambridge. O primeiro sermão protestante proferido na Inglaterra foi em Cambridge, sendo que o púlpito onde esse sermão foi proferido sobrevive até hoje.[130][131] Eles assumiram crenças distintas sobre a vestimenta clerical e em oposição ao sistema episcopal, especialmente após as conclusões do Sínodo de Dort em 1619, onde eles foram restringidos pelos bispos ingleses. Eles adotaram amplamente o sabatismo no século XVII e foram influenciados pelo milenismo.

Eles se formaram e se identificaram com vários grupos religiosos que defendiam maior pureza de culto e doutrina, bem como piedade pessoal e de grupo. Os puritanos adotaram uma teologia reformada, mas também tomaram nota das críticas radicais a Zwínglio em Zurique e Calvino em Genebra. Na política da igreja, alguns defendiam a separação de todos os outros cristãos, em favor de igrejas autônomas reunidas. Essas vertentes separatistas e independentes do puritanismo tornaram-se proeminentes na década de 1640, quando os partidários de uma política presbiteriana na Assembleia de Westminster foram incapazes de forjar uma nova igreja nacional inglesa. Os refugiados protestantes da Europa continental foram os fundadores principais dos Estados Unidos da América.

Neo-ortodoxia e paleo-ortodoxia

Ver artigos principais: Teologia dialética e Paleo-ortodoxia
Karl Barth, muitas vezes considerado o maior teólogo protestante do século XX[132][133]

Uma rejeição não fundamentalista do cristianismo liberal ao longo das linhas do existencialismo cristão de Søren Kierkegaard, que atacou as igrejas estatais hegelianas de sua época por "ortodoxia morta", a neo-ortodoxia está associada principalmente a Karl BarthJürgen Moltmann e Dietrich Bonhoeffer. A neo-ortodoxia procurou neutralizar a tendência da teologia liberal de fazer acomodações teológicas às perspectivas científicas modernas. Às vezes chamada de "teologia da crise", no sentido existencialista da palavra crise, também às vezes chamada de neo-evangelicalismo, que usa o sentido de "evangélico" pertencente aos protestantes europeus continentais ao invés do evangelicalismo americano. "Evangélico" era o rótulo originalmente preferido pelos luteranos e calvinistas, mas foi substituído pelos nomes que alguns católicos usaram para rotular uma heresia com o nome de seu fundador.

paleo-ortodoxia é um movimento semelhante em alguns aspectos ao neo-evangelicalismo, mas enfatizando o antigo consenso cristão da igreja não dividida do primeiro milênio, incluindo em particular os primeiros credos e concílios da igreja como um meio de compreender adequadamente as escrituras. Este movimento é interdenominacional. Um teólogo proeminente neste grupo é Thomas Oden, um metodista.

Fundamentalismo cristão

Ver artigo principal: Fundamentalismo cristão

Em reação à crítica liberal da Bíblia, o fundamentalismo surgiu no século XX, principalmente nos Estados Unidos, entre as denominações mais afetadas pelo evangelicalismo. A teologia fundamentalista tende a enfatizar a inerrância e o literalismo bíblico.

No final do século XX, alguns tenderam a confundir evangelicalismo com fundamentalismo; no entanto, os rótulos representam diferenças muito distintas de abordagem que ambos os grupos são diligentes em manter, embora por causa do tamanho dramaticamente menor do fundamentalismo, muitas vezes seja classificado simplesmente como um ramo ultraconservador do evangelicalismo.

Modernismo e liberalismo

Ver artigo principal: Teologia liberal

O modernismo e o liberalismo não constituem escolas de teologia rigorosas e bem definidas, mas sim uma inclinação de alguns escritores e professores para integrar o pensamento cristão no espírito da era do Iluminismo. Novos entendimentos da história e das ciências naturais da época levaram diretamente a novas abordagens da teologia. Sua oposição ao ensino fundamentalista resultou em debates religiosos, como a controvérsia fundamentalista-Modernista dentro da Igreja Presbiteriana nos Estados Unidos da América na década de 1920.

Cultura protestante

Embora a Reforma fosse um movimento religioso, também teve um forte impacto em todos os outros aspectos da vida: casamento e família, educação, humanidades e ciências, ordem política e social, economia e artes.[13] As igrejas protestantes rejeitam a ideia de um sacerdócio celibatário e, portanto, permitem que seu clero se case.[22] Muitas de suas famílias contribuíram para o desenvolvimento das elites intelectuais em seus países.[134] Desde cerca de 1950, as mulheres entraram no ministério e algumas assumiram posições de liderança (por exemplo, bispas), na maioria das igrejas protestantes.

Como os reformadores queriam que todos os membros da igreja pudessem ler a Bíblia, a educação em todos os níveis teve um forte impulso. Em meados do século XVIII, a taxa de alfabetização na Inglaterra era de cerca de 60%, na Escócia, 65% e na Suécia, oito em cada dez homens e mulheres eram capazes de ler e escrever.[135] Faculdades e universidades foram fundadas. Por exemplo, os puritanos que estabeleceram a Colônia da Baía de Massachusetts em 1628 fundaram o Harvard College apenas oito anos depois. Cerca de uma dúzia de outras faculdades seguiram no século XVIII, incluindo Yale (1701). A Pensilvânia também se tornou um centro de aprendizado.[136][137]

Membros de denominações protestantes tradicionais têm desempenhado papéis de liderança em muitos aspectos da vida estadunidense, incluindo política, negócios, ciência, artes e educação. Eles fundaram a maioria dos principais institutos de ensino superior do país. [138]

Ética de pensamento e trabalho

Ver artigo principal: Ética protestante do trabalho
Capa da edição original em alemão de A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo.

O conceito protestante de Deus e do homem permite que os crentes usem todas as faculdades dadas por Deus, incluindo o poder da razão. Isso significa que eles podem explorar a criação de Deus e, de acordo com Gênesis 2:15, fazer uso dela de maneira responsável e sustentável. Assim, foi criado um clima cultural que intensificou enormemente o desenvolvimento das humanidades e das ciências . [139] Outra consequência da compreensão protestante do homem é que os crentes, em gratidão por sua eleição e redenção em Cristo, devem seguir os mandamentos de Deus. Indústria, frugalidade, vocação, disciplina e um forte senso de responsabilidade estão no cerne de seu código moral. [140] Em particular, Calvino rejeitou o luxo. Portanto, artesãos, industriais e outros empresários puderam reinvestir a maior parte de seus lucros nas máquinas mais eficientes e nos métodos de produção mais modernos, baseados no progresso das ciências e da tecnologia. Como resultado, a produtividade cresceu, o que levou a maiores lucros e permitiu que os empregadores pagassem salários mais altos. Dessa forma, a economia, as ciências e a tecnologia se reforçaram. A chance de participar do sucesso econômico das invenções tecnológicas foi um forte incentivo para inventores e investidores. [141] [142] [143] [144] A ética de trabalho protestante foi uma força importante por trás da ação de massa não planejada e descoordenada que influenciou o desenvolvimento do capitalismo e a Revolução Industrial . Essa ideia também é conhecida como "tese da ética protestante". [145]

No entanto, o eminente historiador Fernand Braudel (m. 1985), líder da importante Escola dos Annales escreveu: “todos os historiadores se opuseram a esta tênue teoria [a Ética Protestante], embora não tenham conseguido se livrar dela de uma vez por todas. No entanto, é claramente falso. Os países do norte ocuparam o lugar que antes havia sido tão longa e brilhantemente ocupado pelos antigos centros capitalistas do Mediterrâneo. Eles não inventaram nada, seja em tecnologia ou gestão de negócios."[146] Além disso, o cientista social Rodney Stark comenta que "durante seu período crítico de desenvolvimento econômico, esses centros do norte do capitalismo eram católicos, não protestantes - a Reforma ainda estava no futuro",[147] enquanto o historiador britânico Hugh Trevor-Roper (d. 2003) disse: "A ideia de que o capitalismo industrial em grande escala era ideologicamente impossível antes da Reforma é explodida pelo simples fato de que ele já existia."[148]

Em uma análise fatorial da última onda de dados do World Values Survey (WVS), Arno Tausch descobriu que o protestantismo parece estar muito próximo de combinar a religião e as tradições do liberalismo. O Índice de Desenvolvimento de Valor Global, calculado por Tausch, baseia-se nas dimensões da WVS, como confiança no Estado de direito, nenhum apoio à economia informal, ativismo pós-material, apoio à democracia, não aceitação da violência, xenofobia e racismo, confiança no capital transnacional e nas universidades, confiança na economia de mercado, apoio à justiça de gênero e engajamento no ativismo ambiental, etc.[149]

Episcopais e presbiterianos, bem como outros WASPs, tendem a ser consideravelmente mais ricos[150] e melhor educados (tendo graduação e pós-graduação per capita) do que a maioria dos outros grupos religiosos nos Estados Unidos[151] e estão desproporcionalmente representados no níveis superiores dos negócios,[152] direito e política estadunidenses, especialmente o Partido Republicano.[153] Várias das famílias estadunidenses mais ricas e afluentes, como os Vanderbilts, os Astors, os Rockefeller, os Du Pont, os Roosevelt, os Forbes, os Whitneys, os Morgans e os Harrimans são famílias protestantes tradicionais.

Ciência

O protestantismo teve uma influência importante na ciência. De acordo com a Tese de Merton, havia uma correlação positiva entre o surgimento do puritanismo inglês e do pietismo alemão, de um lado, e a ciência experimental inicial, do outro.[154] A Tese de Merton tem duas partes distintas: em primeiro lugar, apresenta uma teoria de que a ciência muda devido ao acúmulo de observações e ao aprimoramento da técnica e metodologia experimental; em segundo lugar, apresenta o argumento de que a popularidade da ciência na Inglaterra do século XVII e a demografia religiosa da Royal Society (os cientistas ingleses da época eram predominantemente puritanos ou outros protestantes) pode ser explicada por uma correlação entre o protestantismo e os valores científicos.[155] Merton se concentrou no puritanismo inglês e no pietismo alemão como responsáveis pelo desenvolvimento da Revolução Científica dos séculos XVII e XVIII. Ele explicou que a conexão entre afiliação religiosa e interesse pela ciência era o resultado de uma sinergia significativa entre os valores protestantes ascéticos e aqueles da ciência moderna.[156] Os valores protestantes encorajaram a pesquisa científica ao permitir que a ciência identificasse a influência de Deus no mundo—sua criação—e assim fornecer uma justificativa religiosa para a pesquisa científica.

De acordo com a obra Elite Científica: Prêmios Nobel nos Estados Unidos de Harriet Zuckerman, uma revisão dos prêmios Nobel concedidos a estadunidenses entre 1901 e 1972, 72% dos ganhadores se identificaram como de origem protestante.[157] No geral, 84% de todos os prêmios Nobel concedidos aos estadunidenses em química, 60% em medicina e 59% em física entre 1901 e 1972 foram ganhos por protestantes.

De acordo com 100 Anos do Prêmio Nobel (2005), uma revisão dos prêmios Nobel concedidos entre 1901 e 2000, 65% dos ganhadores do Prêmio Nobel, identificaram o cristianismo, em suas várias formas, como sua preferência religiosa (423 prêmios).[158] Enquanto 32% se identificaram com o protestantismo em suas várias formas (208 prêmios), embora os protestantes representem 12% a 13% da população mundial.

Governo

Bandeiras de igrejas usadas pelos protestantes alemães

Na Idade Média, a Igreja e as autoridades do mundo eram intimamente relacionadas. Mas Martinho Lutero separou os reinos religiosos e mundanos em princípio (doutrina dos dois reinos).[159] Os crentes eram obrigados a usar a razão para governar a esfera mundana de uma forma ordeira e pacífica. A doutrina de Lutero do sacerdócio de todos os crentes elevou consideravelmente o papel dos leigos na igreja. Os membros de uma congregação tinham o direito de eleger um ministro e, se necessário, de votar pela sua demissão (Tratado Sobre o direito e autoridade de uma assembleia ou congregação cristã para julgar todas as doutrinas e chamar, instalar e demitir professores, conforme testemunhado nas Escrituras; 1523).[160] Calvino fortaleceu esta abordagem basicamente democrática ao incluir leigos eleitos (anciãos da igrejapresbíteros) em seu governo representativo da igreja.[161] Os huguenotes acrescentaram sínodos regionais e um sínodo nacional, cujos membros eram eleitos pelas congregações, ao sistema de governo autônomo da igreja de Calvino. Este sistema foi assumido por outras igrejas reformadas[162] e foi adotado por alguns luteranos, começando com aqueles em Jülich-Cleves-Berg durante o século XVII.

Politicamente, Calvino favorecia uma mistura de aristocracia e democracia. Ele apreciava as vantagens da democracia: "É um dom inestimável, se Deus permite que um povo elege livremente suas próprias autoridades e senhores."[163] Calvino também pensava que os governantes terrenos perdem seu direito divino e devem ser humilhados quando se levantarem contra Deus. Para proteger ainda mais os direitos das pessoas comuns, Calvino sugeriu separar os poderes políticos em um sistema de pesos e contrapesos (separação de poderes). Assim, ele e seus seguidores resistiram ao absolutismo político e pavimentaram o caminho para o surgimento da democracia moderna.[164] Além da Inglaterra, os Países Baixos foram, sob a liderança calvinista, o país mais livre da Europa nos séculos XVII e XVIII. Concedeu asilo a filósofos como Baruch Spinoza e Pierre BayleHugo Grotius foi capaz de ensinar sua teoria da lei natural e uma interpretação relativamente liberal da Bíblia.[165]

Consistente com as ideias políticas de Calvino, os protestantes criaram as democracias inglesa e estadunidense. Na Inglaterra do século XVII, as pessoas e eventos mais importantes nesse processo foram a Guerra Civil InglesaOliver CromwellJohn MiltonJohn Locke, a Revolução Gloriosa, a Declaração de Direitos Inglesa e o Ato de Liquidação.[166] Mais tarde, os britânicos levaram seus ideais democráticos para suas colônias, por exemplo Austrália, Nova Zelândia e Índia. Na América do Norte, na Colônia de Plymouth (peregrinos; 1620) e na Colônia da Baía de Massachusetts (1628) praticavam o autogoverno democrático e a separação de poderes.[167][168][169][170] Esses congregacionalistas estavam convencidos de que a forma democrática de governo era a vontade de Deus.[171] O Pacto do Mayflower foi um contrato social.[172][173]

Direitos e liberdade

O filósofo iluminista John Locke defendeu a consciência individual, livre do controle do Estado

Os protestantes também tomaram a iniciativa de defender a liberdade religiosa. A liberdade de consciência tinha alta prioridade nas agendas teológicas, filosóficas e políticas, uma vez que Lutero se recusou a retratar suas crenças antes da Dieta do Sacro Império Romano em Worms (1521). Em sua opinião, a fé era uma obra gratuita do Espírito Santo e, portanto, não podia ser imposta a uma pessoa.[174] Os perseguidos anabatistas e huguenotes exigiam liberdade de consciência e praticavam a separação entre a igreja e o Estado.[175] No início do século XVII, batistas como John Smyth e Thomas Helwys publicaram tratados em defesa da liberdade religiosa.[176] Seu pensamento influenciou a postura de John Milton e John Locke sobre a tolerância.[177][178] Sob a liderança do batista Roger Williams, do congregacionalista Thomas Hooker e do quaker William Penn, respectivamente, Rhode IslandConnecticut e Pensilvânia combinaram constituições democráticas com liberdade de religião. Essas colônias se tornaram refúgios seguros para as minorias religiosas perseguidas, incluindo judeus.[179][180][181] A Declaração de Independência, a Constituição e a Declaração de Direitos Humanos dos Estados Unidos, com seus direitos humanos fundamentais tornaram essa tradição permanente ao conferir-lhe uma estrutura jurídica e política.[182] A grande maioria dos protestantes estadunidenses, tanto clérigos quanto leigos, apoiava fortemente o movimento de independência. Todas as principais igrejas protestantes foram representadas no Primeiro e no Segundo Congressos Continentais.[183] Nos séculos XIX e XX, a democracia estadunidense se tornou um modelo para vários outros países e regiões em todo o mundo (por exemplo, América LatinaJapão e Alemanha). O elo mais forte entre as revoluções Americana e Francesa era o marquês de Lafayette, um fervoroso defensor dos princípios constitucionais estadunidenses. A Declaração Francesa dos Direitos do Homem e do Cidadão foi baseada principalmente no esboço deste documento por Lafayette.[184] A Declaração das Nações Unidas e a Declaração Universal dos Direitos Humanos também ecoam a tradição constitucional estadunidense.[185][186][187]

Democracia, teoria do contrato social, separação de poderes, liberdade religiosa, separação entre igreja e Estado - essas conquistas da Reforma e do protestantismo inicial foram elaboradas e popularizadas por pensadores iluministas. Alguns dos filósofos do Iluminismo inglês, escocês, alemão e suíço—Thomas HobbesJohn LockeJohn TolandDavid HumeGottfried Wilhelm LeibnizChristian WolffImmanuel Kant e Jean-Jacques Rousseau—tiveram origens protestantes.[188] Por exemplo, John Locke, cujo pensamento político foi baseado em "um conjunto de suposições cristãs protestantes",[189] derivou a igualdade de todos os humanos, incluindo a igualdade dos gêneros ("Adão e Eva"), de Gênesis 1, 26 –28. Como todas as pessoas foram criadas igualmente livres, todos os governos precisavam "do consentimento dos governados".[190]

Além disso, outros direitos humanos foram defendidos por alguns protestantes. Por exemplo, a tortura foi abolida na Prússia em 1740, a escravidão no Reino Unido em 1834 e nos Estados Unidos em 1865 ( William WilberforceHarriet Beecher StoweAbraham Lincoln—contra os protestantes do Sul).[191][192] Hugo Grotius e Samuel Pufendorf estiveram entre os primeiros pensadores que deram contribuições significativas ao direito internacional.[193][194] A Convenção de Genebra, uma parte importante do direito internacional humanitário, foi em grande parte obra de Henry Dunant, um pietista reformado. Ele também fundou a Cruz Vermelha.[195]

Ensino social

Os protestantes fundaram hospitais, lares para deficientes ou idosos, instituições educacionais, organizações que dão ajuda a países em desenvolvimento e outras agências de bem-estar social.[196][197][198] No século XIX, em todo o mundo anglo-americano, vários membros dedicados de todas as denominações protestantes foram ativos em movimentos de reforma social, como a abolição da escravatura, reformas penitenciárias e sufrágio feminino.[199][200][201] Como resposta à "questão social" do século XIX, a Alemanha, sob o chanceler Otto von Bismarck, introduziu programas de seguro que abriram caminho para o estado de bem-estar social (seguro saúde, seguro contra acidentes, seguro por invalidez, pensões por velhice). Para Bismarck, isso era "cristianismo prático".[202][203] Esses programas também foram copiados por muitas outras nações, especialmente no mundo ocidental. A Associação Cristã de Jovens foi fundada pelo congregacionalista George Williams, com o objetivo de capacitar os jovens.

Respostas católicas

Ver artigo principal: Contrarreforma
Catarina de Médici observa os corpos de protestantes após o Massacre da noite de São Bartolomeu, em 1572, o auge das Guerras Religiosas na França. Pintura francesa de 1880.

A visão da Igreja Católica é que as denominações protestantes não podem ser consideradas igrejas, mas sim que são comunidades eclesiais ou comunidades religiosas específicas, porque suas ordenanças e doutrinas não são historicamente iguais aos sacramentos e dogmas católicos, sendo que as comunidades protestantes não têm sacerdócio ministerial sacramental e, portanto, carece de verdadeira sucessão apostólica.[204][205] De acordo com o bispo Hilarion Alfeyev, a Igreja Ortodoxa Oriental compartilha da mesma opinião sobre o assunto.[206]

Ao contrário de como os reformadores protestantes foram frequentemente caracterizados, o conceito de uma Igreja católica ou universal não foi posto de lado durante a Reforma Protestante. Pelo contrário, a unidade visível da Igreja era vista pelos reformadores protestantes como uma doutrina importante e essencial da Reforma. Os reformadores magisteriais, como Martinho Lutero, João Calvino e Huldrych Zwingli, acreditavam que estavam reformando a Igreja Católica, que consideravam corrompida. Cada um deles levou muito a sério essas acusações de cisma, negando-as e afirmando que foi a Igreja Católica que lhes deixou. Os reformadores protestantes formaram uma opinião teológica nova e radicalmente diferente sobre a eclesiologia, de que a Igreja visível é "católica" ("c" minúsculo) ao invés de "Católica" ("C" maiúsculo). Consequentemente, não há um número indefinido de igrejas paroquiais, congregacionais ou nacionais, constituindo, por assim dizer, tantas individualidades eclesiásticas, mas uma grande república espiritual da qual essas várias organizações fazem parte, embora cada uma delas têm opiniões muito diferentes. Isso estava muito distante do entendimento católico tradicional e histórico de que a Igreja Católica Romana era a única e verdadeira Igreja de Cristo.

Ainda assim, no entendimento protestante, a Igreja visível não é um gênero, por assim dizer, com tantas espécies sob ela.[207] A fim de justificar sua saída da Igreja Católica, os protestantes muitas vezes postulavam um novo argumento, dizendo que não havia uma Igreja visível real com autoridade divina, apenas uma igreja espiritual, invisível e oculta - essa noção começou nos primeiros dias da Reforma Protestante. Existem protestantes, especialmente da tradição reformada, que rejeitam ou minimizam a designação protestante por causa da ideia negativa que a palavra invoca além de seu significado primário, preferindo a designação reformadoevangélico ou mesmo católicos reformados expressivos do que eles chamam de catolicismo reformado e defendendo seus argumentos das confissões protestantes tradicionais.[208]

Ecumenismo

Ver artigo principal: Ecumenismo
Colóquio de Marburg (1529) foi uma das primeiras tentativas de unir Martinho Lutero e Huldrych Zwingli. Fracassou porque os reformadores e suas delegações não puderam chegar a um acordo sobre o sacramento da Eucaristia.
A Conferência Missionária de Edimburgo é considerada o ponto de partida simbólico do movimento ecumênico contemporâneo.[209]

O movimento ecumênico influenciou as igrejas tradicionais, começando pelo menos em 1910 com a Conferência Missionária de Edimburgo. Suas origens estão no reconhecimento da necessidade de cooperação no campo missionário na África, Ásia e Oceania. Desde 1948, o Conselho Mundial de Igrejas tem sido influente, mas ineficaz na criação de uma igreja unida. Existem também órgãos ecumênicos em nível regional, nacional e local em todo o mundo; mas os cismas ainda superam em muito as unificações. Uma, mas não a única expressão do movimento ecumênico, foi o movimento para formar igrejas unidas, como a Igreja do Sul da Índia, a Igreja do Norte da Índia , a Igreja Unida de Cristo com sede nos Estados Unidos, a Igreja Unida do Canadá, a Igreja Unida na Austrália e a Igreja Unida de Cristo nas Filipinas, que têm diminuído rapidamente o número de membros. Tem havido um forte envolvimento das igrejas ortodoxas no movimento ecumênico, embora a reação de teólogos ortodoxos individuais tenha variado da aprovação provisória do objetivo da unidade cristã à condenação total do efeito percebido de diluir a doutrina ortodoxa.[210]

Um batismo protestante é considerado válido pela Igreja Católica se dado com a fórmula trinitária e com a intenção de batizar. No entanto, como a ordenação de ministros protestantes não é reconhecida devido à falta de sucessão apostólica e à desunião da Igreja Católica, todos os outros sacramentos (exceto o casamento) realizados por denominações protestantes e ministros não são reconhecidos como válidos. Portanto, os protestantes que desejam comunhão plena com a Igreja Católica não são batizados novamente (embora sejam confirmados) e os ministros protestantes que se tornam católicos podem ser ordenados ao sacerdócio após um período de estudo.

Em 1999, os representantes da Federação Luterana Mundial e da Igreja Católica assinaram a Declaração Conjunta sobre a Doutrina da Justificação, aparentemente resolvendo o conflito sobre a natureza da justificação que estava na raiz da Reforma Protestante, embora os luteranos confessionais rejeitem essa declaração.[211] Isso é compreensível, uma vez que não há nenhuma autoridade convincente dentro deles. Em 18 de julho de 2006, os delegados da Conferência Metodista Mundial votaram unanimemente para adotar a Declaração Conjunta.[212][213]

Demografia

Ver artigo principal: Protestantes por país
Países de maioria protestante em 2010.
Países por porcentagem de protestantes.

São mais de 900 milhões de protestantes em todo o mundo,[11][12][14][214][215][216][217] entre aproximadamente 2,4 bilhões de cristãos.[218][219][220] Em 2010, um total de mais de 800 milhões de pessoas, incluídos 300 milhões na África Subsaariana, 260 milhões nas Américas, 140 milhões na região Ásia-Pacífico, 100 milhões na Europa e 2 milhões no Oriente Médio e Norte da África. Os protestantes representam quase 40% dos cristãos em todo o mundo e mais de um décimo do total da população humana. Várias estimativas colocam a porcentagem de protestantes em relação ao número total de cristãos do mundo em 33%, 36%,[221] 36,7%, e 40%, enquanto em relação à população mundial em 11,6% e 13%.

Nos países europeus que foram profundamente influenciados pela Reforma, o protestantismo ainda é a religião mais praticada.[214] Isso inclui os países nórdicos e o Reino Unido.[222] Em outras fortalezas protestantes históricas, como AlemanhaPaíses BaixosSuíçaLetônia e Estônia, continua sendo uma das religiões mais populares.[223] Embora a República Tcheca tenha sido o local de um dos movimentos pré-reforma mais significativos,[224] existem apenas alguns aderentes protestantes no país;[225][226] principalmente devido a razões históricas, como perseguição aos protestantes pelos Habsburgos católicos,[227] restrições durante o regime comunista e também a secularização. Nas últimas décadas, a prática religiosa diminuiu à medida que a secularização aumentou.[228] De acordo com um estudo de 2019 sobre religiosidade na União Europeia em 2019 pelo Eurobarômetro, os protestantes representavam 9% da população da UE.[229] De acordo com o Pew Research Center, os protestantes constituíam quase um quinto (ou 18%) da população cristã do continente em 2010.[11] Clarke e Beyer estimam que os protestantes constituíam 15% de todos os europeus em 2009, enquanto Noll afirma que menos de 12% deles viviam na Europa em 2010.[216]

As mudanças no protestantismo mundial no último século foram significativas.[14][216][230] Desde 1900, o protestantismo se espalhou rapidamente na África, Ásia, Oceania e América Latina.[22][217] Isso fez com que o protestantismo fosse chamado de religião principalmente não ocidental. Grande parte do crescimento ocorreu após a Segunda Guerra Mundial, quando ocorreu a descolonização da África e a abolição de várias restrições contra os protestantes nos países latino-americanos. De acordo com uma fonte, os protestantes constituíam, respectivamente, 2,5%, 2%, 0,5% dos latino-americanos, africanos e asiáticos. Em 2000, a porcentagem de protestantes nos continentes mencionados era de 17%, mais de 27% e 6%, respectivamente. De acordo com Mark A. Noll, 79% dos anglicanos viviam no Reino Unido em 1910, enquanto a maior parte do restante foi encontrada nos Estados Unidos e em toda a Comunidade Britânica. Em 2010, 59% dos anglicanos estavam na África. Em 2010, mais protestantes viviam na Índia do que no Reino Unido ou na Alemanha, enquanto os protestantes no Brasil representavam tantas pessoas quanto os protestantes no Reino Unido e na Alemanha juntos. Quase tantos viviam na Nigéria e na China quanto em toda a Europa. A China, aliás, abriga a maior minoria protestante do mundo.[11]

Percentual de protestantes por país em 2020.

O protestantismo está crescendo na África,[22][231][232] Ásia,[233] América Latina,[234] e na Oceania,[230] enquanto está em declínio na América Anglo-Saxônica[235] e Europa,[214][236] com algumas exceções, como a França,[237] onde foi erradicado após a abolição do Édito de Nantes pelo Édito de Fontainebleau e a perseguição seguinte aos huguenotes, mas agora é considerado estável em número ou mesmo crescendo ligeiramente. De acordo com alguns, a Rússia é outro país que viu um avivamento protestante.[238][239][240]

Em 2010, as maiores famílias denominacionais protestantes eram, historicamente, denominações pentecostais (11%), anglicanas (11%), luteranas (10%), batistas (9%), igrejas unidas (uniões de diferentes denominações) (7%), presbiterianos ou reformados (7%), metodistas (3%), adventistas (3%), congregacionalistas (1%), Irmãos (1%), Exército de Salvação (<1%) e morávios (<1%). Outras denominações representaram 38% dos protestantes.[11]

Os Estados Unidos abrigam aproximadamente 20% dos protestantes.[11] De acordo com um estudo de 2012, a parcela protestante da população estadunidense caiu para 48%, encerrando assim seu status de religião majoritária pela primeira vez.[241][242] O declínio é atribuído principalmente à queda do número de membros das igrejas protestantes clássicas[243] enquanto as igrejas evangélicas protestantes e negras estão estáveis ou continuam a crescer.

Em 2050, o protestantismo deverá crescer para pouco mais da metade da população cristã total do mundo.[244] De acordo com outros especialistas como Hans J. Hillerbrand, os protestantes serão tão numerosos quanto os católicos.[245] De acordo com Mark Jürgensmeyer, da Universidade da Califórnia, o protestantismo popular é o movimento religioso mais dinâmico do mundo contemporâneo, ao lado do islamismo ressurgente.[17]

Ver também

Movimentos relacionados

Referências

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Leitura adicional

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  • Cook, Martin L. (1991). The Open Circle: Confessional Method in Theology. Minneapolis, MN: Fortress Press. xiv, 130 p. N.B.: Discusses the place of Confessions of Faith in Protestant theology, especially in Lutheranism. ISBN 0-8006-2482-3
  • Dillenberger, John e Welch, Claude (1988). Protestant Christianity, Interpreted through Its Development. Second ed. New York: Macmillan Publishing Co. ISBN 0-02-329601-1
  • Giussani, Luigi (1969), trans. Damian Bacich (2013). American Protestant Theology: A Historical Sketch. Montreal: McGill-Queens UP.
  • Grytten, Ola Honningdal. "Weber revisited: A literature review on the possible Link between Protestantism, Entrepreneurship and Economic Growth." (NHH Dept. of Economics Discussion Paper 08, 2020). online
  • Howard, Thomas A. Remembering the Reformation: an inquiry into the meanings of Protestantism (Oxford UP, 2016).
  • Howard, Thomas A. and Mark A. Noll, eds. Protestantism after 500 years(Oxford UP, 2016).
  • Leithart, Peter J. The end of Protestantism: pursuing unity in a fragmented church (Brazos Press, 2016).
  • McGrath, Alister E. (2007). Christianity's Dangerous Idea. New York: HarperOneISBN 978-0060822132
  • Nash, Arnold S., ed. (1951). Protestant Thought in the Twentieth Century: Whence & Whither? New York: Macmillan Co.
  • Noll, Mark A. (2011). Protestantism: A Very Short Introduction. Oxford: Oxford University Press
  • Hillerbrand, Hans Joachim (2004). Encyclopedia of Protestantism: 4-volume set. Oxford: Routledge – comprehensive scholarly coverage on Protestantism worldwide, current and historical; 2195pp; index in vol 4 is online
  • Melton, J, Gordon. Encyclopedia of Protestantism (Facts on File, 2005), 800 articles in 628 pp
  • Ryrie, Alec Protestants: The Radicals Who Made the Modern World (Harper Collins, 2017).
  • Ryrie, Alec "The World's Local Religion" History Today (Sept 20, 2017) on