1. COM A REGENERAÇÃO. Esta relação já foi
iniciada em certa medida. As duas palavras, “regeneração” e “conversão”, são
empregadas sinonimamente por alguns. Todavia, na teologia dos dias atuais elas
geralmente se referem a matérias diferentes, se bem que estreitamente
interrelacionadas. O princípio da nova vida implantado na regeneração vem a
expressar-se na vida consciente do pecador, quando este se converte. A mudança
efetuada na vida subconsciente, quando da regeneração, passa para a vida
consciente, na conversão. Logicamente, a conversão se segue à regeneração. Nos
casos dos que são regenerados na infância, há necessariamente uma separação
temporal das duas, mas no caso dos que são regenerados depois de atingirem os
anos da discrição, geralmente as duas coincidem. Na regeneração o pecador é
inteiramente passivo, mas na conversão ele é passivo e ativo. Aquela nunca pode
repetir-se, mas esta pode, até certo ponto, embora a conversio actualis
ocorra somente uma vez.
2. COM A VOCAÇÃO EFICAZ. A conversão é
resultado direto da vocação interna. Como um efeito no homem, a vocação interna
e o começo da conversão realmente coincidem. A situação não é bem como se Deus
chamasse o pecador e, então, este, por suas próprias forças, se voltasse para
Deus. É exatamente na vocação interna que o homem se torna cônscio do fato de
que Deus está operando nele a conversão. O homem verdadeiramente convertido
perceberá, ao longo de toda a ação, que a sua conversão é obra realizada por
Deus. Isto o distingue do homem que visa a um melhoramento moral superficial.
Este último age com as suas próprias forças.
3. COM A FÉ. Como já foi indicado, a
conversão consiste de arrependimento e fé, de sorte que a fé é realmente uma
parte da conversão. Contudo, devemos fazer distinção aqui. Há duas espécies de
fé verdadeira, cada qual tendo um objeto diferente, a saber, (a) um
reconhecimento da veracidade da revelação divina da redenção, não meramente num
sentido isolado e histórico, mas de modo tal que é vista como uma realidade que
não pode ser ignorada com impunidade, porque afeta a vida de maneira vital; e
(b) um reconhecimento e aceitação da salvação oferecida em Jesus Cristo, que é
a fé salvadora no sentido próprio da expressão. Agora, não há dúvida de que a
fé, no primeiro sentido acima, está presente na conversão, desde o início. O
Espírito Santo faz com que o pecador veja a verdade como esta é aplicável à sua
vida, de modo que ele fica sob “convicção”,
e assim se torna cônscio do seu pecado. Mas ele pode permanecer neste estágio
por algum tempo, de modo que é difícil dizer até que ponto a fé salvadora, isto
é, a confiança em Cristo para a salvação, está logo de início incluída na
conversão. Não há dúvida de que, logicamente, o arrependimento e o conhecimento
do pecado precedem a fé que leva o pecador a render-se a Cristo, cheio de
confiante amor.
QUESTIONÁRIO PARA PESQUISA: 1. Por que Beza
preferia denominar a conversão resipiscentia, em vez de poenitentia?
2. Por que o termo “arrependimento” é inadequado para expressar a idéia de
conversão? 3. Como a Concepção que Lutero tinha do arrependimento deferia da de
Calvino? 4. A
conversão é sempre precedida pela “convicção do pecado”? 5. Podemos falar em
graça proveniente, relativamente à conversão? 6. A conversão é um ato
instantâneo, ou um processo? 7. Que se quer dizer com a expressão “conversão
diária”? 8. Qual é o conceito válido da necessidade da conversão? 9. A pregação baseada na
aliança tem a tendência de silenciar o chamamento para a conversão? 10. Qual a
concepção metodista da conversão? 11. São recomendáveis os métodos das reuniões
de avivamento? 12. Que dizer do caráter duradouro das conversões das quais os
seus participantes se ufanam? 13. As estatísticas da psicologia da conversão
dão-nos alguma informação sobre esse ponto?
BIBLIOGRAFIA PARA CONSULTA: Bavinck, Geref.
Dogm. IV, p. 127-181; Kuyper, Dict. Dogm., De Salute, p.
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Psychology of the Christian Soul, p. 142-298; Hughes, The New Psychology
and Religious Experience, p. 213-241; Snowden, The Psychology of
Religion, p. 143-199.
(Teologia Sistemática – Louis Berkhof.
Pg. 491)