A Igreja Presbiteriana Vida Nova em Cristo é uma igreja reformada e confessional. Conforme Romanos 10.9,10, o que cremos no coração confessamos com a boca.
O Catecismo de Heidelberg tornou-se ampla e favoravelmente conhecido nos Países Baixos quase imediatamente após sair das prensas, principalmente pelos esforços de Pedro Dathenus, que o traduziu para o holandês e o acrescentou à sua versão do Saltério de Genebra, publicando-o em 1566. No mesmo ano Pedro Gabriel deu o exemplo, explicando-o à sua congregação em Amsterdã nos sermões das tardes de domingo. Os Sínodos Nacionais do século dezesseis o adotou como uma das Formas de Unidade, requerendo dos seus oficiais eclesiásticos que o subscrevessem e que os seus ministros o explicassem às igrejas. Essas exigências foram fortemente enfatizadas pelo grande Sínodo de Dort de 1618/1619.O Catecismo de Heidelberg tem sido traduzido em muitas línguas e é o mais influente e o mais geralmente aceito dos di- versos catecismos dos dias da Reforma.
R. Que não pertenço a mim mesmo,1 mas pertenço de corpo e alma, tanto na vida quanto na morte,2 ao meu fiel Salvador Jesus Cristo.3 Ele pagou completamente todos os meus pecados com o Seu sangue precioso4 e libertou-me de todo o domínio do diabo.5 Ele também me guarda de tal maneira6 que sem a vontade do meu Pai celeste nem um fio de cabelo pode cair da minha cabeça;7 na verdade, todas as coisas cooperam para a minha salvação.8 Por isso, pelo Seu Espírito Santo, Ele também me assegura a vida eterna9 e faz-me disposto e pronto de coração para viver para Ele de agora em diante.10
1. 1Co 6.19, 20. 2. Rm 14.7-9. 3. 1Co 3.23; Tt 2.14. 4. 1Pe 1.18, 19; 1Jo 1.7; 2.2. 5. Jo 8.34-36; Hb 2.14, 15; 1Jo 3.8. 6. Jo 6.39, 40; 10.27-30; 2Ts 3.3; 1Pe 1.5. 7. Mt 10.29-31; Lc 21:16-18. 8. Rm 8.28. 9. Rm 8.15, 16; 2Co 1.21, 22; 5.5; Ef 1.13, 14. 10. Rm 8:14
P.2. O que é que você precisa saber para viver e morrer nessa consolação?
R. Primeiro, como são grandes meus pecados e miséria;1 segundo, de que modo sou liberto de todos os meus pecados e miséria;2 terceiro, de que modo devo ser grato a Deus por uma tal libertação.3
1. Rm 3.9, 10; 1Jo 1:10. 2. Jo 17.3; At 4.12; 10.43. 3. Mt 5.16; Rm 6.13; Ef 5.8-10; 1Pe 2.9, 10.
R. Pela lei de Deus.1 1. Rm 3.20; 7.7-25.
P.4. O que a lei de Deus exige de nós?
R. É isso o que Cristo nos ensina resumidamente em Mateus 22.37-40: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento.1 Este é o grande e primeiro mandamento. O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas2”.
1. Dt 6.5. 2. Lv 19.18.
P.5. Você consegue guardar tudo isso perfeitamente?
R. Não.1 Sou, por natureza, inclinado a odiar a Deus e ao meu próximo.2
1. Rm 3.10, 23; 1Jo 1.8, 10. 2. Gn 6.5; 8.21; Jr 17.9; Rm 7.23; 8.7; Ef 2.3; Tt 3.3.
R. Não, pelo contrário, Deus criou o homem bom1 e à Sua imagem,2 isso é, em verdadeira justiça e santidade,3 de modo que ele pudesse conhecer corretamente a Deus, o seu Criador,4 amá-lO de coração, e viver com Ele em eterna felicidade para O louvar e glorificar.5
1. Gn 1.31. 2. Gn 1.26, 27. 3. Ef 4.24. 4. Cl 3.10 5. Sl 8. 52
P.7. De onde veio, então, a natureza corrompida do homem?
R. Da queda e desobediência dos nossos primeiros pais, Adão e Eva, no Paraíso.1 Ali a nossa natureza tornou-se corrupta2 de tal modo que somos todos concebidos e nascidos em pecado.3
1. Gn 3. 2. Rm 5.12, 18, 19. 3. Sl 51.5.
P.8. Mas, somos tão corruptos que não somos capazes de fazer bem algum e somos inclinados a todo o mal?
R. Sim,1 a menos que sejamos gerados novamente pelo Espírito de Deus.2
1. Gn 6.5; 8.21; Jó 14.4; Is 53.6. 2. Jo 3.3-5.
R. Não, pois Deus criou o homem de tal forma que ele era capaz de a cumprir.1 Mas o homem, sob a instigação do diabo,2 em desobediência deliberada,3 privou a si mesmo e a todos os seus descendentes destes dons.4
1. Gn 1.31. 2. Gn 3.13; Jo 8.44; 1Tm 2.13, 14. 3. Gn 3.6. 4. rm 5.12, 28, 19.
P.10. Permitiria Deus que uma tal desobediência e apostasia ficasse sem castigo?
R. Certamente que não, pois tanto o nosso pecado original quanto os nossos pecados presentes O deixam terrivelmente irado. Por isso Ele os castigará com justo juízo agora e eternamente,1 conforme declarou:2 “Maldito todo aquele que não permanece em todas as coisas escritas no Livro da lei, para praticálas” (Gl 3.10).
1. Gn 2.17; Ex 34.7; Sl 5.4-6; 7.11; Na 1.2; Rm 1.18; 5.12; Ef 5.6 Hb 9.27. 2. 27.26. 53
P.11. Mas Deus não é também misericordioso?
R. Deus é verdadeiramente misericordioso,1 mas também é justo.2 A Sua justiça requer que o pecado cometido contra a Sua suprema majestade seja castigado também com a pena mais severa, quer dizer, com o eterno castigo do corpo e da alma.3
1. Ex 20.6; 34.6, 7; Sl 103.8, 9. 2. Ex 20.5; 34.7; Dt 7.9-11; Sl 5.4-6; Hb 10.30, 31. 3. Mt 25.45, 46.
R. Deus requer que a Sua justiça seja satisfeita.1 Por isso, nós mesmos devemos satisfazer essa justiça completamente, ou um outro por nós.2
1. Ex 20.5; 23.7; Rm 2:1-11. 2. Is 53.11; Rm 8.3, 4.
P.13. Podemos, nós mesmos, satisfazer essa justiça?
R. Certamente que não. Pelo contrário, todos os dias aumentamos a nossa dívida.1
1. Sl 130.3; Mt 6.12; Rm 2.4, 5.
P.14. Qualquer mera criatura pode satisfazê-la por nós?
R. Não. Em primeiro lugar, Deus não vai castigar uma outra criatura pelo pecado que o homem cometeu.1 Além disso, não há criatura que possa suportar o peso da ira eterna de Deus contra o pecado, nem libertar outros dessa ira.2 1. Ez 18.4, 20; Hb 2.14-18. 2. Sl 130.3; Na 1.6.
P.15. Que tipo de mediador e libertador temos que buscar?
R. Alguém que seja homem verdadeiro1 e justo,2 e mais pode- roso que todas as criaturas; isso é, alguém que seja ao mesmo tempo Deus verdadeiro.3
1. 1Co 15.21; Hb 2.17. 2. Is 53.9; 2Co 5.21; Hb 7.26. 3. Is 7.14; 9.6; Jr 23.6; Jo 1.1; Rm 8.3, 4.
R. Tem de ser homem verdadeiro, pois a justiça de Deus exige que a mesma natureza humana que pecou pague pelo pecado.1 Tem de ser homem justo pois alguém que, por natureza, já é pecador, não pode pagar pelos pecados dos outros.2 1. Rm 5.12, 15; 1Co 15.21; Hb 2.14-16. 2. Hb 7.26, 27; 1Pe 3.18.
P.17. Por que ele tem de ser, ao mesmo tempo, Deus verdadeiro?
R. Ele tem de ser Deus verdadeiro para que, pelo poder da Sua natureza Divina,1 possa suportar em sua natureza humana o peso da ira de Deus2 e, conquistar e restituir para nós a justiça e a vida.3
1.Is 9.6. 2. Dt 4.24; Na 1.6; Sl 130.3. 3. Is 53.5, 11; Jo 3.16; 2Co 5.21.
P.18. Mas, que Mediador é esse que é, ao mesmo tempo, Deus verdadeiro e homem verdadeiro e justo?
R. O nosso Senhor Jesus Cristo,1 “o qual se nos tornou, da parte de Deus, sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção” (1Co 1.30).
1. Mt 1.21-23; Lc 2.11; 1Tm 2.5; 3.16.
P.19. Como você sabe disso?
R. Pelo santo evangelho, revelado pela primeira vez no Paraíso pelo próprio Deus.1 O qual o fez proclamar depois pelos patriarcas2 e profetas,3 e prefigurar, como sombras, pelos sacrifícios e outras cerimônias da lei.4 Fazendo-o, por fim, ser cumprido por meio do Seu único Filho.5
1. Gn 3.15. 2. Gn 12.3; 22.18; 49.10. 3. Is 53; Jr 23.5, 6; Mc 7.18-20; At 10.43; Hb 1.1 4. Lv 1-7; Jo 5.46; Hb 10.1-10. 5. Rm 10.4; Gl 4.4, 5; Cl 2.17.
R. Não.1Só estão salvos os que, pela verdadeira fé, foram enxertados em Cristo e aceitaram todos os Seus benefícios.2
1. Mt 7 .14; Jo 1.12; 3.16, 18, 36; Rm 11.16-21.
P.21. O que é a verdadeira fé?
R. A verdadeira fé é a convicção com que aceito como verdade tudo aquilo que Deus nos revelou em Sua Palavra.1 É também a firme certeza2 de que Deus garantiu — não só aos outros como também a mim3 — perdão de pecados, justiça eterna, e salvação4 por pura graça e somente pelos méritos de Cristo.5 O Espírito Santo realiza essa fé em meu coração por meio do evangelho.6
1. Jo 17.3, 17; Hb 11.1-3; Tg 2.19. 2. Rm 4.18-21; 5.1; 10.10; Hb 4.16. 3. Gl 2.20 4. Rm 1.17; Hb 10.10. 5. Rm 3.20-26; Gl 2.16; Ef 2.8-10. 6. At 16.14; Rm1.16; 10.17; 1Co 1.21.
P.22. Então, no que o cristão tem de acreditar?
R. Em tudo que nos está prometido no evangelho,1 e que nos são ensinados resumidamente pelo artigos da nossa fé cristã universal e indubitável.
1. Mt 28.19; Jo 20.30, 31.
P.23. Que artigos são esses?
R.
1. Creio em Deus Pai, Todo-poderoso, Criador do céu e da terra.
2. em Jesus Cristo, Seu unigênito Filho, nosso Senhor,
3. o qual foi concebido por obra do Espírito Santo; nasceu da virgem Maria;
4. padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos, foi crucificado, morte e sepultado; desceu ao inferno;
5. ressurgiu dos mortos ao terceiro dia;
6. subiu ao céu; está assentado à mão direita de Deus Pai Todo-poderoso,
7. de onde há de vir para julgar os vivos e os mortos.
8. Creio no Espírito Santo;
9. na santa Igreja universal; na comunhão dos santos;
10. na remissão dos pecados;
11. na ressurreição do corpo;
12. na vida eterna.
R. Em três partes. — a primeira é sobre Deus o Pai e a nossa criação; — a segunda é sobre Deus o Filho e a nossa redenção;— a terceira é sobre Deus o Espírito Santo e a nossa santificação.
P.25. Por que é que você fala em três Pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo; visto que só existe um único Deus?
1 R. Porque o próprio Deus se revelou de tal maneira em Sua Palavra2 que essas três Pessoas distintas são o único, verdadeiro e eterno Deus.
1. Dt 6.4; Is 44.6; 45.5; 1Co 8.4, 6. 2. Gn 1.2, 3; Is 61.1; 63.8-10; Mt 3.16, 17; 28.18, 19; Lc 4.18; Jo 14.26; 15.26; 2Co 13.14; Gl 4.6; Tt 3.5, 6.
R. Creio que o eterno Pai do nosso Senhor Jesus Cristo, que criou do nada o céu e a terra e tudo o que neles há,1 e também os sustenta e governa por Seu conselho e providência eternos,2 é o meu Deus e o meu Pai, por causa do Seu Filho Cristo.3 Creio nEle tão completamente que não tenho nenhuma dúvida de que Ele me suprirá de tudo que é necessário ao corpo e à alma,4 e que também converterá em bem para mim toda a adversidade que me enviar nessa vida conturbada.5 Ele assim pode fazer porque é Deus Todo-Poderoso,6 mas o quer fazer, porque é Pai Fiel.7
1. Gn 1; 2; Ex 20.11; Jó 38; 39; Sl 33.6; Is 44.24; At 4.24; 14.15. 2. Sl 104.27-30; Mt 6.30; 10.29; Ef 1.11. 3. Jo 1.12, 13; Rm 8.15, 16; Gl 4.4-7; Ef 1.5. 4. Sl 55.22; Mt 6.25, 26; Lc 12.22-31. 5. Rm 8.28. 6. Gn 18.14; Rm 8.31-39. 7. Mt 6.32, 33; 7.9-11.
R. A providência de Deus é o Seu onipotente e onipresente poder,1 por meio do qual, com as Sua mãos, Ele sustenta continuamente o céu e a terra e todas as criaturas,2 governando-os de tal modo que ervas e plantas, chuva e seca, abundância e escassez, comida e bebida, saúde e doença, riqueza e pobreza,3 todas as coisas na verdade, não nos vêm por acaso4 mas procedem da Sua mão paternal.5
1. Jr 23.23, 24; At 17.24-28. 2. Hb 1.3 3. Jr 5.24; At 14.15-17; Jo 9.3; Pv 22.2. 4. Pv 16.33. 5. Mt 10.29.
P.28. Que benefício há em sabermos que Deus criou todas as coisas e que continuamente as sustenta pela Sua providência?
R. Podemos ser pacientes na adversidade,1 agradecidos na prosperidade2 e podemos, quanto ao futuro, confiar firmemente em nosso Deus e Pai fiel, porque criatura alguma poderá nos separar do Seu amor;3 pois todas elas estão de tal modo em Sua mão que sem a Sua vontade, elas não podem nem mesmo se mover.4
1. Jó 1.21, 22; Sl 39.10; Tg 1.3 2. Dt 8.10; 1Ts 5.18. 3. Sl 55.22; Rm 5.3-5; 8.38, 39. 4. Jó 1.12; 2.6; Pv 21.1; At 17.24-28.
R. Porque Ele nos salva de todos os nossos pecados,1 e porque em ninguém mais devemos buscar ou podemos encontrar salvação.2
1. Mt 1.21; Hb 7.25. 1. Is 43.11; Jo 15.4, 5; At 4.11, 12; 1Tm 2.5.
P.30. Aqueles que buscam com fervor a sua salvação ou bem-estar nos santos, em si mesmos ou em outra coisa qualquer, também crêem no único Salvador Jesus?
R. Não. Embora gloriem-se nEle com palavras, eles na verdade negam a Jesus como o único Salvador.1 Pois das duas coisas, só uma é verdadeira: ou Jesus é um Salvador incompleto, ou aqueles que pela verdadeira fé aceitam esse Salvador têm que achar nEle tudo que é necessário para a sua salvação.2
1. 1Co 1.12, 13; Gl 5.4 2. Cl 1.19, 20; 2.10; 1Jo 1.7.
R. Porque Ele foi ordenado por Deus o Pai, e ungido com o Espírito Santo,1 para ser o nosso supremo Profeta e Mestre,2 que nos revelou completamente o propósito secreto e a vontade de Deus quanto à nossa redenção;3 nosso único Sumo Sacerdote4 o qual por um único sacrifício do Seu corpo nos remiu,5 e intercede continuamente por nós diante do Pai;6 e nosso Rei eterno,7 que nos governa pela Sua Palavra e por Seu Espírito, e que nos defende e preserva na redenção que para nós conquistou.8
1. Sl 45.7 (Hb 1.9); Is 61.1 (Lc 4.18); Lc 3.21, 22. 2. Dt 18.15 (At 3.22) 3. Jo 1.18; 15.15. 4. Sl 110.4 (Hb 7.17). 5. Hb 9.12; 10.11-14. 6. Rm 8.34; Hb 9.24; 1Jo 2.1. 7. Zc 9.9 (Mt 21.5); Lc 1.33. 8. Mt 28.18-20; Jo 10.28. Ap 12.10, 11.
P.32. Por que é que você é chamado de cristão?
R. Porque, pela fé, sou membro de Cristo e por isso partilho da Sua unção,2 para poder como profeta confessar o Seu nome;3 como sacerdote apresentar a mim mesmo como sacrifício vivo de gratidão a Ele;4 como rei, de livre e boa consciência, combater o pecado e o diabo nessa vida5 e no porvir reinar eternamente com Ele sobre todas as criaturas.6
1. 1Co 12.12-27. 2. Jl 2.28 (At 2.17); 1Jo 2.27. 3. Mt 10.32; Rm 10.9, 10; Hb 13.15. 4. Rm 12.1; 1Pe 2.5, 9. 5. Gl 5.16, 17; Ef 6.11; 1Tm 1.18, 19. 6. Mt 25.34; 2Tm 2.12.
R. Porque somente Cristo é o eterno e natural Filho de Deus.1 Nós, contudo, somos filhos de Deus por adoção, pela graça, por causa de Cristo.2
1. Jo 1.1-3, 14, 18; 3.16; Rm 8.32; Hb 1; 1Jo 4.9. 2. Jo 1.12; Rm 8.14-17; Gl 4.6; Ef 1.5, 6.
P.34. Por você O chama de “nosso Senhor”?
R. Porque Ele nos comprou e nos resgatou, o corpo e a alma,1 de todos os nossos pecados — não com ouro nem prata, mas com o Seu precioso sangue2 — e nos libertou de todo o domínio do diabo para nos tornar Sua possessão.3
1. 1Co 6.20; 1Tm 2.5, 6. 2. 1Pe 1.18, 19. 3. Cl 1.13, 14; Hb 2.14, 15.
R. O eterno Filho de Deus, o qual é e permanece Deus verdadeiro e eterno,1 tomou sobre Si a verdadeira natureza humana da carne e do sangue da virgem Maria,2 pela operação do Espírito Santo.3 Por isso, Ele é também a verdadeira semente de Davi,4 semelhante a Seus irmãos em tudo,5 porém, sem pecado.6
1. Jo 1.1; 10.30-36; Rm 1.3; 9.5; Cl 1.15-17; 1Jo 5.20. 2. Mt 1.18-23; Jo 1.14; Gl 4.4; Hb 2.14. 3. Lc 1.35 4. 2 Sm 7.12-16; Sl 132.11; Mt 1.1; Lc 1.32; Rm 1.3. 5. Fl 2.7; Hb 2.17. 6. Hb 4.15; 7.26, 27.
P.36. Que benefício você recebe de Cristo ter sido concebido e nascido sem pecado?
R. Ele é o nosso Mediador,1 e com a Sua inocência e perfeita santidade cobre aos olhos de Deus o meu pecado, no qual fui concebido e nascido.2
1. 1Tm 2.5, 6; Hb 9.13-15. 2. Rm 8.3, 4; 2Co 5.21; Gl 4.4, 5; 1Pe 1.18, 19.
R. Durante todo o tempo em que viveu sobre a terra, e especialmente no final, Cristo suportou no corpo e na alma a ira de Deus contra o pecado de toda a raça humana.1 Assim, por Seu sofrimento, como o único sacrifício de expiação,2 Ele redimiu o nosso corpo e a nossa alma da condenação eterna3 e conquistou para nós a graça de Deus, a justiça e a vida eterna.4
1. Is 53; 1Tm 2.6; 1Pe 2.24; 3.18. 2. Rm 3.25; 1Co 5.7; Ef 5.2; Hb 10.14; 1Jo 2.2; 4.10. 3. Rm 8.1-4; Gl 3.13; Cl 1.13; Hb 9.12; 1Pe 1.18, 19. 4. Jo 3.16; Rm 3.24-26; 2Co 5.21; Hb 9.15.
P.38. Por que Ele “padeceu sob” o julgamento de “Pôncio Pilatos?”
R. Embora inocente, Cristo foi condenado por um juiz terreno,1 e assim Ele nos livrou do severo juízo de Deus que haveria de cair sobre nós.2
1. Lc 23.13-24; Jo 19.4, 12-16. 2. Is 53.4, 5; 2Co 5.21; Gl 3.13.
P.39. Há algum sentido especial em Cristo ter sido crucificado e não ter morrido de outro modo?
R. Sim. Por causa disso tenho a certeza de que Ele levou sobre Si a maldição que estava sobre mim, pois quem era crucificado era maldito de Deus.1
1. Dt 21.23; Gl 3.13. 62
R. Por causa da justiça e da verdade de Deus1 a satisfação pelos nossos pecados não poderia ocorrer de outra forma senão pela morte do Filho de Deus.2
1. Gn 2.17. 2. Rm 8.3; Fl 2.8; Hb 2.9, 14, 15.
P.41. Por que foi Ele “sepultado”?
R. O Seu sepultamento testifica que Ele realmente morreu.1
1. Is 53.9; Jo 19.38-42; At 13.29; 1Co 15.3, 4.
P.42. Se Cristo morreu por nós, por que ainda temos que morrer?
R. A nossa morte não é o pagamento pelos nossos pecados,1 mas ela põe fim aos nossos pecados e é a entrada para a vida eterna.2
1. Mc 8.37; 2. Jo 5.24; Rm 7.24, 25; Fp 1.23.
P.43. Que outros benefícios recebemos do sacrifício e morte de Cristo na cruz?
R. Pela morte de Cristo a nossa velha natureza é crucificada, morta e sepultada com Ele,1 para que os desejos malignos da carne não reinem mais sobre nós2 e possamos nos ofertar a Ele como sacrifício de gratidão.3
1. Rm 6.5-11; Cl 2.11-12. 2. Rm 6.12-14. 3. Rm 12.1; Ef 5.1, 2.
P.44. Por que razão se acrescenta: “desceu ao inferno”?
R. A angústia, a dor, o terror e a agonia indizíveis que Cristo suportou em todos os Seus sofrimentos1 — especialmente na cruz — dão-me a certeza e a consolação de que, por maiores que sejam as minhas tristezas e tentações, Ele me livrou da angústia e do tormento do inferno.2
1. Sl 18.5, 6; 116.3; Mt 26.36-46; 27.45, 46; Hb 5.7-10. 2. Is 53.
R. Primeiro: pela ressurreição Ele venceu a morte, para nos tornar participantes da justiça que Ele conquistou para nós pela Sua morte.1 Segundo: pelo Seu poder nós também somos ressuscitados para uma vida nova.2 Terceiro: a ressurreição de Cristo é, para nós, a garantia da nossa ressurreição gloriosa.3
1. Rm 4.25; 1Co 15.16-20; 1Pe 1.3-5. 2. Rm 6.5-11; Ef 2.4-6; Cl 3.1-4. 3. Rm 8.11; 1Co 15.12-23; Fl 3.20, 21.
R. Que Cristo, à vista dos Seus discípulos, foi levado da terra ao céu,1 e que lá está para o nosso benefício2 até que venha novamente para julgar os vivos e os mortos.3
1. Mc 16.19; Lc 24.50, 51; At 1.9-11. 2. Rm 8.34; Hb 4.14; 7.23-25; 9.24. 3. Mt 24.30; At 1.11.
P.47. Quer dizer, então, que Cristo não está conosco até a consumação dos séculos, conforme Ele nos havia prometido?
1 R. Cristo é verdadeiro homem e verdadeiro Deus. Segundo Sua natureza humana, Ele não está mais na terra,2 mas segundo a Sua natureza divindade, majestade, graça e Espírito, Ele jamais se ausentou de nós.3
1 Mt 28.20. 2. Mt 26.11; Jo 16.28; 17.11; At 3.19-21; Hb 8.4. 3. Mt 28.18-20; Jo 14.16-19; 16.13.
P.48. Mas, se a natureza humana não estiver presente onde quer que a natureza Divina esteja, não estariam as duas naturezas de Cristo separadas uma da outra?
R. De maneira nenhuma, pois a Sua Divindade é ilimitada e está presente em toda parte.1 Por isso, conclui-se que apesar da Sua natureza Divina ultrapassar a natureza humana que Ele assumiu, ela está dentro dessa natureza humana e a ela permanece unida como pessoa.2
1. Jr 23.23, 24; At 7.48, 49. 2. Jo 1.14; 3.13; Cl 2.9.
P.49. De que modo somos abençoados com a ascensão de Cristo ao céu?
R. Primeiro: Ele é o nosso Advogado no céu diante do Pai.1 Segundo: temos a nossa carne no céu como a garantia segura de que Ele, o nosso Cabeça, também nos levará para Si, como membros Seus.2 Terceiro: Ele nos enviou o Seu Espírito como garantia,3 pelo poder do qual buscamos as coisas do alto — onde Cristo está assentado à direita de Deus — e não as que são da terra.4
1. Rm 8.34; 1Jo 2.1. 2. Jo 14.2; 17.24; Ef 2.4-6. 3. Jo 14.16; At 2.33; 2Co 1.21, 22; 5.5; Ef 1.13,14 4. Cl 3.1-4.
R. Cristo ascendeu ao céu para manifestar-se lá como o Cabeça da Sua igreja,1 por meio de quem o Pai governa todas as coisas.2
1. Ef 1.20-23; Cl 1.18. 2. Mt 28.18; Jo 5.22, 23.
P.51. Que benefício tem para nós esta glória de Cristo, o nosso Cabeça?
R. Primeiro: pelo Seu Espírito Santo Ele derrama sobre nós, Seus membros, os dons celestiais.1 Segundo: pelo Seu poder Ele nos defende e preserva de to- dos os inimigos.2
1. At 2.33; Ef 4.7-12. 2. Sl 2.9; 110.1, 2; Jo 10.27-30; Ap 19.11-16.
P.52. Que consolo lhe dá o fato de que Cristo “há de vir para julgar os vivos e os mortos”?
R. Que em todas as minhas aflições e perseguições eu de cabeça erguida e cheio de ânimo espero vir do céu, como juiz, Aquele mesmo que antes se submeteu ao juízo de Deus por minha causa, e removeu de sobre mim toda a maldição.1 Ela lançará todos os Seus e meus inimigos na condenação eterna, mas levará para Si mesmo, para o gozo e glória celestiais, a mim e a todos os Seus escolhidos.2
1. Lc 21.28; Rm 8.22-25; Fl 3.20, 21; Tt 2.13, 14. 2. Mt 25.31-46; 1Ts 4.16, 17; 2Ts 1.6-10.
R. Primeiro: Creio que Ele é verdadeiro e eterno Deus, juntamente com o Pai e o Filho.1 Segundo: Creio que Ele foi dado também a mim2 para — pela verdadeira fé — me tornar participante de Cristo e de todos os Seus benefícios,3 para me consolar4 e para permanecer comigo para sempre.5
1. Gn 1.1, 2; Mt 28.19; At 5.3, 4; 1Co 3.16. 2. 1Co 6.19; 2Co 1.21, 22; Gl 4.6; Ef 1.13. 3. Gl 3.14; 1Pe 1.2. 4. Jo 15.26; At 9.31. 5. Jo 14.16, 17; 1Pe 4.14.
R. Creio que o Filho de Deus,1 desde o começo até o fim do mundo,2 reúne para Si mesmo,3 de entre todo o gênero humano,4 uma igreja eleita para a vida eterna5 a qual protege e preserva na unidade da verdadeira fé6 pelo Seu Espírito e pela Sua Palavra.7 E creio que eu sou8 e serei para sempre um membro vivo dela.9
1. Jo 10.11; At 20.28; Ef 4.11-13; Cl 1.18. 2. Is 59.21; 1Co 11.26. 3. Sl 129.1-5; Mt 16.18; Jo 10.28-30. 4.Gn 26.4; Ap 5.9. 5.Rm 8.29; Ef 1.3-14. 6. At 2.42-47; Ef 4.1-6. 7. Rm 1.16; 10.14-17; Ef 5.26. 8. 1Jo 3.14, 19-21. 9. Sl 23.6; Jo 10.27, 28; 1Co 1.4-9; 1Pe 1.3-5.
P.55. O que você crê sobre a “comunhão dos santos”?
R. Primeiro: creio que todos os crentes, juntos e cada um em particular, como membros de Cristo, têm comunhão com Ele e participam de todos os Seus tesouros e dons.1 Segundo: creio que cada um têm o dever de usar os seus dons com disposição e alegria para o benefício e o bem-estar dos outros membros.2
1. Rm 8.32; 1Co 6.17; 12.4-7, 12, 13; 1Jo 1.3 2. Rm 12.4-8; 1Co 12.20-27; 13.1-7; Fl 2.4-8.
P.56. O que você crê sobre a “remissão dos pecados”?
R. Creio que Deus, por causa da satisfação que Cristo realizou, não se lembrará mais dos meus pecados1 nem da minha natu- reza pecaminosa, contra a qual devo lutar durante toda a mi- nha vida,2 mas me concederá graciosamente a justiça de Cristo, para que eu jamais entre em condenação.3
1. Sl 103.3, 4, 10, 12; Mq 7.18, 19; 2Co 5.18-21; 1Jo 1.7; 2.2. 2. Rm 7.21-25. 3. Jo 3.17, 18; 5.24; Rm 8.1, 2.
R. Que depois dessa vida, não apenas a minha alma será levada imediatamente para Cristo, meu Cabeça,1 mas que também essa minha carne, ressuscitada pelo poder de Cristo, será reunida à minha alma e feita à semelhança do corpo glorioso de Cristo.2
1. Lc 16.22; 23.43; Fl 1.21-23. 2. Jó 19.25, 26; 1Co 15.20, 42-46, 54; Fl 3.21; 1Jo 3.2.
P.58. Que consolação lhe traz o artigo sobre a “vida eterna”?
R. Já agora sinto em meu coração o princípio do gozo eterno,1 pois depois dessa vida obterei a perfeita bem-aventurança que o olho jamais viu, nem o ouvido ouviu, nem o coração huma- no pode conceber. Uma bem-aventurança para se louvar a Deus eternamente.2
1. Jo 17.3; Rm 14.17; 2Co 5.2, 3. 2. Jo17.24; 1Co 2.9.
R. O proveito é que em Cristo sou justo diante de Deus e herdeiro da vida eterna.1
1. Hc 2.4; Jo 3.36; Rm 1.17; 5.1, 2.
P.60. Como é que você é justo diante de Deus?
R. Somente pela verdadeira fé em Jesus Cristo.1 Embora a minha consciência me acuse de haver pecado gravamente contra os mandamentos de Deus, sem jamais haver obedecido a todos eles,2 e de ainda ser inclinado a todo o mal,3 Deus, no entanto, sem que houvesse em mim nenhum mérito próprio,4 somente pela Sua graça,5 imputa-me a perfeita satisfação, justiça e santidade de Cristo.6 Se tão-somente aceitar esse dom crendo fielmente com o coração,7 Ele me concede isso como se eu jamais tivesse tido ou cometido nenhum pecado, e como se eu mesmo tivesse cumpri- do toda a obediência que Cristo cumpriu por mim.8
1. Rm 3.21-28; Gl 2.16; Ef 2.8, 9; Fl 3.8-11. 2. 3.9, 10. 3. Rm 7.23. 4. Dt 9.6; Ez 36.22; Tt 3.4, 5. 5. Rm 3.24; Ef 2.8. 6. Rm 4.3-5; 2Co 5.17-19; 1Jo 2.1, 2. 7. Jo 3.18; At 16.30, 31; Rm 3.22. 8. Rm 4.24, 25; 2Co 5.21.
P.61. Por quê você diz que é justo somente pela fé?
R. Eu o digo não porque sou agradável a Deus graças ao valor da minha fé, pois somente a satisfação, a justiça e santidade de Cristo é a minha justiça diante de Deus.1 É somente pela fé que posso receber e fazer dessa justiça a minha própria justiça.2
1. 1Co 1.30, 31; 2.2. 2. Rm10.10; 1Jo 5.10-12.
R. Porque a justiça que pode subsistir diante do juizo de Deus deve ser absolutamente perfeita e totalmente de acordo com a Sua lei,1 enquanto até mesmo as nossas melhores obras nesta vida são todas imperfeitas e contaminadas com o pecado.2
1. Dt 27.26; Gl 3.10. 2. Is 64.6.
P.63. Se as nossas boas obras não merecem nada, por que Deus promete recompensá-las nesta vida e na futura?1
R. Essa recompensa não é por mérito, mas é um dom de graça.2
1. Mt 5.12; Hb 11.6. 2. Lc 17.10; 2 Tm 4.7, 8.
P.64. Esse ensinamento não torna as pessoas descuidadas e ímpias?
R. Não. É impossível que os que são enxertados em Cristo pela verdadeira fé não produzam fruto de gratidão.1
1. Mt 7.18; Lc 6.43-45; Jo 15.5.
R. Vem do Espírito Santo,1 que a opera em nossos corações pela pregação do evangelho,2 e a fortalece pelo uso dos sacramentos.3
1. Jo 3.5; 1Co 2.10-14; Ef 2.8; Fl 1.29. 2. Rm 10.17; 1Pe 1.23-25. 3. Mt 28.19, 20; 1Co 10.16.
P.66. O que são sacramentos?
R. Os sacramentos são sinais e selos santos e visíveis. Foram instituídos por Deus para que pelo uso deles Ele pudesse, o mais claramente possível, nos declarar e selar a promessa do evangelho.1 E esta é a promessa: que Deus nos concede graciosamente perdão de pecados e vida eterna por causa dos sacrifícios de Cristo ofertado na cruz.2
1. Gn 17.11; Dt 30.6; Rm 4.11. 2. Mt 26.27, 28; At 2.38; Hb 10.10.
P.67. Então, tanto a Palavra quanto os sacramentos têm por objetivo direcionar a nossa fé para o sacrifício de Jesus Cristo na cruz, como a única base para a nossa salvação?
R. Sim, de fato. O Espírito Santo nos ensina no Evangelho e nos garante pelos sacramentos que toda a nossa salvação baseia-se no sacrifício único de Cristo por nós na cruz.1
1. Rm 6.3; 1Co 11.26; Gl 3.27. 70
P.68. Quantos sacramentos Cristo instituiu na nova aliança?
R. Dois: O santo batismo e a santa ceia.1
1. Mt 28.19, 20; 1Co 11.23-26.
R. Do seguinte modo: Cristo instituiu esse lavar exterior1 e deu com ele a promessa de que, tão certo quanto a água remove a sujeira do corpo, assim também o Seu sangue e Espírito removem a impureza da minha alma, isto é, todos os meus pecados.2
1. Mt 28.19. 2. Mt 3.11; Mc 16.16; Jo 1.33; At 2.38; Rm 6.3, 4; 1Pe 3.21.
P.70. Que significa ser lavado com o sangue e o Espírito de Cristo?
R. Ser lavado com o sangue de Cristo significa receber de Deus o perdão de pecados, por meio da graça, por causa do sangue de Cristo derramado por nós em Seu sacrifício na cruz.1 Ser lavado com o Seu Espírito significa ser renovado pelo Espírito Santo e santificado para sermos membros de Cristo, para que morramos mais e mais para o pecado e vivamos uma vida santa e irrepreensível.2
1. Ez 36.25; Zc 13.1; Ef 1.7; Hb 12.24; 1Pe 1.2; Ap 1.5; 7.14. 2. Jo 3.5-8; Rm 6.4; 1Co 6.11; Cl 2.11, 12.
P.71. Onde Cristo prometeu que nos lavaria com o Seu sangue e Espírito tão certo quanto somos lavados com a água do batismo?
R. Na instituição do batismo, onde Ele afirma: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando- os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” (Mt 28.19).“Quem crer e for batizado será salvo; quem, porém, não crer será condenado” (Mc 16.16). Essa promessa se repete onde a Escritura chama o batismo de lavar regenerador e de purificação dos pecados (Tt 3.5; At 22.16).
R. Não, somente o sangue de Jesus Cristo e o Espírito Santo nos purificam de todo o pecado.1
1. Mt 3.11; 1Pe 3.21; 1 Jo 1.7.
P.73. Então, por que o Espírito Santo chama o batismo de “lavar regenerador” e de “purificação de pecados”?
R. Deus fala assim por uma razão importante. Ele nos quer ensinar que o sangue e o Espírito de Cristo removem os nossos pecados assim como a água remove a sujeira do corpo.1 Porém, ainda mais importante, Ele nos quer assegurar por meio dessa garantia e sinal divinos que somos tão verdadeiramente purificados espiritualmente dos nossos pecados, assim como somos fisicamente lavados com a água.2
1. 1Co 6.11; Ap 1.5; 7-14. 2. Mt 16.16; At 2.38; Rm 6.3, 4; Gl 3.27.
P.74. As crianças pequenas devem ser batizadas?
R. Sim. As crianças, assim como os adultos, pertencem à aliança e à igreja de Deus.1 Através do sangue de Cristo lhes são prometidos, da mesma forma que aos adultos, a redenção do pecado e o Espírito Santo, que opera a fé.2 Assim as crianças, por meio do batismo como sinal da aliança, devem ser enxertadas na igreja de Cristo e distinguidas dos filhos dos incrédulos.3 Na velha aliança isso era feito pela circuncisão,4 que, na nova aliança, foi substituída pela instituição do batismo.5
1. Gn 17.7; Mt 19.14. 2. Sl 22.10; Is 44.1-3; At 2.38, 39; 16.31. 3. At 10.47; 1Co 7.14. 4. Gn 17.9-14. 5. Cl 2.11-13.
R. Do seguinte modo: Cristo ordenou a mim e a todos os crentes que em Sua memória comêssemos desse pão partido e bebêssemos desse cálice. Juntamente com esse mandamento Ele deu essas promessas:1 Primeira: tão certo como vejo com os meus olhos o pão do Senhor partido por mim e o Seu cálice dado a mim, assim também foi o Seu corpo ofertado por mim e o Seu sangue derramado por mim na cruz. Segunda: tão certamente quanto recebo das mãos do ministro e provo com a minha boca o pão e o cálice do Senhor como si- nais seguros do corpo e do sangue de Cristo, assim também Ele mesmo, com o Seu corpo crucificado e o Seu sangue derramado, alimenta e nutre a minha alma para a vida eterna.
1. Mt 26.26-28; Mc 14.22-24; Lc 22.19, 20; 1Co 11.23-25.
P.76. O que significa comer o corpo crucificado de Cristo e beber o Seu sangue derramado?
R. Primeiro: aceitar de todo coração todo o sofrimento e morte de Cristo, e assim receber o perdão dos pecados e a vida eterna.1 Segundo: ser unido cada vez mais ao santo corpo de Cristo pelo Espírito Santo que vive tanto nEle quanto em nós.2 Portanto, embora Cristo esteja no céu3 e nós estejamos na terra, somos carne da Sua carne e osso dos Seus ossos4 e vivemos eternamente e somos governados por um único Espírito, assim como os membros do nosso corpo o são por uma única alma.5
1. Jo 6.35, 40, 40-54. 2. Jo 6.55, 56; 1Co 12.13. 3. At 1.9-11; 3.21; 1Co 11.26; Cl 3.1. 4. 1Co 6.15, 17; Ef 5.29, 30; 1Jo 4.13. 5. Jo 6.56-58; 15.1-6; Ef 4.15, 16; 1Jo 3.24.
P.77. Onde foi que Cristo prometeu que Ele quer alimentar e refrigerar os crentes com o Seu corpo e sangue tão certamente quanto eles comem desse pão partido e bebem desse cálice?
R. Na instituição da Ceia do Senhor: “O Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão; e, tendo dado graças, o partiu e disse: Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim. Por semelhante modo, depois de haver ceado, tomou também o cálice, dizendo: Este cálice é a nova aliança no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que o beberdes, em memória de mim. Porque, todas as vezes que comerdes este pão e beberdes o cálice, anunciais a morte do Senhor, até que ele venha” (1Co 11.23-26). Paulo repete essa promessa onde diz: “Porventura, o cálice da bênção que abençoamos não é a comunhão do sangue de Cristo? O pão que partimos não é a comunhão do corpo de Cristo? Porque nós, embora muitos, somos unicamente um pão, um só corpo; porque todos participamos do único pão” (1Co 10.16, 17).
R. Não. Do mesmo modo que a água do batismo não se transforma no sangue de Cristo nem é a própria purificação dos pecados, mas é simplesmente um sinal e uma garantia disso da parte de Deus,1 assim também o pão na Ceia do Senhor não se torna no próprio corpo de Cristo,2 embora seja chamado de corpo de Cristo3 conforme a natureza e o uso dos sacramentos.4
1. Ef 5.26; Tt 3.5. 2. Mt 26.26-29. 3. 1Co 10.16, 17; 11.26-28. 4. Gn 17.10, 11; Ex 12.11, 13; 1Co 10.3, 4; 1Pe 3.21.
P.79. Por que, então, Cristo chama o pão de “Seu corpo” e o cálice de “Seu sangue”, ou de a “nova aliança no Seu sangue”, e por que Paulo fala da comunhão do corpo e do sangue de Cristo?
R. Cristo fala dessa maneira por um motivo importante: Ele quer nos ensinar pela Sua ceia que do mesmo modo como o pão e o vinho nos sustentam a vida temporal, assim também o Seu corpo crucificado e o Seu sangue derramado são o verdadeiro alimento e a verdadeira bebida das nossas almas para a vida eterna.1 E, ainda mais, Ele nos quer assegurar por esse sinal e garantia visíveis, primeiramente, que pela operação do Espírito Santo nós participamos do Seu verdadeiro corpo e sangue tão certo quanto recebemos com a nossa boca esses santos sinais em memória dEle;2 e em segundo lugar, que todo o Seu sofrimento e obediência são tão certamente nos- sos como se nós mesmos tivéssemos sofrido e pago pelos nossos pecados.3
1. Jo 6.51, 55. 2. 1Co 10.16, 17; 11.26. 3. Rm 6.5-11.
R. A Ceia do Senhor nos testifica, primeiramente, que temos o perdão completo de todos os nossos pecados pelo único sacrifício de Jesus Cristo, que Ele mesmo realizou na cruz de uma vez por todas;1 em segundo lugar,que pelo Espírito Santo somos enxertados em Cristo,2 o qual está agora no céu em Seu corpo verdadeiro à mão direita do Pai,3 e é onde Ele quer ser adorado.4 A missa, no entanto, ensina primeiro que nem os vivos nem os mortos têm o perdão de pecados por meio do sofrimento de Cristo se Ele não for ainda sacrificado diariamente em favor deles pelos sacerdotes; e em segundo lugar, que Cristo está presente corporalmente na forma do pão e do vinho, e neles deve ser adorado. A missa, portanto, é basicamente nada mais que a negação do único sacrifício e sofrimento de Jesus Cristo, e é uma idolatria maldita.
1. Mt 26.28; Jo 10.30; Hb 7.27; 9.12, 25, 26; 10..10-18. 2. 1Co 6.17; 10.16, 17. 3. Jo 20.17; At 7.55, 56; Hb 1.3; 8.1. 4. Jo 4.21-24; Fp 3.20; Cl 3.1; 1Ts 1.10.
P.81. Quem deve vir à mesa do Senhor?
R. Aqueles que, em verdade, estão descontentes consigo mesmos por causa dos seus pecados e que, mesmo assim, confiam que eles lhes foram perdoados e que o mal que ainda resta neles está coberto pelo sofrimento e morte de Cristo, e que também desejam fortalecer a sua fé e corrigir as suas vidas, cada vez mais. Mas os hipócritas e os que não se arrependem comem e bebem juízo para si mesmos.1
1. 1Co 10.19-22; 11.26-32.
P.82. Esses que por sua confissão e vida demonstram que são incrédulos e ímpios devem ser admitidos à ceia do Senhor?
R. Não, porque a aliança de Deus seria profanada e a Sua ira se acenderia contra toda a congregação.1 Por isso, segundo o mandamento de Cristo a Seus apóstolos, a igreja de Cristo tem o dever de excluir tais pessoas pelas chaves do reino do céu, até que corrijam as suas vidas.
1. Sl 50.16; Is 1.11-17; 1Co 11.17-34. 76
R. A pregação do santo evangelho e a disciplina eclesiástica. É por esses dois meios que o reino do céu se abre para os que crêem, e se fecha para os incrédulos.1
1. Mt 16.19; Jo 20. 21-23.
P.84. Como se abre e se fecha o reino do céu pela pregação do evangelho?
R. De acordo com o mandamento de Cristo, o reino do céu se abre quando se proclama e se testifica de público a todo o crente — individual ou coletivamente — que Deus perdoou de fato a todos os seus pecados por causa dos méritos de Cristo, sempre que aceitam a promessa do evangelho com fé verdadeira. O reino do céu se fecha quando se proclama e se testifica a todo os incrédulos e hipócritas que, enquanto não se arrependerem, a ira de Deus e a condenação eterna repousam sobre eles. Segundo esse testemunho do evangelho, Deus os julgará tanto nessa quanto na vida porvir.1
1. Mt 16.19; Jo 3.31-36; 20.21-23.
P.85. Como se fecha e se abre o reino do céu pela disciplina eclesiástica?
R. De acordo com o mandamento de Cristo, aqueles que se chamam de cristãos mas que se mostram não-cristãos na doutrina ou na vida devem ser, em primeiro lugar e de modo fraternal, admoestado mais de uma vez. Se não abandonarem a seus erros nem à sua impiedade, de- vem ser denunciados à igreja, isto é aos presbíteros. Se também não derem ouvidos às admoestações deles, serão proibidos de participar dos sacramentos e excluídos da congregação cristã pelos presbíteros e do reino de Cristo pelo próprio Deus.1 Serão novamente recebidos como membros de Cristo e da igreja quando prometerem e demonstrarem arrependimento real.2
1. Mt 18.15-20; 1Co 5.3-5; 11-13; 2Ts 3.14, 15. 2. Lc 15.20-24; 2Co 2.6-11.
R. Por que Cristo, tendo nos remido pelo Seu sangue, também nos renova por Seu Espírito Santo à Sua imagem para que, com toda a nossa vida, mostremo-nos gratos a Deus por Seus benefícios1 e para que Ele seja louvado por nós.2 Além disso, para que tenhamos a certeza da nossa fé por causa dos seus frutos,3 e que pelo novo viver piedoso possamos ganhar os nossos próximos para Cristo.4
1. Rm 6.13; 12.1, 2; 1Pe 2.5-10. 2. Mt 5.16; 1Co 6.19, 20. 3. Mt 7.17, 18; Gl 5.22-24; 2Pe 1.10, 11. 4. Mt 5.14-16; Rm 14.17-19; 1Pe 2.12; 3.1, 2.
P.87. Podem ser salvos aqueles que não abandonam o modo de viver ingrato e impenitente e não se convertem a Deus?
R. Não, de modo nenhum. A Escritura diz que nenhum impuro, idólatra, adúltero, ladrão, avarento, bêbado, maldizente, assaltante ou semelhante herdará o reino do céu.1
1. 1Co 6.9, 10; Gl 5.19-21; Ef 5.5, 6; Jo 3.14.
R. É a morte da velha natureza e a ressurreição da nova natureza.1
1. Rm 6.1-11; 1Co 5.7; 2Co 5.17; Ef 4.22-24; Cl 3.5-10. 78
P.89. O que é a morte da velha natureza?
R. É a profunda e sincera tristeza por termos ofendido a Deus com os nossos pecados, e o abominar e fugir desses pecados cada vez mais.1
1. Sl 51.3, 4, 17; Jl 2.12, 13; Rm 8.12, 13; 2Co 7.10.
P.90. O que é a ressurreição da nova natureza?
R. É a alegria sincera em Deus por Cristo,1 e o amor e o deleite de viver segundo a vontade de Deus em todas as boas obras.2
1. Sl 51.8, 12; Is 57.15; Rm 5.1; 14.17. 2. Rm 6.10, 11; Gl 2.20.
P.91. Mas, o que são as boas obras?
R. Somente as que são feitas pela verdadeira fé,1 em conformidade com a lei de Deus2 e para a Sua glória,3 e não aquelas que se baseiam na nossa própria opinião ou em preceitos de homens.4
1. Jo 15.5; Rm 14.23; Hb 11.6. 2. Lv 18.4; 1Sm 15.22; Ef 11.6. 3. 1Co 10.31. 4. Dt 12.32; Is 29.13; Ez 10.18, 19; Mt 15.7-9.
R. “Então, falou Deus todas estas palavras: Eu sou o SENHOR, teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão.
1. Não terás outros deuses diante de mim.
2. Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima nos céus, nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não as adorarás, nem lhes darás culto; porque eu sou o SENHOR, teu Deus, Deus zeloso, que visito a iniqüidade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem e faço misericórdia até mil gerações daqueles que me amam e guardam os meus mandamentos.
3. Não tomarás o nome do SENHOR, teu Deus, em vão, por- que o SENHOR não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão.
4. Lembra-te do dia de sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado do SENHOR, teu Deus; não farás nenhum trabalho, nem tu, nem o teu filho, nem a tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o forasteiro das tuas portas para dentro; porque, em seis dias, fez o SENHOR os céus e a terra, o mar e tudo o que neles há e, ao sétimo dia, descansou; por isso, o SENHOR abençoou o dia de sábado e o santificou.
5. Honra teu pai e tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o SENHOR, teu Deus, te dá.
6. Não matarás.
7. Não adulterarás.
8. Não furtarás.
9. Não dirás falso testemunho contra o teu próximo.
10. Não cobiçarás a casa do teu próximo. Não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma que pertença ao teu próximo”.1
1. Ex 20.1-17; Dt 5.6-21.
P.93. Como estão divididos estes mandamentos?
R. Em duas partes. A primeira nos ensina como viver com relação a Deus; a segunda, que deveres temos para com o nosso próximo.1
1. Mt 22.37-40.
P.94. Que exige o SENHOR no primeiro mandamento?
R. Que, por amor a minha salvação, devo evitar e fugir de toda idolatria,1 feitiçaria, superstição2 e invocação a santos ou a outras criaturas.3 E que devo reconhecer corretamente ao único e verdadeiro Deus,4 confiar somente nEle,5 submeter-me a Ele em toda humil- dade6 e paciência,7 só dEle esperar todo o bem,8 e que devo O amar,9 temer10 e honrar11 com todo o meu coração. Em resumo: é preferível repudiar a todas as criaturas a fazer qualquer coisa, mínima que seja, contra a Sua vontade.12
1. 1Co 6.9, 10; 10.5-14; 1Jo 5.21. 2. Lv 19.31; Dt 18.9-12. 3. Mt 4.10; Ap 19.10; 22.8, 9. 4. Jo 17.3. 5. Jr 17.5, 7. 6. 1Pe 5.5, 6. 7. Rm 5.3, 4; 1Co 10.10; Fp 2.14; Cl 1.11; Hb 10.36. 8. Sl 104.27, 28; Is 45.7; Tg 1.17. 9. Dt 6.5; (Mt 22.37). 10. Dt 6.2; Sl 111.10; Pv 1.7; 9.10; Mt 10.28; 1Pe 1.17. 11. Dt 6.13; (Mt 4.10); Dt 10.20. 12. Mt 5.29, 30; 10.37-39; At 5.29.
P.95. O que é idolatria?
R. Idolatria é ter ou inventar algo em que colocar a nossa confiança em lugar ou ao lado do único e verdadeiro Deus que se revelou em Sua Palavra.1
1. 1Cr 16.26; Gl 4.8, 9; Ef 5.5; Fp 3.19.
R. Que não façamos a imagem de Deus em hipótese alguma,1 nem O adoremos de nenhum outro modo diferente do que nos ordenou em Sua Palavra.2
1. Dt 4.15-19; Is 40.18-25; At 17.29; Rm 1.23. 2. Lv 10.1-7; Dt 12.30; 1Sm 15.22, 23; Mt 15.9; Jo 4.23, 24.
P.97. Então, não podemos fazer nenhum tipo de imagem?
R. Deus não pode nem deve ser visivelmente representado de nenhuma maneira. As criaturas podem ser representadas, mas Deus nos proíbe fazer ou ter imagens delas para adorá-las ou para servir a Deus por meio delas.1
1. Ex 34.13, 14, 17; Nm 33.52; 2Rs 18.4, 5; Is 40.25.
P.98. Quer dizer que não se pode tolerar as imagens nas igrejas como “livros para os leigos”?
R. Não. Pois não devemos querer ser mais sábios do que o próprio Deus. Ele quer que o Seu povo seja ensinado não por meio de ídolos mudos1 mas pela pregação viva da Sua Palavra.2
1. Jr 10.8; Hc 2.18-20. Rm 10.14, 15, 17; 2 Tm 3.16, 17; 2Pe 1.19.
R. Que não blasfememos nem façamos mau uso o Nome de Deus por maldição,1 perjúrio2 ou votos desnecessários,3 e que não par- ticipemos, por omissão silenciosa, desses terríveis pecados.4 Antes devemos usar o santo nome de Deus somente com temor e reverência,5 para que possamos confessá-lO corretamen- te,6 invocá-lO,7 e O glorificar com todas as nossas palavras e obras.8
1. Lv 24.10-17. 2. Lv 19.12. 3. Mt 5.37; Tg 5.12. 4. Lv 5.1; Pv 29.24. 5. Sl 99.1-5; Is 45.23; Jr 4.2. 6. Mt 10.32, 33; Rm 10.9, 10. 7. Sl 50.14, 15. 1Tm 2.8. 8. Rm 2.24; Cl 3.17; 1Tm 6.1.
P.100. Será que blasfemar o Nome de Deus por juramentos e maldições é um pecado tão grande que Deus se ira também contra aqueles que não impedem nem proíbem isso o tanto quanto podem?
R. Certamente que sim.1 Porque nenhum pecado é maior nem provoca mais a ira de Deus do que blasfemar o Seu Nome. É por isso que Ele ordenou que esse pecado fosse punido com a morte.2
1. Lv 5.1. 2. Lv 24.16. 82
1. Dt 6.13; 10.20; Jr 4.1, 2; Hb 6.16. 2. Gn 21.24; 31-53; Js 9.15; 1Sm 24.22; 1Rs 1.29, 30; Rm 1.9; 2Co 1.23.
P.102. Podemos também jurar pelos santos ou por outras criaturas?
R. Não. Um juramento legítimo é uma invocação a Deus, para que Ele, o único que conhece o coração, sirva como testemunha da verdade e que me castigue se eu jurar falsamente.1 Nenhuma criatura é digna de uma tal honra.2
1. Rm 9.1; 2Co 1.23. 2. Mt 5.34-37; 23.16-22; Tg 5.12.
R. Primeiro, que o ministério do evangelho e as escolas cris- tãs sejam mantidas1 e que eu, especialmente no dia de descanso, seja diligente em ir à igreja de Deus2 para ouvir à Palavra de Deus,3 participar dos sacramentos,4 para invocar publicamente ao Senhor 5 e para praticar a caridade cristã para com os necessitados. 6 Segundo, para que em todos os dias da minha vida eu cesse as minhas más obras, deixe o Senhor operar em mim por Seu Espírito Santo, e assim começar nesta vida o descanso eterno.7
1. Dt 6.4-9; 20-25; 1Co 9.13, 14; 2Tm 2.2; 3.13-17; Tt 1.5. 2. Dt 12.5-12; Sl 40.9, 10; 68.26; At 2.42-47; Hb 10.23-25. 3. Rm 10.14-17; 1Co 14.26-33; 1Tm 4.13. 4. 1Co 11.23, 24. 5. Cl 3.16; 1Tm 2.1. 6. Sl 50.14; 1Co 16.2; 2Co 8; 9. 7. Is 66.23; Hb 4.9-11.
R. Que eu demonstre toda honra, amor e fidelidade a meu pai e à minha mãe, e a todos os meus superiores; que eu me submeta devidamente às suas boas instrução e disciplina1 e que também seja paciente com as suas fraquezas e defeitos,2 pois é a vontade de Deus nos governar pelas mãos deles.3
1. Ex 21.17; Pv 1.8; 4.1; Rm 13.1, 2; Ef 5.21, 22; 6.1-9; Cl 3.18-4.1. 2. Pv 20.20; 23.22; 1Pe 2.18. 3. Mt 22.21, Rm 13.1-8; Ef 6.1-9; Cl 3.18-21.
R. Que eu não devo desonrar, odiar, injuriar nem matar o meu próximo por pensamentos, palavras, ou gestos e muito menos por ações, por mim mesmo ou através de outros;1 antes, devo fazer morrer todo desejo de vingança.2 Além disso, não devo me fazer mal nem me expor levianamente ao perigo.3 Por isso também o governo empunha a espada para impedir homicídios.4
1. Gn 9.6; Lv 19.17, 18; Mt 5.21, 22; 26.52. 2. Pv 25.21, 22; Mt 18.35; Rm 12.19; Ef 4.26. 3. Mt 4.7; 26.52; Rm 13.11-14. 4. Gn 9.6; Ex 21.14; Rm 13.4.
P.106. Mas, esse mandamento fala somente de matar?
R. Ao nos proibir de matar Deus nos ensina que detesta a raiz do homicídio, a saber: a inveja, o ódio, a ira e o desejo de vingança1 e que Ele considera tudo isso como homicídio.2
1. Pv 14.30; Rm 1.29; 12.19; Gl 5.19-21; Tg 1.20; 1Jo 2.9-11. 2. 1Jo 3.15. 84
P.107. Então, basta que não matemos o nosso próximo dessa maneira?
R. Não. Deus ao condenar a inveja, o ódio, a ira e o desejo de vingança nos ordena a amar os nossos inimigos como a nós mesmos,1 a demonstrar paciência, paz, mansidão, misericórdia e amizade para com ele,2 a protegê-lo do mal o tanto que pudermos e a fa- zer o bem até mesmo aos nossos inimigos.3
1. Mt 7.12; 22.39; Rm 12.10. 2. Mt 5.5; Lc 6.36; Rm 12.10, 18; Gl 6.1, 2; Ef 4.2; Cl 3.12; 1Pe 3.8. 3. Ex 23.4, 5; Mt 5.44, 45; Rm 12.20.
R. Que toda a impureza sexual é amaldiçoada por Deus.1 Por isso devemos abominá-la de todo coração2 e viver vidas puras e disciplinadas, tanto dentro quanto fora do santo matrimônio.3
1. Lv 18.30; Ef 5.3-5. 2. Jd 22, 23. 3. 1Co 7.1-9; 1Ts 4.3-8; Hb 13.4.
P.109. Neste mandamento, Deus só proíbe o adultério e pecados vergonhosos semelhantes?
R. Desde que somos, corpo e alma, templos do Espírito Santo, é a vontade de Deus que nos conservemos puros e santos. Por isso Ele proíbe todas as ações impuras, gesticulações, palavras, pensamentos, desejos,1 e tudo aquilo que possa nos induzir à impureza.2
1. Mt 5.27-29; 1Co 6.18-20; Ef 5.3, 4. 2. 1Co 15.33; Ef 5.18.
R. Deus não apenas proíbe o roubo e o furto que as autoridades punem1 mas também os esquemas e ciladas malignos como falsos pesos e falsas medidas, negócio enganoso, dinheiro falsificado e usura;2 não devemos defraudar o nosso próximo de maneira nenhuma, nem pela força nem pela aparência de direito.3 Além disso Deus proíbe toda a avareza4 e todo o abuso e desperdício de Suas dádivas.5
1. Ex 22.1; 1Co 5.9, 10; 6.9, 10. 2. Dt 25.13-16; Sl 15.5; Pv 11.1; 12.22; Ez 45.9-12; Lc 6.35. 3. Mq 6.9-11; Lc 3.14; Tg 5.1-6. 4. Lc 12.15; Ef 5.5. 5. Pv 21.20; 23.20, 21; Lc 16.10-13.
P.111. O que exige Deus de você nesse mandamento?
R. Que eu promova o bem do meu próximo sempre que for lícito e possível; que eu o trate do mesmo modo que desejaria ser tratado pelos outros e que trabalhe fielmente para ter condições de dar aos necessitados.1
1. Is 58.5-10; Mt 7.12; Gl 6.9, 10; Ef 4.28.
R. Que eu não devo levantar falso testemunho contra ninguém, nem distorcer as palavras de ninguém, não fazer fofoca nem difamar, não condenar nem me ajuntar com ninguém para condenar a outrem precipitadamente e sem o ter ouvido.1 Antes devo repudiar toda mentira e engano, obras próprias do diabo, para não trazer sobre mim a pesada ira de Deus.2 No tribunal ou em qualquer outro lugar eu devo amar à verdade,3 dizê-la e confessá-la com honestidade e fazer tudo o que puder para defender e promover a honra e a reputação do meu próximo.4
1. Sl 15; Pv 19.5, 9; 21.28; Mt 7.1; Lc 6.37; Rm 1.28-32. 2. Lv 19.11, 12; Pv 12.22; 13.5; Jo 8.44; Ap 21.8. 3. 1Co 13.6; Ef 4.25. 4. 1Pe 3.8, 9; 4.8.
R. Que nem o mais leve pensamento ou desejo contrário a quais-quer mandamentos de Deus jamais deveriam se levantar em nosso coração. Antes, devemos sempre detestar de todo coração a todo o pecado e, nos deleitar em toda a justiça.1
1. Sl 19.7-14; 139.23, 24; Rm 7.7, 8.
P.114. Mas os que se converteram a Deus são capazes de guardar esses mandamentos perfeitamente?
R. Não.
Pois até mesmo os mais santos nessa vida só têm um leve começo dessa obediência.1 Mesmo assim, eles começam a viver — com sincero fervor e propósito —não apenas segundo alguns mandamentos de Deus, mas conforme todos eles.2 1. Ec 7.20; Rm 7.14, 15; 1Co 13.9; 1Jo 1.8 2. Sl 1.1, 2; Rm 7.22-25; Fp 3.12-16.
P.115. Se nessa vida ninguém consegue obedecer perfeitamente os Dez Mandamentos, por que Deus manda que sejam pregados com tanto rigor?
R. Primeiro, para que ao longo das nossas vidas possamos cada vez mais estar conscientes da nossa natureza pecaminosa, e assim buscarmos com mais fervor o perdão dos pecados e a justiça de Cristo.1 Segundo, para que, ao orarmos a Deus pela graça do Espírito Santo, jamais deixemos de batalhar para sermos cada vez mais renovados à imagem de Deus, até que após esta vida alcancemos o alvo da perfeição.2
1. Sl 32.5; Rm 3.19-26; 7.7, 24, 25; 1Jo 1.9. 2. 1Co 9.24; Fp 3.12-14; 1Jo 3.1-3.
1. Sl 50.14, 15; 116.12-19; 1Ts 6.16-18. 2. Mt 7.7, 8; Lc 11.9-13.
P.117. O que é preciso para que nossa oração agrade a Deus e por Ele seja ouvida? R. Primeiro, devemos invocar de coração apenas o único e ver- dadeiro Deus — que se revelou em Sua Palavra — por tudo aquilo que Ele nos ordenou orar.1 Segundo, devemos ter plena consciência da nossa necessida- de e miséria, para que possamos nos humilhar diante de Deus.2 Terceiro, devemos descansar no fundamento inabalável — do qual não somos merecedores — de que Deus com certeza ouvirá às nossas orações por causa de Cristo, nosso Senhor, conforme Ele nos prometeu na Sua Palavra.3
1. Sl 145.18-20; Jo 4.22-24; Rm 8.26, 27; Tg 1.5; 1Jo 5.14, 15 ; Ap 19.10. 2. 2Cr 7.14; 20.12; Sl 2.11; 34.18; 62.8; Is 66.2; Ap 4. 3. Dn 9.17-19; Mt 7.8; Jo 14.13, 14; 16.23; Rm 10.13; Tg 1.6.
P.118. O que foi que Deus ordenou que Lhe pedíssemos?
R. Tudo aquilo que necessitamos para nossos corpos e almas, conforme à oração que o próprio Cristo, nosso Senhor, nos en- sinou.1
1. Mt 6.33; Tg 1.17.
P.119. Qual é a oração do Senhor?
R. “Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome;
venha o teu reino; faça-se a tua vontade,
assim na terra como no céu; o pão nosso de cada dia dá-nos hoje;
e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores;
e não nos deixes cair em tentação; mas livra-nos do mal pois teu é o reino,
o poder e a glória para sempre. Amém!”1
1. Mt 6.9-13; Lc 11.2-4.
R. Para despertar em nós, logo no início da nossa oração, a reverência filial e confiante em Deus que deve ser básica à nossa oração. Deus, por meio de Cristo, tornou-se o nosso Pai, e se os nos- sos pais não nos negam as coisas terrenas, muito menos nos negará Deus aquilo que Lhe pedirmos pela fé.1
1. Mt 7.9-11; Lc 11.11-13.
P.121. Por que se acrescentou “que estás nos céu”?
R. Essas palavras nos ensinam a não pensar na majestade de Deus de modo terreno,1 e a esperar do Seu poder infinito tudo aquilo que necessitamos para os nossos corpos e almas.2
1. Jr 23.23, 24; At 17.24, 25. 2. Mt 6.25-34; Rm 8.31, 32.
R. “Santificado seja o teu nome”. Isto é: Que nos concedas, antes de mais nada, que possamos Te conhecer da maneira correta,1 e que Te santifiquemos, glorifiquemos e louvemos em todas as Tuas obras, das quais brilham o Teu poder infinito, sabedoria, bondade, justiça, misericórdia e verdade.2 Também que nos concedas que dirijamos toda a nossa vida — ou pensamentos, palavras e ações — de tal maneira que o Teu nome não seja blasfemado por nossa causa, mas que seja sempre honrado e glorificado.3
1. Jr 9.23, 24; 31.33, 34; Mt 16.17; Jo 17.3. 2. Ex 34.5-8; Sl 145; Jr 32.16-20; Lc 1.46-55, 68-75; Rm 11.33-36. 3. Sl 115.1; Mt 5.16.
R. “Venha o teu reino”. Isto é: Que nos governes pela Tua Palavra e Espírito de tal modo que nos submetamos a Ti1 cada vez mais. Que protejas e faças crescer a Tua igreja.2 Que destruas as obras do diabo, todo poder que se levante contra Ti e toda conspiração contra a Tua Palavra.3 Que faças todas essas coisas até que venha a plenitude do Teu reino, em que serás tudo em todos.4
1. Sl 119.5, 105; 143.10; Mt 6.33. 2. Sl 51.18; 122.6-9; Mt 16.18; At 2.42-47. 3. Rm 16.20; 1Jo 3.8. 4. Rm 8.22, 23; 1Co 15.28; Ap 22.17, 20.
R. “Faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu”. Isto é: Que nós e todos os homens renunciemos à nossa própria vontade, e sem murmuração obedeçamos à Tua vontade, a única que é boa.1 Também que concedas que todos cumpram os deveres de seus ofícios e vocações2 tão espontânea e fielmente como os anjos no céu.3
1. Mt 7.21; 16.24-26; Lc 22.42; Rm 12.1, 2; Tt 2.11, 12. 2. 1Co 7.17-24; Ef 6.5-9. 3. Sl 103.20, 21.
R. “O pão nosso de cada dia dá-nos hoje”. Isto é: Que supras todas as nossas necessidades físicas1 para que re- conheçamos que Tu és a única fonte de todo o bem,2 e que — sem a Tua bênção — nem o nosso cuidado, nem o nosso labor nem mesmo os Teus dons, podem nos fazer bem algum.3 E, portanto, que não depositemos a nossa confiança em nenhuma criatura, mas somente em Ti.4
1. Sl 104.27-30; 145.15, 16; Mt 6.25-34. 2. At 14.17; 17.25; Tg 1.17. 3. Dt 8.3; Sl 37.16; 127.1, 2; 1Co 15.58. 4. Sl 55.22; 62; 146; Jr 17.5-8; Hb 13.5, 6.
R. “E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores”. Isto é: Que, por causa do sangue de Cristo, não nos imputes, pecadores desgraçados que somos, nenhuma das nossas transgressões nem o mal que ainda persiste em nós,1 e que também encontremos em nós essa evidência da Tua graça: que estamos plenamente determinados de todo o coração a perdoar nosso próximo.2
1. Sl 51.1-7; 143.2; Rm 8.1; 1Jo 2.1, 2. 2. Mt 6.14, 15; 18.21-35.
R. “E não nos deixes cair em tentação; mas livra-nos do mal”. Isto é: Que somos tão fracos em nós mesmos que não podemos per- manecer firmes por um momento sequer.1 Além disso, os nossos inimigos declarados — o diabo,2 o mundo3 e a nossa própria carne4 — não cessam de nos atacar. Queiras, portanto, sustentar-nos e fortalecer-nos pelo poder do Teu Espírito Santo, para que não sejamos derrotados nessa batalha espiritual,5 mas que sempre resistamos a nossos inimi- gos, até que alcancemos finalmente a vitória total.6
1. Sl 103.14-16; Jo 15.1-5. 2. 2Co 11.14; Ef 6.10-13; 1Pe 5.8. 3. Jo 15.18-21. 4. Rm 7.13; Gl 5.17. 5. Mt 10.19, 20; 26.41; Mc 13.33; Rm 5.3-5. 6. 1Co 10.13; 1Ts 3.13; 5.23.
P.128. Com é que você conclui a sua oração?
R. “Pois teu é o reino, o poder e a glória para sempre”. Isto é: Tudo isso Te pedimos porque, como nosso Rei com poder sobre todas as coisas, tanto queres quanto podes nos dar tudo o que é bom,1 e por essa causa não nós, mas o Teu santo Nome é digno de receber toda a glória para sempre.2
1. Rm 10.11-13; 2Pe 2.9. 2. Sl 115.1; Jr 33.8, 9; Jo 14.13.
P.129. O que significa a palavra “Amém”?
R. Amém significa: é verdadeiro e certo. Pois é mais certo e verdadeiro que Deus ouviu a minha oração, do que o sentimento que tenho em meu coração de desejar isso dEle.1
1. Is 65.24; 2Co 1.20; 2Tm 2.13.
- os três credos ecumênicos, a saber: o Credo , o Credo Atanasiano, e o Credo Niceno.
- as Três Formas de Unidade, a saber: a Confissão Belga (1561), o Catecismo de Heidelberg (1563), e os Cânones de Dort (1619).
- os três documentos confessionais de Westminster: Confissão de Fé de Westminster, Catecismo Maior de Westminster e o Breve Catecismo de Westminster.
O Credo Apostólico
Este credo é chamado apostólico, não porque foi escrito pelos apóstolos, mas porque contém a doutrina que eles ensinavam. Este credo é muito antigo e passou por várias modificações. A sua forma atual data do século IV. I 1. Creio em Deus Pai, Todo-Poderoso, Criador do céu e da terra; II 2. e em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor; 3. que foi concebido pelo Espírito Santo, nasceu da virgem Maria; 4. padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado, desceu ao reino dos mortos; 5. no terceiro dia ressurgiu dos mortos; 6. subiu ao céu e está sentado à direita de Deus Pai Todo-Poderoso; 7. donde há de vir a julgar os vivos e os mortos. III 8. Creio no Espírito Santo; 9. na santa igreja universal de Cristo, a comunhão dos santos; 10. na remissão dos pecados; 11. na ressurreição da carne 12. e na vida eterna. Amém. |
Credo Atanasiano
Atanásio foi um ministro fiel que tomou uma posição firme contra as heresias de Ário. Ele defendeu o ensino bíblico sobre a Trindade e sobre a encarnação de Cristo que ele é verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Na sua forma atual o Credo Atanasiano data do século VI. Qualquer um que quer ser salvo, antes de tudo deve seguir a fé universal: aquele que não a guardar integral e intata, sem dúvida perecerá eternamente. A fé universal é esta: que adoremos o único Deus na Trindade e a Trindade na Unidade, não confundindo as Pessoas, nem separando o Ser. Pois, uma é a Pessoa do Pai, outra a do Filho e outra a do Espírito Santo; mas o Pai e o Filho e o Espírito Santo possuem uma só divindade, igual glória e igual majestade eterna. Assim como é o Pai, assim é o Filho, assim é também o Espírito Santo. Incriado é o Pai, incriado o Filho, incriado o Espírito Santo; imenso é o Pai, imenso o Filho, imenso o Espírito Santo; eterno é o Pai, eterno o Filho, eterno o Espírito Santo; contudo, eles não são três eternos, mas um só eterno; como não são três incriados nem três imensos, mas um só incriado e um só imenso. igualmente o Pai é todo-poderoso, o Filho é todo-poderoso, o Espírito Santo é todo-poderoso; contudo eles não são três todo-poderosos, mas um só todo-poderoso. Assim o Pai é Deus, o Filho é Deus, o Espírito Santo é Deus; contudo eles não são três deuses, mas um só Deus. Assim o Pai é Senhor, o Filho é Senhor, o Espírito Santo é Senhor; contudo eles não são três Senhores, mas um só Senhor. Pois assim como nós somos compelidos, pela verdade cristã, a confessar cada Pessoa singular como Deus e Senhor, assim nos é proibido, pela fé universal, falar de três deuses ou três Senhores. O Pai não foi feito por ninguém, nem criado, nem gerado. O Filho não foi feito, nem criado, mas gerado, somente pelo Pai. O Espírito Santo não foi feito, nem criado, nem gerado pelo Pai e Filho, mas está procedendo dEles. Então, um só Pai, não três Pais; um só Filho, não três Filhos; um só Espírito Santo, não três Espírito Santos. E nesta Trindade não há nada anterior ou posterior, nem maior ou menor, mas todas estas três Pessoas têm a mesma eternidade e igualdade. Por isso, como já foi dito, seja venerada, em tudo, a Unidade na Trindade, assim como a Trindade na Unidade. Portanto, quem quer ser salvo, deve reconhecer assim a Trindade. Mas é necessário para a salvação eterna, crer também fielmente na encarnação do nosso Senhor Jesus Cristo. Então, a verdadeira fé é que cremos e confessamos que nosso Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, é igualmente Deus e homem. Ele é Deus da substância do Pai, gerado antes de todos os tempos, e Ele é homem da substância da mãe, nascido no tempo; perfeito Deus, perfeito homem, subsistindo de alma racional e carne humana; igual ao Pai, visto a natureza divina; menor que o Pai, visto a natureza humana. Ele, mesmo sendo Deus e homem, não é dois mas um só Cristo. Ele é um, não por ser convertida a Divindade em carne, mas porque Deus assumiu a natureza humana; Ele é um, não por confusão da substância, mas pela unidade de uma Pessoa. Pois assim como a alma racional e a carne são uma Pessoa, assim Deus e homem são um só Cristo. Ele padeceu por nossa salvação, desceu ao reino dos mortos, ressurgiu dos mortos no terceiro dia, subiu ao céu, está sentado à direita de Deus Pai, Todo-poderoso, de onde há de vir a julgar os vivos e os mortos: com a vinda dEle todas as pessoas vão ressurgir com seus corpos e dar contas de seus próprios atos; os que tiverem feito o bem, entrarão na vida eterna, os que tiverem feito o mal no fogo eterno. Esta é a fé universal: quem não crer nela fielmente e firmemente, não poderá ser salvo. |
Credo Niceno
O Credo Niceno foi adotado pela Igreja de Cristo como resposta contra vários ensinos falsos, como os de Ário que negou a divindade de Jesus Cristo. A heresia dele foi condenada no Concílio de Nicéia no ano 325. A forma atual deste credo se desenvolveu alguns anos mais tarde. I. Cremos em um só Deus, Pai Todo-poderoso, Criador do céu e da terra, de todas as coisas visíveis e invisíveis. II. Cremos em um só Senhor Jesus Cristo, o único Filho de Deus, nascido do Pai antes de todos os séculos, Deus de Deus, luz de luz, verdadeiro Deus de verdadeiro Deus; gerado, não criado, de igual substância do Pai; por Ele todas as coisas foram feitas. Por nós, homens, e por nossa salvação, Ele desceu do céu e se fez carne, pelo Espírito Santo, da virgem Maria, e se tornou homem. Também por nós, foi crucificado sob Pôncio Pilatos, padeceu e foi sepultado. Ressurgiu no terceiro dia, conforme as Escrituras. Subiu ao céu, está sentado à direita do Pai e de novo há de vir, com glória, para julgar os vivos e os mortos, e seu reino não terá fim. III. Cremos no Espírito Santo, Senhor e Vivificador, que procede do Pai e do Filho, e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado; que falou através dos profetas. E numa só igreja, santa, universal e apostólica. Confessamos um só batismo para remissão dos pecados. Esperamos a ressurreição dos mortos e a vida do século vindouro. Amém. |
Confissão Belga
O CATECISMO DE HEIDELBERG
O Catecismo de Heidelberg, o segundo dos padrões doutrinários das Igrejas Reformadas, foi escrito em Heidelberg a pedido do Eleitor Frederico III, governador, entre 1559 e 1576, da mais influente província alemã, o Palatinado. Esse piedoso príncipe cristão comissionou Zacarias Ursinus, vinte e oito anos de idade e professor de Teologia da Universidade de Heidelberg, e Gaspar Olevianus, vinte e seis anos de idade e pregador da corte de Frederico, para que preparassem um catecismo para instruir os jovens e guiar pastores e mestres. Na preparação do Catecismo, Frederico contou com o conselho e a cooperação de todo o corpo docente de Teologia. O Catecismo de Heidelberg foi adotado pelo Sínodo de Heidelberg e publicado na Alemanha com um prefácio de Frederico III datado de 19 de janeiro de 1563. Uma segunda e terceira edição alemã, com alguns pequenos acréscimos, além de uma tradução latina, foram publicadas em Heidel- berg nesse mesmo ano. Logo cedo o Catecismo foi divido em cinqüenta e duas seções para que cada uma delas pudesse ser explicada às igrejas a cada domingo do ano.O Catecismo de Heidelberg tornou-se ampla e favoravelmente conhecido nos Países Baixos quase imediatamente após sair das prensas, principalmente pelos esforços de Pedro Dathenus, que o traduziu para o holandês e o acrescentou à sua versão do Saltério de Genebra, publicando-o em 1566. No mesmo ano Pedro Gabriel deu o exemplo, explicando-o à sua congregação em Amsterdã nos sermões das tardes de domingo. Os Sínodos Nacionais do século dezesseis o adotou como uma das Formas de Unidade, requerendo dos seus oficiais eclesiásticos que o subscrevessem e que os seus ministros o explicassem às igrejas. Essas exigências foram fortemente enfatizadas pelo grande Sínodo de Dort de 1618/1619.O Catecismo de Heidelberg tem sido traduzido em muitas línguas e é o mais influente e o mais geralmente aceito dos di- versos catecismos dos dias da Reforma.
CATECISMO DE HEIDELBERG
Dia do Senhor 1
P.1. Qual é o seu único consolo na vida e na morte?R. Que não pertenço a mim mesmo,1 mas pertenço de corpo e alma, tanto na vida quanto na morte,2 ao meu fiel Salvador Jesus Cristo.3 Ele pagou completamente todos os meus pecados com o Seu sangue precioso4 e libertou-me de todo o domínio do diabo.5 Ele também me guarda de tal maneira6 que sem a vontade do meu Pai celeste nem um fio de cabelo pode cair da minha cabeça;7 na verdade, todas as coisas cooperam para a minha salvação.8 Por isso, pelo Seu Espírito Santo, Ele também me assegura a vida eterna9 e faz-me disposto e pronto de coração para viver para Ele de agora em diante.10
1. 1Co 6.19, 20. 2. Rm 14.7-9. 3. 1Co 3.23; Tt 2.14. 4. 1Pe 1.18, 19; 1Jo 1.7; 2.2. 5. Jo 8.34-36; Hb 2.14, 15; 1Jo 3.8. 6. Jo 6.39, 40; 10.27-30; 2Ts 3.3; 1Pe 1.5. 7. Mt 10.29-31; Lc 21:16-18. 8. Rm 8.28. 9. Rm 8.15, 16; 2Co 1.21, 22; 5.5; Ef 1.13, 14. 10. Rm 8:14
P.2. O que é que você precisa saber para viver e morrer nessa consolação?
R. Primeiro, como são grandes meus pecados e miséria;1 segundo, de que modo sou liberto de todos os meus pecados e miséria;2 terceiro, de que modo devo ser grato a Deus por uma tal libertação.3
1. Rm 3.9, 10; 1Jo 1:10. 2. Jo 17.3; At 4.12; 10.43. 3. Mt 5.16; Rm 6.13; Ef 5.8-10; 1Pe 2.9, 10.
O Catecismo de Heidelberg
Parte I
NOSSOS PECADOS E MISÉRIA
Dia do Senhor 2
P.3. Como é que você sabe dos seus pecados e miséria?R. Pela lei de Deus.1 1. Rm 3.20; 7.7-25.
P.4. O que a lei de Deus exige de nós?
R. É isso o que Cristo nos ensina resumidamente em Mateus 22.37-40: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento.1 Este é o grande e primeiro mandamento. O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas2”.
1. Dt 6.5. 2. Lv 19.18.
P.5. Você consegue guardar tudo isso perfeitamente?
R. Não.1 Sou, por natureza, inclinado a odiar a Deus e ao meu próximo.2
1. Rm 3.10, 23; 1Jo 1.8, 10. 2. Gn 6.5; 8.21; Jr 17.9; Rm 7.23; 8.7; Ef 2.3; Tt 3.3.
Dia do Senhor 3
P.6. Então, Deus criou o homem assim tão mau e perverso?R. Não, pelo contrário, Deus criou o homem bom1 e à Sua imagem,2 isso é, em verdadeira justiça e santidade,3 de modo que ele pudesse conhecer corretamente a Deus, o seu Criador,4 amá-lO de coração, e viver com Ele em eterna felicidade para O louvar e glorificar.5
1. Gn 1.31. 2. Gn 1.26, 27. 3. Ef 4.24. 4. Cl 3.10 5. Sl 8. 52
P.7. De onde veio, então, a natureza corrompida do homem?
R. Da queda e desobediência dos nossos primeiros pais, Adão e Eva, no Paraíso.1 Ali a nossa natureza tornou-se corrupta2 de tal modo que somos todos concebidos e nascidos em pecado.3
1. Gn 3. 2. Rm 5.12, 18, 19. 3. Sl 51.5.
P.8. Mas, somos tão corruptos que não somos capazes de fazer bem algum e somos inclinados a todo o mal?
R. Sim,1 a menos que sejamos gerados novamente pelo Espírito de Deus.2
1. Gn 6.5; 8.21; Jó 14.4; Is 53.6. 2. Jo 3.3-5.
Dia do Senhor 4
P.9. Mas, Deus não age injustamente com o homem ao exigir em Sua lei aquilo que o homem não consegue cumprir?R. Não, pois Deus criou o homem de tal forma que ele era capaz de a cumprir.1 Mas o homem, sob a instigação do diabo,2 em desobediência deliberada,3 privou a si mesmo e a todos os seus descendentes destes dons.4
1. Gn 1.31. 2. Gn 3.13; Jo 8.44; 1Tm 2.13, 14. 3. Gn 3.6. 4. rm 5.12, 28, 19.
P.10. Permitiria Deus que uma tal desobediência e apostasia ficasse sem castigo?
R. Certamente que não, pois tanto o nosso pecado original quanto os nossos pecados presentes O deixam terrivelmente irado. Por isso Ele os castigará com justo juízo agora e eternamente,1 conforme declarou:2 “Maldito todo aquele que não permanece em todas as coisas escritas no Livro da lei, para praticálas” (Gl 3.10).
1. Gn 2.17; Ex 34.7; Sl 5.4-6; 7.11; Na 1.2; Rm 1.18; 5.12; Ef 5.6 Hb 9.27. 2. 27.26. 53
P.11. Mas Deus não é também misericordioso?
R. Deus é verdadeiramente misericordioso,1 mas também é justo.2 A Sua justiça requer que o pecado cometido contra a Sua suprema majestade seja castigado também com a pena mais severa, quer dizer, com o eterno castigo do corpo e da alma.3
1. Ex 20.6; 34.6, 7; Sl 103.8, 9. 2. Ex 20.5; 34.7; Dt 7.9-11; Sl 5.4-6; Hb 10.30, 31. 3. Mt 25.45, 46.
Parte II NOSSA SALVAÇÃO
Dia do Senhor 5
P.12. Se pelo justo julgamento de Deus merecemos tanto o castigo temporal quanto o eterno, como, então, poderemos escapar desta punição para sermos novamente recebidos em graça?R. Deus requer que a Sua justiça seja satisfeita.1 Por isso, nós mesmos devemos satisfazer essa justiça completamente, ou um outro por nós.2
1. Ex 20.5; 23.7; Rm 2:1-11. 2. Is 53.11; Rm 8.3, 4.
P.13. Podemos, nós mesmos, satisfazer essa justiça?
R. Certamente que não. Pelo contrário, todos os dias aumentamos a nossa dívida.1
1. Sl 130.3; Mt 6.12; Rm 2.4, 5.
P.14. Qualquer mera criatura pode satisfazê-la por nós?
R. Não. Em primeiro lugar, Deus não vai castigar uma outra criatura pelo pecado que o homem cometeu.1 Além disso, não há criatura que possa suportar o peso da ira eterna de Deus contra o pecado, nem libertar outros dessa ira.2 1. Ez 18.4, 20; Hb 2.14-18. 2. Sl 130.3; Na 1.6.
P.15. Que tipo de mediador e libertador temos que buscar?
R. Alguém que seja homem verdadeiro1 e justo,2 e mais pode- roso que todas as criaturas; isso é, alguém que seja ao mesmo tempo Deus verdadeiro.3
1. 1Co 15.21; Hb 2.17. 2. Is 53.9; 2Co 5.21; Hb 7.26. 3. Is 7.14; 9.6; Jr 23.6; Jo 1.1; Rm 8.3, 4.
Dia do Senhor 6
P.16. Por que tem de ser um homem verdadeiro e justo?R. Tem de ser homem verdadeiro, pois a justiça de Deus exige que a mesma natureza humana que pecou pague pelo pecado.1 Tem de ser homem justo pois alguém que, por natureza, já é pecador, não pode pagar pelos pecados dos outros.2 1. Rm 5.12, 15; 1Co 15.21; Hb 2.14-16. 2. Hb 7.26, 27; 1Pe 3.18.
P.17. Por que ele tem de ser, ao mesmo tempo, Deus verdadeiro?
R. Ele tem de ser Deus verdadeiro para que, pelo poder da Sua natureza Divina,1 possa suportar em sua natureza humana o peso da ira de Deus2 e, conquistar e restituir para nós a justiça e a vida.3
1.Is 9.6. 2. Dt 4.24; Na 1.6; Sl 130.3. 3. Is 53.5, 11; Jo 3.16; 2Co 5.21.
P.18. Mas, que Mediador é esse que é, ao mesmo tempo, Deus verdadeiro e homem verdadeiro e justo?
R. O nosso Senhor Jesus Cristo,1 “o qual se nos tornou, da parte de Deus, sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção” (1Co 1.30).
1. Mt 1.21-23; Lc 2.11; 1Tm 2.5; 3.16.
P.19. Como você sabe disso?
R. Pelo santo evangelho, revelado pela primeira vez no Paraíso pelo próprio Deus.1 O qual o fez proclamar depois pelos patriarcas2 e profetas,3 e prefigurar, como sombras, pelos sacrifícios e outras cerimônias da lei.4 Fazendo-o, por fim, ser cumprido por meio do Seu único Filho.5
1. Gn 3.15. 2. Gn 12.3; 22.18; 49.10. 3. Is 53; Jr 23.5, 6; Mc 7.18-20; At 10.43; Hb 1.1 4. Lv 1-7; Jo 5.46; Hb 10.1-10. 5. Rm 10.4; Gl 4.4, 5; Cl 2.17.
Dia do Senhor 7
P.20. Então, todos os homens foram salvos por Cristo, exatamente como por meio de Adão todos pereceram?R. Não.1Só estão salvos os que, pela verdadeira fé, foram enxertados em Cristo e aceitaram todos os Seus benefícios.2
1. Mt 7 .14; Jo 1.12; 3.16, 18, 36; Rm 11.16-21.
P.21. O que é a verdadeira fé?
R. A verdadeira fé é a convicção com que aceito como verdade tudo aquilo que Deus nos revelou em Sua Palavra.1 É também a firme certeza2 de que Deus garantiu — não só aos outros como também a mim3 — perdão de pecados, justiça eterna, e salvação4 por pura graça e somente pelos méritos de Cristo.5 O Espírito Santo realiza essa fé em meu coração por meio do evangelho.6
1. Jo 17.3, 17; Hb 11.1-3; Tg 2.19. 2. Rm 4.18-21; 5.1; 10.10; Hb 4.16. 3. Gl 2.20 4. Rm 1.17; Hb 10.10. 5. Rm 3.20-26; Gl 2.16; Ef 2.8-10. 6. At 16.14; Rm1.16; 10.17; 1Co 1.21.
P.22. Então, no que o cristão tem de acreditar?
R. Em tudo que nos está prometido no evangelho,1 e que nos são ensinados resumidamente pelo artigos da nossa fé cristã universal e indubitável.
1. Mt 28.19; Jo 20.30, 31.
P.23. Que artigos são esses?
R.
1. Creio em Deus Pai, Todo-poderoso, Criador do céu e da terra.
2. em Jesus Cristo, Seu unigênito Filho, nosso Senhor,
3. o qual foi concebido por obra do Espírito Santo; nasceu da virgem Maria;
4. padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos, foi crucificado, morte e sepultado; desceu ao inferno;
5. ressurgiu dos mortos ao terceiro dia;
6. subiu ao céu; está assentado à mão direita de Deus Pai Todo-poderoso,
7. de onde há de vir para julgar os vivos e os mortos.
8. Creio no Espírito Santo;
9. na santa Igreja universal; na comunhão dos santos;
10. na remissão dos pecados;
11. na ressurreição do corpo;
12. na vida eterna.
Dia do Senhor 8
P.24. Como se dividem esses artigos?R. Em três partes. — a primeira é sobre Deus o Pai e a nossa criação; — a segunda é sobre Deus o Filho e a nossa redenção;— a terceira é sobre Deus o Espírito Santo e a nossa santificação.
P.25. Por que é que você fala em três Pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo; visto que só existe um único Deus?
1 R. Porque o próprio Deus se revelou de tal maneira em Sua Palavra2 que essas três Pessoas distintas são o único, verdadeiro e eterno Deus.
1. Dt 6.4; Is 44.6; 45.5; 1Co 8.4, 6. 2. Gn 1.2, 3; Is 61.1; 63.8-10; Mt 3.16, 17; 28.18, 19; Lc 4.18; Jo 14.26; 15.26; 2Co 13.14; Gl 4.6; Tt 3.5, 6.
Deus Pai e a Nossa Criação
Dia do Senhor 9
P.26. Em que você crê quando diz: “Creio em Deus Pai, Todo-poderoso, Criador do céu e da terra”?R. Creio que o eterno Pai do nosso Senhor Jesus Cristo, que criou do nada o céu e a terra e tudo o que neles há,1 e também os sustenta e governa por Seu conselho e providência eternos,2 é o meu Deus e o meu Pai, por causa do Seu Filho Cristo.3 Creio nEle tão completamente que não tenho nenhuma dúvida de que Ele me suprirá de tudo que é necessário ao corpo e à alma,4 e que também converterá em bem para mim toda a adversidade que me enviar nessa vida conturbada.5 Ele assim pode fazer porque é Deus Todo-Poderoso,6 mas o quer fazer, porque é Pai Fiel.7
1. Gn 1; 2; Ex 20.11; Jó 38; 39; Sl 33.6; Is 44.24; At 4.24; 14.15. 2. Sl 104.27-30; Mt 6.30; 10.29; Ef 1.11. 3. Jo 1.12, 13; Rm 8.15, 16; Gl 4.4-7; Ef 1.5. 4. Sl 55.22; Mt 6.25, 26; Lc 12.22-31. 5. Rm 8.28. 6. Gn 18.14; Rm 8.31-39. 7. Mt 6.32, 33; 7.9-11.
Dia do Senhor 10
P.27. O que você entende por “Providência de Deus”?R. A providência de Deus é o Seu onipotente e onipresente poder,1 por meio do qual, com as Sua mãos, Ele sustenta continuamente o céu e a terra e todas as criaturas,2 governando-os de tal modo que ervas e plantas, chuva e seca, abundância e escassez, comida e bebida, saúde e doença, riqueza e pobreza,3 todas as coisas na verdade, não nos vêm por acaso4 mas procedem da Sua mão paternal.5
1. Jr 23.23, 24; At 17.24-28. 2. Hb 1.3 3. Jr 5.24; At 14.15-17; Jo 9.3; Pv 22.2. 4. Pv 16.33. 5. Mt 10.29.
P.28. Que benefício há em sabermos que Deus criou todas as coisas e que continuamente as sustenta pela Sua providência?
R. Podemos ser pacientes na adversidade,1 agradecidos na prosperidade2 e podemos, quanto ao futuro, confiar firmemente em nosso Deus e Pai fiel, porque criatura alguma poderá nos separar do Seu amor;3 pois todas elas estão de tal modo em Sua mão que sem a Sua vontade, elas não podem nem mesmo se mover.4
1. Jó 1.21, 22; Sl 39.10; Tg 1.3 2. Dt 8.10; 1Ts 5.18. 3. Sl 55.22; Rm 5.3-5; 8.38, 39. 4. Jó 1.12; 2.6; Pv 21.1; At 17.24-28.
Deus Filho e a Nossa Redenção
Dia do Senhor 11
P.29. Por que razão é o Filho de Deus chamado de Jesus, que quer dizer, Salvador?R. Porque Ele nos salva de todos os nossos pecados,1 e porque em ninguém mais devemos buscar ou podemos encontrar salvação.2
1. Mt 1.21; Hb 7.25. 1. Is 43.11; Jo 15.4, 5; At 4.11, 12; 1Tm 2.5.
P.30. Aqueles que buscam com fervor a sua salvação ou bem-estar nos santos, em si mesmos ou em outra coisa qualquer, também crêem no único Salvador Jesus?
R. Não. Embora gloriem-se nEle com palavras, eles na verdade negam a Jesus como o único Salvador.1 Pois das duas coisas, só uma é verdadeira: ou Jesus é um Salvador incompleto, ou aqueles que pela verdadeira fé aceitam esse Salvador têm que achar nEle tudo que é necessário para a sua salvação.2
1. 1Co 1.12, 13; Gl 5.4 2. Cl 1.19, 20; 2.10; 1Jo 1.7.
Dia do Senhor 12
P.31. Por que razão é Ele chamado de Cristo, que quer dizer, Ungido?R. Porque Ele foi ordenado por Deus o Pai, e ungido com o Espírito Santo,1 para ser o nosso supremo Profeta e Mestre,2 que nos revelou completamente o propósito secreto e a vontade de Deus quanto à nossa redenção;3 nosso único Sumo Sacerdote4 o qual por um único sacrifício do Seu corpo nos remiu,5 e intercede continuamente por nós diante do Pai;6 e nosso Rei eterno,7 que nos governa pela Sua Palavra e por Seu Espírito, e que nos defende e preserva na redenção que para nós conquistou.8
1. Sl 45.7 (Hb 1.9); Is 61.1 (Lc 4.18); Lc 3.21, 22. 2. Dt 18.15 (At 3.22) 3. Jo 1.18; 15.15. 4. Sl 110.4 (Hb 7.17). 5. Hb 9.12; 10.11-14. 6. Rm 8.34; Hb 9.24; 1Jo 2.1. 7. Zc 9.9 (Mt 21.5); Lc 1.33. 8. Mt 28.18-20; Jo 10.28. Ap 12.10, 11.
P.32. Por que é que você é chamado de cristão?
R. Porque, pela fé, sou membro de Cristo e por isso partilho da Sua unção,2 para poder como profeta confessar o Seu nome;3 como sacerdote apresentar a mim mesmo como sacrifício vivo de gratidão a Ele;4 como rei, de livre e boa consciência, combater o pecado e o diabo nessa vida5 e no porvir reinar eternamente com Ele sobre todas as criaturas.6
1. 1Co 12.12-27. 2. Jl 2.28 (At 2.17); 1Jo 2.27. 3. Mt 10.32; Rm 10.9, 10; Hb 13.15. 4. Rm 12.1; 1Pe 2.5, 9. 5. Gl 5.16, 17; Ef 6.11; 1Tm 1.18, 19. 6. Mt 25.34; 2Tm 2.12.
Dia do Senhor 13
P.33. Por que é Ele chamado de “Filho unigênito” de Deus, se nós também somos filhos de Deus?R. Porque somente Cristo é o eterno e natural Filho de Deus.1 Nós, contudo, somos filhos de Deus por adoção, pela graça, por causa de Cristo.2
1. Jo 1.1-3, 14, 18; 3.16; Rm 8.32; Hb 1; 1Jo 4.9. 2. Jo 1.12; Rm 8.14-17; Gl 4.6; Ef 1.5, 6.
P.34. Por você O chama de “nosso Senhor”?
R. Porque Ele nos comprou e nos resgatou, o corpo e a alma,1 de todos os nossos pecados — não com ouro nem prata, mas com o Seu precioso sangue2 — e nos libertou de todo o domínio do diabo para nos tornar Sua possessão.3
1. 1Co 6.20; 1Tm 2.5, 6. 2. 1Pe 1.18, 19. 3. Cl 1.13, 14; Hb 2.14, 15.
Dia do Senhor 14
P.35. Que confessa você quando diz que Cristo: “foi concebido por obra do Espírito Santo; nasceu da virgem Maria”?R. O eterno Filho de Deus, o qual é e permanece Deus verdadeiro e eterno,1 tomou sobre Si a verdadeira natureza humana da carne e do sangue da virgem Maria,2 pela operação do Espírito Santo.3 Por isso, Ele é também a verdadeira semente de Davi,4 semelhante a Seus irmãos em tudo,5 porém, sem pecado.6
1. Jo 1.1; 10.30-36; Rm 1.3; 9.5; Cl 1.15-17; 1Jo 5.20. 2. Mt 1.18-23; Jo 1.14; Gl 4.4; Hb 2.14. 3. Lc 1.35 4. 2 Sm 7.12-16; Sl 132.11; Mt 1.1; Lc 1.32; Rm 1.3. 5. Fl 2.7; Hb 2.17. 6. Hb 4.15; 7.26, 27.
P.36. Que benefício você recebe de Cristo ter sido concebido e nascido sem pecado?
R. Ele é o nosso Mediador,1 e com a Sua inocência e perfeita santidade cobre aos olhos de Deus o meu pecado, no qual fui concebido e nascido.2
1. 1Tm 2.5, 6; Hb 9.13-15. 2. Rm 8.3, 4; 2Co 5.21; Gl 4.4, 5; 1Pe 1.18, 19.
Dia do Senhor 15
P.37. O que você confessa quando diz que Ele “padeceu”?R. Durante todo o tempo em que viveu sobre a terra, e especialmente no final, Cristo suportou no corpo e na alma a ira de Deus contra o pecado de toda a raça humana.1 Assim, por Seu sofrimento, como o único sacrifício de expiação,2 Ele redimiu o nosso corpo e a nossa alma da condenação eterna3 e conquistou para nós a graça de Deus, a justiça e a vida eterna.4
1. Is 53; 1Tm 2.6; 1Pe 2.24; 3.18. 2. Rm 3.25; 1Co 5.7; Ef 5.2; Hb 10.14; 1Jo 2.2; 4.10. 3. Rm 8.1-4; Gl 3.13; Cl 1.13; Hb 9.12; 1Pe 1.18, 19. 4. Jo 3.16; Rm 3.24-26; 2Co 5.21; Hb 9.15.
P.38. Por que Ele “padeceu sob” o julgamento de “Pôncio Pilatos?”
R. Embora inocente, Cristo foi condenado por um juiz terreno,1 e assim Ele nos livrou do severo juízo de Deus que haveria de cair sobre nós.2
1. Lc 23.13-24; Jo 19.4, 12-16. 2. Is 53.4, 5; 2Co 5.21; Gl 3.13.
P.39. Há algum sentido especial em Cristo ter sido crucificado e não ter morrido de outro modo?
R. Sim. Por causa disso tenho a certeza de que Ele levou sobre Si a maldição que estava sobre mim, pois quem era crucificado era maldito de Deus.1
1. Dt 21.23; Gl 3.13. 62
Dia do Senhor 16
P.40. Por que foi necessário que Cristo se humilhasse até à morte?R. Por causa da justiça e da verdade de Deus1 a satisfação pelos nossos pecados não poderia ocorrer de outra forma senão pela morte do Filho de Deus.2
1. Gn 2.17. 2. Rm 8.3; Fl 2.8; Hb 2.9, 14, 15.
P.41. Por que foi Ele “sepultado”?
R. O Seu sepultamento testifica que Ele realmente morreu.1
1. Is 53.9; Jo 19.38-42; At 13.29; 1Co 15.3, 4.
P.42. Se Cristo morreu por nós, por que ainda temos que morrer?
R. A nossa morte não é o pagamento pelos nossos pecados,1 mas ela põe fim aos nossos pecados e é a entrada para a vida eterna.2
1. Mc 8.37; 2. Jo 5.24; Rm 7.24, 25; Fp 1.23.
P.43. Que outros benefícios recebemos do sacrifício e morte de Cristo na cruz?
R. Pela morte de Cristo a nossa velha natureza é crucificada, morta e sepultada com Ele,1 para que os desejos malignos da carne não reinem mais sobre nós2 e possamos nos ofertar a Ele como sacrifício de gratidão.3
1. Rm 6.5-11; Cl 2.11-12. 2. Rm 6.12-14. 3. Rm 12.1; Ef 5.1, 2.
P.44. Por que razão se acrescenta: “desceu ao inferno”?
R. A angústia, a dor, o terror e a agonia indizíveis que Cristo suportou em todos os Seus sofrimentos1 — especialmente na cruz — dão-me a certeza e a consolação de que, por maiores que sejam as minhas tristezas e tentações, Ele me livrou da angústia e do tormento do inferno.2
1. Sl 18.5, 6; 116.3; Mt 26.36-46; 27.45, 46; Hb 5.7-10. 2. Is 53.
Dia do Senhor 17
P.45. Como somos favorecidos com a ressurreição de Cristo?R. Primeiro: pela ressurreição Ele venceu a morte, para nos tornar participantes da justiça que Ele conquistou para nós pela Sua morte.1 Segundo: pelo Seu poder nós também somos ressuscitados para uma vida nova.2 Terceiro: a ressurreição de Cristo é, para nós, a garantia da nossa ressurreição gloriosa.3
1. Rm 4.25; 1Co 15.16-20; 1Pe 1.3-5. 2. Rm 6.5-11; Ef 2.4-6; Cl 3.1-4. 3. Rm 8.11; 1Co 15.12-23; Fl 3.20, 21.
Dia do Senhor 18
P.46. O que você confessa quando diz que Cristo “subiu ao céu”?R. Que Cristo, à vista dos Seus discípulos, foi levado da terra ao céu,1 e que lá está para o nosso benefício2 até que venha novamente para julgar os vivos e os mortos.3
1. Mc 16.19; Lc 24.50, 51; At 1.9-11. 2. Rm 8.34; Hb 4.14; 7.23-25; 9.24. 3. Mt 24.30; At 1.11.
P.47. Quer dizer, então, que Cristo não está conosco até a consumação dos séculos, conforme Ele nos havia prometido?
1 R. Cristo é verdadeiro homem e verdadeiro Deus. Segundo Sua natureza humana, Ele não está mais na terra,2 mas segundo a Sua natureza divindade, majestade, graça e Espírito, Ele jamais se ausentou de nós.3
1 Mt 28.20. 2. Mt 26.11; Jo 16.28; 17.11; At 3.19-21; Hb 8.4. 3. Mt 28.18-20; Jo 14.16-19; 16.13.
P.48. Mas, se a natureza humana não estiver presente onde quer que a natureza Divina esteja, não estariam as duas naturezas de Cristo separadas uma da outra?
R. De maneira nenhuma, pois a Sua Divindade é ilimitada e está presente em toda parte.1 Por isso, conclui-se que apesar da Sua natureza Divina ultrapassar a natureza humana que Ele assumiu, ela está dentro dessa natureza humana e a ela permanece unida como pessoa.2
1. Jr 23.23, 24; At 7.48, 49. 2. Jo 1.14; 3.13; Cl 2.9.
P.49. De que modo somos abençoados com a ascensão de Cristo ao céu?
R. Primeiro: Ele é o nosso Advogado no céu diante do Pai.1 Segundo: temos a nossa carne no céu como a garantia segura de que Ele, o nosso Cabeça, também nos levará para Si, como membros Seus.2 Terceiro: Ele nos enviou o Seu Espírito como garantia,3 pelo poder do qual buscamos as coisas do alto — onde Cristo está assentado à direita de Deus — e não as que são da terra.4
1. Rm 8.34; 1Jo 2.1. 2. Jo 14.2; 17.24; Ef 2.4-6. 3. Jo 14.16; At 2.33; 2Co 1.21, 22; 5.5; Ef 1.13,14 4. Cl 3.1-4.
Dia do Senhor 19
P.50. Por que se acrescentou “está assentado à mão direita de Deus”?R. Cristo ascendeu ao céu para manifestar-se lá como o Cabeça da Sua igreja,1 por meio de quem o Pai governa todas as coisas.2
1. Ef 1.20-23; Cl 1.18. 2. Mt 28.18; Jo 5.22, 23.
P.51. Que benefício tem para nós esta glória de Cristo, o nosso Cabeça?
R. Primeiro: pelo Seu Espírito Santo Ele derrama sobre nós, Seus membros, os dons celestiais.1 Segundo: pelo Seu poder Ele nos defende e preserva de to- dos os inimigos.2
1. At 2.33; Ef 4.7-12. 2. Sl 2.9; 110.1, 2; Jo 10.27-30; Ap 19.11-16.
P.52. Que consolo lhe dá o fato de que Cristo “há de vir para julgar os vivos e os mortos”?
R. Que em todas as minhas aflições e perseguições eu de cabeça erguida e cheio de ânimo espero vir do céu, como juiz, Aquele mesmo que antes se submeteu ao juízo de Deus por minha causa, e removeu de sobre mim toda a maldição.1 Ela lançará todos os Seus e meus inimigos na condenação eterna, mas levará para Si mesmo, para o gozo e glória celestiais, a mim e a todos os Seus escolhidos.2
1. Lc 21.28; Rm 8.22-25; Fl 3.20, 21; Tt 2.13, 14. 2. Mt 25.31-46; 1Ts 4.16, 17; 2Ts 1.6-10.
Deus Espírito Santo e a Nossa Santificação
Dia do Senhor 20
P.53. O que você crê sobre o Espírito Santo?R. Primeiro: Creio que Ele é verdadeiro e eterno Deus, juntamente com o Pai e o Filho.1 Segundo: Creio que Ele foi dado também a mim2 para — pela verdadeira fé — me tornar participante de Cristo e de todos os Seus benefícios,3 para me consolar4 e para permanecer comigo para sempre.5
1. Gn 1.1, 2; Mt 28.19; At 5.3, 4; 1Co 3.16. 2. 1Co 6.19; 2Co 1.21, 22; Gl 4.6; Ef 1.13. 3. Gl 3.14; 1Pe 1.2. 4. Jo 15.26; At 9.31. 5. Jo 14.16, 17; 1Pe 4.14.
Dia do Senhor 21
P.54. O que você crê sobre a “santa Igreja universal ” de Cristo?R. Creio que o Filho de Deus,1 desde o começo até o fim do mundo,2 reúne para Si mesmo,3 de entre todo o gênero humano,4 uma igreja eleita para a vida eterna5 a qual protege e preserva na unidade da verdadeira fé6 pelo Seu Espírito e pela Sua Palavra.7 E creio que eu sou8 e serei para sempre um membro vivo dela.9
1. Jo 10.11; At 20.28; Ef 4.11-13; Cl 1.18. 2. Is 59.21; 1Co 11.26. 3. Sl 129.1-5; Mt 16.18; Jo 10.28-30. 4.Gn 26.4; Ap 5.9. 5.Rm 8.29; Ef 1.3-14. 6. At 2.42-47; Ef 4.1-6. 7. Rm 1.16; 10.14-17; Ef 5.26. 8. 1Jo 3.14, 19-21. 9. Sl 23.6; Jo 10.27, 28; 1Co 1.4-9; 1Pe 1.3-5.
P.55. O que você crê sobre a “comunhão dos santos”?
R. Primeiro: creio que todos os crentes, juntos e cada um em particular, como membros de Cristo, têm comunhão com Ele e participam de todos os Seus tesouros e dons.1 Segundo: creio que cada um têm o dever de usar os seus dons com disposição e alegria para o benefício e o bem-estar dos outros membros.2
1. Rm 8.32; 1Co 6.17; 12.4-7, 12, 13; 1Jo 1.3 2. Rm 12.4-8; 1Co 12.20-27; 13.1-7; Fl 2.4-8.
P.56. O que você crê sobre a “remissão dos pecados”?
R. Creio que Deus, por causa da satisfação que Cristo realizou, não se lembrará mais dos meus pecados1 nem da minha natu- reza pecaminosa, contra a qual devo lutar durante toda a mi- nha vida,2 mas me concederá graciosamente a justiça de Cristo, para que eu jamais entre em condenação.3
1. Sl 103.3, 4, 10, 12; Mq 7.18, 19; 2Co 5.18-21; 1Jo 1.7; 2.2. 2. Rm 7.21-25. 3. Jo 3.17, 18; 5.24; Rm 8.1, 2.
Dia do Senhor 22
P.57. Que consolação lhe traz a “ressurreição do corpo”?R. Que depois dessa vida, não apenas a minha alma será levada imediatamente para Cristo, meu Cabeça,1 mas que também essa minha carne, ressuscitada pelo poder de Cristo, será reunida à minha alma e feita à semelhança do corpo glorioso de Cristo.2
1. Lc 16.22; 23.43; Fl 1.21-23. 2. Jó 19.25, 26; 1Co 15.20, 42-46, 54; Fl 3.21; 1Jo 3.2.
P.58. Que consolação lhe traz o artigo sobre a “vida eterna”?
R. Já agora sinto em meu coração o princípio do gozo eterno,1 pois depois dessa vida obterei a perfeita bem-aventurança que o olho jamais viu, nem o ouvido ouviu, nem o coração huma- no pode conceber. Uma bem-aventurança para se louvar a Deus eternamente.2
1. Jo 17.3; Rm 14.17; 2Co 5.2, 3. 2. Jo17.24; 1Co 2.9.
A Nossa Justificação
Dia do Senhor 23
P.59. Que proveito há para você que agora crê nisso?R. O proveito é que em Cristo sou justo diante de Deus e herdeiro da vida eterna.1
1. Hc 2.4; Jo 3.36; Rm 1.17; 5.1, 2.
P.60. Como é que você é justo diante de Deus?
R. Somente pela verdadeira fé em Jesus Cristo.1 Embora a minha consciência me acuse de haver pecado gravamente contra os mandamentos de Deus, sem jamais haver obedecido a todos eles,2 e de ainda ser inclinado a todo o mal,3 Deus, no entanto, sem que houvesse em mim nenhum mérito próprio,4 somente pela Sua graça,5 imputa-me a perfeita satisfação, justiça e santidade de Cristo.6 Se tão-somente aceitar esse dom crendo fielmente com o coração,7 Ele me concede isso como se eu jamais tivesse tido ou cometido nenhum pecado, e como se eu mesmo tivesse cumpri- do toda a obediência que Cristo cumpriu por mim.8
1. Rm 3.21-28; Gl 2.16; Ef 2.8, 9; Fl 3.8-11. 2. 3.9, 10. 3. Rm 7.23. 4. Dt 9.6; Ez 36.22; Tt 3.4, 5. 5. Rm 3.24; Ef 2.8. 6. Rm 4.3-5; 2Co 5.17-19; 1Jo 2.1, 2. 7. Jo 3.18; At 16.30, 31; Rm 3.22. 8. Rm 4.24, 25; 2Co 5.21.
P.61. Por quê você diz que é justo somente pela fé?
R. Eu o digo não porque sou agradável a Deus graças ao valor da minha fé, pois somente a satisfação, a justiça e santidade de Cristo é a minha justiça diante de Deus.1 É somente pela fé que posso receber e fazer dessa justiça a minha própria justiça.2
1. 1Co 1.30, 31; 2.2. 2. Rm10.10; 1Jo 5.10-12.
Dia do Senhor 24
P.62. Mas, por que as nossas boas obras não podem ser a nossa justiça diante de Deus, ou pelo menos parte dessa justiça?R. Porque a justiça que pode subsistir diante do juizo de Deus deve ser absolutamente perfeita e totalmente de acordo com a Sua lei,1 enquanto até mesmo as nossas melhores obras nesta vida são todas imperfeitas e contaminadas com o pecado.2
1. Dt 27.26; Gl 3.10. 2. Is 64.6.
P.63. Se as nossas boas obras não merecem nada, por que Deus promete recompensá-las nesta vida e na futura?1
R. Essa recompensa não é por mérito, mas é um dom de graça.2
1. Mt 5.12; Hb 11.6. 2. Lc 17.10; 2 Tm 4.7, 8.
P.64. Esse ensinamento não torna as pessoas descuidadas e ímpias?
R. Não. É impossível que os que são enxertados em Cristo pela verdadeira fé não produzam fruto de gratidão.1
1. Mt 7.18; Lc 6.43-45; Jo 15.5.
A Palavra e os Sacramentos
Dia do Senhor 25
P.65. Visto que somente a fé é o que nos torna participantes de Cristo e de todos os Seus benefícios, de onde vem essa fé?R. Vem do Espírito Santo,1 que a opera em nossos corações pela pregação do evangelho,2 e a fortalece pelo uso dos sacramentos.3
1. Jo 3.5; 1Co 2.10-14; Ef 2.8; Fl 1.29. 2. Rm 10.17; 1Pe 1.23-25. 3. Mt 28.19, 20; 1Co 10.16.
P.66. O que são sacramentos?
R. Os sacramentos são sinais e selos santos e visíveis. Foram instituídos por Deus para que pelo uso deles Ele pudesse, o mais claramente possível, nos declarar e selar a promessa do evangelho.1 E esta é a promessa: que Deus nos concede graciosamente perdão de pecados e vida eterna por causa dos sacrifícios de Cristo ofertado na cruz.2
1. Gn 17.11; Dt 30.6; Rm 4.11. 2. Mt 26.27, 28; At 2.38; Hb 10.10.
P.67. Então, tanto a Palavra quanto os sacramentos têm por objetivo direcionar a nossa fé para o sacrifício de Jesus Cristo na cruz, como a única base para a nossa salvação?
R. Sim, de fato. O Espírito Santo nos ensina no Evangelho e nos garante pelos sacramentos que toda a nossa salvação baseia-se no sacrifício único de Cristo por nós na cruz.1
1. Rm 6.3; 1Co 11.26; Gl 3.27. 70
P.68. Quantos sacramentos Cristo instituiu na nova aliança?
R. Dois: O santo batismo e a santa ceia.1
1. Mt 28.19, 20; 1Co 11.23-26.
O Santo Batismo
Dia do Senhor 26
P.69. Como o santo batismo lhe faz saber e lhe assegura que o único sacrifício de Cristo na cruz lhe beneficia?R. Do seguinte modo: Cristo instituiu esse lavar exterior1 e deu com ele a promessa de que, tão certo quanto a água remove a sujeira do corpo, assim também o Seu sangue e Espírito removem a impureza da minha alma, isto é, todos os meus pecados.2
1. Mt 28.19. 2. Mt 3.11; Mc 16.16; Jo 1.33; At 2.38; Rm 6.3, 4; 1Pe 3.21.
P.70. Que significa ser lavado com o sangue e o Espírito de Cristo?
R. Ser lavado com o sangue de Cristo significa receber de Deus o perdão de pecados, por meio da graça, por causa do sangue de Cristo derramado por nós em Seu sacrifício na cruz.1 Ser lavado com o Seu Espírito significa ser renovado pelo Espírito Santo e santificado para sermos membros de Cristo, para que morramos mais e mais para o pecado e vivamos uma vida santa e irrepreensível.2
1. Ez 36.25; Zc 13.1; Ef 1.7; Hb 12.24; 1Pe 1.2; Ap 1.5; 7.14. 2. Jo 3.5-8; Rm 6.4; 1Co 6.11; Cl 2.11, 12.
P.71. Onde Cristo prometeu que nos lavaria com o Seu sangue e Espírito tão certo quanto somos lavados com a água do batismo?
R. Na instituição do batismo, onde Ele afirma: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando- os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” (Mt 28.19).“Quem crer e for batizado será salvo; quem, porém, não crer será condenado” (Mc 16.16). Essa promessa se repete onde a Escritura chama o batismo de lavar regenerador e de purificação dos pecados (Tt 3.5; At 22.16).
Dia do Senhor 27
P.72. Então, esse lavar exterior com água por si mesmo remove os pecados?R. Não, somente o sangue de Jesus Cristo e o Espírito Santo nos purificam de todo o pecado.1
1. Mt 3.11; 1Pe 3.21; 1 Jo 1.7.
P.73. Então, por que o Espírito Santo chama o batismo de “lavar regenerador” e de “purificação de pecados”?
R. Deus fala assim por uma razão importante. Ele nos quer ensinar que o sangue e o Espírito de Cristo removem os nossos pecados assim como a água remove a sujeira do corpo.1 Porém, ainda mais importante, Ele nos quer assegurar por meio dessa garantia e sinal divinos que somos tão verdadeiramente purificados espiritualmente dos nossos pecados, assim como somos fisicamente lavados com a água.2
1. 1Co 6.11; Ap 1.5; 7-14. 2. Mt 16.16; At 2.38; Rm 6.3, 4; Gl 3.27.
P.74. As crianças pequenas devem ser batizadas?
R. Sim. As crianças, assim como os adultos, pertencem à aliança e à igreja de Deus.1 Através do sangue de Cristo lhes são prometidos, da mesma forma que aos adultos, a redenção do pecado e o Espírito Santo, que opera a fé.2 Assim as crianças, por meio do batismo como sinal da aliança, devem ser enxertadas na igreja de Cristo e distinguidas dos filhos dos incrédulos.3 Na velha aliança isso era feito pela circuncisão,4 que, na nova aliança, foi substituída pela instituição do batismo.5
1. Gn 17.7; Mt 19.14. 2. Sl 22.10; Is 44.1-3; At 2.38, 39; 16.31. 3. At 10.47; 1Co 7.14. 4. Gn 17.9-14. 5. Cl 2.11-13.
A Santa Ceia
Dia do Senhor 28
P.75. Como a santa ceia lhe faz saber e lhe assegura que você tem parte no único sacrifício de Cristo na cruz e de todos os Seus dons?R. Do seguinte modo: Cristo ordenou a mim e a todos os crentes que em Sua memória comêssemos desse pão partido e bebêssemos desse cálice. Juntamente com esse mandamento Ele deu essas promessas:1 Primeira: tão certo como vejo com os meus olhos o pão do Senhor partido por mim e o Seu cálice dado a mim, assim também foi o Seu corpo ofertado por mim e o Seu sangue derramado por mim na cruz. Segunda: tão certamente quanto recebo das mãos do ministro e provo com a minha boca o pão e o cálice do Senhor como si- nais seguros do corpo e do sangue de Cristo, assim também Ele mesmo, com o Seu corpo crucificado e o Seu sangue derramado, alimenta e nutre a minha alma para a vida eterna.
1. Mt 26.26-28; Mc 14.22-24; Lc 22.19, 20; 1Co 11.23-25.
P.76. O que significa comer o corpo crucificado de Cristo e beber o Seu sangue derramado?
R. Primeiro: aceitar de todo coração todo o sofrimento e morte de Cristo, e assim receber o perdão dos pecados e a vida eterna.1 Segundo: ser unido cada vez mais ao santo corpo de Cristo pelo Espírito Santo que vive tanto nEle quanto em nós.2 Portanto, embora Cristo esteja no céu3 e nós estejamos na terra, somos carne da Sua carne e osso dos Seus ossos4 e vivemos eternamente e somos governados por um único Espírito, assim como os membros do nosso corpo o são por uma única alma.5
1. Jo 6.35, 40, 40-54. 2. Jo 6.55, 56; 1Co 12.13. 3. At 1.9-11; 3.21; 1Co 11.26; Cl 3.1. 4. 1Co 6.15, 17; Ef 5.29, 30; 1Jo 4.13. 5. Jo 6.56-58; 15.1-6; Ef 4.15, 16; 1Jo 3.24.
P.77. Onde foi que Cristo prometeu que Ele quer alimentar e refrigerar os crentes com o Seu corpo e sangue tão certamente quanto eles comem desse pão partido e bebem desse cálice?
R. Na instituição da Ceia do Senhor: “O Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão; e, tendo dado graças, o partiu e disse: Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim. Por semelhante modo, depois de haver ceado, tomou também o cálice, dizendo: Este cálice é a nova aliança no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que o beberdes, em memória de mim. Porque, todas as vezes que comerdes este pão e beberdes o cálice, anunciais a morte do Senhor, até que ele venha” (1Co 11.23-26). Paulo repete essa promessa onde diz: “Porventura, o cálice da bênção que abençoamos não é a comunhão do sangue de Cristo? O pão que partimos não é a comunhão do corpo de Cristo? Porque nós, embora muitos, somos unicamente um pão, um só corpo; porque todos participamos do único pão” (1Co 10.16, 17).
Dia do Senhor 29
P.78. Então, o pão e o vinho são transformados no corpo e no sangue reais de Cristo?R. Não. Do mesmo modo que a água do batismo não se transforma no sangue de Cristo nem é a própria purificação dos pecados, mas é simplesmente um sinal e uma garantia disso da parte de Deus,1 assim também o pão na Ceia do Senhor não se torna no próprio corpo de Cristo,2 embora seja chamado de corpo de Cristo3 conforme a natureza e o uso dos sacramentos.4
1. Ef 5.26; Tt 3.5. 2. Mt 26.26-29. 3. 1Co 10.16, 17; 11.26-28. 4. Gn 17.10, 11; Ex 12.11, 13; 1Co 10.3, 4; 1Pe 3.21.
P.79. Por que, então, Cristo chama o pão de “Seu corpo” e o cálice de “Seu sangue”, ou de a “nova aliança no Seu sangue”, e por que Paulo fala da comunhão do corpo e do sangue de Cristo?
R. Cristo fala dessa maneira por um motivo importante: Ele quer nos ensinar pela Sua ceia que do mesmo modo como o pão e o vinho nos sustentam a vida temporal, assim também o Seu corpo crucificado e o Seu sangue derramado são o verdadeiro alimento e a verdadeira bebida das nossas almas para a vida eterna.1 E, ainda mais, Ele nos quer assegurar por esse sinal e garantia visíveis, primeiramente, que pela operação do Espírito Santo nós participamos do Seu verdadeiro corpo e sangue tão certo quanto recebemos com a nossa boca esses santos sinais em memória dEle;2 e em segundo lugar, que todo o Seu sofrimento e obediência são tão certamente nos- sos como se nós mesmos tivéssemos sofrido e pago pelos nossos pecados.3
1. Jo 6.51, 55. 2. 1Co 10.16, 17; 11.26. 3. Rm 6.5-11.
Dia do Senhor 30
P.80. Qual é a diferença entre a Ceia do Senhor e a missa do papa?R. A Ceia do Senhor nos testifica, primeiramente, que temos o perdão completo de todos os nossos pecados pelo único sacrifício de Jesus Cristo, que Ele mesmo realizou na cruz de uma vez por todas;1 em segundo lugar,que pelo Espírito Santo somos enxertados em Cristo,2 o qual está agora no céu em Seu corpo verdadeiro à mão direita do Pai,3 e é onde Ele quer ser adorado.4 A missa, no entanto, ensina primeiro que nem os vivos nem os mortos têm o perdão de pecados por meio do sofrimento de Cristo se Ele não for ainda sacrificado diariamente em favor deles pelos sacerdotes; e em segundo lugar, que Cristo está presente corporalmente na forma do pão e do vinho, e neles deve ser adorado. A missa, portanto, é basicamente nada mais que a negação do único sacrifício e sofrimento de Jesus Cristo, e é uma idolatria maldita.
1. Mt 26.28; Jo 10.30; Hb 7.27; 9.12, 25, 26; 10..10-18. 2. 1Co 6.17; 10.16, 17. 3. Jo 20.17; At 7.55, 56; Hb 1.3; 8.1. 4. Jo 4.21-24; Fp 3.20; Cl 3.1; 1Ts 1.10.
P.81. Quem deve vir à mesa do Senhor?
R. Aqueles que, em verdade, estão descontentes consigo mesmos por causa dos seus pecados e que, mesmo assim, confiam que eles lhes foram perdoados e que o mal que ainda resta neles está coberto pelo sofrimento e morte de Cristo, e que também desejam fortalecer a sua fé e corrigir as suas vidas, cada vez mais. Mas os hipócritas e os que não se arrependem comem e bebem juízo para si mesmos.1
1. 1Co 10.19-22; 11.26-32.
P.82. Esses que por sua confissão e vida demonstram que são incrédulos e ímpios devem ser admitidos à ceia do Senhor?
R. Não, porque a aliança de Deus seria profanada e a Sua ira se acenderia contra toda a congregação.1 Por isso, segundo o mandamento de Cristo a Seus apóstolos, a igreja de Cristo tem o dever de excluir tais pessoas pelas chaves do reino do céu, até que corrijam as suas vidas.
1. Sl 50.16; Is 1.11-17; 1Co 11.17-34. 76
Dia do Senhor 31
P.83. O que são as chaves do reino do céu?R. A pregação do santo evangelho e a disciplina eclesiástica. É por esses dois meios que o reino do céu se abre para os que crêem, e se fecha para os incrédulos.1
1. Mt 16.19; Jo 20. 21-23.
P.84. Como se abre e se fecha o reino do céu pela pregação do evangelho?
R. De acordo com o mandamento de Cristo, o reino do céu se abre quando se proclama e se testifica de público a todo o crente — individual ou coletivamente — que Deus perdoou de fato a todos os seus pecados por causa dos méritos de Cristo, sempre que aceitam a promessa do evangelho com fé verdadeira. O reino do céu se fecha quando se proclama e se testifica a todo os incrédulos e hipócritas que, enquanto não se arrependerem, a ira de Deus e a condenação eterna repousam sobre eles. Segundo esse testemunho do evangelho, Deus os julgará tanto nessa quanto na vida porvir.1
1. Mt 16.19; Jo 3.31-36; 20.21-23.
P.85. Como se fecha e se abre o reino do céu pela disciplina eclesiástica?
R. De acordo com o mandamento de Cristo, aqueles que se chamam de cristãos mas que se mostram não-cristãos na doutrina ou na vida devem ser, em primeiro lugar e de modo fraternal, admoestado mais de uma vez. Se não abandonarem a seus erros nem à sua impiedade, de- vem ser denunciados à igreja, isto é aos presbíteros. Se também não derem ouvidos às admoestações deles, serão proibidos de participar dos sacramentos e excluídos da congregação cristã pelos presbíteros e do reino de Cristo pelo próprio Deus.1 Serão novamente recebidos como membros de Cristo e da igreja quando prometerem e demonstrarem arrependimento real.2
1. Mt 18.15-20; 1Co 5.3-5; 11-13; 2Ts 3.14, 15. 2. Lc 15.20-24; 2Co 2.6-11.
Parte III A NOSSA GRATIDÃO
Dia do Senhor 32
P.86. Se fomos libertados da nossa miséria somente pela graça através de Cristo, sem nenhum mérito nosso, por que então devemos praticar boas obras?R. Por que Cristo, tendo nos remido pelo Seu sangue, também nos renova por Seu Espírito Santo à Sua imagem para que, com toda a nossa vida, mostremo-nos gratos a Deus por Seus benefícios1 e para que Ele seja louvado por nós.2 Além disso, para que tenhamos a certeza da nossa fé por causa dos seus frutos,3 e que pelo novo viver piedoso possamos ganhar os nossos próximos para Cristo.4
1. Rm 6.13; 12.1, 2; 1Pe 2.5-10. 2. Mt 5.16; 1Co 6.19, 20. 3. Mt 7.17, 18; Gl 5.22-24; 2Pe 1.10, 11. 4. Mt 5.14-16; Rm 14.17-19; 1Pe 2.12; 3.1, 2.
P.87. Podem ser salvos aqueles que não abandonam o modo de viver ingrato e impenitente e não se convertem a Deus?
R. Não, de modo nenhum. A Escritura diz que nenhum impuro, idólatra, adúltero, ladrão, avarento, bêbado, maldizente, assaltante ou semelhante herdará o reino do céu.1
1. 1Co 6.9, 10; Gl 5.19-21; Ef 5.5, 6; Jo 3.14.
Dia do Senhor 33
P.88. O que é o verdadeiro arrependimento ou conversão do homem?R. É a morte da velha natureza e a ressurreição da nova natureza.1
1. Rm 6.1-11; 1Co 5.7; 2Co 5.17; Ef 4.22-24; Cl 3.5-10. 78
P.89. O que é a morte da velha natureza?
R. É a profunda e sincera tristeza por termos ofendido a Deus com os nossos pecados, e o abominar e fugir desses pecados cada vez mais.1
1. Sl 51.3, 4, 17; Jl 2.12, 13; Rm 8.12, 13; 2Co 7.10.
P.90. O que é a ressurreição da nova natureza?
R. É a alegria sincera em Deus por Cristo,1 e o amor e o deleite de viver segundo a vontade de Deus em todas as boas obras.2
1. Sl 51.8, 12; Is 57.15; Rm 5.1; 14.17. 2. Rm 6.10, 11; Gl 2.20.
P.91. Mas, o que são as boas obras?
R. Somente as que são feitas pela verdadeira fé,1 em conformidade com a lei de Deus2 e para a Sua glória,3 e não aquelas que se baseiam na nossa própria opinião ou em preceitos de homens.4
1. Jo 15.5; Rm 14.23; Hb 11.6. 2. Lv 18.4; 1Sm 15.22; Ef 11.6. 3. 1Co 10.31. 4. Dt 12.32; Is 29.13; Ez 10.18, 19; Mt 15.7-9.
Os Dez Mandamentos
Dia do Senhor 34
P.92. O que diz a lei de Deus?R. “Então, falou Deus todas estas palavras: Eu sou o SENHOR, teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão.
1. Não terás outros deuses diante de mim.
2. Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima nos céus, nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não as adorarás, nem lhes darás culto; porque eu sou o SENHOR, teu Deus, Deus zeloso, que visito a iniqüidade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem e faço misericórdia até mil gerações daqueles que me amam e guardam os meus mandamentos.
3. Não tomarás o nome do SENHOR, teu Deus, em vão, por- que o SENHOR não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão.
4. Lembra-te do dia de sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado do SENHOR, teu Deus; não farás nenhum trabalho, nem tu, nem o teu filho, nem a tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o forasteiro das tuas portas para dentro; porque, em seis dias, fez o SENHOR os céus e a terra, o mar e tudo o que neles há e, ao sétimo dia, descansou; por isso, o SENHOR abençoou o dia de sábado e o santificou.
5. Honra teu pai e tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o SENHOR, teu Deus, te dá.
6. Não matarás.
7. Não adulterarás.
8. Não furtarás.
9. Não dirás falso testemunho contra o teu próximo.
10. Não cobiçarás a casa do teu próximo. Não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma que pertença ao teu próximo”.1
1. Ex 20.1-17; Dt 5.6-21.
P.93. Como estão divididos estes mandamentos?
R. Em duas partes. A primeira nos ensina como viver com relação a Deus; a segunda, que deveres temos para com o nosso próximo.1
1. Mt 22.37-40.
P.94. Que exige o SENHOR no primeiro mandamento?
R. Que, por amor a minha salvação, devo evitar e fugir de toda idolatria,1 feitiçaria, superstição2 e invocação a santos ou a outras criaturas.3 E que devo reconhecer corretamente ao único e verdadeiro Deus,4 confiar somente nEle,5 submeter-me a Ele em toda humil- dade6 e paciência,7 só dEle esperar todo o bem,8 e que devo O amar,9 temer10 e honrar11 com todo o meu coração. Em resumo: é preferível repudiar a todas as criaturas a fazer qualquer coisa, mínima que seja, contra a Sua vontade.12
1. 1Co 6.9, 10; 10.5-14; 1Jo 5.21. 2. Lv 19.31; Dt 18.9-12. 3. Mt 4.10; Ap 19.10; 22.8, 9. 4. Jo 17.3. 5. Jr 17.5, 7. 6. 1Pe 5.5, 6. 7. Rm 5.3, 4; 1Co 10.10; Fp 2.14; Cl 1.11; Hb 10.36. 8. Sl 104.27, 28; Is 45.7; Tg 1.17. 9. Dt 6.5; (Mt 22.37). 10. Dt 6.2; Sl 111.10; Pv 1.7; 9.10; Mt 10.28; 1Pe 1.17. 11. Dt 6.13; (Mt 4.10); Dt 10.20. 12. Mt 5.29, 30; 10.37-39; At 5.29.
P.95. O que é idolatria?
R. Idolatria é ter ou inventar algo em que colocar a nossa confiança em lugar ou ao lado do único e verdadeiro Deus que se revelou em Sua Palavra.1
1. 1Cr 16.26; Gl 4.8, 9; Ef 5.5; Fp 3.19.
Dia do Senhor 35
P.96. Que exige Deus no segundo mandamento?R. Que não façamos a imagem de Deus em hipótese alguma,1 nem O adoremos de nenhum outro modo diferente do que nos ordenou em Sua Palavra.2
1. Dt 4.15-19; Is 40.18-25; At 17.29; Rm 1.23. 2. Lv 10.1-7; Dt 12.30; 1Sm 15.22, 23; Mt 15.9; Jo 4.23, 24.
P.97. Então, não podemos fazer nenhum tipo de imagem?
R. Deus não pode nem deve ser visivelmente representado de nenhuma maneira. As criaturas podem ser representadas, mas Deus nos proíbe fazer ou ter imagens delas para adorá-las ou para servir a Deus por meio delas.1
1. Ex 34.13, 14, 17; Nm 33.52; 2Rs 18.4, 5; Is 40.25.
P.98. Quer dizer que não se pode tolerar as imagens nas igrejas como “livros para os leigos”?
R. Não. Pois não devemos querer ser mais sábios do que o próprio Deus. Ele quer que o Seu povo seja ensinado não por meio de ídolos mudos1 mas pela pregação viva da Sua Palavra.2
1. Jr 10.8; Hc 2.18-20. Rm 10.14, 15, 17; 2 Tm 3.16, 17; 2Pe 1.19.
Dia do Senhor 36
P.99. O que se exige no terceiro mandamento?R. Que não blasfememos nem façamos mau uso o Nome de Deus por maldição,1 perjúrio2 ou votos desnecessários,3 e que não par- ticipemos, por omissão silenciosa, desses terríveis pecados.4 Antes devemos usar o santo nome de Deus somente com temor e reverência,5 para que possamos confessá-lO corretamen- te,6 invocá-lO,7 e O glorificar com todas as nossas palavras e obras.8
1. Lv 24.10-17. 2. Lv 19.12. 3. Mt 5.37; Tg 5.12. 4. Lv 5.1; Pv 29.24. 5. Sl 99.1-5; Is 45.23; Jr 4.2. 6. Mt 10.32, 33; Rm 10.9, 10. 7. Sl 50.14, 15. 1Tm 2.8. 8. Rm 2.24; Cl 3.17; 1Tm 6.1.
P.100. Será que blasfemar o Nome de Deus por juramentos e maldições é um pecado tão grande que Deus se ira também contra aqueles que não impedem nem proíbem isso o tanto quanto podem?
R. Certamente que sim.1 Porque nenhum pecado é maior nem provoca mais a ira de Deus do que blasfemar o Seu Nome. É por isso que Ele ordenou que esse pecado fosse punido com a morte.2
1. Lv 5.1. 2. Lv 24.16. 82
Dia do Senhor 37
P.101. Mas será que podemos, de modo piedoso, fazer juramentos e votos em Nome de Deus? R. Sim, quando o governo o exige de seus súditos, ou quando a necessidade o exige para que se guarde e se promova a fidelidade e a verdade, para a glória de Deus e o bem do nosso próximo. Esse tipo de juramento tem por base a Palavra de Deus1 e foi assim utilizado da maneira correta pelos santos do Velho e do Novo Testamentos.21. Dt 6.13; 10.20; Jr 4.1, 2; Hb 6.16. 2. Gn 21.24; 31-53; Js 9.15; 1Sm 24.22; 1Rs 1.29, 30; Rm 1.9; 2Co 1.23.
P.102. Podemos também jurar pelos santos ou por outras criaturas?
R. Não. Um juramento legítimo é uma invocação a Deus, para que Ele, o único que conhece o coração, sirva como testemunha da verdade e que me castigue se eu jurar falsamente.1 Nenhuma criatura é digna de uma tal honra.2
1. Rm 9.1; 2Co 1.23. 2. Mt 5.34-37; 23.16-22; Tg 5.12.
Dia do Senhor 38
P.103. O que exige Deus no quarto mandamento?R. Primeiro, que o ministério do evangelho e as escolas cris- tãs sejam mantidas1 e que eu, especialmente no dia de descanso, seja diligente em ir à igreja de Deus2 para ouvir à Palavra de Deus,3 participar dos sacramentos,4 para invocar publicamente ao Senhor 5 e para praticar a caridade cristã para com os necessitados. 6 Segundo, para que em todos os dias da minha vida eu cesse as minhas más obras, deixe o Senhor operar em mim por Seu Espírito Santo, e assim começar nesta vida o descanso eterno.7
1. Dt 6.4-9; 20-25; 1Co 9.13, 14; 2Tm 2.2; 3.13-17; Tt 1.5. 2. Dt 12.5-12; Sl 40.9, 10; 68.26; At 2.42-47; Hb 10.23-25. 3. Rm 10.14-17; 1Co 14.26-33; 1Tm 4.13. 4. 1Co 11.23, 24. 5. Cl 3.16; 1Tm 2.1. 6. Sl 50.14; 1Co 16.2; 2Co 8; 9. 7. Is 66.23; Hb 4.9-11.
Dia do Senhor 39
P.104. O que exige Deus no quinto mandamento?R. Que eu demonstre toda honra, amor e fidelidade a meu pai e à minha mãe, e a todos os meus superiores; que eu me submeta devidamente às suas boas instrução e disciplina1 e que também seja paciente com as suas fraquezas e defeitos,2 pois é a vontade de Deus nos governar pelas mãos deles.3
1. Ex 21.17; Pv 1.8; 4.1; Rm 13.1, 2; Ef 5.21, 22; 6.1-9; Cl 3.18-4.1. 2. Pv 20.20; 23.22; 1Pe 2.18. 3. Mt 22.21, Rm 13.1-8; Ef 6.1-9; Cl 3.18-21.
Dia do Senhor 40
P.105. O que exige Deus no sexto mandamento?R. Que eu não devo desonrar, odiar, injuriar nem matar o meu próximo por pensamentos, palavras, ou gestos e muito menos por ações, por mim mesmo ou através de outros;1 antes, devo fazer morrer todo desejo de vingança.2 Além disso, não devo me fazer mal nem me expor levianamente ao perigo.3 Por isso também o governo empunha a espada para impedir homicídios.4
1. Gn 9.6; Lv 19.17, 18; Mt 5.21, 22; 26.52. 2. Pv 25.21, 22; Mt 18.35; Rm 12.19; Ef 4.26. 3. Mt 4.7; 26.52; Rm 13.11-14. 4. Gn 9.6; Ex 21.14; Rm 13.4.
P.106. Mas, esse mandamento fala somente de matar?
R. Ao nos proibir de matar Deus nos ensina que detesta a raiz do homicídio, a saber: a inveja, o ódio, a ira e o desejo de vingança1 e que Ele considera tudo isso como homicídio.2
1. Pv 14.30; Rm 1.29; 12.19; Gl 5.19-21; Tg 1.20; 1Jo 2.9-11. 2. 1Jo 3.15. 84
P.107. Então, basta que não matemos o nosso próximo dessa maneira?
R. Não. Deus ao condenar a inveja, o ódio, a ira e o desejo de vingança nos ordena a amar os nossos inimigos como a nós mesmos,1 a demonstrar paciência, paz, mansidão, misericórdia e amizade para com ele,2 a protegê-lo do mal o tanto que pudermos e a fa- zer o bem até mesmo aos nossos inimigos.3
1. Mt 7.12; 22.39; Rm 12.10. 2. Mt 5.5; Lc 6.36; Rm 12.10, 18; Gl 6.1, 2; Ef 4.2; Cl 3.12; 1Pe 3.8. 3. Ex 23.4, 5; Mt 5.44, 45; Rm 12.20.
Dia do Senhor 41
P.108. O que nos ensina o sétimo mandamento?R. Que toda a impureza sexual é amaldiçoada por Deus.1 Por isso devemos abominá-la de todo coração2 e viver vidas puras e disciplinadas, tanto dentro quanto fora do santo matrimônio.3
1. Lv 18.30; Ef 5.3-5. 2. Jd 22, 23. 3. 1Co 7.1-9; 1Ts 4.3-8; Hb 13.4.
P.109. Neste mandamento, Deus só proíbe o adultério e pecados vergonhosos semelhantes?
R. Desde que somos, corpo e alma, templos do Espírito Santo, é a vontade de Deus que nos conservemos puros e santos. Por isso Ele proíbe todas as ações impuras, gesticulações, palavras, pensamentos, desejos,1 e tudo aquilo que possa nos induzir à impureza.2
1. Mt 5.27-29; 1Co 6.18-20; Ef 5.3, 4. 2. 1Co 15.33; Ef 5.18.
Dia do Senhor 42
P.110. O que proíbe Deus no oitavo mandamento?R. Deus não apenas proíbe o roubo e o furto que as autoridades punem1 mas também os esquemas e ciladas malignos como falsos pesos e falsas medidas, negócio enganoso, dinheiro falsificado e usura;2 não devemos defraudar o nosso próximo de maneira nenhuma, nem pela força nem pela aparência de direito.3 Além disso Deus proíbe toda a avareza4 e todo o abuso e desperdício de Suas dádivas.5
1. Ex 22.1; 1Co 5.9, 10; 6.9, 10. 2. Dt 25.13-16; Sl 15.5; Pv 11.1; 12.22; Ez 45.9-12; Lc 6.35. 3. Mq 6.9-11; Lc 3.14; Tg 5.1-6. 4. Lc 12.15; Ef 5.5. 5. Pv 21.20; 23.20, 21; Lc 16.10-13.
P.111. O que exige Deus de você nesse mandamento?
R. Que eu promova o bem do meu próximo sempre que for lícito e possível; que eu o trate do mesmo modo que desejaria ser tratado pelos outros e que trabalhe fielmente para ter condições de dar aos necessitados.1
1. Is 58.5-10; Mt 7.12; Gl 6.9, 10; Ef 4.28.
Dia do Senhor 43
P.112. O que se exige no nono mandamento?R. Que eu não devo levantar falso testemunho contra ninguém, nem distorcer as palavras de ninguém, não fazer fofoca nem difamar, não condenar nem me ajuntar com ninguém para condenar a outrem precipitadamente e sem o ter ouvido.1 Antes devo repudiar toda mentira e engano, obras próprias do diabo, para não trazer sobre mim a pesada ira de Deus.2 No tribunal ou em qualquer outro lugar eu devo amar à verdade,3 dizê-la e confessá-la com honestidade e fazer tudo o que puder para defender e promover a honra e a reputação do meu próximo.4
1. Sl 15; Pv 19.5, 9; 21.28; Mt 7.1; Lc 6.37; Rm 1.28-32. 2. Lv 19.11, 12; Pv 12.22; 13.5; Jo 8.44; Ap 21.8. 3. 1Co 13.6; Ef 4.25. 4. 1Pe 3.8, 9; 4.8.
Dia do Senhor 44
P.113. O que exige de nós o décimo mandamento?R. Que nem o mais leve pensamento ou desejo contrário a quais-quer mandamentos de Deus jamais deveriam se levantar em nosso coração. Antes, devemos sempre detestar de todo coração a todo o pecado e, nos deleitar em toda a justiça.1
1. Sl 19.7-14; 139.23, 24; Rm 7.7, 8.
P.114. Mas os que se converteram a Deus são capazes de guardar esses mandamentos perfeitamente?
R. Não.
Pois até mesmo os mais santos nessa vida só têm um leve começo dessa obediência.1 Mesmo assim, eles começam a viver — com sincero fervor e propósito —não apenas segundo alguns mandamentos de Deus, mas conforme todos eles.2 1. Ec 7.20; Rm 7.14, 15; 1Co 13.9; 1Jo 1.8 2. Sl 1.1, 2; Rm 7.22-25; Fp 3.12-16.
P.115. Se nessa vida ninguém consegue obedecer perfeitamente os Dez Mandamentos, por que Deus manda que sejam pregados com tanto rigor?
R. Primeiro, para que ao longo das nossas vidas possamos cada vez mais estar conscientes da nossa natureza pecaminosa, e assim buscarmos com mais fervor o perdão dos pecados e a justiça de Cristo.1 Segundo, para que, ao orarmos a Deus pela graça do Espírito Santo, jamais deixemos de batalhar para sermos cada vez mais renovados à imagem de Deus, até que após esta vida alcancemos o alvo da perfeição.2
1. Sl 32.5; Rm 3.19-26; 7.7, 24, 25; 1Jo 1.9. 2. 1Co 9.24; Fp 3.12-14; 1Jo 3.1-3.
A Oração
Dia do Senhor 4
P.116. Por que a oração é necessária aos cristãos?
R. Porque a oração é a parte mais importante da gratidão que Deus exige de nós.1 Além disso, Deus só concederá a Sua graça e o Espírito San- to àqueles que, constante e sinceramente, Lhe pedem esses dons e O agradecem por eles.21. Sl 50.14, 15; 116.12-19; 1Ts 6.16-18. 2. Mt 7.7, 8; Lc 11.9-13.
P.117. O que é preciso para que nossa oração agrade a Deus e por Ele seja ouvida? R. Primeiro, devemos invocar de coração apenas o único e ver- dadeiro Deus — que se revelou em Sua Palavra — por tudo aquilo que Ele nos ordenou orar.1 Segundo, devemos ter plena consciência da nossa necessida- de e miséria, para que possamos nos humilhar diante de Deus.2 Terceiro, devemos descansar no fundamento inabalável — do qual não somos merecedores — de que Deus com certeza ouvirá às nossas orações por causa de Cristo, nosso Senhor, conforme Ele nos prometeu na Sua Palavra.3
1. Sl 145.18-20; Jo 4.22-24; Rm 8.26, 27; Tg 1.5; 1Jo 5.14, 15 ; Ap 19.10. 2. 2Cr 7.14; 20.12; Sl 2.11; 34.18; 62.8; Is 66.2; Ap 4. 3. Dn 9.17-19; Mt 7.8; Jo 14.13, 14; 16.23; Rm 10.13; Tg 1.6.
P.118. O que foi que Deus ordenou que Lhe pedíssemos?
R. Tudo aquilo que necessitamos para nossos corpos e almas, conforme à oração que o próprio Cristo, nosso Senhor, nos en- sinou.1
1. Mt 6.33; Tg 1.17.
P.119. Qual é a oração do Senhor?
R. “Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome;
venha o teu reino; faça-se a tua vontade,
assim na terra como no céu; o pão nosso de cada dia dá-nos hoje;
e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores;
e não nos deixes cair em tentação; mas livra-nos do mal pois teu é o reino,
o poder e a glória para sempre. Amém!”1
1. Mt 6.9-13; Lc 11.2-4.
Dia do Senhor 46
P.120. Por que Cristo ordenou nos dirigir a Deus como o “Pai nosso”?R. Para despertar em nós, logo no início da nossa oração, a reverência filial e confiante em Deus que deve ser básica à nossa oração. Deus, por meio de Cristo, tornou-se o nosso Pai, e se os nos- sos pais não nos negam as coisas terrenas, muito menos nos negará Deus aquilo que Lhe pedirmos pela fé.1
1. Mt 7.9-11; Lc 11.11-13.
P.121. Por que se acrescentou “que estás nos céu”?
R. Essas palavras nos ensinam a não pensar na majestade de Deus de modo terreno,1 e a esperar do Seu poder infinito tudo aquilo que necessitamos para os nossos corpos e almas.2
1. Jr 23.23, 24; At 17.24, 25. 2. Mt 6.25-34; Rm 8.31, 32.
Dia do Senhor 47
P.122. Qual é a primeira petição?R. “Santificado seja o teu nome”. Isto é: Que nos concedas, antes de mais nada, que possamos Te conhecer da maneira correta,1 e que Te santifiquemos, glorifiquemos e louvemos em todas as Tuas obras, das quais brilham o Teu poder infinito, sabedoria, bondade, justiça, misericórdia e verdade.2 Também que nos concedas que dirijamos toda a nossa vida — ou pensamentos, palavras e ações — de tal maneira que o Teu nome não seja blasfemado por nossa causa, mas que seja sempre honrado e glorificado.3
1. Jr 9.23, 24; 31.33, 34; Mt 16.17; Jo 17.3. 2. Ex 34.5-8; Sl 145; Jr 32.16-20; Lc 1.46-55, 68-75; Rm 11.33-36. 3. Sl 115.1; Mt 5.16.
Dia do Senhor 48
P.123. Qual é a segunda petição?R. “Venha o teu reino”. Isto é: Que nos governes pela Tua Palavra e Espírito de tal modo que nos submetamos a Ti1 cada vez mais. Que protejas e faças crescer a Tua igreja.2 Que destruas as obras do diabo, todo poder que se levante contra Ti e toda conspiração contra a Tua Palavra.3 Que faças todas essas coisas até que venha a plenitude do Teu reino, em que serás tudo em todos.4
1. Sl 119.5, 105; 143.10; Mt 6.33. 2. Sl 51.18; 122.6-9; Mt 16.18; At 2.42-47. 3. Rm 16.20; 1Jo 3.8. 4. Rm 8.22, 23; 1Co 15.28; Ap 22.17, 20.
Dia do Senhor 49
P.124. Qual é a terceira petição?R. “Faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu”. Isto é: Que nós e todos os homens renunciemos à nossa própria vontade, e sem murmuração obedeçamos à Tua vontade, a única que é boa.1 Também que concedas que todos cumpram os deveres de seus ofícios e vocações2 tão espontânea e fielmente como os anjos no céu.3
1. Mt 7.21; 16.24-26; Lc 22.42; Rm 12.1, 2; Tt 2.11, 12. 2. 1Co 7.17-24; Ef 6.5-9. 3. Sl 103.20, 21.
Dia do Senhor 50
P.125. Qual é a quarta petição?R. “O pão nosso de cada dia dá-nos hoje”. Isto é: Que supras todas as nossas necessidades físicas1 para que re- conheçamos que Tu és a única fonte de todo o bem,2 e que — sem a Tua bênção — nem o nosso cuidado, nem o nosso labor nem mesmo os Teus dons, podem nos fazer bem algum.3 E, portanto, que não depositemos a nossa confiança em nenhuma criatura, mas somente em Ti.4
1. Sl 104.27-30; 145.15, 16; Mt 6.25-34. 2. At 14.17; 17.25; Tg 1.17. 3. Dt 8.3; Sl 37.16; 127.1, 2; 1Co 15.58. 4. Sl 55.22; 62; 146; Jr 17.5-8; Hb 13.5, 6.
Dia do Senhor 51
P.126. Qual é a quinta petição?R. “E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores”. Isto é: Que, por causa do sangue de Cristo, não nos imputes, pecadores desgraçados que somos, nenhuma das nossas transgressões nem o mal que ainda persiste em nós,1 e que também encontremos em nós essa evidência da Tua graça: que estamos plenamente determinados de todo o coração a perdoar nosso próximo.2
1. Sl 51.1-7; 143.2; Rm 8.1; 1Jo 2.1, 2. 2. Mt 6.14, 15; 18.21-35.
Dia do Senhor 52
P.127. Qual é a sexta petição?R. “E não nos deixes cair em tentação; mas livra-nos do mal”. Isto é: Que somos tão fracos em nós mesmos que não podemos per- manecer firmes por um momento sequer.1 Além disso, os nossos inimigos declarados — o diabo,2 o mundo3 e a nossa própria carne4 — não cessam de nos atacar. Queiras, portanto, sustentar-nos e fortalecer-nos pelo poder do Teu Espírito Santo, para que não sejamos derrotados nessa batalha espiritual,5 mas que sempre resistamos a nossos inimi- gos, até que alcancemos finalmente a vitória total.6
1. Sl 103.14-16; Jo 15.1-5. 2. 2Co 11.14; Ef 6.10-13; 1Pe 5.8. 3. Jo 15.18-21. 4. Rm 7.13; Gl 5.17. 5. Mt 10.19, 20; 26.41; Mc 13.33; Rm 5.3-5. 6. 1Co 10.13; 1Ts 3.13; 5.23.
P.128. Com é que você conclui a sua oração?
R. “Pois teu é o reino, o poder e a glória para sempre”. Isto é: Tudo isso Te pedimos porque, como nosso Rei com poder sobre todas as coisas, tanto queres quanto podes nos dar tudo o que é bom,1 e por essa causa não nós, mas o Teu santo Nome é digno de receber toda a glória para sempre.2
1. Rm 10.11-13; 2Pe 2.9. 2. Sl 115.1; Jr 33.8, 9; Jo 14.13.
P.129. O que significa a palavra “Amém”?
R. Amém significa: é verdadeiro e certo. Pois é mais certo e verdadeiro que Deus ouviu a minha oração, do que o sentimento que tenho em meu coração de desejar isso dEle.1
1. Is 65.24; 2Co 1.20; 2Tm 2.13.
Cânones de Dort
O terceiro dos padrões doutrinários das Igrejas Reformadas é Os Cânones de Dort, também chamado de Os Cinco Artigos Con- tra os Remonstrantes. Os Cânones são exposições doutrinárias que foram adotadas pelo grande Sínodo Reformado de Dort de 1618/1619. Esse Sínodo teve dimensão internacional, pois não se compunha apenas de delegados das igrejas Reformadas dos Países Baixos; vinte e sete representantes de igrejas estrangei- ras também participaram dele.
O Sínodo de Dort foi convocado em vista de uma séria perturbação no seio das igrejas Reformadas causada pelo sur- gimento e propagação do Arminianísmo. Armínio, Professor de Teologia da Universidade de Leyden, e seus seguidores desviaram-se da fé Reformada quanto ao que alegavam em cinco importantes pontos. Ensinavam a eleição condicional tendo por base a previsão da fé, a expiação universal, a de- pravação parcial, a graça resistível e a possibilidade de cair da graça. Tais posições foram rejeitadas pelo Sínodo e as percep- ções opostas materializaram-se naquilo que é hoje chamado de Os Cânones de Dort, ou de Os Cinco Artigos Contra os Re- monstrantes. Nesses Cânones o Sínodo fixou a doutrina Refor- mada dos seguintes pontos, a saber, a eleição incondicional, a expiação definida, a depravação total, a graça irresistível e a perseverança dos santos.
Cada Cânone consiste de uma parte positiva e de outra negativa. A primeira é uma exposição da doutrina Reformada referente à questão, e a última é a refutação do erro arminiano correspondente. Embora, quanto à forma há apenas quatro capí- tulos, causados pela união da terceira e quarta seções em uma única, é certo falarmos em cinco Cânones; o terceiro capítulo é sempre designado como Capítulo III/IV. Requer-se de todos os oficiais eclesiásticos das Igrejas Reformadas que subscrevam aos Cânones, como também à Confissão Belga e ao Catecismo de Heidelberg.
Também desde a eternidade, Ele constituiu a Cristo como o Mediador e o Cabeça de todos os eleitos e o fundamento da salvação. Assim decretou dar a Cristo os que haveriam de ser salvos e chamá-los e trazê-los eficazmente à Sua comunhão pela Sua Palavra e Espírito. Ele decretou conceder-lhes a fé verdadeira em Cristo, os justificar, os santificar e por fim — depois de os ter preservado poderosamente na comunhão do Seu Filho — os glorificar, para a demonstração da Sua misericórdia e o louvor da riqueza da Sua graça gloriosa. Como está escrito: Deus nos escolheu em Cristo “antes da fundação do mundo, para sermos santos e ir- repreensíveis perante ele; e em amor nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade, para louvor da glória de sua graça, que ele nos concedeu gratuitamente no Amado”. E em outro lugar: “E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou”.
Mas ao rebelar-se contra Deus pela instigação do diabo e pelo próprio livre-arbítrio, ele se privou desses dons excelentes e em lugar deles trouxe sobre si cegueira, trevas terríveis; vão e perverso juízo em sua mente; malignidade, rebelião e obstinação em sua vontade e coração; além de impureza em todos os seus sentimentos.
1. Que a doutrina das Igrejas Reformadas no tocante à pre- destinação e aos demais pontos relacionados a ela, por seu caráter e tendência, desvia os corações dos homens de toda a piedade e religião;
2. Que ela é um ópio para a carne, ministrado pelo diabo, bem como uma fortaleza para Satanás onde, à espreita de to- dos, fere multidões e atinge mortalmente a muitos com os dardos tanto do desespero quanto da falsa segurança;
3. Que faz de Deus o autor do pecado e um tirano injusto e hipócrita; e que nada é senão um renovado Estoicismo, Maniqueísmo, Libertinismo e Islamismo;
4. Que leva à negligência espiritual ao fazer as pessoas cre- rem que nada pode impedir a salvação dos eleitos, não impor- tando como vivam, e que, por essa causa, eles podem cometer em segurança os crimes mais atrozes. Por outro lado, ela nada pode fazer em favor da salvação dos reprovados, nem mesmo que eles tivessem realizado todas as obras dos santos;
5. Que a mesma doutrina ensina que Deus predestinou e criou a maior parte da humanidade para a condenação eterna, por um mero ato arbitrário da sua vontade, sem levar em con- sideração nenhum pecado;
6. Que da mesma maneira por que a eleição é a fonte e a causa da fé e das boas obras, a reprovação é a causa da incre- dulidade e da impiedade;
7. Que muitos filhos inocentes de pais crentes são arrancados do seio de suas mães e lançados de modo tirânico no inferno, de tal sorte que nem o sangue de Cristo, nem o batismo, nem as orações da igreja no ato do batismo lhes podem ser de qualquer proveito.
E ainda há muitos outros ensinamentos desse tipo que as Igrejas Reformadas não apenas não confessam mas que até mesmo detestam de todo o coração.
Este Sínodo de Dort, portanto, conclama em nome do Senhor a todos quantos piedosamente invocam o nosso Salva- dor Jesus Cristo, que não julguem a fé das Igrejas Reformadas a partir de calúnias ajuntadas daqui e dali; nem tampouco pelas declarações pessoais de alguns mestres, modernos ou antigos, muitas vezes citados em má-fé, ou tirados do contexto e explicados de modo contrário ao seu verdadeiro sentido. Mas deve-se julgar a fé das Igrejas Reformadas pelas Confissões públicas dessas igrejas e pela presente explanação da doutrina ortodoxa, confirmada pelo consenso unânime e individual dos membros de todo o Sínodo.
Além disso, o Sínodo adverte aos próprios caluniado- res que considerem quão severo é o julgamento de Deus que aguarda aos que dão falso testemunho contra tantas igrejas e suas Confissões, que conturbam a consciência dos fracos e que tentam colocar sob suspeita, aos olhos de muitos, a comunidade dos verdadeiros crentes.
Finalmente, este Sínodo exorta a todos os co-ministros do evangelho de Cristo a se conduzirem em santo temor e reve- rência diante de Deus quando lidarem com esta doutrina em es- colas e igrejas. Que ao ensiná-la, tanto pela palavra falada quan- to escrita, devem procurar a glória do nome de Deus, a santidade de vida e a consolação das almas aflitas. Seus pensamentos e palavras sobre a doutrina devem estar em concordância com a Escritura, segundo a analogia da fé. E devem se abster de usar todas aquelas expressões que ultrapassam os limites do verda- deiro sentido das Escrituras Sagradas para não dar aos frívolos sofistas uma boa oportunidade de caluniar ou zombar da doutri- na das Igrejas Reformadas.
Que o Senhor Jesus Cristo, o Filho de Deus, que está assentado à destra do Pai e concede os seus dons aos homens, nos santifique na verdade; que Ele traga à verdade os que dela se desviaram; que silencie os caluniadores da sã doutrina e supra os fiéis ministros da Sua Palavra com o Espírito de sabedoria e dis- cernimento, para que tudo aquilo que falarem seja para a glória de Deus e a edificação dos seus ouvintes. Amém.
O Sínodo de Dort foi convocado em vista de uma séria perturbação no seio das igrejas Reformadas causada pelo sur- gimento e propagação do Arminianísmo. Armínio, Professor de Teologia da Universidade de Leyden, e seus seguidores desviaram-se da fé Reformada quanto ao que alegavam em cinco importantes pontos. Ensinavam a eleição condicional tendo por base a previsão da fé, a expiação universal, a de- pravação parcial, a graça resistível e a possibilidade de cair da graça. Tais posições foram rejeitadas pelo Sínodo e as percep- ções opostas materializaram-se naquilo que é hoje chamado de Os Cânones de Dort, ou de Os Cinco Artigos Contra os Re- monstrantes. Nesses Cânones o Sínodo fixou a doutrina Refor- mada dos seguintes pontos, a saber, a eleição incondicional, a expiação definida, a depravação total, a graça irresistível e a perseverança dos santos.
Cada Cânone consiste de uma parte positiva e de outra negativa. A primeira é uma exposição da doutrina Reformada referente à questão, e a última é a refutação do erro arminiano correspondente. Embora, quanto à forma há apenas quatro capí- tulos, causados pela união da terceira e quarta seções em uma única, é certo falarmos em cinco Cânones; o terceiro capítulo é sempre designado como Capítulo III/IV. Requer-se de todos os oficiais eclesiásticos das Igrejas Reformadas que subscrevam aos Cânones, como também à Confissão Belga e ao Catecismo de Heidelberg.
OS CÂNONES DE DORT
Primeiro Capítulo da Doutrina:
A Eleição e a Reprovação Divinas
Artigo 1 — Toda a humanidade é condenável diante de Deus
Como todos os homens pecaram em Adão, estão debaixo da maldição e merecem a morte eterna, Deus não teria feito injustiça a ninguém se tivesse resolvido deixar toda a raça humana no pecado e debaixo da maldição, e condená-la por causa do seu pecado, de acordo com estas palavras do apóstolo: “para que se cale toda boca, e todo o mundo seja culpável perante Deus ... pois todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Rm 3.19, 23) e “o salário do pecado é a morte” (Rm 6.23).• Rm 5.12; Rm 3.19, 23; Rm 6.23.
Artigo 2 — O envio do Filho de Deus
Mas nisso se manifestou o amor de Deus, em que Ele enviou ao mundo o Seu Filho Unigênito, “para que todo aquele que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna”.• 1Jo 4.9; Jo 3.16.
Artigo 3 — A pregação do Evangelho
Assim, para que os homens sejam conduzidos à fé, Deus misericordiosamente enviou arautos da mais bem-aventurada mensagem a quem Ele quer e quando Ele quer. Pelo ministério deles os homens são chamados ao arrependimento e à fé no Cristo crucificado. Pois, “Como, porém, invocarão Aquele em quem não creram? E como crerão nAquele de quem nada ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue? E como pregarão, se não forem enviados?”.• Is 52.7; 1Co 1.23, 24; Rm 10.14, 15.
Artigo 4 — Um duplo resultado
A ira de Deus permanece sobre os que não crêem neste Evangelho. Mas aqueles que o recebem e abraçam a Jesus o Salvador com uma fé verdadeira e viva são libertados por Ele da ira de Deus e da destruição, e presenteados com a vida eterna.• Jo 3.36; Mc 16.16; Rm 10.9.
Artigo 5 — A causa da incredulidade e a fonte da fé
A causa ou a culpa dessa incredulidade, assim como a de todos os outros pecados, não está em Deus de modo nenhum, mas antes, no homem. No entanto, a fé em Jesus Cristo e a salvação através dEle é a livre dádiva de Deus, como está escrito: “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus”. Semelhantemente, “Porque vos foi concedida a graça ... de crerdes nEle”.• Hb 4.6; Ef 2.8; Fp 1.29.
Artigo 6 — O decreto eterno de Deus
Procede do decreto eterno de Deus conceder, no tempo devido, o dom da fé a alguns e não, a outros. Pois Ele conhece todas as Suas obras desde a eternidade, e “faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade”. De acordo com este decreto, Ele graciosamente quebranta os corações dos eleitos, por mais duros que sejam, e os inclina a crer; entretanto, segundo o Seu justo juízo, ele deixa os não-eleitos em sua própria malignidade e dureza. E aqui, especialmente, nos é revelada a profunda, misericordiosa e ao mesmo tempo justa distinção entre homens igualmente merecedores de condenação, que é o decreto da eleição e da reprovação, revelado na Palavra de Deus. Embora os homens perversos, impuros e volúveis o distorçam para a própria destruição deles, esse mesmo decreto proporciona consolação indizível às almas santas e tementes a Deus.• At 13.48; 1Pe 2.8; Ef 1.11.
Artigo 7 — Definição da Eleição
A eleição é o propósito imutável de Deus pelo qual Ele, antes da fundação do mundo, segundo o soberano beneplácito da Sua vontade e por pura graça, escolheu para a salvação em Cristo — de entre toda a raça humana, caída pela própria culpa do estado original de integridade no pecado e na perdição — um número definido de pessoas específicas, em nada melhores nem mais dignas que as outras, porém envolvidas na mesma miséria dos demais.Também desde a eternidade, Ele constituiu a Cristo como o Mediador e o Cabeça de todos os eleitos e o fundamento da salvação. Assim decretou dar a Cristo os que haveriam de ser salvos e chamá-los e trazê-los eficazmente à Sua comunhão pela Sua Palavra e Espírito. Ele decretou conceder-lhes a fé verdadeira em Cristo, os justificar, os santificar e por fim — depois de os ter preservado poderosamente na comunhão do Seu Filho — os glorificar, para a demonstração da Sua misericórdia e o louvor da riqueza da Sua graça gloriosa. Como está escrito: Deus nos escolheu em Cristo “antes da fundação do mundo, para sermos santos e ir- repreensíveis perante ele; e em amor nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade, para louvor da glória de sua graça, que ele nos concedeu gratuitamente no Amado”. E em outro lugar: “E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou”.
• Ef 1.4,11; Jo 17.2, 12, 14; Jo 6.37, 44; 1Co 1.9; Ef 1.4-6; Rm 8.30.
Artigo 8 — Um único decreto de eleição
Não há vários decretos de eleição, mas um único e mesmo decreto para todos os que hão de ser salvos, tanto debaixo do Velho quanto do Novo Testamento. Porque a Escritura declara que o beneplácito, o propósito e o conselho da vontade de Deus é único. Segundo este propósito Ele nos escolheu desde a eternidade tanto para a graça quanto para a glória, tanto para a salvação e para o caminho da salvação — o qual preparou para que andássemos nele.• Dt 7.7; 9.6; Ef 1.4, 5; 2.10.
Artigo 9 — A eleição não se baseia em fé prevista
Tal eleição não se baseia em fé prevista, em obediência da fé, santidade ou de qualquer outra boa qualidade ou disposição que seja a causa ou a condição necessária aos homens para serem eleitos; os homens, todavia, são eleitos para a fé, para a obediência da fé, para a santidade etc. A eleição é, portanto, a fonte de todas as virtudes salvadoras de onde emana a fé, a santidade e os outros dons salvadores, e por fim a própria vida eterna, como frutos e efeitos da eleição. É isso o que o apóstolo ensina quando diz: “assim como nos escolheu nele antes da fundação do mundo, (não porque fôssemos santos, mas) para sermos santos e irrepreensíveis perante ele”.• Rm 8.30; Ef 1.4. 100
Artigo 10 — A eleição baseia-se no beneplácito de Deus
A causa dessa eleição graciosa é tão-somente o beneplácito de Deus, o qual não consiste de haver Deus escolhido de entre todas as condições possíveis umas certas qualidades ou ações dos homens como requisito para a salvação; mas consiste em que Ele, de entre a multidão dos pecadores, adotou para Sua possessão certas pessoas. Pois está escrito: “ainda não eram os gêmeos nascidos, nem tinham praticado o bem ou o mal ... e já fora dito a ela (a Rebeca): O mais velho será servo do mais moço”. E também: “todavia, amei a Jacó, porém aborreci a Esaú”. E ainda: “e creram todos os que haviam sido destinados para a vida eterna”.• Rm 9.11-13; Gn 25.23; Ml 1.2, 3; At 13.48.
Artigo 11 — A eleição é imutável
Como o próprio Deus é infinitamente sábio, imutável, onisciente e onipotente, assim também a Sua eleição não pode ser desfeita, refeita, alterada, revogada nem anulada; tampouco podem os eleitos ser rejeitados, nem o número deles diminuído.• Jo 6.37; 10.28.
Artigo 12 — A certeza da eleição
Os eleitos recebem no tempo oportuno — ainda que em vários graus e diferentes modos — a certeza da sua eterna e imutá- vel eleição para a salvação. Eles, todavia, não a obtêm quando curiosamente investigam as coisas ocultas e profundas de Deus, mas quando observam em si mesmos, com alegria espiritual e santo deleite, os infalíveis frutos da eleição indicados na Pala- vra de Deus — como a fé verdadeira em Cristo, o temor filial a Deus, a piedosa tristeza pelos seus pecados, e a fome e a sede de justiça.• Dt 29.29; 1Co 2.10, 11; 2Co 13.5; 7.10; Mt 5.6.
Artigo 13 — O valor desta certeza
A consciência e a certeza da eleição fornecem aos filhos de Deus maior motivo para se humilharem diariamente diante de dEle, para adorarem a profundidade das Suas misericórdias, para se purificarem e para amarem fervorosamente Àquele que os amou primeiro de modo tão grandioso. Contudo absolutamente não é verdade que a doutrina da eleição e o meditar nela os façam relaxar na observação dos mandamentos de Deus ou os rendam falsamente seguros. No justo juízo de Deus isso normalmente ocorre aos que supõem atrevidamente ter a graça da eleição, ou que dela falam de modo leviano e jactancioso, mas que se recu- sam a andar nos caminhos dos eleitos.• 1Jo 3.3; 4.19.
Artigo 14 — Como se deve ensinar a eleição
A doutrina da eleição divina, segundo o mui sábio conselho de Deus, foi pregada pelos profetas, pelo próprio Cristo e pelos apóstolos, tanto debaixo do Velho Testamento quanto do Novo Testamento, sendo então registrada por escrito nas Sagradas Es- crituras. Assim, também hoje, essa doutrina deve ser ensinada na igreja de Deus — para qual ela foi particularmente destinada — em tempo e lugar apropriados, com espírito criterioso, de modo reverente e santo, sem curiosa investigação nos caminhos do Altíssimo, para a glória do santíssimo nome de Deus, e para a viva consolação do Seu povo.• At 20.27; Jó 36.23-26; Rm 11.33; 12.3; 1Co 4.6. 102
Artigo 15 — A descrição da reprovação
As Sagradas Escrituras mostram e nos recomendam esta graça eterna e imerecida da nossa eleição, especialmente quando além disso declara que nem todos os homens são eleitos, mas que alguns não são eleitos, ou foram preteridos na eleição eterna de Deus. Deus, pelo seu beneplácito mui soberano, justo, irrepreensível e imutável, decretou deixá-los na miséria comum em que eles se lançaram por sua própria culpa e não lhes concedeu a fé salvadora, nem a graça da conversão. Para mostrar a Sua justiça, Deus os deixou em seus próprios caminhos e debaixo do Seu justo juízo, decretando, por fim, os condenar e punir eternamente, não apenas pela incredulidade deles, mas também por causa de todos os seus outros pecados. Este é o decreto da reprovação, o qual não faz de Deus o autor do pecado (o só pensar isso é blasfêmia!), antes o revela como o terrível, irrepreensível e justo Juiz e Vingador do pecado.• At 14.16.
Artigo 16 — Como reagir à doutrina da reprovação
Alguns não ainda discernem claramente em se mesmos uma fé viva em Cristo, nem confiança firme no coração, nem boa consciência, nem zelo pela obediência filial e pela glorificação de Deus por meio de Cristo. Apesar disso, eles usam os meios pelos quais Deus prometeu operar tais coisas em nós. Eles não devem se assustar quando se fala da reprovação, nem devem se incluir entre os reprovados. Pelo contrário, devem continu- ar a usar esses meios com diligência, a almejar com fervor um tempo de graça mais abundante e a esperá-lo com reverência e humildade. Há também outros que desejam se converter a Deus com seriedade, tão somente para O agradar e para serem libertos do corpo da morte, contudo não conseguem chegar até onde gosta- riam no caminho da piedade e da fé. Essas pessoas não deveriam ter tanto medo da doutrina da reprovação, pois Deus, que é mi- sericordioso, prometeu que não esmagará a cana quebrada e não apagará o pavil que fumega. Há ainda outros que desprezam a Deus e ao Senhor Jesus Cristo e que se entregam completamente aos cuidados do mundo e às concupiscências da carne. Para esses, a doutrina da repro- vação é mesmo apavorante, pois não se voltam para Deus com seriedade.• Tg 2.26; 2Co 1.12; Rm 5.11; Fp 3.3; Rm 7.24; Is 42.3; Mt 12.20; 13.22; Hb 12.29.
Artigo 17 — Os filhos de crentes que morrem na infância
Devemos julgar a respeito da vontade de Deus com base na Sua Palavra, que declara que os filhos dos crentes são santos, não por natureza, mas em virtude do aliança da graça do qual participam juntamente com os seus pais. Por essa causa, pais tementes a Deus não devem duvidar da eleição e da salvação daqueles seus filhos a quem Deus chamou desta vida ainda na infância.• Gn 17.7; Is 59.21; At 2.39; 1Co 7.14.
Artigo 18 — Não protesto, mas sim adoração
Aos que se queixam da graça da eleição imerecida e da severidade da reprovação justa, replicamos com as palavras do apóstolo: “Quem és tu, ó homem, para discutires com Deus?!”, e com essas palavras do nosso Salvador: “Porventura, não me é lícito fazer o que quero do que é meu?”. Nós, porém, adorando com reverência estes mistérios, exclamamos com o apóstolo: “Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria como do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis, os seus caminhos! Quem, pois, conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi o seu conselheiro? Ou quem primeiro deu a ele para que lhe venha a ser restituído? Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém!”.• Jó 34.34-37; Rm 9.20; Mt 20.15; Rm 11.33-36.
Rejeição de Erros
Depois de haver explanado a verdadeira doutrina da eleição e da reprovação, o Sínodo condena e rejeita os seguintes erros:Erro 1
— O completo e total decreto da eleição para a salvação é a vontade de Deus de salvar aos que irão crer e perseverar na fé e na obediência. Quanto a esse decreto, nada mais que isso foi revelado pela Palavra de Deus.Refutação
— Esse erro é um engano e contradiz claramente à Escritura que declara não somente que Deus irá salvar aos que crêem mas também que Ele, desde a eternidade, escolheu pessoas específicas. No tempo oportuno ele concede a esses eleitos, em detrimento de outros, a fé em Cristo e a perseverança. “Manifestei o teu nome aos homens que me deste do mundo” (Jo 17.6). “E creram todos os que haviam sido destinados para a vida eterna” (At 13.48). “assim como nos escolheu nele antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor” (Ef 1.4).Erro 2
— Há vários tipos de eleição divina para a vida eterna. Uma é geral e indefinida, a outra é específica e definida. Esta última, por sua vez, pode ser: incompleta, revogável, duvidosa e condicional, ou então: completa, irrevogável, cabal e absoluta. Da mesma maneira que há uma eleição para a fé e, uma outra para a salvação. Assim, a eleição pode ser para a fé justificadora sem contudo ser definitiva para a salvação.Refutação
— Tudo isso é invenção da mente humana sem ne- nhuma base na Escritura. Isso corrompe a doutrina da eleição e rompe a corrente de ouro da nossa salvação: “E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou” (Rm 8.30).Erro 3
— O beneplácito e o propósito de Deus do qual a Escri- tura fala na doutrina da eleição não é que Ele escolheu especifi- camente algumas pessoas e outras não, mas que de entre todas as condições possíveis (assim como as obras da lei) Ele escolheu e selecionou o ato de fé — que não tem nenhum mérito em si mesmo — e também a imperfeita obediência da fé, para que fossem condição de salvação. Em Sua graça Ele quis considerar essa fé como obediência perfeita e digna da recompensa da vida eterna.Refutação
— Esse erro ofensivo rouba toda a eficácia do bene- plácito de Deus e dos méritos de Cristo, empurra as pessoas para longe da verdade da justificação pela graça e da simplicidade da Escritura; além de contradizer a palavra do apóstolo: “[Deus] nos salvou e nos chamou com santa vocação; não segundo as nossas obras, mas conforme a Sua própria determinação e graça que nos foi dada em Cristo Jesus, antes dos tempos eternos” (2Tm 1.9).Erro 4
— A eleição para a fé depende das seguintes condições: o homem deve fazer uso da luz da natureza do modo apropriado, deve ser piedoso, humilde, manso e qualificado para a vida eterna.Refutação
— Se isso fosse verdade a eleição dependeria do homem. Isso assemelha-se ao ensinamento de Pelágio e choca-se diretamente com ensinamento do apóstolo em Efésios 2.3-9: “entre os quais também todos nós andamos outrora, segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos, por natureza, filhos da ira, como também os demais. Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, — pela graça sois salvos, e, juntamente com ele, nos ressuscitou, e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus; para mos- trar, nos séculos vindouros, a suprema riqueza da sua graça, em bondade para conosco, em Cristo Jesus. Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie”.Erro 5
— A eleição incompleta e não-definitiva de pessoas específicas para a salvação dá-se com base na presciência da fé, da conversão, da santidade, da piedade que começaram ou existiram por algum tempo. A eleição completa e definitiva, no entanto, ocorreu por causa da presciência da perseverança na fé, da conversão, da santidade e da piedade até o fim. Esse é o mérito gracioso e evangélico pelo que o eleito é mais digno do que o não eleito. Por isso, a fé, a obediência da fé, a santidade, a piedade e a perseverança não são frutos da imutável eleição para a glória. Antes, são as condições e as causas necessárias requeridas e sabidas de antemão como concretizadas naqueles que serão eleitos integralmente.Refutação
— Esse erro milita contra toda a Escritura, que constantemente nos incute o seguinte: A Eleição é motivada “não por obras, mas por Aquele que chama” (Rm 9.11); “e creram todos os que haviam sido destinados para a vida eterna” (At 13.48); “assim como nos escolheu nEle antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante Ele” (Ef 1.4); “Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros” (Jo 15.16). “se é pela graça, já não é pelas obras; do contrário, a graça já não é graça” (Rm 11.6); “Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou o seu Filho como propiciação pelos nossos pecados” (1Jo 4.10).Erro 6
— Nem toda eleição para a salvação é imutável. Alguns dos eleitos podem e até mesmo perecem eternamente a despeito de qualquer decreto de Deus.Refutação
— Esse erro grosseiro torna Deus mutável, destrói a consolação que os crentes têm na firmeza da sua eleição e con- tradiz a Sagrada Escritura: O eleito não pode ser desviado, Mt 24.24; “E a vontade de quem me enviou é esta: que nenhum eu perca de todos os que me deu” (Jo 6.39). “E aos que predesti- nou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses tam- bém justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou” (Rm 8.30).Erro 7
— Nesta vida não há fruto, consciência ou certeza da imutável eleição para a glória, exceto a que se baseia numa condição mutável e incerta.Refutação
— Falar de uma certeza incerta não é apenas absurdo mas é também contrário à experiência dos crentes. Sendo conscientes da sua eleição, eles se gloriem com os apóstolos nesse favor de Deus (Efésios 1); eles se regozijem com os discípulos de Cristo, por terem os seus nomes escritos no céu (Lucas 10.20); e eles levantem a consciência da eleição contra os dardos inflamados do maligno, quando exclamam: “Quem intentará acusa- ção contra os eleitos de Deus? É Deus quem os justifica” (Rm 8.33).Erro 8
— Deus não decidiu, simplesmente com base em sua justa vontade, deixar nenhuma pessoa na queda de Adão e no estado comum de pecado e condenação, nem decidiu preterir ninguém na concessão da graça necessária para fé e conversão.Refutação
— A Escritura, no entanto, declara: “tem Ele misericórdia de quem quer e também endurece a quem Lhe apraz” (Rm 9.18). Afirma também: “a vós outros é dado conhecer os mistérios do reino dos céus, mas àqueles não lhes é isso concedido” (Mt 13.11). E ainda: “Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e instruídos e as revelaste aos pequeninos. Sim, ó Pai, porque assim foi do teu agrado” (Mt 11.25, 26).Erro 9
— Deus envia o Evangelho a um povo mais que a um outro, não meramente e somente por causa do bom propósito de sua vontade, mas por ser este melhor e mais digno que o outro, ao qual o Evangelho não é comunicado.Refutação
— Moisés nega isso quando fala ao povo de Israel, como se vê a seguir: “Eis que os céus e os céus dos céus são do SENHOR, teu Deus, a terra e tudo o que nela há. Tão-somente o SENHOR se afeiçoou a teus pais para os amar; a vós outros, descendentes deles, escolheu de todos os povos, como hoje se vê” (Dt 10.14, 15). E Cristo diz: “Ai de ti, Corazim! Ai de ti, Betsaida! Porque, se em Tiro e em Sidom se tivessem operado os milagres que em vós se fizeram, há muito que elas se teriam arrependido com pano de saco e cinza” (Mt 11.21).Segundo Capítulo da Doutrina:
A Morte de Cristo e a Redenção do Homem Através Dela
Artigo 1 — O castigo que a justiça de Deus exige
Deus não é apenas supremamente misericordioso, mas também é supremamente justo. E conforme Ele mesmo revelou em Sua Palavra, a Sua justiça exige que os nossos pecados, cometidos contra a Sua infinita majestade, sejam castigados não apenas nessa era, mas também na era porvir, tanto no corpo quanto na alma. Não podemos escapar desse castigo se a justiça de Deus não for satisfeita.• Êx 34.6, 7; Rm 5.16; Gl 3.10.
Artigo 2 — A satisfação cumprida por Cristo
Nós, contudo, não podemos cumprir essa satisfação e nos livrar por nós mesmos da ira de Deus. Por isso Deus, em Sua infinita misericórdia nos deu o Seu filho unigênito como o nosso fiador. Por nós ou em nosso lugar Ele foi feito pecado e maldito na cruz para que pudesse, em nosso favor, satisfazer a Deus.• Rm 5.8; 2Co 5.21; Gl 3.13.
Artigo 3 — O valor infinito da morte de Cristo
A morte do Filho de Deus é o único e o mais perfeito sacrifício e satisfação pelos pecados; tem valor e mérito infinitos; é abundante o suficiente para expiar os pecados do mundo inteiro.• Hb 9.26, 28; 10.14; 1Jo 2.2.
Artigo 4 — Por que a Sua morte tem valor infinito
A morte do Filho de Deus tem tão grande valor e mérito porque Aquele que se submeteu a ela não é apenas o homem perfeito e verdadeiro, mas é também o filho unigênito de Deus, da mesma essência eterna e infinita com o Pai e o Espírito Santo. O nosso Salvador tinha que ter tais qualificações. Além disso, essa morte tem tão grande valor e mérito porque foi acompanhada da cons- ciência da ira e da maldição de Deus que, pelos nossos pecados, somos merecedores.• Hb 4.15; 7.26; 1Jo 4.9; Mt 27.46.
Artigo 5 — A proclamação universal do evangelho
A promessa do evangelho é que todo aquele que crer em Cristo crucificado não perecerá, mas tem a vida eterna. Esta promessa deve ser anunciada e proclamada universalmente sem nenhuma discriminação a todos os povos e homens, aos quais Deus em Seu beneplácito envia o evangelho juntamente com o mandamento de que se arrependam e creiam.• Jo 3.16; 1Co 1.23; Mt 28.19; At 2.38; 16.31.
Artigo 6 — Por que alguns não crêem
No entanto, muitos dos que foram chamados pelo evangelho não se arrependem nem crêem em Cristo mas perecem na increduli- dade. Isso não decorre por haver alguma defeito ou insuficiência no sacrifício de Cristo na cruz, mas pela própria culpa deles.• Mt 22.14; Sl 95.11; Hb 4.6.
Artigo 7 — Por que outros crêem
Mas aqueles que verdadeiramente crêem e pela morte de Cristo são libertos e salvos dos seus pecados e da perdição, recebem esse benefício apenas por causa da graça de Deus que lhes é dada em Cristo, desde a eternidade. Deus não deve tal graça a ninguém.• 2Co 5.18; Ef 2.8, 9.
Artigo 8 — A eficácia da morte de Cristo
Pois este foi o soberano conselho de Deus o Pai que a eficácia salvadora e vivificante da preciosíssima morte do Seu Filho se estendesse a todos os eleitos. Foi da Sua graciosíssima vontade e intento conceder a fé justificadora apenas a eles e assim trazerlhes infalivelmente a salvação. Isto é: Quis Deus que Cristo pelo sangue da cruz (pelo qual Ele confirmou a nova aliança) redimisse eficazmente de todo povo, tribo, nação e língua todos aqueles — e somente aqueles — que desde a eternidade foram eleitos para a salvação e Lhe foram dados pelo Pai. Ainda quis Deus que Cristo lhes desse a fé, a qual, juntamente com outros dons salvadores do Espírito Santo, Ele lhes adquiriu pela Sua morte, para que pelo Seu sangue pudesse purificá-los de todos os seus pecados — tanto do pecado original quanto dos pecados re- ais cometidos antes e depois da fé — e para os guardar fielmente até o fim e finalmente os apresentar a Si mesmo em glória sem nenhuma mácula ou ruga.• Jo 17.9; Ef 5.25-27; Lc 22.20; Hb 8.6; Ap 5.9; Fp 1.29; 1Jo 1.7; Jn 10.28; Ef 5.27.
Artigo 9 — O cumprimento do conselho de Deus
Esse conselho, que procede do amor eterno de Deus pelos eleitos, tem sido poderosamente cumprido desde a fundação do mundo até o momento presente, e continuará ainda a ser cumprido, ainda que as “portas do inferno” tentem frustrá-lo inutilmente. No tempo oportuno os eleitos serão ajuntados em uma união, e sempre existirá uma igreja de crentes fundada no sangue de Cristo. Essa igreja amá-Lo-á firmemente e servi-Lo-á fielmente como seu salvador (o qual como noivo derramou a Sua vida na cruz pela Sua noiva) e celebrará os seus louvores aqui e por toda a eternidade.• Mt 16.18; Jo 11.52; 1Rs 19.18; Ef 5.25.
Rejeição de Erros
Depois de haver explanado a verdadeira doutrina da morte de Cristo e da redenção do homem pela Sua morte, o Sínodo condena e rejeita os seguintes erros:Erro 1
— Deus Pai ordenou a morte do Seu Filho na cruz sem que houvesse um decreto específico e definitivo para a salvação de ninguém. Aquilo que Cristo adquiriu pela Sua morte poderia ser necessário, proveitoso e valioso, e poderia permanecer em todas as sua partes completo, perfeito e intacto, mesmo que a redenção adquirida por Ele jamais fosse aplicada a ninguém.Refutação
— Tal doutrina ofende a sabedoria de Deus e aos méritos de Jesus Cristo e é contrária à Escritura. Pois o nosso Salvador diz: “dou a minha vida pelas ovelhas ... eu as conheço” (Jo 10.15, 27). E o profeta Isaías, referindo-se ao Salvador, diz: “quando der ele a sua alma como oferta pelo pecado, verá a sua posteridade e prolongará os seus dias; e a vontade do SENHOR prosperará nas suas mãos” (Is 53.10). Por fim, esse erro contradiz o artigo de fé que se refere à igreja cristã universal.Erro 2
— O propósito da morte de Cristo não foi que Ele confirmasse o novo pacto de graça pelo Seu sangue, mas tão-somente que adquirisse para o Pai o mero direito de estabelecer uma vez mais com o homem a aliança que Lhe agradasse, fosse ela de graça ou de obras.Refutação
— Isso milita contra a Escritura que ensina que Cristo se tornou o Fiador e o Mediador de uma superior aliança, isso é, de uma nova aliança; ensina também que um testamento só passa a vigorar com a morte (Hb 7.22, 9:15, 17).Erro 3
— Cristo, por meio da Sua satisfação, na verdade não mereceu para ninguém nem a salvação mesma nem a fé pela qual é possível se apropriar eficazmente dessa satisfação de Cristo para a salvação. Ele conquistou para o Pai apenas a autoridade ou a vontade perfeita de tratar novamente com o homem e de prescrever novas condições conforme a Sua vontade. Depende entretanto do livre arbítrio do homem para preencher estas condições. Seria possível, portanto, que ou nenhum ou todos os homens preenchessem tais condições.Refutação
— Aqueles que ensinam esse erro desprezam a morte de Cristo, não reconhecem de maneira nenhuma o mais importante fruto ou benefício dela, e trazem novamente do inferno o erro pelagiano.Erro 4
— A nova aliança da graça que Deus o Pai fez com ho- mem, pela mediação da morte de Cristo, não consiste em que somos justificados diante de Deus e salvos pela fé, visto que aceita o mérito de Cristo. Mas consiste no fato de que Deus re- vogou a exigência da perfeita obediência à lei e que considera a própria fé e a obediência da fé, embora imperfeitas, como a perfeita obediência à lei e Ele, graciosamente, as considera dignas da recompensa da vida eterna.Refutação
— Essa doutrina contradiz a Escritura: “sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus, a quem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação, mediante a fé” (Rm 3.24, 25). Aqueles que ensinam essa erro proclamam, como fizera o ímpio Socinus, uma nova e estranha justificação do homem diante de Deus, contrário ao consenso de toda a igreja.Erro 5
— Todos os homens foram aceitos no estado de reconciliação e na graça da aliança, de sorte que ninguém está sujeito à condenação nem será condenado por causa do pecado original. Todos estão livres da culpa do pecado original.Refutação
— Essa opinião conflita com a Escritura que ensina que somos, “por natureza, filhos da ira” (Ef 2.3).Erro 6
— Deus, por Seu lado, deseja conceder igualmente a todos os benefícios adquiridos pela morte de Cristo. Alguns, no entanto, obtêm o perdão dos pecados e a vida eterna e outros não. Essa distinção depende do próprio livre arbítrio deles, que se associa à graça que é oferecida sem distinção, e não depende do dom especial de misericórdia que neles opera com tanto poder a fim de que eles, ao contrário dos outros, apliquem essa graça a si mesmos.Refutação
— Aqueles que ensinam isso, fazem mal uso da diferença que há entre a aquisição e a aplicação da salvação e confundem as mentes dos imprudentes e inexperientes. Embora simulem apresentar essa distinção de modo correto, procuram infiltrar na mente das pessoas o veneno pernicioso do pelagianismo.Erro 7
— Cristo não podia nem precisava morrer, e não morreu por aqueles a quem Deus amou sobremaneira e a quem elegeu para a vida eterna, pois os tais não necessitavam da Sua morte.Refutação
— Essa doutrina contradiz o apóstolo que declara: O “Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim” (Gl 2.20). Semelhantemente: "Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu” (Rm 8.33, 34), isto é, por eles. E o Salvador assim nos assegura: “dou a minha vida pelas ovelhas” (Jo 10.15). E ainda: “O meu mandamento é este: que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei. Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própria vida em favor dos seus amigos” (Jo 15.12, 13).Terceiro e Quarto Capítulos da Doutrina:
A Corrupção do Homem, a sua Conversão a Deus e o Modo como isso Ocorre
Artigo 1 — O resultado da queda
No princípio o homem foi criado à imagem de Deus. Foi adornado em seu entendimento com o verdadeiro e total conhecimento do Seu criador e de todas as coisas espirituais. A sua vontade e o seu coração eram retos; todos os seus sentimentos, puros; o homem era, portanto, completamente santo.Mas ao rebelar-se contra Deus pela instigação do diabo e pelo próprio livre-arbítrio, ele se privou desses dons excelentes e em lugar deles trouxe sobre si cegueira, trevas terríveis; vão e perverso juízo em sua mente; malignidade, rebelião e obstinação em sua vontade e coração; além de impureza em todos os seus sentimentos.
• Gn 1.26, 27; Gn 3.1-7; Ef 4.17-19.
Artigo 2 — A propagação da corrupção
Depois da queda o homem se tornou corrompido e como pai corrompido gerou filhos corrompidos. Assim a corrupção, de acordo com o justo juízo de Deus, propagou-se de Adão a todos os seus descendentes — à exceção de Cristo somente — não por imitação, como afirmavam os antigos pelagianos, mas pela propagação de uma natureza pervertida.• Jó 14.4; Sl 51.7; Rm 5.12; Hb 4.15.
Artigo 3 — A total incapacidade do homem
Portanto todos os homens são concebidos em pecado e nascem como filhos da ira, incapazes de qualquer bem salvador, inclinados para o mal, mortos em pecados e escravos do pecado. Sem a graça do Espírito Santo regenerador não desejam nem poderão retornar a Deus, nem corrigir a sua natureza depravada ou se preparar para essa correção.• Ef 2.1, 3; Jo 8.34; Rm 6.16, 17; Jo 3.3-6; Tt 3.5.
Artigo 4 — A insuficiência da luz da natureza
É certo que depois da queda restou no homem um pouco da luz natural pela qual ainda lhe ficou alguma noção de Deus, das coisas naturais, da diferença entre o honrável e o vergonhoso, e dá mostras de alguma consideração pela virtude e pela ordem exterior. Mas está tão longe de chegar ao conhecimento salvador de Deus e da verdadeira conversão por meio dessa luz da natureza que nem mesmo a usa do modo apropriado nas questões naturais e civis. Antes, não importa o que seja esta luz, o homem a polui completamente de várias formas e a suprime pela sua injustiça, tornando-se assim inescusável diante de Deus.• Rm 1.19, 20; 2.14, 15; 1.18, 20.
Artigo 5 — A insuficiência da lei
Aquilo que se afirma da luz da natureza também é válido para os Dez Mandamentos dados por Deus através de Moisés, particu- larmente aos judeus. Embora a lei revele a grandeza do pecado e convença cada vez mais o homem da sua culpa, ainda assim não lhe aponta a cura nem lhe dá poder para se erguer e sair das suas misérias. Antes, enfraquecida pela carne, a lei deixa o transgressor debaixo de maldição. Por essa causa, o homem não pode obter a graça salvadora através da lei.• Rm 3.19, 20; 7:10.13; 8.3; 2Co 3.6, 7.
Artigo 6 — A necessidade do evangelho
Portanto, aquilo que nem a luz da natureza nem a lei pode fazer, Deus realiza pelo poder do Espírito Santo através da palavra ou ministério da reconciliação: o evangelho do Messias, pelo qual agradou a Deus salvar aos que crêem tanto na antiga quanto da nova dispensação.• 2Co 5.18, 19; 1Co 1.21.
Artigo 7 — Por que o evangelho é enviado a uns e não a outros
Na velha dispensação Deus revelou a uns poucos esse mistério da Sua vontade. Na nova dispensação, no entanto, Ele não con- siderou os povos de modo diferente e o revelou a um número muito maior de pessoas. Não se deve atribuir a causa dessa dis- tribuição do evangelho ao mérito de um povo sobre o outro, nem ao melhor uso da luz da natureza, mas ao beneplácito soberano e ao amor imerecido de Deus. Por essa causa, nós, a quem se concedeu uma tão grande graça, superior e contrária a tudo o que merecemos, devemos reconhecê-la de coração humilde e grato. Mas, quanto àqueles a quem tal graça não é dada, devemos ado- rar com o apóstolo a severidade e a justiça dos juízos de Deus, sem de modo algum investigá-los inquisitiva e curiosamente.• Ef 1.9; 2:14; Cl 3.11; Rm 2.11; Mt 11.26; Rm 11.22, 23; Ap 16.7; Dt 29.29.
Artigo 8 — A sincera chamada do Evangelho
Tantos quantos são chamados pelo Evangelho, sinceramente o são, pois Deus séria e sinceramente revela em Sua Palavra aquilo que lhe agrada, a saber: que todos os que são chamados venham a Ele. Ele também promete verdadeiramente o descanso para as suas almas e a vida eterna a todo o que a Ele vierem e crerem.• Is 55.1; Mt 22.4; Ap 22.17; Jo 6.37; Mt 11.28, 29.
Artigo 9 — Por que alguns dos que são chamados não vêm
Não é culpa do Evangelho — nem do Cristo oferecido pelo Evangelho, nem de Deus, que os chama pelo Evangelho e quem até mesmo lhes concede vários dons — que muitos dos que são chamados pelo ministério do Evangelho não vêm nem são con- vertidos. A culpa está neles mesmos. Alguns deles não se impor- tam com a palavra da vida nem a aceitam. Outros de fato a re- cebem, mas não a aceitam em seus corações, e logo retrocedem depois que desaparece a alegria de uma fé temporária. Há ainda daqueles que sufocam a semente da Palavra com os espinhos dos cuidados e dos prazeres desse mundo e que não produzem nenhum fruto. É esse o ensino do nosso Salvador na parábola da semeadura em Mateus 13.
• Mt 11.20-24; 22:1-8; 23:37.
Artigo 10 — Por que outros que são chamados vêm
Outros que são chamados pelo ministério do Evangelho vêm e são convertidos. Não se deve atribuir isso ao homem, como se ele, por causa do seu livre-arbítrio, fosse superior àqueles que receberam graça igual ou suficiente para a fé ou conversão (como afirma a arrogante heresia de Pelágio). Deve-se atribuir isso a Deus, pois foi Ele quem escolheu os Seus em Cristo desde a eternidade e os chama eficazmente no tempo; concede-lhes a fé e o arrependimento; livra-os do poder das trevas e os transfere para o reino do Seu Filho. Tudo isso Ele faz para que eles possam declarar os maravilhosos feitos dAquele que os chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz, e para que não se gloriem em si mesmos, mas no Senhor — segundo o testemunho dos apóstolos em diversas partes da Escritura.• Rm 9.16; Cl 1.13; Gl 1.4; 1Pe 2.9; 1Co 1.31; 2Co 10.17; Ef 2.8, 9.
Artigo 11 — Como Deus realiza a conversão
Deus realiza o Seu beneplácito nos eleitos e opera neles a verdadeira conversão da seguinte maneira: Ele cuida para que o evangelho lhes seja pregado e ilumina poderosamente as suas mentes pelo Espírito Santo de sorte que possam compreender e discernir corretamente as coisas do Espírito de Deus. Pela operação eficaz do mesmo Espírito regenerador, Ele também penetra até os recantos mais íntimos do homem, abre os corações fechados e abranda os endurecidos, circuncida o que era incircunciso e infunde novas qualidades na vontade: faz viver a vontade outrora morta; a que era má, converte em boa; a indisposta, em solícita; a rebelde, em obediente. Ele muda e fortalece de tal maneira essa vontade que, assim como uma árvore boa, seja capaz de produzir o fruto das boas obras.• Hb 6.4, 5; 1Co 2.10-14; Hb 4.12; At 16.14; Dt 30.6; Ez 11.19; 36.26; Mt 7.18.
Artigo 12 — A regeneração é obra de Deus somente
Esta conversão é aquela regeneração, nova criação, ressurgir dos mortos vivificação, tão exaltada nas Escrituras, a qual Deus opera em nós a despeito de nós. Essa regeneração, contudo, não se realiza de modo algum pelo ensino exterior, pela persuasão moral ou por um modo tal de operação que, após ter Deus feito a Sua parte, fica a critério do homem o regenerar-se ou não, o converter-se ou não. É, portanto, claramente uma obra sobrenatural, poderosíssima, e ao mesmo tempo a mais deleitosa, maravilhosa, misteriosa e indizível. Segundo a Escritura, inspirada pelo Autor dessa obra, a regeneração não é inferior em poder à criação ou à ressurreição dos mortos. Por essa razão todos aqueles em cujos corações Deus opera desse modo maravilhoso são com certeza, infalível e eficazmente regenerados e crêem de fato. A vontade assim restaurada não é apenas alvo da ação e da restauração de Deus, mas, sob o agir de Deus, ela também age. Assim, por essa causa, diz-se com justiça que o homem crê e se arrepende mediante a graça que recebeu.• Jo 3.3; 2Co 4.6; 5:17; Ef 5.14; Jo 5.25; Rm 4.17; Fp 2.13.
Artigo 13 — A regeneração é incompreensível
Na vida presente, não é possível aos que crêem compreenderem totalmente o modo como Deus realiza esta obra. Contudo, lhes é suficiente conhecer e sentir que por essa graça de Deus eles crêem de coração e amam o Seu Salvador.• Jo 3.8; Rm 10.9.
Artigo 14 — Fé: um dom de Deus
A fé, portanto, é um dom de Deus, não porque é apenas oferecida por Deus ao livre-arbítrio do homem, mas porque é de fato conferida ao homem, implantada e infundida nele. Também não é um dom no sentido de que Deus confere apenas a capacidade para crer, e aguarda do livre-arbítrio do homem a autorização para crer ou o ato de crer. É, antes, um dom no sentido de que é Ele quem efetua no homem tanto o querer quanto o realizar; quem verdadeiramente faz tudo em todos; quem realiza no homem tanto a vontade de crer quanto o ato de crer.• Ef 2.8; Fp 3.13.
Artigo 15 — A atitude correta quanto à graça imerecida de Deus
Deus não deve tal graça a ninguém. O que poderia Deus dever ao homem? Quem foi que primeiro deu a Ele, para ser por Ele ressarcido? Que poderia Deus dever a quem nada tem, a não ser pecado e falsidade? Portanto, aquele que recebe essa graça deve e rende eternamente ação de graças somente a Deus. Mas quem não recebe essa graça, não tem o menor interesse por essas coisas espirituais e está satisfeito com o que possui, ou ufana-se com falsa segurança de ter aquilo que não possui. Além disso, quanto aos que professam externamente a sua fé e corrigem as suas vidas devemos julgar e falar da forma mais favorável, segundo o exem- plo dos apóstolos, pois não conhecemos o íntimo recôndito do coração; quanto aos que ainda não foram chamados, devemos orar a Deus em favor deles — pois Deus é quem chama à existência às coisas que não existem; quanto a nós, não devemos jamais nos vangloriar, como se nos colocássemos acima dos outros.• Rm 11.35; Am 6.1; Jr 7.4; Rm 14.10; 4:17; 1Co 4.7.
Artigo 16 — A vontade do homem não é eliminada, mas é vivificada
O homem, pela sua queda, não deixou de ser homem dotado de inteligência e vontade. O pecado que impregnou toda a raça humana não privou o homem da sua natureza humana, mas trouxe sobre ele a depravação e a morte espiritual. Assim também a graça divina da regeneração não atua sobre os homens como se fossem máquinas ou robôs; não elimina a vontade e as suas propriedades, nem a coage violentamente, mas torna-a espiritualmente viva, sara-a, corrige-a e, a um só tempo agradável e poderosamente, submete-a. O resultado é que onde antes domi- nava totalmente a rebelião e a resistência da carne, agora, pelo Espírito, começa a prevalecer uma pronta e sincera obediência, que é a verdadeira renovação e libertação espiritual da nossa vontade. E se o Maravilhoso Autor de todo o bem não tivesse nos conduzido dessa maneira, o homem não teria a menor esperança de erguer-se da sua queda mediante o seu livre-arbítrio, o qual, quando ela ainda estava de pé, o lançou na perdição.• Rm 8.2; Ef 2.1; Sl 51.12; Fp 2.13.
Artigo 17 — O uso dos meios
A ação onipotente de Deus pela qual Ele produz e sustenta a nossa vida natural, não exclui, antes requer, o uso de meios através dos quais Ele quis exercer o Seu poder, segundo a Sua infinita sabedo- ria e bondade. Assim também a mencionada ação sobrenatural de Deus mediante a qual Ele nos regenera, não exclui nem cancela de jeito nenhum o uso do Evangelho que o sapientíssimo Deus ordenou para ser a semente da regeneração e o alimento da alma. Por esta razão os apóstolos e os mestres que os sucederam ensina- ram reverentemente ao povo sobre a graça de Deus, para a glória dEle e para a vergonha de toda a soberba. Ao mesmo tempo não descuidaram de guardar o povo por meio das santas admoestações do Evangelho, debaixo da administração da Palavra, dos sacramentos e da disciplina. Portanto, os que hoje instruem ou são instruídos na igreja não devem ousar tentar a Deus separando aquilo que Ele pelo Seu beneplácito quis unir inseparavelmente. Assim, a graça é concedida mediante admoestações, e quanto mais pron- tamente cumprirmos com o nosso dever, tanto mais esse favor de Deus, que é quem opera em nós, manifesta-se naturalmente em sua glória fazendo a Sua obra prosperar da melhor maneira. A Deus somente seja dada a glória eternamente, tanto pelos meios quanto pelos seus frutos e eficácia da salvação. Amém.• Is 55.10, 11; 1Co 1.21; Tg 1.18; 1Pe 1.23, 25; 2.2; At 2.42; 2Co 5.11-21; 2Tm 4.2; Rm 10.14-17; Jd 24, 25.
Rejeição de Erros
Depois de haver explanado a verdadeira doutrina da corrupção do homem e a sua conversão a Deus, o Sínodo rejeita os seguintes erros:Erro 1
— É impróprio dizer que o pecado original em si seja suficiente para condenar toda a raça humana ou para merecer castigo temporal e eterno.Refutação
— Isso contradiz as palavras do apóstolo quando ele declara: “Portanto, assim como por um só homem entrou o pe- cado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram” (Rm 5.12). E no versículo 16: “o julgamento derivou de uma só ofensa, para a condenação”. Também em Rm 6.23: “o salário do pecado é a morte”.Erro 2
— Os dons espirituais ou as boas qualidades e virtudes — tais como a bondade, a santidade e a justiça — não podiam fazer parte da vontade do homem quando no princípio foi criado, e por isso não podiam ser separadas da sua vontade quando ele caiu.Refutação
— Esse erro é contrário à descrição da imagem de Deus que o apóstolo dá em Efésios 4.24, ao associá-la à justiça e à santidade, as quais pertencem — sem a menor dúvida — à vontade.Erro 3
— Na morte espiritual os dons espirituais não se separam da vontade do homem, porque a vontade em si jamais se cor- rompeu, estando apenas impedida pela escuridão da mente e o descontrole das paixões. Se esses obstáculos forem removidos a vontade poderá exercitar toda a sua capacidade inata. A vontade é em si mesma capaz de querer e de escolher, ou não, todo tipo de bem que lhe for apresentado.Refutação
— Isso é uma inovação e um erro que tende a exaltar a capacidade do livre-arbítrio, contrário àquilo que o profeta Jeremias declara no capítulo 17.9: “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto”. E contrário ao que Paulo escreveu em : “entre os quais (os filhos da ira) também todos nós andamos outrora, segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos” (Ef 2.3).Erro 4
— O homem não-regenerado não está realmente nem completamente morto em pecados, nem privado de toda capacidade para realizar o bem espiritual. Ele ainda é capaz de sentir fome e sede de justiça e de vida, e de oferecer o sacrifício de um espírito contrito e quebrantado que agrada a Deus.Refutação
— Essas declarações conflitam com o claro testemu- nho da Escritura: “Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vos- sos delitos e pecados” (Ef 2.1, 5). E: “era continuamente mau todo desígnio do coração do homem” (Gn 6.5 e 8.21). Além disso, somente os regenerados e os bem-aventurados é que têm fome e sede de libertação da miséria e da vida, e oferecem a Deus o sacrifício de um espírito quebrantado (Sl 51.19 e Mt 5.6).Erro 5
— O homem corrompido e natural bem pode usar da graça comum (que para os Arminianos é a luz da natureza) ou dos dons ainda remanescentes nele depois da queda, e pode conquistar gradualmente pelo bom uso que faz deles uma graça maior, isto é, a graça evangélica ou salvadora, e a salvação em si mesma. Deste modo, Deus, por Sua vez, mostra-se pronto a revelar Cristo a todo homem, porque a todos Ele administra, suficiente e eficazmente, os meios necessários para que conheçam a Cristo, pela fé e arrependimento.Refutação
— Não apenas a experiência de todas as eras mas também a Escritura testificam que isso é falso. “Mostra a sua palavra a Jacó, as suas leis e os seus preceitos, a Israel. Não fez assim a nenhuma outra nação; todas ignoram os seus preceitos” (Sl 147.19, 20). “o qual, nas gerações passadas, permitiu que todos os povos andassem nos seus próprios caminhos” (At 14.16). E Paulo e os seus companheiros foram “impedidos pelo Espírito Santo de pregar a palavra na Ásia, defrontando Mísia, tentavam ir para Bitínia, mas o Espírito de Jesus não o permitiu” (At 16.6, 7).Erro 6
— Na verdadeira conversão do homem, Deus não pode lhe infundir na vontade nenhuma nova natureza, capacidade ou dom. Por causa disso a fé, pela qual somos convertidos a princípio e por que somos chamados de crentes, não é uma qualidade nem um dom concedido por Deus, mas apenas um ato do homem. Não pode ser chamada de dom, exceto se for quanto à capacidade de se alcançar essa fé.Refutação
— Esse ensino contradiz as Sagradas Escrituras que declaram que Deus infunde as novas naturezas da fé, da obediência e da consciência do Seu amor em nossos corações: “Na mente, lhes imprimirei as minhas leis, também no coração lhas inscreverei” (Jr 31.33). E: “derramarei água sobre o sedento e torrentes, sobre a terra seca” (Is 44.3). E: “o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi outorgado” (Rm 5.5). Isso também conflita com a prática permanente da igreja, que ora pela boca do profeta: “converte-me, e serei convertido” (Jr 31.18).Erro 7
— A graça pela qual somos convertidos a Deus não passa de um aviso gentil. Esse modo de avisar é o mais nobre modo do homem se converter e está em máxima harmonia com a sua natureza. Não há razão para que tal graça persuasiva não seja suficiente para tornar espiritual o homem natural. Na verdade, Deus não opera o consentimento da vontade senão mediante essa persuasão moral. O poder da operação divina é superior à operação de Satanás, pois Deus promete bens eternos, e Satanás apenas bens temporais.Refutação
— Isso é pelagianismo puro e contrário a toda a Es- critura, a qual ensina, além dessa persuasão moral, um outro modo mais poderoso e divino de ação do Espírito Santo na con- versão do homem: “Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei coração de carne” (Ez 36.26).Erro 8
— Na regeneração do homem Deus não faz uso dos poderes da Sua onipotência para, de modo forçoso e infalível, submeter a vontade humana à fé e à conversão. Ainda que se- jam consumadas todas as obras da graça que Deus emprega para converter o homem, ainda que Deus tenha a intenção e a vontade de regenerar o homem, mesmo assim, ele ainda poderá resistir a Deus e ao Espírito Santo — e de fato assim o faz geralmente — de modo a impedir completamente a sua regeneração. Portan- to, ainda está no poder do homem ser ou não regenerado.Refutação
— Isso não é outra coisa senão negar toda a eficácia da graça de Deus na nossa conversão, e sujeitar a ação do Deus Onipotente à vontade do homem. É contrário aos apóstolos que ensinam “que cremos, segundo a eficácia da força do Seu poder” (Ef 1.19), que oram “para que o nosso Deus vos torne dignos da sua vocação e cumpra com poder todo propósito de bondade e obra de fé” (2Ts 1.11), e declaram que “pelo Seu divino poder, nos têm sido doadas todas as coisas que conduzem à vida e à piedade” (2Pe 1.3).Erro 9
— A graça e o livre-arbítrio são causas parciais que operam juntamente o começo da conversão. A graça não vem antes da atuação da vontade, na ordem seqüencial dessas causas. Deus não auxilia eficazmente a vontade do homem para que chegue à conversão, senão até que essa vontade se mobilize e determine fazê-lo.Refutação
— A igreja antiga há muito condenou essa doutrina dos pelagianos conforme as palavras do apóstolo: “Assim, pois, não depende de quem quer ou de quem corre, mas de usar Deus a sua misericórdia” (Rm 9.16). Também: “Pois quem é que te faz sobressair? E que tens tu que não tenhas recebido?” (1Co 4.7). E ainda: “porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a Sua boa vontade” (Fp 2.13).Quinto Capítulo da Doutrina:
A Perseverança dos Santos
Artigo 1 — Os regenerados não estão livres do pecado inte- rior
Aqueles que, de acordo com o seu propósito, Deus chama à co- munhão do Seu Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, e regenera pelo Seu Espírito Santo, Ele certamente os livra do domínio e da escravidão do pecado. Mas nesta vida, Ele não os livra total- mente da carne e do corpo do pecado.• Jo 8.34; Rm 6.17; 7.21-24.
Artigo 2 — Os pecados diários da fraqueza
Por essa causa ocorrem os pecados diários das fraquezas e há imperfeições até mesmo nas melhores obras dos santos. Para eles essas coisas são motivo permanente para se humilharem diante de Deus, para se refugiarem no Cristo crucificado, para mortificarem a carne cada vez mais mediante o Espírito de oração e através de santos exercícios de piedade, e para ansiarem e se esforçarem pelo alvo da perfeição até que finalmente, livres do corpo dessa morte, reinem com o Cordeiro de Deus no céu.• 1Jo 1.8; Cl 3.5; 1Tm 4.7; Fp 3.12, 14; Ap 5.6, 10.
Artigo 3 — Deus preserva os que são Seus
Por causa desses resquícios do pecado que ainda restam no ín- timo e também por causa das tentações do mundo e de Satanás, os convertidos não conseguiriam perseverar nessa graça se dei- xados às suas próprias forças. Mas Deus é fiel e os confirma mi- sericordiosamente na graça que, de uma vez por todas, lhes foi outorgada e os preserva poderosamente nela até o fim.• Rm 7.20; 1Co 10.13; 1Pe 1.5.
Artigo 4 — Os santos estão sujeitos a cair em pecados graves
Embora o poder de Deus, pelo qual Ele confirma e preserva os verdadeiros crentes na graça, seja tão grande que não pode ser vencido pela carne, os convertidos, contudo, nem sempre são guiados e dirigidos por Deus de sorte que não possam, em certas circunstâncias particulares e pela própria culpa deles, se desviar da direção da graça e serem seduzidos pela carne e se rendam à sua concupiscência. Por isso eles devem orar e vigiar constantemente para que não caiam em tentação. Quando não vigiam nem oram, eles não somente podem ser levados — pela carne, pelo mundo e por Satanás — a cometer sérios e atrozes pecados, mas, algumas vezes, podem ser levados a isso pela justa permissão de Deus. É o que demonstra a lastimável queda de Davi, de Pedro e de outros santos, descritas nas Escrituras.• Ef 1.19; Mt 26.41; 1Ts 5.6, 17; 2Sm 11; Mt 26.
Artigo 5 — As conseqüências desses graves pecados
Eles, no entanto, por causa desses pecados grosseiros ofendem profundamente a Deus, tornam-se culpados de morte, entriste- cem o Espírito Santo, suspendem o exercício da fé, ferem gravamente as suas consciências, e algumas vezes perdem o senso do favor de Deus — até que voltem ao reto caminho sinceramente arrependidos e a face paternal de Deus volte a brilhar sobre eles.• 2Sm 12; Ef 4.30; Sl 32.3-5; Nm 6.25.
Artigo 6 — Deus não permitirá que os Seus eleitos se percam
Pois Deus, que é rico em misericórdia, segundo o Seu propósito imutável de eleição, não retira completamente o Seu Espírito Santo dos que lhe pertencem, mesmo na sua deplorável queda. Tampouco permite que se afundem tanto a ponto de caírem da graça da adoção e do estado de justificação ou, que cometam o pecado para a morte — isto é, o pecado contra o Espírito Santo — e que, totalmente abandonados por Ele, se lancem na ruína eterna.• Ef 1.11; 2.4; Sl 51.13; Gl 4.5; 1Jo 5.16-18; Mt 12.31, 32.
Artigo 7 — Deus renovará os Seus eleitos para o arrependimento
Pois Deus, em primeiro lugar, preserva neles durante a queda, a Sua semente imperecível de regeneração para que ela não morra e seja lançada fora. Além disso, através da Sua Palavra e do Seu Espírito Ele certamente e eficazmente os renova para o arrepen- dimento. O resultado é que se afligem de coração com uma tristeza espiritual pelos pecados que cometeram; buscam e obtêm pela fé, com o coração contrito, o perdão no sangue do Mediador; experimentam novamente o favor de um Deus reconciliado e adoram as Suas misericórdias e fidelidade; daí em diante passam a desenvolver mais diligentemente a própria salvação com temor e tremor.• 1Pe 1.23; 1Jo 3.9; 2Co 7.10; Sl 32.5; 51.19; Fp 2.12.
Artigo 8 — A graça do triuno Deus preserva
Assim, não é pelos seus próprios méritos ou força, mas pela imerecida misericórdia de Deus, que eles não se desviam totalmente da fé e da graça nem permanecem caídos para se perderem totalmente no final. Quanto a eles, isto facilmente poderia acontecer e aconteceria sem dúvida. Mas quanto a Deus, não há a menor possibilidade de que isso aconteça, pois o Seu conselho não pode ser mudado; a Sua promessa não pode falhar; o chamado segundo o Seu propósito não pode ser revogado; o mérito, a intercessão e a proteção de Cristo não podem ser anuladas; e o selar do Espírito Santo não pode ser frustrado nem destruído.• Sl 33.11; Hb 6.17; Rm 8.30, 34; 9.11; Lc 22.32; Ef 1.13.
Artigo 9 — A certeza dessa preservação
Os próprios crentes podem ter a plena certeza da preservação do eleito para a salvação e da perseverança dos verdadeiros crentes na fé. E estão de fato convictos segundo a medida da fé de cada um deles, pela qual crêem firmemente que são e que permane- cerão membros verdadeiros e vivos da igreja e que possuem o perdão dos pecados e a vida eterna.• Rm 8.31-39; 2Tm 4.8, 18.
Artigo 10 — A fonte dessa certeza
Tal certeza não procede de alguma revelação particular além ou fora da Palavra, mas da fé nas promessas de Deus, que Ele revelou abundantemente em Sua Palavra para a nossa consolação; procede do testemunho do Espírito Santo que testifica com o nosso espírito que somos filhos e herdeiros de Deus; e finalmente, da busca incessante e séria por uma consciência limpa e de boas obras. Se os eleitos de Deus não tivessem neste mundo a sólida consolação da obtenção da vitória e da garantia infalível da glória eterna, eles seriam os mais miseráveis de todos os homens.• Rm 8.16-17; 1Jo 3.1, 2; At 24.16; Rm 8.37; 1Co 15.19.
Artigo 11 — Nem sempre se sente esta certeza
A Escritura, no entanto, testifica que os crentes enquanto nessa vida têm que lutar contra várias dúvidas da carne e, sujeitos a fortes tentações, nem sempre sentem essa segurança da fé nem a certeza da perseverança. Mas Deus, que é o Pai de toda a con- solação, não permitirá que sejam tentados além das suas forças, mas com a tentação proverá também o meio de escape, e pelo Espírito Santo fará ressurgir neles a certeza da perseverança.• 2Co 1.3; 1Co 10.13.
Artigo 12 — Esta certeza é um estímulo à piedade
Esta certeza de perseverança, longe de tornar os crentes verda- deiros em orgulhosos e acomodados, é antes a verdadeira raiz da humildade, da reverência filial, da piedade genuína, da re- sistência em todo combate, das orações fervorosas, da perseve- rança no sofrimento e na confissão da verdade, e da duradoura alegria em Deus. Além disso, a reflexão sobre esses benefício é para eles um incentivo à séria e constante prática da gratidão e das boas-obras, como evidencia o testemunho da Escritura e os exemplos dos santos.• Rm 12.1; Sl 56.12, 13; 116.12; Tt 2.11-14; 1Jo 3.3.
Artigo 13 — Esta certeza não leva à negligência
A confiança renovada não leva aqueles que foram restaurados, depois de haverem caído, à falta de zelo nem à negligência da piedade; antes produz neles um cuidado ainda maior em obser- var os caminhos do Senhor, que Ele preparou de antemão. Eles guardam esses caminhos para que ao andar neles conservem a certeza da sua própria perseverança; para que a face do seu Deus gracioso não se retire deles mais uma vez, por abusarem da Sua bondade paternal; para não caírem em maior angústia espiritual. De fato, para os que temem a Deus a contemplação da Sua face é mais doce do que a vida, e o privar-se dela é mais amargo do que a morte.• 2Co 7.10; Ef 2.10; Sl 63.4; Is 64.7; Jr 33.5.
Artigo 14 — O uso dos meios de graça na perseverança
Assim como aprouve a Deus começar essa obra de graça em nós pela pregação do Evangelho, assim Ele a mantém, Ele a conti- nua e Ele a aperfeiçoa em nós pelo ouvir e pela leitura da Sua Palavra, pela meditação nela, pelas suas exortações, ameaças e promessas, e pelo uso dos sacramentos.• Dt 6.20-25; 2Tm 3.16, 17; At 2.42.
Artigo 15 — Esta doutrina é odiada por Satanás, mas é amada pela igreja
Esta doutrina da perseverança dos verdadeiros crentes e santos, assim como a convicção que têm dela, Deus revelou abundantemente em Sua Palavra para a glória do Seu nome e consolação dos piedosos. Ele é quem a imprime nos corações dos crentes. É algo que a carne não compreende, que Satanás odeia, que o mundo zomba, que os ignorantes e os hipócritas ultrajam e que os heréticos atacam. A Noiva de Cristo, por outro lado, sempre amou mui ternamente esta doutrina e sempre a defendeu firme- mente como a um tesouro de valor inestimável; e Deus, contra quem não vale conselho nem força alguma prevalece, cuidará para que ela continue a fazer assim. A esse Deus somente —Pai, Filho e Espírito Santo — seja a honra e a glória para sempre. Amém.• Ap 14.12; Ef 5.32; Sl 33.10, 11; 1Pe 5.10, 11.
Rejeição de Erros
Depois de haver explanado a verdadeira doutrina da perseveran- ça dos santos,o Sínodo rejeita os seguintes erros:Erro 1
— A perseverança dos verdadeiros crentes não é fruto da eleição nem um dom de Deus obtido pela morte de Cristo, mas é uma condição da nova aliança que o homem tem a obrigação de cumprir pelo seu livre-arbítrio antes da sua assim chamada eleição e justificação decisivas.Refutação
— A Sagrada Escritura testifica que a perseverança segue-se à eleição e é concedida ao eleito pela virtude da morte, ressurreição e intercessão de Cristo: “mas a eleição o alcançou; e os mais foram endurecidos” (Rm 11.7). E também: “Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o en- tregou, porventura, não nos dará graciosamente com ele todas as coisas? Quem intentará acusação contra os elietos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu ou, antes, quem ressuscitou, o qual está à direita de Deus e também intercede por nós. Quem nos separará do amor de Cristo?” (Rm 8.32-35).Erro 2
— Deus verdadeiramente supri o crente de força suficiente para perseverar, e está pronto para preservá-la nele se ele cumprir suas obrigações. Mas mesmo estando prontas todas aquelas coisas necessárias à perseverança na fé, e que Deus usa- rá para preservar a fé, ainda assim sempre depende do arbítrio do homem perseverar, ou não, na fé.Refutação
— Tal idéia é pelagianismo puro e simples. Embora pretenda tornar os homens livres, ela os torna ladrões da honra de Deus. Ela conflita com o coerente ensinamento do Evangelho que retira do homem todo motivo de vanglória e atribui todo o mérito desse benefício somente à graça de Deus. Ela é também contrária ao testemunho do apóstolo: É Deus quem “também vos confirmará até ao fim, para serdes irrepreensíveis no Dia de nosso Senhor Jesus Cristo” (1Co 1.8).Erro 3
— Os crentes verdadeiramente regenerados não apenas podem cair completa e definitivamente da fé justificadora, e tam- bém da graça e da salvação, como de fato não raramente caem e se perdem eternamente.Refutação
— Essa opinião anula a graça da justificação e da regeneração e da sua contínua preservação por meio de Cristo, e contraria as palavras claras do apóstolo Paulo: “Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores. Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira” (Rm 5.8, 9); contraria o apóstolo João: “Todo aquele que é nascido de Deus não vive na prática de pecado; pois o que permanece nele é a divina semente; ora, esse não pode viver pecando, porque é nascido de Deus” (1Jo 3.9); e contraria também as palavras de Jesus Cristo: “Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão. Aquilo que meu Pai me deu é maior do que tudo; e da mão do Pai ninguém pode arrebatar” (Jo 10.28, 29).Erro 4
— Crentes verdadeiramente regenerados podem cometer o pecado que leva à morte, isto é, o pecado contra o Espírito Santo.Refutação
— O mesmo apóstolo João, depois de haver falado daqueles que cometem o pecado que leva à morte e de proibir que se ore por eles (1Jo 5.16-17), acrescenta imediatamente (v.18): “Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não vive em pecado (isto é, neste tipo específico de pecado); antes, Aquele que nasceu de Deus o guarda, e o Maligno não lhe toca”.Erro 5
— Sem uma revelação especial, jamais podemos ter nes- ta vida a certeza da perseverança futura.Refutação
— Essa doutrina arranca nesta vida a segurança con- soladora dos verdadeiros crentes, e introduz novamente na igre- ja as dúvidas dos seguidores do Papa. As Sagradas Escrituras, no entanto, deduzem sempre esta certeza, não de uma revelação extraordinária e especial, mas das marcas peculiares dos filhos de Deus e das inabaláveis promessas de Deus. Assim o apóstolo Paulo declara especialmente que nada em toda a criação “poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 8.39). E João escreve: “aquele que guarda os Seus mandamentos permanece em Deus, e Deus, nele. E nisto conhe- cemos que Ele permanece em nós, pelo Espírito que nos deu” (1Jo 3.24).Erro 6
— Pela sua própria natureza a doutrina da certeza da per- severança e da salvação causa falsa segurança e é prejudicial àpiedade, à moral, à oração, e a todos os outros santos exercícios. Antes, pelo contrário, é louvável duvidar dessa certeza.Refutação
— Esse erro desconhece o poder eficaz da graça de Deus e a operação do Espírito Santo que habita em nós. Ele con- tradiz o apóstolo João que ensina o oposto com essas palavras explícitas: “Amados, agora, somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que haveremos de ser. Sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque haveremos de vê-lo como ele é. E a si mesmo se purifica todo o que nele tem esta esperança, assim como ele é puro” (1Jo 3.2, 3). Além disso esse erro é refutado pelo exemplo dos santos, tanto do Velho quanto do Novo Testamentos, que, embora convictos da sua per- severança e salvação, não obstante continuaram em oração e em outros exercícios de piedade.Erro 7
— A fé daqueles que creram apenas por um tempo não di- fere da fé justificadora e salvadora, senão quanto à sua duração.Refutação
— O próprio Cristo em Mateus 13.20-23 e Lucas 8.13-15 aponta explicitamente, além dessa duração, uma tripla diferença entre os que crêem apenas por um momento e os ver- dadeiros crentes. Ele declara que aqueles receberam a semente em solo rochoso, e que estes a receberam em solo bom; que aqueles não possuem raízes, mas que estes possuem uma raiz bem firme; que aqueles não possuem frutos, mas que estes os produzem em várias medidas, constante e firmemente.Erro 8
— Não é absurdo que alguém, tendo perdido a sua pri- meira regeneração, seja novamente e até frequentemente nasci- do de novo.Refutação
— Essa doutrina nega que a semente de Deus, pela qual nascemos de novo, seja imperecível, e contraria o testemunho do apóstolo Pedro: “pois fostes regenerados não de semente corruptível, mas de incorruptível” (1Pe 1.23).Erro 9
— Cristo jamais orou em nenhuma parte para que os crentes perseverassem infalivelmente na fé.Refutação
— Isso contradiz o próprio Cristo, que disse: “Eu, porém, roguei por ti (Simão), para que a tua fé não desfaleça” (Lc 22.32). Também contraria o apóstolo João o qual declara que Cristo não orou penas pelos apóstolos, mas também por todos aqueles que viessem a crer pela palavra deles: “Pai santo, guarda-os em teu nome”, e: “Não peço que os tires do mundo, e sim que os guardes do mal” (Jo 17.11, 15, 20).Conclusão
Esta é a declaração clara, simples e sincera da doutrina ortodoxa quanto aos Cinco Artigos de Fé disputados nos Paises Baixos; e esta é a rejeição dos erros pelos quais as igrejas foram perturbadas, por algum tempo. O Sínodo julga que as presentes declarações e rejeições estão de acordo com a Palavra de Deus e com as confissões das Igrejas Reformadas. Tornando-se, por isso, evidente que alguns agiram de modo demasiado imprópria e contrário a toda a verdade, equidade e amor, desejando persuadir o povo do seguinte:1. Que a doutrina das Igrejas Reformadas no tocante à pre- destinação e aos demais pontos relacionados a ela, por seu caráter e tendência, desvia os corações dos homens de toda a piedade e religião;
2. Que ela é um ópio para a carne, ministrado pelo diabo, bem como uma fortaleza para Satanás onde, à espreita de to- dos, fere multidões e atinge mortalmente a muitos com os dardos tanto do desespero quanto da falsa segurança;
3. Que faz de Deus o autor do pecado e um tirano injusto e hipócrita; e que nada é senão um renovado Estoicismo, Maniqueísmo, Libertinismo e Islamismo;
4. Que leva à negligência espiritual ao fazer as pessoas cre- rem que nada pode impedir a salvação dos eleitos, não impor- tando como vivam, e que, por essa causa, eles podem cometer em segurança os crimes mais atrozes. Por outro lado, ela nada pode fazer em favor da salvação dos reprovados, nem mesmo que eles tivessem realizado todas as obras dos santos;
5. Que a mesma doutrina ensina que Deus predestinou e criou a maior parte da humanidade para a condenação eterna, por um mero ato arbitrário da sua vontade, sem levar em con- sideração nenhum pecado;
6. Que da mesma maneira por que a eleição é a fonte e a causa da fé e das boas obras, a reprovação é a causa da incre- dulidade e da impiedade;
7. Que muitos filhos inocentes de pais crentes são arrancados do seio de suas mães e lançados de modo tirânico no inferno, de tal sorte que nem o sangue de Cristo, nem o batismo, nem as orações da igreja no ato do batismo lhes podem ser de qualquer proveito.
E ainda há muitos outros ensinamentos desse tipo que as Igrejas Reformadas não apenas não confessam mas que até mesmo detestam de todo o coração.
Este Sínodo de Dort, portanto, conclama em nome do Senhor a todos quantos piedosamente invocam o nosso Salva- dor Jesus Cristo, que não julguem a fé das Igrejas Reformadas a partir de calúnias ajuntadas daqui e dali; nem tampouco pelas declarações pessoais de alguns mestres, modernos ou antigos, muitas vezes citados em má-fé, ou tirados do contexto e explicados de modo contrário ao seu verdadeiro sentido. Mas deve-se julgar a fé das Igrejas Reformadas pelas Confissões públicas dessas igrejas e pela presente explanação da doutrina ortodoxa, confirmada pelo consenso unânime e individual dos membros de todo o Sínodo.
Além disso, o Sínodo adverte aos próprios caluniado- res que considerem quão severo é o julgamento de Deus que aguarda aos que dão falso testemunho contra tantas igrejas e suas Confissões, que conturbam a consciência dos fracos e que tentam colocar sob suspeita, aos olhos de muitos, a comunidade dos verdadeiros crentes.
Finalmente, este Sínodo exorta a todos os co-ministros do evangelho de Cristo a se conduzirem em santo temor e reve- rência diante de Deus quando lidarem com esta doutrina em es- colas e igrejas. Que ao ensiná-la, tanto pela palavra falada quan- to escrita, devem procurar a glória do nome de Deus, a santidade de vida e a consolação das almas aflitas. Seus pensamentos e palavras sobre a doutrina devem estar em concordância com a Escritura, segundo a analogia da fé. E devem se abster de usar todas aquelas expressões que ultrapassam os limites do verda- deiro sentido das Escrituras Sagradas para não dar aos frívolos sofistas uma boa oportunidade de caluniar ou zombar da doutri- na das Igrejas Reformadas.
Que o Senhor Jesus Cristo, o Filho de Deus, que está assentado à destra do Pai e concede os seus dons aos homens, nos santifique na verdade; que Ele traga à verdade os que dela se desviaram; que silencie os caluniadores da sã doutrina e supra os fiéis ministros da Sua Palavra com o Espírito de sabedoria e dis- cernimento, para que tudo aquilo que falarem seja para a glória de Deus e a edificação dos seus ouvintes. Amém.