À lei e ao
testemunho! Se eles não falarem
desta
maneira, jamais verão a alva. (Is 8.20)
As
Escrituras dizem que "mentira alguma jamais
procede da
verdade" (1Jo 2.21). Como cristãos nós sabemos
que seja o
que for que contradiga a verdade bíblica é, por
definição,
falso. Em outras palavras, a verdade é
incompatível
com o erro. Incompatibilidade é, portanto, uma
quinta
palavra essencial para descrever uma cosmovisão
bíblica.
Claramente
e sem rodeios, Jesus afirmou a total
exclusividade
do Cristianismo. Ele disse, "Eu sou o caminho,
e a
verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim" (Jo
14.6).
". não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do
céu não
existe nenhum outro nome, dado entre os homens,
pelo qual
importa que sejamos salvos" (At 4.12).
Obviamente
este tipo de exclusividade é
fundamentalmente
incompatível com a tolerância pósmoderna.
Como
cristãos nós devemos entender que seja o que for
que se
oponha à Palavra de Deus ou de alguma maneira se
afaste
dela é um perigo à causa da verdade. Passividade em
relação ao
erro conhecido não é uma opção para o cristão. A
intolerância
para com o erro encontra-se permeada nas
próprias
Escrituras. E tolerância para com o erro conhecido é
tudo menos
uma virtude.
Verdade e
erro não podem ser combinadas para produzir
algo bom.
Elas são incompatíveis da mesma forma que a luz
e as
trevas. "Não vos ponhais em jugo desigual com os
incrédulos;
porquanto, que sociedade pode haver entre a
justiça e
a iniqüidade? Ou que comunhão, da luz com as
trevas?
Que harmonia, entre Cristo e o Maligno? Ou que
união, do
crente com o incrédulo? Que ligação há entre o
santuário
de Deus e os ídolos?" (2Co 6.14-16).
Nós não
podemos dizer ao mundo, "Isto é verdade, mas,
seja lá o
que for que você quiser acreditar, também está
bem."
Não está bem. As Escrituras nos ordenam a ser
intolerantes
para com qualquer idéia que negue a verdade.
Para que
ninguém entenda mal, eu não estou
defendendo
dogmatismo em nenhum tema teológico.
Algumas
coisas nas Escrituras não são perfeitamente claras.
Nas
palavras da Confissão de Fé de Westminster, "Todas as
coisas,
por si mesmas, não são igualmente claras nas
Escrituras,
nem igualmente evidentes a todos" (1.7).
Algumas vezes
nós não podemos reconstruir o contexto
histórico
para entender uma dada passagem. Um exemplo
notável é
a menção dos que "se batizam por causa dos
mortos"
em 1Coríntios 15.29. Existem pelo menos quarenta
idéias
diferentes sobre o que este versículo significa. Nós não
podemos
ser dogmáticos sobre tais coisas, mas essas são
raridades
nas Escrituras.
O
ensinamento central das Escrituras é simples e tão
claro que
até mesmo uma criança pode entendê-la O
caminho da
salvação em particular é tão claro que "quem
quer que
por ele caminhe não errará, nem mesmo o louco" (Is
35.8). E
nas palavras da Confissão de Fé de Westminster
novamente,
"não obstante, aquelas coisas que precisam ser
conhecidas,
cridas e observadas para a salvação são tão
claramente
expostas e visíveis, em um ou outro lugar da
Escritura,
que não só os doutos, mas ainda os indoutos, no
devido uso
dos meios ordinários, podem alcançar um
suficiente
entendimento delas" (1.7).
Toda a
verdade que é necessária para a salvação é
facilmente
entendida de um modo verdadeiro por qualquer
pessoa que
aplica o bom senso e devida diligência em buscar
entender o
que a Bíblia ensina. E essa verdade — o cerne da
mensagem
das Escrituras — é incompatível com qualquer
outro
sistema de crença. Sobre isso nós temos de ser
dogmáticos.
Não é de
se admirar que o pós-modernismo, que se
orgulha de
ser tolerante com todo ponto de vista oposto, seja
contudo
hostil ao Cristianismo bíblico. Até o mais
determinado
pós-modernista reconhece que o Cristianismo
bíblico é
por sua natureza totalmente incompatível com uma
posição de
abertura mental indiscriminada. Se aceitarmos o
fato de
que a Escritura é a verdade objetiva com a autoridade
de Deus,
nós seremos obrigados a ver que todo outro ponto
de vista
não é igualmente ou potencialmente válido.
Não há
necessidade de buscar um terreno comum
através de
diálogo com proponentes de pontos de vista
anticristãos,
como se a verdade pudesse ser refinada pelo
método
dialético. É loucura pensar que a verdade dada por
revelação
divina precisa de qualquer refino ou atualização.
Nem
tampouco devemos imaginar que nós podemos
encontrar
os pontos de vista opositores em algum terreno
neutro
filosófico. O terreno entre nós não é neutro. Se nós
realmente
acreditamos que a Palavra de Deus é verdadeira,
nós
sabemos que toda oposição é um erro. E somos
instruídos
a não ceder qualquer espaço ao erro.
Em 2João
1.9-11 o apóstolo João escreveu, "Todo aquele
que
ultrapassa a doutrina de Cristo e nela não permanece
não tem
Deus; o que permanece na doutrina, esse tem tanto
o Pai como
o Filho”. Se alguém vem ter convosco e não traz
esta
doutrina, não o recebais em casa, nem lhe deis as boasvindas.
“Porquanto
aquele que lhe dá boas-vindas faz-se
cúmplice
das suas obras más." Isso é que é
incompatibilidade'
Nosso amor pela verdade demanda uma
intolerância
do erro. Para ser claro, o apóstolo não estava
advogando
rudeza nem falta de hospitalidade para com os
descrentes
em geral (Novamente, a Escritura claramente nos
ordena a
mostrar amor e bondade mesmo para com nossos
inimigos),
mas João estava tratando com o problema dos
falsos
mestres itinerantes na igreja primitiva. Tipicamente,
aqueles
qualificados para ensinar a doutrina naquele tempo
viajavam
de cidade em cidade e buscavam abrigo nos lares
dos
crentes. João estava dizendo que quando um conhecido
fornecedor
de falsas doutrinas viesse buscando acomodação,
não era
para ele ser recebido na comunhão; não era para ele
receber
hospitalidade grátis; não era para ele receber
encorajamento
de nenhuma espécie — especialmente uma
acolhida
que significasse apoio ao seu trabalho de ensinar
falsas
doutrinas. A antítese entre verdade e erro era tão
importante
que os crentes tinham o dever sagrado de deixar
clara a
desaprovação deles a qualquer um que
deliberadamente
corrompesse a verdade com mentiras.
De modo
semelhante o apóstolo Paulo escreveu, " ...
ainda que
nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue
evangelho
que vá além do que vos temos pregado, seja
anátema
[maldito]. “Assim, como já dissemos, e agora repito,
se alguém
vos prega evangelho que vá além daquele que
recebestes,
seja anátema" (Gl1. 8,9). A fala é pesada, mas o
ponto é
clara: quando alguém torcer a verdade fundamental
do
evangelho, mesmo que ele seja um anjo ou um apóstolo,
que seja
amaldiçoado.
Advertências
contra falsos mestres enchem o Novo
Testamento.
É um tema importante nas epístolas pastorais,
2Pedro,
Judas e 2João. Tudo o que for anti-bíblico —
incluindo
toda falsidade, qualquer má interpretação das
Escrituras
e toda heresia — não é para ser tolerado por
aqueles
que amam a verdade. É um perigo para a verdade e
uma
desonra à verdade de Deus. Uma cosmovisão bíblica é
incompatível com qualquer tipo de tolerância de mentiras.
(Princípios para uma cosmovisão bíblica – John MacArthur. Pg.40)