A
integridade dos retos os guia; mas, aos
pérfidos,
a sua mesma falsidade os destrói.
(Pv 11.3)
Completando
nossa lista de princípios simples para uma
cosmovisão
bíblica temos a palavra integridade. Esta flui
naturalmente
de todos os princípios precedentes. Visto que o
Cristianismo
coloca tal alta ênfase na verdade, nós devemos
reconhecer
que integridade é uma virtude essencial e a
hipocrisia
um vício terrível.
Integridade
é a qualificação bíblica essencial para todo o
ministério.
Em toda lista de qualificação para líderes da
igreja no
Novo Testamento, um pré-requisito encabeça a lista:
O homem
que deve ocupar um cargo na igreja deve ser
"irrepreensível"
(1Tm 3.2,10; Tt 1.6,7).
Sucesso
nos negócios seculares, habilidade em relações
públicas
ou outros talentos mundanos não são o que
qualifica
um homem para liderança na igreja. A suprema e
primária
qualificação em todos os níveis da liderança da
Igreja é
integridade — amor pela verdade e consistência em
vivê-la na
prática. Ignorar este princípio é sacrificar o valor
que nós
atribuímos à verdade como cristãos.
Em outras
palavras, se nós realmente acreditamos que a
verdade
das Escrituras objetiva e entendida racionalmente é
tanto
autoridade quanto incompatível com o erro, visto que a
Bíblia é a
Palavra singular do Deus vivo — devemos não
apenas
pregá-la, mas devemos vivê-la também. Não basta
falar da
boca para fora. Se verdadeiramente cremos que a
Bíblia é a
verdade divina, devemos deixar que ela permeie
nossa vida
e ministério. Viver de outra maneira é equivalente
a negar a
verdade. As pessoas que pensam de modo
diferente,
"No tocante a Deus, professam conhecê-lo;
entretanto,
o negam por suas obras; é por isso que são
abomináveis
desobedientes e reprovados para toda boa obra"
(Tt 1.16).
Esdras, o
sumo sacerdote nos tempos de Neemias, é o
protótipo
do que todo ministro piedoso deve ser. "Esdras
tinha
disposto o coração para buscar a lei do SENHOR, e
para a
cumprir, e para ensinar em Israel os seus estatutos e
os seus
juízo s" (Ed 7.10, ênfase acrescentada).
Eu aprendi
essa lição com meu pai, que foi pastor toda
sua vida e
um modelo de integridade, como também o foi
meu avô
antes dele. Eu comecei a entender quão difícil pode
ser a luta
logo quando comecei meu ministério aos vinte e
poucos
anos. Eu estava pastoreando havia apenas um mês
quando fui
solicitado a realizar o casamento de uma moça de
nossa
igreja que estava planejando se casar com um nãocrente.
Numa
reunião do conselho da igreja alguns dos
líderes
insistiram comigo para realizar o casamento, visto que
o pai da
noiva era um homem influente. Havia muito em jogo.
Poderíamos
perder essa família na igreja se eu me recusasse.
Eu disse,
"mas eu não posso fazer isso. Eu não posso
fazer o
que as Escrituras claramente proíbem. Os crentes não
devem se
colocar em jugo desigual com os incrédulos,
segundo
Coríntios 6.14."
Eles
estavam esperando isso. Então responderam, "Bem,
está
certo. Nós entendemos seus sentimentos. Nós
conhecemos
um pastor de outra igreja que aceita realizar a
cerimônia
na nossa igreja."
Então eu
lhes perguntei, "mas de quem é esta igreja? É
de vocês
para fazerem como bem entenderem ou é de Cristo?"
Eles
responderam, felizmente como deviam, "Você está
certo; nós
não podemos fazer isso. Esta igreja é de Cristo."
Essa
experiência foi o Rubicão1 para a Grace
Community
Church. Esse foi o momento em que o futuro da
nossa
congregação foi decidido. De fato uma família inteira
saiu da
igreja e muitos outros membros saíram também por
causa
desse incidente, mas naquele dia nós decidimos como
presbíteros,
que não iríamos apenas pregar a Palavra de
Deus; nós
esperávamos que ela fosse vivida na vida
comunitária
da igreja.
Tal tipo
de obediência à Palavra de Deus tem modelado e
moldado
nosso ministério com o passar dos anos. Ela é
aparente
mesmo na maneira como nós cultuamos. Nós não
entretemos
as pessoas. Nós não apresentamos um espetáculo
de circo.
Nós nos reunimos para adorar a Deus, para exaltar
a Cristo e
para ouvir a pregação da Palavra de Deus. Nós
praticamos
a disciplina de igreja conforme Mateus 18.15-20.
Nós
buscamos obedecer o que as Escrituras pregam, sem
importar
com o quão politicamente incorreto ou fora de moda
possa
parecer. E num tempo em que muitas igrejas estão se
tornando
mais e mais como o mundo, nosso objetivo é nos
conformarmos
mais e mais com os padrões estabelecidos nas
Escrituras.
Deus tem abençoado isso e eu estou convencido
que é
porque os presbíteros têm buscado elevar o padrão de
integridade
bíblica em todos os níveis da liderança.
Infelizmente,
o movimento evangélico hoje está se
desviando
desses princípios fundamentais e tem começado a
abraçar as
idéias pós-modernas indiscriminadamente. Os
evangélicos
estão perdendo a sua base; a confiança das pessoas
nas
Escrituras está erodindo; e a igreja está perdendo
seu
testemunho. Cada vez menos cristãos estão dispostos a
se
posicionar contra a tendência desta geração e os efeitos
tem sido
desastrosos. Subjetivismo, irracionalidade,
mundanismo,
incerteza, transigência e hipocrisia já têm se
tomado o
lugar comum entre as igrejas e organizações que no
passado
constituíam a corrente evangélica.
A única
cura, eu estou convencido, é a rejeição
consciente
total dos valores pós-modernos e um retorno para
estes seis
princípios distintivos do Cristianismo bíblico. Nós
devemos
ser fiéis em guardar o tesouro da verdade que nos
foi confiado (2Tm 1.14). Se não o fizermos, quem o fará?
(Princípios para uma cosmovisão bíblica – John MacArthur. Pg.44)