segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

PODER ESPIRITUAL.

Quando se afirma que o poder da igreja é espiritual, não se quer dizer que é totalmente interno e invisível, desde que Cristo governa tanto o corpo como a alma, Sua Palavra e os sacramentos se dirigem ao homem todo, e o ministério do diaconato tem até referência especial às necessidades físicas. É um poder espiritual porque é dado pelo Espírito de Deus, At 20.28, só pode ser exercido em nome de Cristo e pelo poder do Espírito Santo, Jo 20.22, 23; 1 Co 5.4, pertence exclusivamente aos crentes, 1 Co 5.12, e só pode ser exercido de maneira moral e espiritual, 2 Co 10.4.[1] O estado representa o governo de Deus sobre a condição externa e temporal do homem, ao passo que a igreja representa o Seu governo sobre a condição interna e espiritual do homem. O primeiro tem por objetivo assegurar aos seus súditos a posse e o gozo dos seus direitos externos e civis, e muitas vezes é forçado a exercer poder coercivo em contraposição à violência humana. O último é edificado em oposição a um mau espírito e com o propósito de livrar os homens da escravidão espiritual infundindo-lhes o conhecimento da verdade, cultivando neles graças espirituais, e elevando-os a uma vida de obediência aos preceitos divinos. Visto que o poder da igreja é exclusivamente espiritual, não recorre à força. Em mais de uma ocasião Cristo declarou que a administração do Seu reino na terra envolve um poder espiritual, e não um poder civil, Lc 12.13 e segtes.; Mt 20.25-28; Jo 18.36, 37. A igreja de Roma não vê este fato grandioso, quando insiste na posse do poder temporal e está determinada a gerir toda a vida do povo que está sob o seu domínio.
(Berkhof, L – Teologia Sistemática Pg. 596)


[1] Bavinck, Dogm. IV, p. 452.