quarta-feira, 20 de março de 2013

O REINO DE DEUS E A IGREJA VISÍVEL

Desde que os católicos romanos insistem indiscriminadamente na identificação do reino de Deus e a igreja, sua igreja reclama poder e jurisdição sobre todos os domínios da vida, como a ciência e as artes, o comércio e a indústria, como também sobre as organizações sociais e políticas. Este é um conceito completamente equivocado. Também é um engano defender, como alguns cristãos reformados (calvinistas) o fazem, em virtude de uma concepção errônea da igreja como organismo, que as associações escolares cristãs, as organizações voluntárias de jovens ou de adultos dedicadas ao estudo dos princípios cristãos e sua aplicação na vida, as uniões de trabalhadores cristãos e as organizações políticas cristãs são manifestações da igreja como organismo, porquanto isto as coloca outra vez debaixo do domínio da igreja visível e do governo direto dos seus oficiais. Naturalmente, isto não significa que a igreja não tem nenhuma responsabilidade com relação a tais organizações. Significa, porém, que elas são manifestações do reino de Deus, nas quais grupos de cristãos procuram aplicar os princípios do Reino a todas as esferas da vida. A igreja visível e o reino de Deus também podem ser identificados até certo ponto. Certamente se pode dizer que a igreja visível pertence ao Reino, faz parte do Reino e até constitui a mais importante incorporação visível das forças do Reino. Ela compartilha o caráter da igreja invisível (sendo ambas uma só) como meio para a realização do reino de Deus. Como a igreja visível, o Reino também participa das imperfeições às quais o mundo pecaminoso o expõe. Isto fica mais que evidente à luz das parábolas do trigo e o joio, e da rede. Na medida em que a igreja visível serve de instrumento para o estabelecimento e a extensão do Reino, naturalmente ela está subordinada a este como um meio para um fim. Pode-se dizer que o Reino é um conceito mais amplo que a igreja, porque objetiva nada menos que o domínio completo de todas as manifestações da vida. Ele representa o domínio de Deus em todas as esferas do esforço humano.
(Berkhof, L – Teologia Sistemática Pg.569)