segunda-feira, 28 de abril de 2014

Operações Gerais e Especiais do Espírito Santo

A Escritura mostra claramente que nem todas as operações do Espírito santo são parte integrante da obra salvadora de Jesus Cristo. Exatamente como o Filho de Deus não é somente o Mediador da redenção, mas também é o Mediador da criação, assim o Espírito Santo, como nos é apresentado na Escritura, opera não somente na obra da redenção, mas também na obra da criação. Naturalmente, a soteriologia está interessada unicamente na Sua obra redentora, mas, para compreende-la bem, é altamente desejável dar alguma atenção às Suas operações mais gerais.

1. OPERAÇÕES GERAIS DO ESPÍRITO SANTO. É bem sabido o fato de que as distinções trinitárias não estão reveladas tão claramente no Velho Testamento, nem sempre denota uma pessoa, e mesmo nos casos em que a idéia da pessoa está claramente presente, nem sempre indica a terceira pessoa da Trindade Santa. Às vezes é empregada figuradamente para denotar o sopro de Deus, Jó 32.8; Sl 33.6, e, nalguns casos, é simplesmente um sinônimo de “Deus”, Sl 139.7, 8; Is 40.13. É muito comum servir a ela para designar a força da vida, o princípio que faz viver as criaturas, e isso de maneira única, peculiar a Deus. O espírito que permanece nas criaturas e do qual a sua própria existência depende, provém de Deus e as liga a Deus, Jó 32.8; 33.4; 34.14, 15; Sl 104.29; Is 42.5. Deus é chamado “Deus (ou “Pai”) dos espíritos de toda carne”, Nm 16.22; 27.16; Hb 12.9. Nalguns casos destes é evidente que o Espírito de Deus não é um simples poder, mas uma pessoa. Já a primeira passagem em que o Espírito é mencionado, Gn 1.2, chama a atenção para esta função de comunicar vida, e este fato é particularizado com relação à criação do homem, Gn 2.7. O Espírito de Deus gera vida e leva a completar-se a obra criadora de Deus, Jó 33.4; 34.14, 45; Sl 104.29, 30; Is 42.5. No Velho Testamento é evidente que a origem da vida, sua manutenção e seu desenvolvimento dependem da operação do Espírito Santo. A retirada do Espírito significa morte.

Extraordinárias demonstrações de poder, proezas de força e audácia, também são reportadas ao Espírito de Deus. Os juízes que Deus levantava para a libertação de Israel eram evidentemente, homens de considerável capacidade e de coragem e força extraordinárias, mas o verdadeiro segredo das sua realizações estava, não neles, mas no poder sobrenatural que lhes sobrevinha. A Escritura diz repetidamente que “o Espírito do Senhor veio (poderosamente) sobre” eles, Jz 3.10; 6.34; 11.20; 13.25; 14.6, 19; 15.14. Foi o Espírito de Deus que os capacitou a acionar a libertação do povo. Há também claro reconhecimento da operação do Espírito Santo na esfera intelectual. Eliú fala disto quando diz: “Na verdade, há um espírito no homem, e o sopro do Todo-poderoso o faz entendido”, Jó 32.8. O discernimento intelectual, ou a capacidade de compreender os problemas da vida, atribui-se a uma influência iluminadora do Espírito Santo. O aprimoramento da habilidade artística também é atribuída ao Espírito do Senhor, Êx 28.3; 31.3; 35.30 e segtes. Certos homens, caracterizados pelos revestimentos de dotes especiais, foram qualificados para a obra mais fina que devia ser realizada quanto à construção do tabernáculo e aos adornos das vestes sacerdotais; cf. também Ne 9.20. O Espírito do Senhor é igualmente descrito como qualificando homens para diversos ofícios. O Espírito foi posto, e repousou, sobre os setenta que foram nomeados para assistir Moisés no trabalho de governar e julgar o povo de Israel, Nm 11.17, 25, 26. Estes também receberam temporariamente o Espírito de profecia, como atestado da sua vocação. Josué foi escolhido como sucessor de Moisés porque tinha o Espírito do Senhor, Nm 27.18. Quando Saul e Davi foram ungidos reis, o Espírito do Senhor veio sobre eles para qualifica-los para a sua importante missão, 1 Sm 10.6, 10; 16.13, 14. Finalmente, vê-se claramente que o Espírito de Deus também operou nos profetas como Espírito de revelação. Diz Davi: “O Espírito do Senhor fala por meu intermédio, e a sua palavra está na minha língua”, 2 Sm 23.2. Em Ne 9.30, Neemias testifica: “No entanto os aturaste por muitos anos, e testemunhaste contra eles pelo teu Espírito, por intermédio dos teus profetas; porém eles não deram ouvidos”. Ezequiel fala de uma visão concedida pelo Espírito de Jeová, 11.24, e em Zc 7.12 lemos: “Sim, fizeram os seus corações duros como diamante, para que não ouvissem a lei nem as palavras que o Senhor dos Exércitos enviara pelo seu Espírito mediante os profetas que nos precederam”. Cf. também 1 Rs 22.24; 1 Pe 1.11; 2 Pe 1.21.

(Tologia Sistemática – Louis Berkhof.  421)