No caso dos adultos, o batismo tem que ser precedido por
uma profissão de fé, Mc 16.16; At 2.41; 8.37 (ausente de alguns MSS); 16.31-33.
Daí insistir a igreja em tal profissão antes de batizar adultos. E quando essa
profissão é feita, esta é aceita pelo que ela vale nominalmente, a não ser que
tenha boas razões objetivas para duvidar da sua veracidade. Não lhe compete
espiar os segredos do coração e assim inspecionar a genuinidade de tal profissão.
A responsabilidade pesa sobre a pessoa que a faz. O método de investigar a
condição interna do coração com o fim de determinar a genuinidade da profissão
de fé que a pessoa faz é labadista* e não
está em harmonia com a prática das igrejas reformadas. Desde que o batismo não
é apenas um sinal e selo, mas também um meio de graça, levanta-se a questão
quanto à natureza da graça produzida por ele. Esta questão é levantada aqui
unicamente com relação ao batismo de adultos.
Em vista do fato de que, segundo a nossa concepção
reformada (calvinista), este batismo pressupõe a regeneração, a fé, a conversão
e a justificação, não se pode conceber que estas são produzidas por ele. Neste
aspecto divergimos da Igreja de Roma . Mesmo os luteranos, que atribuem ao
batismo como meio de graça um poder maior do que o que os reformados lhe
atribuem, concordam com estes sobre este ponto.tampouco o batismo produz uma
graça sacramental especial que consista nisto, que o participante é implantado
no corpo de Jesus Cristo. A incorporação do crente numa união mística com
Cristo também é pressuposta. A Palavra e o sacramento produzem exatamente a
mesma espécie de graça, exceto que a Palavra, em distinção do sacramento,
também serve de instrumento para a originação da fé. O sacramento do batismo
fortalece a fé e, porque a fé desempenha um importante papel em todas as outras
operações da graça divina, estas também são grandemente beneficiadas por ele. O
batismo representa primordialmente um ato da graça de Deus, mas, visto que o
cristão professante deve submeter-se voluntariamente a ele, este também pode
ser considerado do lado do homem. Há nele um oferecimento e um dom de Deus, mas
também uma aceitação por parte do homem. Conseqüentemente, o batismo significa
também que o homem aceita a aliança e assume as obrigações próprias dela. É um
selo, não meramente de uma aliança oferecida, mas de uma aliança oferecida e
aceita, isto é, decidida.
(Berkhof,
L. – Teologia Sistemática Pg635)
* Referente à
doutrina de Jean de Labadie (1610-1674), teólogo protestante que propugnava a
transformação das igrejas reformadas em comunidades semelhantes à dos cristãos
primitivos. Nota do tradutor.