Segundo os batistas, a imersão,
seguida pela emersão, é o essencial no simbolismo do batismo. A capitulação
disto equivaleria à rendição do próprio batismo. A verdadeira idéia batismal,
dizem eles, se expressa no afundar na água e no sair dela. Naturalmente, é
puramente acidental que essa imersão devolva certo lavamento ou purificação. O
batismo continuaria sendo batismo, ainda que a pessoa fosse imersa nalguma
coisa destituída de propriedades purificadoras. Eles baseiam sua opinião em Mc
10.38, 39; Lc 12.50; Rm 6.3, 4; Cl 2.12. Mas as duas primeiras passagens
expressam meramente a idéia de que Cristo seria oprimido pelos sofrimentos que
lhe sobreviriam, e absolutamente não falam do sacramento do batismo. As duas
últimas são as únicas que oferecem algum ponto de apoio ao assunto, e mesmo
estas não vão ao ponto, pois não falam diretamente de nenhum batismo com água,
mas, sim, do batismo espiritual representando por aquele. Elas descrevem a
regeneração com a figura de um morrer e um ressuscitar. Sem dúvida, é
perfeitamente óbvio que elas não fazem menção do batismo como símbolo da morte
e ressurreição de Cristo. Se o batismo fosse descrito como algum símbolo, seria
como símbolo do morrer e ressurgir do crente. E, visto que este é apenas um
modo figurado de descrever a sua regeneração, faria do batismo uma figura de
uma figura.
A
teologia reformada (calvinista) tem uma concepção inteiramente diversa daquilo
que é essencial no simbolismo do batismo. Ela o vê na idéia de purificação. O
Catecismo de Heidelberg indaga, na Pergunta 69: “Como é que está simbolizado e
selado em seu favor no santo batismo que você participa do sacrifício de Cristo
na cruz?” E responde: “Assim: que Cristo determinou o lavamento externo com
água e acrescentou a promessa de que eu sou lavado com o Seu sangue que me
purifica da corrupção da minha alma, isto é, de todos os meus pecados, tão
certamente como a água me lava exteriormente, pela qual a sujeira do corpo
comumente é removida”. Esta idéia de purificação era a coisa pertinente em
todas as abluções do Velho testamento, e também no batismo de João, Sl 51.; Ez
36.25; Jo 3.25, 26. E podemos admitir que, neste sentido, o batismo de Jesus
estava em completa harmonia com os batismos anteriores. Se fosse Sua intenção
que o batismo que Ele instituiu simbolizasse uma coisa inteiramente diferente,
teria indicado isso com muita clareza, para evitar todo e qualquer mal-entendido.
Além disso, a Escritura deixa muitíssimo claro que o batismo simboliza a
limpeza ou purificação espiritual, At 2.38; 22.16; Rm 6.4, 5; 1 Co 6.11; Tt
3.5; Hb 10.22; 1 Pe 3.21; Ap 1.5. é este exatamente o ponto no qual a Bíblia
coloca toda a ênfase, ao passo que ela nunca descreve o ir ao fundo e subir
como algo essencial.
(Berkhof,
L. – Teologia Sistemática Pg631)