terça-feira, 9 de outubro de 2012

A NATUREZA DA RESSURREIÇÃO - É RESSURREIÇÃO FÍSICA, OU CORPORAL

Nos dias de Paulo havia alguns que consideravam a ressurreição como espiritual, 2 Tm 2.18. E nos dias atuais há muitos que só acreditam numa ressurreição espiritual. Mas a Bíblia é muito explicita ao ensinar a ressurreição do corpo. Cristo é chamado “primícias” da ressurreição, 1 Co 15.20, 23 e “o primogênito de entre os mortos”. Cl 1.18; Ap 1.5. Isto implica que a ressurreição do povo de Deus será semelhante à do seu celestial Senhor. Sua ressurreição foi corporal, e a dos Seus será da mesma natureza. Além disso, também se diz que a ressurreição realizada por Cristo inclui o corpo, Rm 8.23; 1 Co 6.13-20. Em Rm 8.11 se nos diz explicitamente que Deus, por Seu Espírito, ressuscitará nossos corpos mortais. E evidentemente é o corpo que está proeminentemente na mente do apóstolo em 1 Co 15; cf. especialmente os versículos 35-49.
Segundo a Escritura, haverá uma ressurreição do corpo, isto é, não uma criação inteiramente nova, mas um corpo que será, num sentido fundamental, idêntico ao corpo atual. Deus não vai criar um novo corpo para cada ser humano, mas vai ressuscitar o próprio corpo que foi depositado na terra. Sito se pode inferir apenas do termo “ressurreição”, mas é declarado expressamente em Rm 8.11 e 1 Co 15.53, e ademais está implícito na figura da semente semeada no solo, figura que o apostolo emprega em 1 Co 15.36-68. Além disso, Cristo, as primícias da ressurreição, prova conclusivamente a identidade do Seu corpo aos Seus discípulos. Ao mesmo tempo, a Escritura deixa perfeitamente evidente que o corpo passará por grande mudança. O corpo de Cristo ainda não fora plenamente glorificado durante o período de transição entre a ressurreição e a ascensão; contudo, já sofrera notável transformação. Paulo se refere à transformação que terá lugar, quando diz que ao semearmos a semente, não semeamos o corpo que virá a existir; não tencionamos retirar a mesma semente da terra. Todavia, esperamos colher uma coisa que, no sentido fundamental, é idêntica à semente depositada no solo. Conquanto haja uma certa identidade entre a semente semeada e as sementes que dela se desenvolvem, todavia há também uma diferença notável. Nós seremos transformados, diz o apóstolo, “porque é necessário que este corpo corruptível se revista da incorruptibilidade, e que o corpo mortal se revista da imortalidade”. Também diz: “Semeia-se o corpo na corrupção, ressuscita na incorrupção. Semeia-se em desonra, ressuscita em glória. Semeia-se em fraqueza, ressuscita em poder. Semeia-se corpo natural, ressuscita corpo espiritual”. Transformação não é incoerente com retenção da identidade. É-nos dito que, mesmo agora, cada partícula dos nossos corpos muda a cada sete anos, mas, ao passar por isso tudo, o corpo conserva a sua identidade. Haverá certa conexão física entre o corpo antigo e o novo, mas não nos é revelada a natureza dessa conexão. Alguns teólogos falam num germe remanescente do qual se desenvolve o novo corpo; outros dizem que o princípio organizador do corpo permanece. Orígenes tinha algo dessa espécie em mente; a mesma coisa Kuyper e Milligan. Se tivermos tudo isso em mente, a antiga objeção contra a doutrina da ressurreição, a saber, que é impossível que um corpo ressuscite com as mesmas partículas que o constituíam na ocasião de sua morte, visto que essas partículas passam para outras formas de existência, e talvez para centenas de outros corpos, perde completamente a sua força.
(Berkhof, L – Teologia Sistemática Pg728)