terça-feira, 9 de outubro de 2012

EVENTOS QUE PRECEDERÃO A SEGUNDA VINDA

3. A GRANDE APOSTASIA E A GRANDE TRIBULAÇÃO. Estas duas podem ser mencionadas juntas, porque estão entrelaçadas no discurso escatológico de Jesus, Mt 24.9-12, 21-24; Mc 13.9-22; Lc 21.22-24. As palavras de Jesus indubitavelmente encontraram cumprimento parcial nos dias que precederam a destruição de Jerusalém, mas é evidente que terão cumprimento maior no futuro, numa tribulação que sobrepujará tudo quanto já foi experimentado, Mt 24.21; Mc 13.19. Paulo também fala da grande apostasia em 2 Ts 2.3; 1 Tm 4.1; 2 Tm 3.1-5. Ele já via algo desse espírito de apostasia em seus próprios dias, mas se vê claramente que ele quer calcar em seus leitores que essa apostasia assumirá proporções muito maiores nos últimos dias.
Aqui, de novo, os dispensacionalistas dos dias presentes divergem de nós. Eles não consideram a grande tribulação como precursora da vinda de Jesus (paousia), mas acreditam que se dará em seguida à “vinda” e que, portanto, a igreja não passará pela grande tribulação. O que supõem é que a igreja será “arrebatada” para estar com o Senhor, antes de sobrevir a tribulação, com todos os seus terrores, aos habitantes da terra. Eles preferem falar da grande tribulação como “o dia da aflição de Jacó”, visto que será um dia de grande angústia para Israel, e não para a Igreja. Mas os fundamentos que eles aduzem para este conceito não são muito convincentes. Alguns deles extraem toda força que podem da sua própria noção preconcebida de uma dupla segunda vinda de Cristo, e, portanto, não tem nenhum sentido para os que estão convictos de que não há prova dessa dupla vinda na Escritura.
Jesus, por certo, menciona a grande tribulação como um dos sinais da Sua vinda e do fim do mundo, Mt 24.3. É dessa vinda (parousia) que Ele está falando através de todo esse capítulo, como se pode ver pelo emprego repetido da palavra paurosia, versículos 3,37, 39. É simplesmente razoável supor que Ele está falando da mesma vinda no versículo 29, vinda que se seguirá imediatamente à tribulação. Essa tribulação afetará os eleitos também: correrão perigo de extraviar-se, Mt 24.24; por amor deles esses dias serão abreviados, versículo 22; serão reunidos dos quatro cantos do mundo por ocasião da vinda do Filho do homem, vers. 31; e serão encorajados a erguer as cabeças quando virem acontecer essas coisas, visto estar próxima a sua redenção, Lc 21.28. Não há base para limitar esses eleitos de Israel, como fazem os premilenistas. Paulo descreve claramente a grande apostasia como anterior à segunda vinda, 2 Ts 2.3, e lembra a Timóteo o fato de que tempos difíceis sobrevirão nos últimos dias, 1 Tm 4.1, 2; 2 Tm 3.1-5. Em Ap 7.13, 14 se diz que os santos no céu saíram da grande tribulação, e em Ap 6.9 vemos esses santos orando por seus irmãos que ainda estavam sofrendo perseguição.[1]
(Berkhof, L – Teologia Sistemática Pg704)



[1] Para mais ampla defesa da posição de que a igreja passará pela tribulação, remetemos o leitor às obras de dois premilenistas, quais sejam, Frost, The Second Coming of Christ, p. 202-227; Reese, The Approaching Advent of Christ, p. 199-224.