terça-feira, 9 de outubro de 2012

EVENTOS QUE PRECEDERÃO A SEGUNDA VINDA DE CRISTO

1. O CHAMAMENTO DOS GENTIOS. Várias passagens do Novo testamento assinalam o fato de que o Evangelho do Reino deverá ser pregado a todas as nações antes da volta do Senhor, Mt 24.14; Mc 13.10; Rm 11.25. Muitas passagens atestam que os gentios entrarão no Reino em grande número, durante a nova dispensação, Mt 8.11; 13.31, 32; Lc 2.32; At 15.14; Rm 9.24-26; Ef 2.11-20, e outras passagens. Mas os textos acima indicados referem-se claramente à evangelização de todas as nações como a meta da história. Ora, dificilmente funcionará dizer que o Evangelho já foi proclamado entre todos os povos, nem tampouco que os labores de um único missionário em cada uma das nações do mundo preenchem todos os requisitos da afirmação de Jesus. Por outro lado, é igualmente impossível sustentar que as palavras do Salvador requerem a pregação do Evangelho a todos os indivíduos das diferentes nações do mundo. Contudo, eles exigem que essas nações, como nações, sejam completamente evangelizadas, de modo que o Evangelho se torne um poder na vida do povo, um sinal que reclama decisão. Deve ser pregado a elas para testemunho, para poder-se dizer que lhes foi dada uma oportunidade para se decidirem pró ou contra Cristo e Seu reino. Essas palavras implicam claramente que a grande comissão deve ser levada a cabo em todas as nações do mundo, a fim de se fazerem discípulos de todas as nações, isto é, dentre o povo de todas as nações. Todavia, elas não justificam a expectação de que todas as nações, de maneira total e completa, aceitarão o Evangelho, mas somente que se encontrarão adeptos em todas as nações e, assim, essa proclamação servirá de instrumento para chegar-se à plenitude dos gentios. No final dos tempos será possível dizer que a todas as nações foi dado conhecer o Evangelho, e o Evangelho testificará contra as nações que não o aceitaram.
Do que acima foi dito se compreenderá prontamente que muitos dispensacionalistas têm um conceito muito diferente desta matéria. Não acreditam que a evangelização do mundo precisa ser, nem que será completada antes da parousia, que é iminente. De acordo com eles, ela realmente começará naquela ocasião. Eles assinalam que o Evangelho indicado em Mt 24.14 não é o Evangelho da graça de Deus em Jesus Cristo, mas o Evangelho do Reino, que é completamente diferente, as boas novas de que o Reino mais uma vez está às portas. Depois que a igreja for removida deste cenário terreno, e com ela retirar-se o Espírito Santo que nela habita – o que realmente significa, após terem sido restauradas as condições do Velho Testamento – só então o Evangelho com o qual Jesus começou o seu ministério tornará a ser pregado. A princípio será pregado pelos que foram convertidos pelo própria remoção da igreja, e mais tarde, talvez por Israel convertido e um mensageiro especial,[1] ou, particularmente durante a grande tribulação, pelo remanescente fiel de Israel.[2] Essa pregação será maravilhosamente eficaz, muitíssimo mais eficaz que a pregação do Evangelho da graça de Deus. Será durante esse período que os 144.000 e a grande multidão que ninguém poderá contar, de Ap 7, se converterão. E dessa maneira se cumprirá a predição de Jesus registrada em Mt 24.14. Devemos lembrar que esta formulação os premilenistas mais antigos não aceitavam, e mesmo agora é rejeitada por alguns dos premilenistas atuais, e, certamente, não se recomenda a nós. A distinção entre um duplo Evangelho e uma dupla vinda do Senhor é insustentável. O Evangelho da graça de Deus em Jesus Cristo é o único Evangelho que salva e que dá entrada no reino de Deus. E é absolutamente contrário à história da revelação, que um regresso às condições do Velho Testamento, incluída a ausência da igreja e do Espírito santo que nela habita, seja mais eficaz que a pregação do Evangelho da graça de Deus em Jesus Cristo e do que o dom do Espírito Santo.
(Berkhof, L – Teologia Sistemática Pg702)



[1] Blackstone, Jesus is Coming, p. 233.
[2] Scofield’s Bible, p. 1033, 1036; Rogers, The End from the Beginning, p. 144; Feinberg, Premillennialism or Amilleannialism, p. 134, 135.