terça-feira, 9 de outubro de 2012

OBJEÇÕES AO PÓS-MILENISMO

Há algumas sérias objeções à teoria pós-milenista.
a. A idéia fundamental da doutrina segundo a qual o mundo inteiro será gradativamente ganho para Cristo, a vida de todas as nações será transformada pelo Evangelho no transcurso do tempo, a justiça e a paz reinarão supremas, e as bênçãos do Espírito serão derramadas mais copiosamente que antes, de sorte que a igreja experimentará um período de prosperidade sem par imediatamente antes da vinda do Senhor – não está em harmonia com o retrato do fim do século que se vê na Escritura. Na verdade a Escritura ensina que o Evangelho se espalhará pelo mundo todo e exercerá uma influencia benéfica, mas não nos leva a esperar a conversão do mundo, nem nesta nem numa era vindoura. Ela salienta o fato de que a época imediatamente anterior ao fim será uma época de grande apostasia, de tribulação e perseguição, uma época em que a fé se esfriará a muitos, e em que os que são leais a Cristo serão submetidos a cruéis sofrimentos, e nalguns casos até selarão com seu sangue a sua confissão, Mt 24.6-14, 21, 22; Lc 18.8; 21.25-28; 2 Ts 2.3-12; 2 Tm 3.1-6; Ap 13. Naturalmente os pós-milenistas não podem ignorar por completo o que se diz acerca da apostasia e da tribulação que marcarão o fim da história, mas eles o subestimam e o descrevem como se predissesse uma apostasia e uma tribulação em pequena escala, que não afetarão o fluxo principal da vida religiosa. Sua expectação de uma gloriosa condição da igreja no fim se baseia em passagens que contêm uma descrição figurada, quer da dispensação do Evangelho como um todo, quer da perfeita ventura do reino externo de Jesus Cristo.
b. A idéia correlata de que a presente era não acabará numa grande mudança cataclísmica, mas passará numa transição quase imperceptível para a era vindoura, é igualmente antibíblica. A Bíblia nos ensina de maneira muito explícita que uma catástrofe, ou uma intervenção especial de Deus, dará cabo do governo de Satanás sobre a terra e introduzirá o Reino que não poderá ser abalado, Mt 24.29-31, 35-44; Hb 12.26,27; 2 Pe 3.10-13. haverá uma crise, uma transformação tão grande, que pode ser chamada “regeneração”, Mt 19.28. Assim como os crentes não se santificam progressivamente nesta existência até estarem praticamente prontos para, sem muita mudança mais, entrar no céu, o mundo também não será purificado gradativamente, aprontando-se deste modo para entrar no estágio subseqüente. Justamente como os crentes ainda terão que submeter-se a uma grande mudança a operar-se na morte, assim o mundo sofrerá uma tremenda mudança quando chegar o fim. Haverá novos céus e nova terra, Ap 21.1.
c. A idéia moderna de que a evolução natural e os esforços do homem no campo da educação, da reforma social e da legislação produzirão gradativamente o reinado perfeito do espírito cristão, entra em conflito com tudo quanto a palavra de Deus ensina sobre este ponto. Não é a obra do homem, mas, sim, a de Deus que introduz o glorioso reino de Deus. Este reino não pode ser estabelecido pelos meios naturais, mas somente por meios sobrenaturais. É o reinado de Deus, estabelecido e reconhecido nos corações do Seu povo, e este reinado jamais o podem tornar efetivos os meios puramente naturais. A civilização sem a regeneração, sem uma transformação sobrenatural do coração, jamais produzirá um milênio, um governo eficaz e glorioso de Jesus Cristo. Dá para ver que as experiências do segundo quartel deste século devem ter imposto esta verdade ao homem moderno. O tão decantado desenvolvimento do homem ainda não nos levou a vislumbrar o milênio.
QUESTIONÁRIO PARA PESQUISA: 1. Qual é a origem histórica do premilenismo? 2. Foi ele de fato o conceito dominante no segundo e no terceiro séculos? 3. Qual foi o conceito de Agostinho sobre o reino de Deus e o milênio? 4. O reino de Deus e a igreja são distintos ou idênticos na Escritura? 5. Será aquele natural e nacional, e esta espiritual e universal? 6. Lucas 14.14 e 20.35 ensinam uma ressurreição parcial? 7. Será que alguma parte de Israel constitui uma parte da noiva de Cristo? 8. Estará completa a noiva, quando Cristo voltar? 9. Os pós-milenistas são necessariamente evolucionistas? 10. A experiência justifica o otimismo dos pós-milenistas, segundo o qual o mundo está ficando cada vez melhor? 11. A Bíblia prediz progresso contínuo para o reino de Deus, até ao fim do mundo? 12. È necessário presumir uma transformação cataclísmica no fim?
BIBLIOGRAFIA PARA CONSULTA: Bavinck, Geref. Dogm. IV, p. 717-769; Kuyper, Dict. Dogm., De Consummatione Saeculi, p. 237-279; Vos, Geref. Dogm. V, Eschatologie, p. 36-40; id., Pauline Eschatology, p. 226-260;Hodge, Syst., Theol. III, p. 861-868; Warfield, The Millennium and the Apocalypse in Biblical Studies, p. 643-664; Dahle, Life After Death, p. 354-418; D. Brown, The Second Advent; Ch. Brown, The Hope of His Coming; Hoekstra, Het Chiliasme; Rutgers, Premillennialism in America; Merril, Second Coming of Christ; Eckman, When Christ Comes Again; Heagle, That Blessed Hope; Case, The Millennial Hope; Rall, Modern Premillennialism and the Christian Hope; Fairbaim, The Prophetic of the Jews (by Pieters); Berkhof, Premillennialisme; Riley, The Evolution of the Kingdom; Bultem, Maranatha; Berkhof, De Wederkomst van Christus; Brookes, Maranatha; Haldeman, The Coming od the Lord; Snowden, The Second Coming of the Lord; Blackstone, Jesus is Coming; Milligan, Is the Kingdom Age at Hand?; Peters, The Theocratic Kingdom; West, The Thousand Years in Both Testaments; Silver, The Lord’s Return; Bullinger, How to Enjoy the Bible; Waldegrave, New Testament Millenarianism; Feinberg, Premillennialism and Amillennialism; Gaebelein, The Hope of the Ages; Hendriksen, More Than Conquerors; Dijk, Het Rijk der Duizend Jaren; Aalders, Het Herstel van Israel Volgens het Oude Testament; Mauro, The Gospel of the Kingdom, e The Hope of Israel; Frost, The second Coming of Christ; Reese, The Approaching Advent of Christ; Wyngaarden, The Future of the Kingdom.
(Berkhof, L – Teologia Sistemática Pg724)