Um dos pontos mais importantes da
controvérsia entre a igreja de Roma e os Reformadores, e entre a teologia
reformada (calvinista) e os arminianos, tem que ver com a base da justificação.
Com respeito a isto, os Reformadores ensinavam:
1. Negativamente, que esta não pode
achar-se nalguma virtude do homem, nem em suas boas obras. Deve-se também
sustentar esta posição na atualidade contra Roma e contra as tendências
pelagianizantes de várias igrejas. Roma ensina que o pecador é justificado com
base na justiça inerente que foi infundida em seu coração e que, por sua vez, é
fruto da cooperação à chamada primeira justificação; em toda justificação
subseqüente, as boas obras do homem entram em consideração como a causa ou base
formal da justificação. Contudo, é impossível que a justiça inerente infusa no
regenerado e suas obras constituam a base da sua justificação, pois (a) esta
justiça é e continua sendo durante a sua vida inteira uma justiça muito imperfeita;
(b) ela própria já é fruto da justiça de Cristo e da graça de Deus; e (c) até
mesmo as melhores obras praticadas pelos crentes estão contaminadas pelo
pecado. Ademais, a Escritura nos ensina com muita clareza que o homem é
justificado gratuitamente pela graça de Deus, Rm 3.24, e que não tem nenhuma
possibilidade de ser justificado pelas obras da lei, Rm 3.28; Gl 2.16; 3.11.
2. Positivamente, que a base da
justificação só se pode achar a justiça perfeita de Jesus Cristo, justiça
imputada ao pecador a justificação. Isto é ensinado claramente em diversas
passagens da Escritura, tais como Rm 3.24; 5.9, 19; 1 Co 1.30; 6.11; 2 Co 5.21;
Fp 3.9. Na obediência passiva de Cristo, que se fez maldição por nós(Gl 3.13),
vemos a base para o perdão dos pecados; e em sua obediência ativa, pela qual
Ele mereceu todos os dons da graça, incluindo a vida eterna, veremos a base
para a adoção de filhos, pela qual os pecadores são constituídos herdeiros da
vida eterna. O arminiano vai contra a Escritura quando afirma que somos aceitos
pelo favor de Deus somente com base em nossa fé ou em nossa obediência
evangélica.
(Teologia Sistemática – Louis
Berkhof Pg. 523)