Calvino repetidamente
expressa a idéia de que o pecador não poderá participar dos benefícios da obra
redentora de Cristo, se não estiver em união com Ele, e, assim, dá ênfase a uma
importante verdade. Assim como Adão foi a cabeça representativa da velha
humanidade, Cristo é a Cabeça representativa da nova humanidade. Todas as
bênçãos da aliança da graça dimanam dele, em Sua qualidade de Mediador da
aliança. Mesmo a primeira bênção da graça salvadora de Deus que recebemos, já
pressupõe uma união com a Pessoa do Mediador. É exatamente neste ponto que
vemos uma das mais características diferenças existentes entre as operações e
bênçãos da graça especial e as da graça comum. Aquelas só podem ser recebidas e
desfrutadas por aqueles que se acham em união com Cristo, enquanto que estas
também podem ser, e são, desfrutadas por aqueles que não são contados com
Cristo e, portanto, não estão unidos a Ele. Toda bênção espiritual que os
crentes recebem promanam de Cristo para eles. Daí, quando Jesus falava do
Paráclito que havia de vir, pode dizer aos Seus discípulos: “Ele me glorificará
porque há de receber do que é meu, e vo-lo há de anunciar”, Jo 16.14.
Subjetivamente, a união entre Cristo e os crentes é efetuada pelo Espírito
Santo de maneira misteriosa e sobrenatural, razão pela qual é geralmente
denominada unio mystica, ou união mística.
(Teologia Sistemática –
Louis Berkhof. Pg. 443)